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Subiu para 236 o número de mortos em consequência do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ocorrido no domingo (27). Na noite da quinta-feira (31) foi confirmada a morte de Matheus Rafael Raschen, de 20 anos, natural da cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul. Ele estava internado no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre. Segundo as primeiras informações, o jovem teria morrido devido a uma parada cardíaca.

O incêndio na boate Kiss teria começado, segundo relato de testemunhas, após um dos músicos da banda que se apresentava acender um sinalizador. As faíscas teriam alcançado o teto, queimando o material de isolamento acústico da boate, feito de espuma.

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Depois da tragédia na cidade de Santa Maria,  no sul do país, ocorrido no último domingo (27), o Disque-Denúncia Pernambuco registrou um crescimento de 500% no número de denúncias sobre a falta de equipamentos contra incêndio. De acordo com a assessoria de comunicação, em menos de uma semana foram 30 contatos, enquanto, em todo o ano de 2012, foram apenas 5.

Ainda segundo a assessoria, das 30, 12 são sobre prédios sem extintores de incêndio e 8 sobre estabelecimentos comerciais que não cumprem normas de segurança. No Recife, 8 denúncias foram contra boates sem extintores de incêndio e saídas de emergência. Em Caruaru, uma casa de eventos foi denunciada pelo mesmo motivo.

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As denúncias são encaminhadas ao Corpo de Bombeiros no caso de irregularidades nos equipamentos de segurança, e para a Diretoria de Controle Urbano (Dircon) caso a informação seja referente à problemas com o alvará de funcionamento do local.

Para fazer alguma denúncia, a Central do Disque-Denúncia Pernambuco funciona durante 24h, e atende pelos telefones 3421.9595, no Recife e Região Metropolitana, e (81) 3719.4545, no interior.

Passados quatro dias do incêndio na Boate Kiss, vítimas e parentes de pessoas que morreram estiveram hoje (30) na delegacia em busca de documentos e para cobrar rigor no esclarecimento da tragédia. "Vamos ver se futuramente os pais se unem para se apoiar e tomar providências, porque na impunidade isso não pode ficar. Não vou deixar isso passar em branco. Alguém tem que ser responsabilizado", disse Maria Odete Campos, mãe da estudante Michele Campos, que morreu na boate.

Maria Odete e o marido, Sergio Renato Campos, foram buscar os documentos de Michele na delegacia. A garota de 18 anos cursava o segundo semestre de medicina veterinária na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Inconformado, o pai culpa a omissão das autoridades pela tragédia. "Eu culpo 100% a prefeitura e os bombeiros pela morte da minha filha. Aquela boate não poderia estar funcionando de jeito nenhum! Foi falta de fiscalização", disse.

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Confusa e muito abalada Janete Salapata, mãe de outra aluna da UFSM, ficou emocionada ao encontrar uma sobrevivente do incêndio na delegacia. "Eu queria ouvir, saber como foi", disse a Patrícia Oliveira Campos, que conseguiu sair porque estava perto da porta quando o fogo começou. "Isso aí é para ver a negligência dessas boates. Não sei por que fazem uns lugares tão fechados, sem porta para sair direito", completou Janete.

Segundo ela, antes de ir para à festa na Kiss, a filha Lauriana ligou para casa dos pais na cidade de Santo Ângelo pedindo autorização. "Eu disse, filha você sabe que o pai não gosta que você vá a essas boates. Mas ela tinha 18 anos, era jovem, precisava se divertir", contou a mãe.

Assim como ela, o pai de Taíse dos Santos, Tarso Santos, também não gostava que a filha frequentasse a boate. No entanto, ele foi pessoalmente levá-la com mais três amigas da menina. Além de Taíse, duas delas morreram. "E a minha outra filha, Daniele, também costumava ir. No sábado, ela não foi porque estava viajando. Senão, seriam duas filhas [mortas]", contou.

Os documentos e objetos recolhidos no incêndio estão sendo entregues aos parentes das vítimas. Muitas das bolsas das mulheres que estavam na tragédia continham apenas crachás e carteiras estudantis como documentos de identidade.

