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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que "não sabe qual atitude, mas alguma atitude temos que tomar" para a destituição de Jair Bolsonaro. Em entrevista no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, seu berço político, ele afirmou que se considera "radical", mas só porque gosta de "ir à raiz dos problemas do País". No discurso, o ex-presidente diz que governo deve existir para encontrar solução para as pessoas em crise durante a pandemia da covid-19.

Para Lula, o Brasil precisa obrigar o governo a "comprar vacina, pagar auxílio emergencial e fazer investimentos". Segundo o ex-presidente, o País não pode mais permitir que o presidente Jair Bolsonaro "continue governando".

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Ao chamar a população para "lutar" contra o governo, pediu desculpas pelo longo discurso e afirmou que "faz cinco anos que não falo". No entanto, apesar da rejeição que aponta ter passado durante esse tempo, o petista considerou que "a Lava Jato desapareceu da minha vida; estou satisfeito com reconhecimento da minha inocência".

Lula agradeceu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin pela decisão que o tornou elegível, e disse que a "verdade" foi dita. "Tivemos 100% de êxito na decisão do Fachin; tinha 4 processos, de repente desapareceram". Segundo Lula, ele irá continuar a dar declarações e quer "conversar com classe política e com empresários".

Lula também afirmou que Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, estão "vendendo" o Brasil para o exterior. "Não é possível que preço do combustível siga cotação internacional se nós produzimos petróleo aqui", afirmou na entrevista.

O petista afirma que o governo está se "desfazendo de tecnologia do pré-sal em nome do deus mercado e do petróleo". No discurso, Lula questiona até quando o Brasil terá que pedir licença aos Estados Unidos e Europa para poderem exercer o direito no País. "Será que nós vamos ficar refém do mercado, não importa como?", questionou.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, reagiu na noite deste domingo, 10, aos discursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, após ser solto na última sexta-feira, 8, tem convocado a esquerda a confrontar instituições consolidadas no País.

"O Judiciário e a Justiça são feitos para a pacificação social. Se alguém quer se valer da Justiça para uma luta social, não vai conseguir. A Justiça não tolerará uma crise institucional e saberá agir a tempo e a hora", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo, sem mencionar nomes.

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Para Dias Toffoli, "radicalismo não leva a lugar nenhum. O que se espera é que as pessoas tenham serenidade e pensem no Brasil". O presidente do Supremo declarou, ainda, que "a nação brasileira é devedora das Forças Armadas para a construção do Brasil e para a unidade nacional, assim como o Judiciário". E completou: "O Judiciário saberá agir no momento certo".

Toffoli deu, na última semana, o voto de minerva que permitiu a presos condenados, como Lula, aguardarem em liberdade até que todos os seus recursos sejam julgados pela Justiça, o que pode levar anos. A decisão mudou entendimento anterior da Corte pelo qual era possível o cumprimento da pena a partir da condenação em segunda instância.

Desde o julgamento do Supremo, na última semana, além de Lula foram soltos vários outros presos pela Operação Lava Jato. Entre eles, o ex-ministro José Dirceu.

Lula fez dois discursos após deixar a prisão nos quais criticou as instituições brasileiras. Num deles, disse que foi condenado pelo "lado podre do Estado brasileiro, o lado podre da Justiça, o lado podre do Ministério Público, o lado podre da Receita Federal, o lado podre da Polícia Federal, que trabalharam para tentar criminalizar o PT, criminalizar o Lula."

José Dirceu, com que Lula se encontrou horas após os dois serem soltos na sexta-feira, também incitou os "esquerdistas" a saírem do imobilismo. "Estou de novo na trincheira da luta. Agora não é mais do Lula livre. Agora é para nós voltarmos e retomarmos o governo do Brasil. Nós somos petistas, de esquerda e socialistas", convocou. Os discursos animaram a militância nas redes sociais.

As manifestações realizadas pelo PT e os demais partidos que apoiam Lula causaram enorme preocupação nas Forças Armadas, que temem um enfrentamento que fuja ao controle, provocando caos na ordem pública. O governo está acompanhando atentamente a todas as mobilizações previstas para evitar que se repitam no Brasil protestos radicais como acontecem em países vizinhos.

A polarização política no Brasil atingiu um nível elevado de intolerância que supera a média internacional de 27 países observados em uma pesquisa do Instituto Ipsos. Tema perceptível no cotidiano do brasileiro nos últimos anos, o radicalismo que envolve as discussões político-partidárias foi o aspecto medido na pesquisa. O levantamento mostrou que os entrevistados no Brasil estão menos propensos a aceitar as diferenças. Segundo o instituto, 32% dos brasileiros acreditam que não vale a pena tentar conversar com pessoas que tenham visões políticas diferentes das suas.

