A despressurização do câmbio aliviou prêmios na curva de juros em boa parte desta segunda-feira (16) mas, como no término da sessão regular o dólar perdeu força de queda, as taxas futuras também reduziram o declínio para ficar perto dos ajustes anteriores. De todo modo, os principais contratos seguem precificando um aumento de 0,75 ponto porcentual da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em abril.
O DI com vencimento em janeiro de 2016 movimentou 127.510 contratos, terminando a sessão regular em 13,86%, mesma taxa do ajuste anterior. O DI janeiro de 2017 (182.375 contratos) terminou em 13,80%, de 13,79% no ajuste da sexta-feira. O DI janeiro de 2021, com 41.645 contratos, terminou em 13,30%, na máxima, de 13,28% no ajuste anterior.
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Tanto o dólar quanto os juros tiveram influência importante da tendência externa, que acabaram se sobrepondo a eventuais reações do mercado às manifestações contra o governo ontem, com milhares de pessoas nas ruas pelo País. Nos EUA, indicadores fracos da economia norte-americana amenizaram a expectativa sobre a sinalização sobre o timing para a alta das taxas dos Fed Funds, às vésperas do encontro do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), na quarta-feira. O dólar à vista encerrou na máxima de R$ 3,246 (-0,43%) no balcão.
A produção industrial norte-americana (+0,1%) subiu abaixo do esperado (+0,2%) em fevereiro e o índice Empire State de atividade industrial na região de Nova York caiu para 6,90 em março, aquém da expectativa de alta para 8,30, ante 7,78 em fevereiro. Já a confiança das construtoras do país recuou para 53 em março, quando a previsão era 55. Diante dos números, a percepção é de que o Fed pode esperar um pouco mais para começar a retirar a política monetária do modo acomodatício.
Quando o dólar desacelerou a baixa no final da sessão, os juros acompanharam, para encerrar nos ajustes, de olho também no movimento dos Treasuries. Em Wall Street, os yields (retornos) também foram influenciados pela perspectiva para a política monetária dos EUA. Perto das 16h30, a T-Note de dez anos estava em 2,092%, de 2,119% na sexta-feira.
Segundo operadores, o espaço para queda dos prêmios, que em boa medida depende do dólar, não é muito grande diante das preocupações com a economia doméstica e da crise política. Após as manifestações de ontem, o governo, via ministros, afirmou estar disposto a dialogar com a sociedade para tentar atender às demandas, a começar pela implantação de um plano de combate à corrupção.
Ao longo do dia o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, reuniu-se com vários empresários em São Paulo para falar sobre o ajuste fiscal e reforçou a necessidade de um acerto com o Congresso. "Política anticíclica permanente é insustentável do ponto de vista fiscal, mas é claro que algumas medidas precisam consultar o sócio do governo, o Congresso", disse, acrescentando que o governo está dialogando com os parlamentares sobre algumas medidas. "Quando o jogo é claro, todo mundo vai à luta e as coisas mudam", afirmou. "Estamos trabalhando para evitar cenários de 'downgrade' e inflação alta", completou, aos empresários na Associação Comercial de São Paulo.
A curva de juros continua precificando uma aceleração do ritmo de alta da Selic na reunião do Copom de abril, mesmo com o número fraco do IBC-Br de janeiro. O dado teve baixa de 0,11% em janeiro ante dezembro do ano passado com ajuste sazonal, abaixo da mediana das estimativas dos 35 analistas do mercado financeiro consultados pelo AE Projeções (+0,20%), mas dentro do intervalo de -0,14% a +0,90%. Na comparação entre os meses de janeiro de 2015 e 2014, houve retração de 1,75% na série sem ajustes sazonais, uma retração maior do que a apontada pela mediana (-1,10%) e que ficou perto do piso das previsões (-1,80% a +0,80%).