O processo de vistoria das casas noturnas da cidade do Recife começa na tarde desta nesta quinta-feira (30). A medida pretende fiscalizar se as boates possuem alvará de funcionamento e se atendem às normas vigentes. 

A ação integra uma equipe multidisciplinar formada por representantes da Diretoria de Controle Urbano (Dircon), Secretaria-Executiva de Defesa Civil, Vigilância Sanitária, Guarda Municipal, além do Corpo de Bombeiros. A comissão foi formada na última segunda-feira (28), um dia após a tragédia em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que deixou, até agora, 235 pessoas mortas. Outros feridos continuam em estado grave. 

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A equipe ficou responsável por fazer levantamento das casas noturnas da cidade, analisar a legislação em vigor e fazer propostas de mudanças a Prefeitura do Recife (PCR) até o fim de fevereiro. Posteriormente, as informações da situação legal das casas noturnas da cidade serão disponibilizadas no site da PCR.

A Prefeitura de Paulista começa, nessa quinta-feira (31), a fiscalização das casas noturnas instaladas na cidade. O foco do monitoramento é no Centro e bairros da orla. O trabalho vai envolver a participação de fiscais das secretarias de Urbanismo e Meio Ambiente e de Saúde.

A medida foi tomada pelo prefeito da cidade, Júnior Matuto,  para prevenir tragédias como a registrada em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. As equipes vão executar o mapeamento dos estabelecimentos comerciais com os perfis de boate e casa de show e também exigir a apresentação do alvará de funcionamento, licença sanitária e documentação expedida pelo Corpo de Bombeiros Militar. No Recife, uma equipe também vai vistoriar as casas noturnas. 

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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul fez, nessa quarta-feira (30) à tarde, uma reconstituição do início do incêndio dentro da Boate Kiss. Cinco sobreviventes contaram aos investigadores como o fogo começou no teto acima do centro do palco, logo após o vocalista da banda Gurizada Fandangueira acender um sinalizador conhecido como "sputnik".

Em poucos minutos, uma fumaça negra tomou conta de toda a boate e ninguém conseguia enxergar mais nada, segundo os relatos das testemunhas. O DJ que tocou antes da banda estava entre os que participaram da reconstituição. "Muita gente viu a luz verde do banheiro e correu pra ele, achando que fosse a saída. Por isso, tanta gente morreu nesse canto da boate", explicou o delegado regiona,l Marcelo Arigony, responsável pelo caso.

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Centenas de pessoas continuaram indo ontem, durante a tarde, para a frente da boate Kiss para colocar flores e outras homenagens às vítimas. "Vamos lacrar a boate para que possamos preservar o local até o fim do inquérito", disse o delegado.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Marlene Callegaro e Ângela Callegaro, respectivamente mãe e irmã de Elissandro Callegaro Sphor (conhecido como Kiko Sphor), prestaram depoimento na Polícia Civil de Santa Maria (RS) sobre o incêndio na boate Kiss. Elas são as duas proprietárias legais da casa noturna, administrada por Kiko e por Mauro Hoffmann.

O advogado Jader Marques não detalhou as informações prestadas à polícia, mas disse que foram questionadas se "não imaginaram que isso poderia acontecer". De acordo com Marques, a resposta foi de que ninguém espera que alguém vá usar um sinalizador em um ambiente interno. Marques minimizou o problema da espuma inflamável, onde começou o incêndio após o uso do sinalizador pela banda que se apresentava

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Ângela é citada como proprietária no documento técnico da empresa que fez o projeto de isolamento acústico da casa noturna, uma exigência do Ministério Público para diminuir o ruído da casa, que perturbava a vizinhança. Já o Termo de Ajustamento de Conduta entre a boate e o MP foi assinado por Kiko, como procurador de Ângela.