O índice nacional nesta questão é maior do que quase todos os países pesquisados - que ficou, na média, em 24% -, atrás apenas de Índia (35%) e África do Sul (33%). Na prática, o nível de intolerância nas discussões políticas afeta as diversas relações pessoais, sejam as familiares, as profissionais e as interações nas redes sociais.

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A microempresária Patrícia Jimenes, de 42 anos, não vê a mãe há cerca de um ano, resultado de um rompimento por divergências políticas, associadas a "valores e princípios". Nas eleições do ano passado, elas ficaram quase três meses sem se falar. Patrícia, que se identifica com a esquerda, bloqueou a mãe nas redes sociais por um tempo - tudo para não receber mensagens de política, explicou. "Em abril do ano passado eu explodi. Depois de um comentário no jantar de família, eu peguei minhas coisas e disse que não voltaria mais lá."

O estudante universitário Erick Ferreira, 27, também se sentiu obrigado a cortar relações. Identificado com a centro-direita, ele diz já ter sido alvo de perseguição. "Colaram cartazes nos banheiros femininos da universidade com nomes de homens com quem as mulheres não deveriam se relacionar por questão ideológica. Meu nome estava lá por eu ser de centro-direita. Isso fez muita gente se afastar de mim. Já discuti demais. Agora, estou cansado."

A pesquisa do Ipsos foi realizada com 19,7 mil entrevistados entre 16 e 64 anos nos países em que o instituto atua. Os cerca de mil brasileiros são majoritariamente pessoas de centros urbanos, com salário e nível educacional superior à média nacional.

Em outra pergunta feita aos participantes, 40% dos brasileiros disseram que se sentem mais confortáveis junto de pessoas que têm pensamentos similares. O índice é de 42% levando-se em conta os 27 países. A visão crítica de brasileiros a respeito de quem pensa diferente também foi ligeiramente acima da média geral quando o assunto foi o futuro do país e as razões de suas escolhas. Para 31%, aqueles com visão política diferente das suas não ligam de verdade para o futuro do Brasil. A média geral é 29%. 39% dos brasileiros concordaram com a frase "quem tem visão política diferente de mim foi enganado" - dois pontos porcentuais a mais que a média.

Marcos Calliari, CEO da Ipsos Brasil, avalia que o principal efeito observado no País está relacionado ao questionamento no qual 39% dos entrevistados brasileiros acreditam que pessoas não mudarão de opinião mesmo com evidências contrárias apresentadas. Além disso, 34% concordam com a frase "quem tem visão política diferente de mim não liga para pessoas como eu". "A falta de transformar opiniões distintas em diálogo construtivo é o que mais nos preocupa. Temos evidências que os entrevistados não veem ganho no diálogo."

Os brasileiros também se destacaram quando questionados se o País corre mais ou menos perigo com pessoas com opiniões políticas diferentes do que há 20 anos: 44% dos brasileiros acredita que há mais perigo atualmente. A média global, também elevada, é de 41%. Suécia e Estados Unidos lideram, com 57% cada.

Para o cientista político e professor da FGV Marco Antonio Teixeira, a polarização no Brasil está ligada a diferenças de valores, e acabou sendo absorvida pelas disputas políticas. "Nos anos anteriores, as eleições traziam projetos políticos diferentes, não valores, do ponto de vista moral. Não se discutia moralidade em termos de religião, de ser a favor de cotas. Em 2018, foi quase uma luta do bem contra o mal. De conservadores e não conservadores", afirmou.

Na visão de Calliari, o fato de que o debate político está desestimulado é preocupante para o futuro do País. "Intolerância tem a ver com o voto ‘anti-oposto’. Nesse caso, mantém e reforça a intolerância. (Os eleitores) Não apoiaram uma causa que acreditam, mas sim o anti. Não se reconhece os pontos positivos de outros projetos. Como chegamos aqui, tem uma coisa cultural. Não temos cultura de dialogar ideias. Isso se reflete na família, no contexto educacional, na hierarquia das empresas. Uma conjunção de fatores institucionais que desestimula o diálogo. Essa talvez seja a origem. É um futuro incerto, dúbio. É preocupante."

Valores morais têm sido apontados entre os principais motivos do acirramento político na sociedade brasileira, por vezes às frente dos embates diretamente políticos ou partidários. Para o cientista político Kleber Carrilho, da Universidade Metodista, isso é um sinal de que falta educação sobre política no País. "Há uma tendência de não sabermos o que é política."

O corretor de imóveis Paulo Henrique Nolasco, de 49 anos, diz defender valores da igreja católica e não se considera de direita. "Minha luta é pelos valores. Sou cristão católico. Luto pela moral que a igreja defende. Acho que nossos filhos têm de ter a oportunidade de serem criados pela família tradicional. A família brasileira é conservadora. Apoiaria Bolsonaro de novo por falta de opção, mas não sou mais ‘bolsominion’. Você vai amadurecendo, vê quem está cercando as pessoas. O Brasil precisa de um estadista, a gente sabe que o Bolsonaro não é."

