O dólar teve um dia volátil nesta quarta-feira, 31, primeiro influenciado pelo fechamento do referencial Ptax (usado em contratos cambiais) de julho, que pressionou a moeda americana para baixo, e em seguida pela reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que fez a divisa bater máximas, chegando a R$ 3,82 - valor que não era negociado desde o último dia 5, quando foi a R$ 3,83 durante as operações. No final dos negócios, o dólar à vista fechou em alta de 0,75%, a R$ 3,8199, o maior nível desde o fechamento do dia 3.
Em julho, a moeda acumulou desvalorização de 0,53%, o segundo mês consecutivo de queda. No ano, a queda é de 1,33%.
##RECOMENDA##"De manhã foi a Ptax que segurou o dólar para baixo, à tarde, foi o exterior", observa o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. O final da reunião do Fed, o evento mais esperado da semana no mercado internacional de moedas, acabou fortalecendo o dólar no exterior, com efeito imediato aqui. Primeiro, porque o corte de juros nos EUA, o primeiro em uma década, foi decidido com dois votos contra a redução, sinalizando que os dirigentes estão menos dispostos a reduzir as taxas pela frente. O banco Credit Suisse espera que só haja este corte nos EUA em 2019.
Em seguida, após a divulgação do comunicado, na entrevista à imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que o corte anunciado era apenas um "ajuste" e não o início de um ciclo de cortes. Neste momento, a moeda bateu em R$ 3,82. Logo depois, Powell explicou sua fala e disse que se referia a um ciclo longo de cortes, o que fez a divisa perder fôlego. O DXY, que mede o comportamento do dólar ante divisas fortes, bateu sucessivas máximas após a reunião, chegando a 98,683 pontos.
Para o economista de Estados Unidos do banco alemão Commerzbank, Bernd Weidensteiner, a grande questão que ficou após a entrevista de Powell foi sobre a extensão dos cortes de juros nos EUA, se será mesmo só essa redução, corrigindo a alta de juros feita em dezembro, ou se haverá mais pela frente. "Powell parece indicar que o Fed está inclinado na direção de entregar menos acomodação na política monetária do que o esperado", ressalta ele, destacando que o presidente dos EUA, Donald Trump, não deve ter ficado muito feliz com os comentários do presidente do Fed. Trump tem defendido cortes mais agressivos de juros pelo Fed.
"O Fed entregou um corte de juros menos 'dovish' que o esperado", afirma o estrategista de moedas do banco de investimento Brown Brothers Harriman (BBH), Win Thin, em e-mail comentando a decisão do Fed. O comunicado e as declarações de Powell, ressalta ele, sinalizam que o Fed "não parece estar com pressa de cortar os juros de novo", o que ajudou a fortalecer o dólar.