O projeto técnico não menciona o uso da espuma como revestimento. De acordo com o advogado, ela foi utilizada depois, porque o uso da fibra de vidro, previsto inicialmente, não teria sido suficiente para diminuir o ruído do lado de fora da casa. Segundo Marques, a empresa que escolheu o material foi a mesma que realizou o primeiro projeto e a modificação só não foi apresentada ao corpo de bombeiros porque eles precisavam fazer a vistoria no local, para a renovação do alvará de prevenção contra incêndio.

Elissandro Spohr, um dos sócios proprietários da boate Kiss, que está internado, sob custódia policial, no hospital Santa Lúcia de Cruz Alta, na região Noroeste do Rio Grande do Sul, teria tentado suicídio, segundo a delegada de polícia Lylian Cárus.

Já o médico cardiologista, Paulo Ricardo Nazário Viecili, que está atendendo o empresário, contesta esta versão e diz que seu paciente teve uma crise nervosa. Segundo Viecili, o estado emocional de Spohr é crítico, oscilando entre crises de choro e depressão.

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Sob efeito de sedativos, o empresário lembra a todo momento das vítimas. "Do ponto de vista pulmonar, seu estado é regular e vem apresentando melhora, mas do ponto de vista emocional, a situação é muito grave", diz o médico, que não tem previsão de quando Spohr terá condições de receber alta do hospital.

Segundo a delegada, a tentativa de suicídio aconteceu nesta quarta, no horário em que Spohr foi tomar banho. O empresário arrancou a mangueira do chuveiro, amarrando-a à janela do banheiro em uma posição que levantou suspeitas dos policiais que estavam de plantão no quarto. A ação foi percebida rapidamente e impedida.

A delegada disse que Spohr está muito abalado e inconformado com a tragédia que resultou na morte de 235 pessoas. Ainda segundo a delegada, Sphor está consciente da sua condição de preso, só recebendo autorização para visita de seu advogado e, eventualmente, de familiares. "Esta condição implica ainda em não ter acesso à telefone celular ou qualquer outro meio de comunicação".

Internado desde a segunda-feira, o empresário buscou atendimento médico em Cruz Alta - cidade distante 120 km de Santa Maria - porque havia inalado muita fumaça e, além disso, seu estado emocional inspirava cuidados. Junto com Spohr, veio a esposa, grávida de quatro meses, também atingida pelos efeitos da fumaça que destruiu a boate Kiss. Os dois, segundo a delegada, estão internados no mesmo quarto e teriam vindo para Cruz Alta em busca de um hospital para tratamento porque tem amigos que residem na cidade. Quanto à prisão temporária, Lylian explica que o prazo expira na sexta-feira (1º). Se prorrogada por mais cinco dias, os policiais permanecerão fazendo a custódia policial no quarto onde Spohr está internado.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que 75 dos cerca de 140 pacientes que seguem internados, em decorrência do incêndio na boate Kiss, de Santa Maria, estão em estado crítico. Desses, 20 são pacientes com queimaduras graves, de acordo com o ministro.

Padilha aproveitou para agradecer o apoio dos ministérios da saúde de Argentina, Uruguai, Peru, Chile e Cuba, que colocaram à disposição do Brasil seus bancos de pele para atender aos pacientes queimados nessa tragédia. "Nós temos três grandes bancos de pele no País, aqui no Rio Grande do Sul, Pernambuco e São Paulo. Trouxemos pele da Argentina, hoje chega pele do Chile e se for necessário vamos mobilizar pele de outros países", afirmou.

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De acordo com o ministro, dos pacientes internados, 80 estão em Santa Maria e 60 em Porto Alegre e Região Metropolitana. Ele afirmou que neste momento não é mais necessário remover pacientes para a capital. Em Santa Maria, estão vagos 30 leitos de UTI, caso seja necessário internar mais pacientes que desenvolverem a pneumonia química, uma das consequências da inalação da fumaça tóxica do incêndio.

Padilha falou com a imprensa após encontro com o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, para abordar a continuidade da estratégia de apoio às vítimas. O ministro retorna nesta quarta-feira a Brasília.

