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Um estudo apresentado pela Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) revela as ameaças socioeconômicas e ambientais e possíveis soluções para os impactos causados pela invasão da costa brasileira pelo peixe-leão - Pterois volitans/miles.

A espécie - originária do Indo-Pacífico, que vai da Índia ao entorno da Oceania - foi encontrada pela primeira vez no Brasil em 2014, em um episódio isolado, mas desde 2020 os registros passaram a ser recorrentes, com ocorrência em oito estados.

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Segundo o especialista ambiental Geovane Oliveira, que chefiou a pesquisa, o peixe-leão é uma espécie que não tem predador nas águas do litoral brasileiro, é muito adaptável, carnívoro voraz, com alta capacidade reprodutiva e venenoso.

Por todas essas características, ele representa uma ameaça ambiental e socioeconômica, pois se reproduz livremente e, ao se alimentar, reduz os estoques de espécies nativas e afeta diretamente quem vive da pesca artesanal.

Possíveis soluções

O estudo foi entregue nesta terça-feira (7), em Brasília, ao Ministério da Pesca e Aquicultura, em uma cerimônia onde foram apresentados dados e possíveis soluções para o problema.

“Inicialmente, muitos países, inclusive Estados Unidos e regiões do Caribe, tentaram erradicar o peixe-leão, mas viram que, pela sua natureza, é impossível. Então, a comunidade científica já está convencida que manter o controle a partir da captura é a única solução para reduzir o seu impacto”, disse Geovane.

O documento - entregue ao ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula (foto) - traz como solução a adoção de uma política pública com atuação em quatro frentes: captura e extração do peixe-leão, pesquisa e monitoramento, plano de comunicação e educação ambiental.

As ações, com foco na região litorânea, têm como objetivo principal engajar pescadores artesanais e populações locais na captura da espécie e futura inserção do peixe-leão em uma cadeia produtiva, além de prevenir acidentes com os espinhos do peixe, que liberam toxinas venenosas causadoras de lesões dolorosas.

Modelo de atuação

Segundo o presidente da CBPA, Abraão Lincoln, esse é um modelo de atuação que foi adotado em outras situações de invasores pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

“A ideia é unirmos esforços para que entidades não-governamentais e governo atuem em todo o Brasil para tentar coibir a ação predatória desse peixe”, opinou.

O ministro André de Paula destacou a importância da pesquisa que servirá de subsídio para a elaboração de políticas públicas e que também viabilizará uma ampla campanha de divulgação e conscientização dos pescadores e banhistas.

“A CBPA nos oferece um estudo muito consistente, inclusive com um diagnóstico da situação e sugestões de ações que podemos desenvolver conjuntamente. Essa parceria é muito importante e é desejada”, finalizou.

Dois peixes-leão foram encontrados por pescadores, nesse domingo (26), na costa de Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco. A espécie é venenosa e rara, e de origem asiática, mas tem aparecido nas Américas desde os anos 80. No continente pernambucano, esse é o primeiro registro, porém, desde 2021, há aparições da espécie em Fernando de Noronha. 

A captura foi feita utilizando uma armadilha usada na pesca conhecida como corvo. Os animais foram entregues à prefeitura da cidade e então, submetidos à ONG Projeto Conservação Recifal. O peixe-leão é uma espécie que causa preocupação, pois não possui predadores naturais, podendo prejudicar a biodiversidade brasileira. O primeiro incidente com esse peixe no Brasil ocorreu em 2022.  

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Esses animais também foram encontrados no Piauí, em abril; no Ceará, em novembro; e no Rio Grande do Norte, no último mês de agosto. A chegada deles ao litoral nordestino e à costa continental em Pernambuco pode significar que as espécies têm colonizado parte dessas regiões. 

Durante a caça, os peixes-leões encurralam a presa nos espinhos e a engolem. Os espinhos são a marca da espécie, além da padronagem listrada e colorida. Nativos da região Indo-Pacífica, vivem sempre próximos à recifes de coral, mas algumas espécies podem ser encontradas em outras regiões do mundo, mais recentemente, no oeste do Oceano Atlântico e Mar do Caribe. 

Em humanos, os principais efeitos de um ataque de peixe-leão são dor intensa localizada, seguida de edema local, podendo também a vítima sentir náuseas, tontura, fraqueza muscular, respiração ofegante e dor de cabeça. O efeito vai depender da espécie e do tamanho do peixe. Eles podem viver até 15 anos. 

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