Para a estudante de nutrição Marcella Carvalho, de 22, o menos importante é a política em si. "As pessoas que votam no Bolsonaro partem de princípios completamente opostos aos meus, e isso me desanima de conversar. Não dá certo, não chega a conclusão nenhuma e me leva ao desgaste, porque temos morais e princípios muito diferentes."

Também identificada com a esquerda, a produtora de vídeos Priscila Miranda, de 50 anos, admite que bloquear pessoas nas mídias sociais é algo controverso até mesmo para ela, que sempre preservou o diálogo e a pluralidade de ideias. Mas afirma ter perdido a disposição. "Eu fiquei intolerante, e isso eu falo abertamente. Não tenho mais paciência."

Dentro e fora das redes sociais, ela diz manter apenas amigos de esquerda e anarquistas. Quem manifestar qualquer discurso de extrema direita, imediatamente é deletado. "Não deleto só por partido. É por ideias. Quando falam de matar bandido, de que estupro é causado por roupa da vítima, que gays são anormais." Ela conta que última pessoa que excluiu do Facebook foi um colega de curso que fez um comentário que ela considerou machista.

O estudante Erick Ferreira, que relatou ter sido hostilizado em sua universidade, conta que passou a ser alvo de provocações depois que Abraham Weintraub foi indicado por Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Educação. "Eu era próximo do professor, depois que ele virou ministro, passei a ouvir provocações. Procuro não comprar discussões, mas me tacharam. Nas eleições foi assim. Eu seguia os dois candidatos do 2.º turno nas redes. Fui acusado de machista e homofóbico por seguir Bolsonaro, e diziam para eu ir para Cuba ou Venezuela por seguir Fernando Haddad (PT)."

O protagonismo das pautas morais gera uma discussão em que argumentos são deixados em segundo plano, de acordo com o pesquisador da Universidade Metodista. "Não estamos estimulados a debater política e, quando isso acontece, o debate vira uma discussão entre tribos que trabalham não com argumentos, mas com ataques ao que é diferente. Vira um ambiente de Fla-Flu", diz Carrilho.

Para o cientista político, o cenário favorece a simplificação de discursos. "Algumas estruturas políticas estimulam este tipo de enfrentamento a partir de uma técnica de propaganda que existe desde sempre e que foi explorada por regimes totalitários, que é a simplificação de discursos. Indicando um inimigo comum. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O pensamento de Khalid Masood, o autor do atentado ao Parlamento britânico em Londres que deixou cinco mortos, incluindo o agressor, e cerca de 50 feridos na semana passada, não era seguido por toda a sua família. É o que afirma uma das filhas do britânico. Teegan, de 18 anos, e sua mãe, Jane Harvey, ex-mulher de Adrian Russel Ajao, nome de batismo de Masood, de quem está separada desde 2000, afirmaram que rejeitaram as ordens do autor do ataque de se radicalizarem ao islamismo. Segundo amigos da família, o britânico queria que suas duas filhas se covertessem à sua religião e começassem a usar burcas.

Teegan não aceitou as ordens do pai e provou sua liberdade de expressão ao usar um vestido preto decotado para a sua formatura na Tunbridge Wells Girls' Grammar School, em Kent. A foto da jovem, que é de maio do ano passado, foi muito curtida e compartilhada. No entanto, a outra filha de Massod e Harvey, Andi, de 24 anos, decidiu respeitar os pedidos do pai, se convertendo ao islamismo como ele e usando um véu para cobrir a cabeça e os cabelos.

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A jovem também se mudou com o homem e com sua nova companheira para a cidade de Luton. Segundo amigas da garota, Andi já pode ter mudado seu nome para um árabe e não mantém contato com mais ninguém.

A polícia da Indonésia prendeu 41 suspeitos de serem militantes islâmicos na ilha de Java, durante uma nova ação das autoridades locais após o ataque terrorista de Jacarta, em janeiro.

A polícia informou que prendeu 36 homens no sábado que faziam treinamento militar em um suposto campo jihadista, próximo ao Monte Sumbing. A conexão do grupo com radicais islâmicos ainda é investigada, mas a polícia afirma ter encontrado armas, facas, livros e bandeiras jihadistas no local.

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Além deste grupo, mais cinco homens foram presos na sexta-feira em Malang, uma província da Java Oriental.

O governo da Indonésia submeteu ao parlamento novas leis antiterroristas, que darão às autoridades o poder de prender por até seis meses suspeitos de envolvimento com o radicalismo islâmico. Fonte: Associated Press.

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