O primeiro-tenente de Cavalaria do Exército, Leonardo Machado de Lacerda, de 28 anos, uma das vítimas do incêndio em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, foi cremado na tarde desta terça-feira (29), no Memorial do Carmo, no bairro do Caju, zona portuária do Rio de Janeiro. O sepultamento da capitã médica, Daniele Dias de Mattos, de 36 anos, outra militar carioca que também morreu no incêndio, será realizado na quarta-feira (30), às 14 horas, no Cemitério de Inhaúma, na zona norte do Rio.

Lacerda havia sido transferido de Rosário do Sul (RS) para Santa Maria há apenas 15 dias e servia no 1º Regimento de Carros de Combate. Os relatos de amigos que o acompanhavam na noite de sábado eram de que o militar conseguiu sair da boate, mas voltou para ajudar no resgate de outras pessoas e não resistiu à fumaça tóxica que tomou conta do local. O tenente formou-se em 2007 na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), e no ano seguinte mudou-se para o Rio Grande do Sul.

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Vizinho e amigo da família, Marcelo Moreira, disse que o oficial morreu como um herói. "Era um rapaz maravilhoso, amigo de todos, dedicado à família. Os pais e o irmão dele são médicos, e ele sempre quis seguir a carreira militar. Ele era o filho que todo pai quer ter. Morreu como um herói".

O coronel, Mário Fonseca, do Comando Militar do Leste (CML), também elogiou a atitude de Lacerda. "Esse instinto de salvar vidas é inerente à nossa profissão". O coronel disse que, por seu ato, Lacerda pode receber uma condecoração post mortem.

Durante o velório, dez integrantes do regimento de cavalaria do Exército estiveram presentes para prestar homenagens. Por decisão da família, não houve honras militares. "A família está feliz com a nossa presença, mas não quer honras militares. Pra quem já está tocado, as honras militares aprofundam o sentimento de perda", disse o coronel.

A capitão médica, Daniele Dias de Mattos, de 36 anos, outra militar carioca que morreu em Santa Maria, era cardiologista do Hospital Central do Exército (HCE), em Benfica, zona norte do Rio, desde março de 2011. Antes de se mudar para o Rio, ela morou em Santa Maria e trabalhou no Hospital Universitário da cidade. Daniela tinha uma filha de 14 anos e passava as férias em Santa Maria, onde morava o namorado, também morto no acidente. A médica voltaria ao trabalho nesta terça.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), formalizou nesta terça-feira (29) a criação da comissão especial, integrada por sete deputados, para elaborar uma proposta de legislação nacional sobre segurança em boates e casas de shows. O coordenador da comissão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que o objetivo é estabelecer parâmetros e exigências mínimas de prevenção de incêndios e de concessões de alvarás comuns para todo o País.

A comissão também acompanhará as investigações sobre o incêndio na boate, em Santa Maria (RS), que resultou na morte de 235 pessoas, a maioria de jovens estudantes, e feriu outras mais de 100, algumas internadas em estado grave em hospitais da cidade e de Porto Alegre. "As exigências mínimas, obrigatoriamente, terão de ser seguidas pelos Estados e pelos municípios", afirmou Pimenta. Atualmente, cabe aos Estados legislar sobre prevenção de incêndio e aos municípios sobre a concessão de alvarás. "Os Estados e os municípios terão de se adaptar às regras mínimas", disse. O trabalho da comissão também será o de relacionar as exigências às penas e às responsabilidades criminais para quem descumprir a legislação.

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Pimenta afirmou que a falta de um padrão de normas de segurança dificulta a fiscalização. Para piorar ainda mais a segurança das pessoas, ele afirmou que alguns municípios diminuem as exigências para a concessão dos alvarás como forma de atrair shows ou casas noturnas que funcionam, por exemplo, apenas no verão. "Casas noturnas sazonais não querem fazer investimentos e se instalam onde têm menor custo", disse. "Há ainda a pressão econômica para reduzir exigências e reduzir custos", afirmou.

