Conciliar o trabalho com o dia a dia dos filhos pode se tornar um verdadeiro desafio para algumas mulheres. Por isso, a maioria delas encontraram no empreendedorismo uma saída para não perder o início da maternidade e ficar longe do mercado de trabalho.
Um levantamento feito pela TV Mães S.A em parceria com a Rede Mulher Empreendedora, com 200 mulheres de todo o Brasil, apontou que 67% das entrevistadas começaram um negócio próprio depois de terem filhos. Além disso, 58% trabalham em casa e 74% acreditam que ficam mais tempo com os filhos do que antes de empreender. Outro dado interessante é que mesmo ganhando menos, 75% delas afirmam que estão mais realizadas profissionalmente.
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No Brasil, o número de mães empreendedoras não para de crescer – elas são chefes de família e donas do próprio negócio. Para se ter uma ideia, de acordo com o anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras das Micro e Pequenas Empresas, divulgado pelo Sebrae e o Dieese, ano passado, em 11 anos, o número de mulheres empreendedoras e chefes de famílias saltou de 6,3 milhões para quase 8 milhões, um crescimento de 25%. E os setores em que elas mais investem são os de comércio e serviços: 71,5%.
As mulheres brasileiras chegam a enfrentar uma terceira ou até mesmo uma quarta jornada de trabalho. Acumulando as responsabilidades profissionais e maternas, além de outras mil e uma funções. Hoje, algumas apostam em abrir o próprio negócio e conquistar maior flexibilidade em suas rotinas.
É o caso de Renata Lima, que abriu uma empresa de locação de equipamentos para festas infantis, com brinquedos, pipoqueira, máquina de algodão doce, garçons e recreações. “Tudo começou quando meu filho teve problemas sérios de saúde nos primeiros dias de vida e me vi diante do dilema: era o trabalho ou cuidar dele. Sem dúvida, escolhi meu filho, mas não foi fácil. Logo surgiram dificuldades financeiras e problemas. Daí surgiu a ideia de trabalhar para mim mesma”, relembra a mãe de Heitor, hoje com 2 anos.
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A rotina de Renata como muitas outras mães, resumidamente, é acordar cedo, cuidar do filho e leva-lo para a escola, cuidar da casa, trabalhar, buscar o Heitor na escola, e depois fazer mais algumas atividades do empreendimento. “Vou trabalhar postando algumas coisas na página da minha empresa, ligo para alguns colégios e saio para fechar contratos. Paro, faço almoço, vou buscar Heitor, descansamos, brincamos, fazemos as atividades. Tem um momento que trabalho mais um pouco. Cuido da casa, e novamente volto para o trabalho quando ele dorme. Parece cansativo, e de fato é, mas a sensação é de vida plena”, explica a empresária que também trabalha como coordenadora de um colégio.
“A melhor coisa que fiz foi escolher trabalhar para mim mesma. Hoje trabalho três horas por dia, apenas nos fins de semana. Posso passar muito tempo com meu filho. Acredito que as mulheres precisam ser persistentes e ter coragem para enfrentar isso, não é fácil, mas vale muito a pena!”, conta Renata. Ela também diz que por mês fatura em torno de R$ 1500 a R$ 2 mil. “Meu marido me ajuda bastante e até divide as tarefas de casa comigo. Eu trabalho mais na parte de divulgação e fechamento de contrato, mas também sou monitora”.
Assim como Renata, a estudante de enfermagem Carol Campos decidiu largar tudo para poder acompanhar de perto o dia a dia do seu filho Felipe. "Eu larguei o meu curso para poder me dedicar ao meu filho. Comecei a trabalhar como revendedora da Mary Kay por conta disso. Empreendedorismo não era a minha área. Trabalhei por 4 anos como Técnica de Enfermagem, cursando o superior de Enfermagem no 7° período, e acabei deixando tudo”, conta Carol.
Ainda no começo como revendedora, a mãe de Felipe precisava levá-lo nas sessões que fazia com as clientes por que não tinha ninguém para ajudá-la. Carol driblou os desafios e hoje além de ser consultora é supervisora de uma equipe enorme com outras mulheres. Por mês, ela chega a receber R$ 4 mil das vendas.
“A minha rotina é bem corrida. Acordo cedo, ajeito a casa, faço o almoço, preparo as coisas do meu filho para escola enquanto ele dorme, ligo para clientes e consultoras para acompanhamento e agendamento, levo meu filho para escola e a tarde faço meus atendimentos do dia. Quando volto com ele, ainda preparo o jantar. Algumas vezes tenho atendimento a noite e aí meu esposo fica com o Felipe, quando chega do trabalho”, descreve a consultora.
Carol ainda diz que a escolha do empreendedorismo foi a melhor coisa que ela já fez na vida. "Hoje tudo que eu conquistei foi graças ao meu empreendimento. Tenho mais tempo para o meu filho, ganho bem, trabalho para mim mesma e ainda tento conciliar minhas atividades domésticas e o trabalho. E acredito que as mulheres mães devem dar essa oportunidade para sua vida, por que nada melhor do que seu filho ser criado por você mesma", finaliza.
Dicas para abrir o primeiro negócio
Segundo a Analista de Atendimento Virtual do Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Conceição Moraes, esse começo empreendedor é bem delicado. “Até a mãe se adaptar a rotina da criança e controle das atividades, ela precisar ter muito cuidado e saber onde estar pisando. Primeiro de tudo é preciso avaliar as habilidades que você possui para fazer tal coisa ou revender qualquer que seja o produto. As mulheres precisam estudar todo o mercado e conhecer no que ela vai trabalhar antes mesmo de começar. É preciso entender como aquele mercado funciona”, explica a analista.
Além de organizar o tempo e planejar tudo antecipadamente, Conceição recomenda que as mulheres procurem saber qual será o público alvo, de quanto será o investimento, onde esse serviço vai ser oferecido, se vai ter entrega e principalmente conhecer as questões gerenciais. Para a analista, buscar ferramentas tecnológicas que auxiliem no processo de divulgação pode deixar o trabalho muito mais conhecido. “Hoje está muito mais fácil fazer cursos pela internet, existem até gratuitos que você faz da sua própria casa. Isso ajuda não só no seu negócio, mas a otimizar o seu tempo” .
“Atualmente muitas dessas mulheres procuram oferecer os serviços virtualmente, onde esse alcance é maior. É legal investir nessa área. Inclusive, existem ferramentas de disparo de publicações, onde você pode programar todas as suas divulgações e não precisa ficar sempre em frente a um computador”, aconselha Conceição.
Segundo ela, normalmente, as pessoas optam por áreas no empreendedorismo como gastronomia, abrindo restaurantes ou lanchonetes; revenda de cosméticos, maquiagens e afins; produção de acessórios, como por exemplo, bijuterias; e na área da moda, com vendas de roupas ou a própria produção.