O deputado, que é de Santa Maria (RS), afirmou que a pressão da sociedade poderá ajudar a transpor as dificuldades para a aprovação de parâmetros de segurança nacionais. "O momento é agora. Temos de fazer com que o sentimento de indignação e a revolta se transformem na força necessária para vencer os obstáculos. Parece-me uma coisa tão básica, que dificilmente alguém ficará contra", disse.

A comissão é formada por Pimenta e os deputados, Augusto Coutinho (DEM-PE), Elcione Barbalho (PMDB-PA), Jorge Bittar (PT-RJ), Maurício Quintella Lessa (PR-AL), Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) e Otávio Leite (PSDB-RJ).

Por meio de nota assinada pelo comandante, Sérgio Abreu, a Brigada Militar afirmou, nesta terça-feira (29), que o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) da boate Kiss, que pegou fogo na madrugada do último domingo e matou 234 pessoas, informava que a casa noturna tinha duas saídas de emergência. Na prática, as pessoas que estavam no local tinham apenas uma porta para sair durante o incêndio.

O documento também afirma que a capacidade do local, de acordo com o mesmo plano de incêndio, era para 691 pessoas, e o ingresso de pessoas acima dessa capacidade é de responsabilidade dos proprietários, e exigiria revisão das saídas de emergência.

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A nota também reforça que a hipótese de uso de efeitos pirotécnicos não foi solicitado junto ao Corpo de Bombeiros e que o pedido seria negado para o ambiente da boate Kiss.

O Instituto Geral de Perícias revisou para 234 o número de mortos no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), na madrugada de domingo (27). O número oficial divulgado até o momento era de 231 vítimas. O erro de cálculo foi atribuído ao registro dos nomes dos mortos em papel, o que acabou deixando de fora da listagem oficial três nomes de vítimas que foram identificadas.

"Nós não tínhamos computador, cabo, nada. Tudo foi feito manualmente. Nós contamos 234 corpos e fizemos a identificação de todos, mas em algum momento do processo esses três nomes não entraram na lista oficial", explicou a chefe da Regional de Santa Maria do Instituto Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul, Maria Ângela Zucchetto.

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A estrutura de reconhecimento das vítimas foi montada às pressas no Centro Desportivo Municipal da cidade. Segundo o IGP, mesmo sem a inclusão na lista, os corpos das vítimas foram entregues às famílias.

Os nomes que ficaram de fora da contagem ainda não foram divulgados. A lista do IGP foi encaminhada para Porto Alegre, onde uma perita irá comparar com a lista oficial de 231 nomes para identificar quem está faltando e investigar porque esses três ficaram fora da contagem. As informações são da Agência Brasil.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu incluir no programa Justiça Plena os prováveis processos judiciais resultantes da tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria (RS). A proposta, do conselheiro Gilberto Valente, foi aprovada por maioria de votos.

O objetivo do programa é monitorar e dar transparência ao andamento de processos de grande repercussão social. Entre os casos que já fazem parte do programa estão o assassinato da missionária Dorothy Stang e a morte de um paciente psiquiátrico numa casa de repouso no Ceará.

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Equipes que atuaram no suporte psiquiátrico de familiares das vítimas do ataque às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, prestarão apoio na tragédia de Santa Maria (RS). O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou na manha desta terça-feira, durante evento com prefeitos em Brasília, que a assistência faz parte de uma força-tarefa para atender os familiares de pacientes internados em hospitais gaúchos.

"Contamos com a participação de um grupo da PUC do Rio Grande do Sul que atuou nos ataques. O mesmo protocolo usado (no caso) das torres, de dar suporte psicológico às famílias num trauma como esse, está sendo aplicado", disse o ministro. Há também cerca de 50 profissionais da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) mobilizados. "Eles estão acostumados a enfrentar tragédias como essas. Atuaram no terremoto do Haiti, nas enchentes da região serrana do Rio", afirmou Padilha, que destacou ainda a participação de voluntários e médicos de outras cidades.

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Uma das preocupações do ministério é com sobreviventes que não apresentaram sintomas imediatos. "É comum em incêndios como esse que as pessoas que não tiveram nenhum sinal ou sintoma nas primeiras horas virem a desenvolver até quatro dias depois um quadro de pneumonia química." Os sintomas são tosse, falta de ar, sensação de cansaço e náuseas. "O quadro pode evoluir para uma importante insuficiência respiratória e precisa de ventilação mecânica", acrescentou o ministro.

Padilha pediu que todos os sobreviventes que, por ventura, sintam qualquer dos sintomas, procurem um posto de saúde e informem que estiveram na boate. "Tem um protocolo específico desenvolvido pelo Ministério da Saúde, pela Força Nacional do SUS para conduzir esses pacientes."

Além dos 53 pacientes graves internados em Porto Alegre, há outras 65 pessoas em leitos de Santa Maria - 27 delas respirando com ventilação mecânica. A cidade ainda tem capacidade para receber outros 30 pacientes que possam necessitar de atendimento.

A prefeitura de Santa Maria informou que encaminhará, ainda nesta terça-feira, à Polícia Civil os documentos da administração municipal sobre o funcionamento da boate Kiss, que pegou fogo na madrugada de domingo (28) deixando 231 mortos. O prefeito Cezar Schirmer tem afirmado que toda a documentação da boate perante a prefeitura estava regular, e que o alvará de funcionamento, concedido à época da abertura da casa era regular, e só foi liberado após a vistoria do corpo de bombeiros.

Na manhã de segunda-feira (28), quando estava no Centro Desportivo Municipal, o prefeito chegou a afirmar que desconhecia restrições ao material utilizado no revestimento acústico da boate. "Os bombeiros deram atestado, a prefeitura só aprova qualquer estabelecimento se tiver o alvará dos bombeiros. Bom, se o material era o certo ou não era certo, aí é uma questão de natureza técnica e não nos cabe opinar. Há um atestado dos bombeiros, de regularidade", disse o prefeito. A lei municipal de Santa Maria vetava o uso da espuma inflamável, que libera gases tóxicos, como revestimento para esse tipo de ambiente.

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Em depoimento dado ao Ministério Público, integrantes da banda Gurizada Fandangueira afirmaram que o incêndio que matou 231 pessoas na boate Kiss, em Santa Maria (RS), na madrugada de domingo, 27, não foi causado por sinalizadores manipulados por eles, mas sim por uma pane elétrica no equipamento da boate.

"Eles dizem que o sinalizador era de fogo frio, sem pólvora, que não poderia incendiar material algum. E que já haviam usado isso em outras apresentações, inclusive na mesma boate", afirmou a promotora Valeska Agostini, que cuida do caso com o promotor Joel Oliveira Dutra. Por sua vez, os donos da boate afirmaram que não haviam autorizado nenhuma apresentação pirotécnica no local.

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O Ministério Público do Rio Grande do Sul já indica que poderá acusar Elissandro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, além dos integrantes da banda Marcelo de Jesus Santos e Luciano Bonilha, pelo crime de homicídio com dolo eventual - situação em que a pessoa assume o risco de matar alguém, mesmo não tendo intenção. A pena é de até 12 anos de reclusão em regime fechado.

Os quatro, até agora tratados apenas como suspeitos, estão presos temporariamente em celas isoladas na Penitenciária de Santo Antão, a 15 km de Santa Maria.

Para os promotores Veruska Agostine e Joel Oliveira Dutra, que cuidam do caso, é "muito grave" o fato de os donos da boate não terem fornecido à Polícia Civil imagens do circuito interno de TV e terem retirado antes da perícia realizada nesta segunda-feira, 28, todos os registros do caixa central da boate.

A saída repentina dos quatro suspeitos de Santa Maria também motivou o pedido de prisão temporária feito pela polícia e aprovado pelo Ministério Público.

O chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior, vinha trabalhando com a hipótese de homicídio culposo - quando não há intenção nem se assume o risco de matar -, cuja pena é de no máximo 5 anos de reclusão. Depois das suspeitas de que as imagens de TV possam ter sido ocultadas, o policial também passou a trabalhar com a hipótese de homicídio com dolo eventual.

Contra os donos da boate também pesa o fato de a boate Kiss não ter saídas de emergência. Há ainda a suspeita de superlotação da casa no dia da tragédia.

No caso dos integrantes da banda, o dolo eventual poderá ser caracterizado porque os sinalizadores têm uso interno proibido, de acordo com o Ministério Público.

Pena dura

O governador gaúcho, Tarso Genro (PT), esteve pela manhã em Santa Maria para anunciar as prisões. "A pena tem de ser dura para que esse tipo de tragédia não se repita", disse.

Os promotores relataram que os dois proprietários da boate se recusaram a fornecer imagens do circuito interno de TV sob o argumento de que o equipamento não funcionava havia dois meses.

O caixa registrador do estabelecimento também não tinha dados da noite da tragédia, o que aumentou as suspeitas de superlotação da casa - segundo o Corpo de Bombeiros, pelo menos 1,5 mil jovens estavam no espaço com lotação máxima para mil pessoas.

"Nosso objetivo é fazer uma varredura em relatos de sobreviventes pelas redes sociais e chamá-los para depor. Só assim vamos conseguir chegar com precisão aos fatos que se sucederam antes e depois do incêndio", afirmou o chefe da polícia gaúcha. "Surgiram muitos obstáculos à investigação que geraram a necessidade da prisão temporária."

A prisão temporária dos quatro tem duração de cinco dias, prorrogáveis por igual período. A polícia não descarta convocar nos próximos dias autoridades da Prefeitura de Santa Maria para explicar a falta de fiscalização e de alvará do estabelecimento. "Estamos no início dos trabalhos e outras prisões não estão descartadas", afirmou Marcelo Angyone, delegado regional responsável pelo caso.

Os advogados de três dos quatro suspeitos não se manifestaram nesta segunda. Já Márcio Ciprone, que defende Mauro Hoffmann, diz que seu cliente não cuidava de "nada referente à fiscalização do local ou à contratação de bandas" e o gerenciamento da casa era feito por seu sócio, Elissandro Sphor, que também foi preso. "Ele nunca autorizou uso de sinalizadores nem contratou banda. Ele era só sócio", argumentou. "E a boate não estava ilegal, ela pediu o alvará. Como a licença não foi concedida, a boate tinha o direito adquirido para seguir funcionando."

Ciprone disse que seu cliente saiu da cidade por precaução, com medo da reação da população. "Ele sempre esteve à disposição da Justiça", disse.

O Google escolheu uma maneira respeitosa de se pronunciar a respeito da tragédia que ocorreu na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A empresa inseriu um lacinho preto abaixo do campo de busca, mostrando sua solidariedade de forma discreta, na versão da página brasileira e mais uma legenda ao clicar no laço dizendo: "Estamos em luto com todo o Brasil".

O incêndio que ocorreu na boate Kiss, na madrugada de sábado para domingo, tirou a vida de mais de 230 pessoas – a maioria deles jovens universitários. Acredita-se que o fogo tenha se iniciado quando um dos integrantes da banda que tocava no local acendeu um sinalizador para fazer alguma espécie de show pirotécnico durante a sua apresentação.

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A Cruz Vermelha Brasileira (CVB) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) anunciaram nesta terça-feira (29) que irão fornecer consultoria gratuita de médicos especialistas em situações pós-traumáticas para os sobreviventes e familiares de vítimas do incêndio da boate de Santa Maria (RS), que matou 231 pessoas na madrugada do último domingo.

De acordo com nota emitida pelas associações, essa iniciativa visa a "prevenção de transtornos que possam ser desencadeados em virtude de traumas graves e estresse pós-traumático, matiz para possíveis transtornos como depressão, síndrome do pânico, transtornos alimentares, fobias, dentre outros".

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Paralelamente, será colocado em prática o programa chamado "Cuidando do cuidador", que oferece apoio aos profissionais de saúde - como médicos e enfermeiros - e de atendimento e gestão da crise - como bombeiros e policiais.

"É normal que tragédias de grande proporção abalem profissionais de saúde diretamente envolvidos no socorro às vítimas. São profissionais, mas antes de tudo são seres humanos suscetíveis à dor alheia. O objetivo do programa é prestar apoio a estes profissionais", explicou Antonio Geraldo da Silva, presidente da ABP.

De acordo com as instituições, suporte semelhante também foi fornecido a parentes ou vítimas de outras situações traumáticas no Brasil, como as enchentes de Santa Catarina, em 2008, a queda do avião da Air France no Oceano Atlântico, em 2009 e a queda do avião da TAM em Congonhas, em 2007.

Israel presta condolências

O presidente de Israel, Shimon Peres, enviou carta ma segunda-feira à presidente Dilma Rousseff prestando condolências aos brasileiros, em razão do incêndio ocorrido em Santa Maria. Peres disse sentir "profunda consternação" com o fato e desejou a todos os feridos uma pronta recuperação. "Nossos corações estão com todos vocês neste momento de luto, enquanto inclinamos nossas cabeças e oramos junto, diante de tanta perda".

A tragédia em Santa Maria ainda pode levar a novas internações médicas. São pessoas que tragaram a fumaça do incêndio na boate e não desenvolveram imediatamente sintomas de intoxicação respiratória. Especialistas explicam que a chamada pneumonia química pode se manifestar até três dias depois da inalação. No domingo (27), 24 pessoas suspeitas de estarem com o problema foram atendidas no pronto-socorro do município. Na segunda-feira (28), houve mais dois casos.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já havia alertado para o risco de casos assim no domingo (27) à tarde. Tosse, falta de ar e até mesmo catarro frequente, que pode, ou não, estar acompanhado de restos de fuligem, caracterizam as reações do corpo ao desenvolvimento da moléstia, que, se não for tratada, pode levar à morte.

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O cirurgião Luiz Philipe Molina, do Centro de Referência em Trauma do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, compara a pneumonia química à formação de bolhas nas mãos após queimaduras em panelas ao fogo. "Nesses casos, a pele fica vermelha na hora. Um tempo depois, começam a surgir bolhas que, após uns dias, estouram. Nas mucosas respiratórias, o processo é parecido."

Segundo ele, os tecidos internos lesionados pelo contato com o ar quente do incêndio podem descamar. "As células que foram atingidas acabam sendo eliminadas, impedindo o bom funcionamento dos pulmões." Isso dificulta a transmissão de oxigênio dos alvéolos pulmonares para a corrente sanguínea. A descamação favorece infecções secundárias. Outros sintomas decorrentes desse problema são dor de cabeça e tonturas.

A desidratação dos tecidos também pode ocorrer, segundo Ubiratan de Paula Santos, diretor da Sociedade Paulista de Pneumologia e pneumologista do Instituto do Coração. "Deve-se notar que, nessas circunstâncias, a pessoa respira gases e material particulado em alta temperatura, o que provoca uma agressão térmica ao revestimento de traqueia, laringe e brônquios."

A estudante Ingrid Goldani, que estava na boate Kiss, começou a se sentir mal na tarde de domingo (27). Ela havia escapado do incêndio aparentemente ilesa, mas manifestou os sintomas horas depois. Acabou sendo transferida na segunda-feira (28) de madrugada para um hospital de Porto Alegre.

Gravíssimos

A maioria dos internados por causa da tragédia tem intoxicação respiratória. E a perspectiva não é tranquilizadora. Há ainda 75 pacientes internados em estado grave, a maioria respirando por ventiladores mecânicos, em Unidades de Terapia Intensiva de hospitais de Santa Maria e Porto Alegre, segundo balanço divulgado no final da tarde pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. "São pacientes em estado crítico, que correm risco de vida", admitiu.

Sobre o risco de pneumonia química, as autoridades recomendam que, diante de qualquer sintoma - como tosse ou falta de ar, por exemplo -, as pessoas que estavam na boate e inalaram fumaça tóxica procurem atendimento médico imediatamente. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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