As taxas de juros futuras terminaram perto da estabilidade nesta terça-feira (3) depois de uma sessão volátil, zerando as perdas registradas ao longo da tarde, à medida que o dólar voltou a ganhar tração na reta final dos negócios.
Como o dólar, as taxas de juros futuras subiram pela manhã, impulsionadas por questões políticas e expectativas pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para amanhã. Se as apostas majoritárias forem confirmadas, o Banco Central elevará a taxa de juros para 12,75% ao ano, o mesmo patamar de seis anos atrás. No entanto, as taxas desaceleram a alta ao longo da tarde, à medida que o dólar e os juros dos Treasuries perderam força.
##RECOMENDA##Em dia de agenda de indicadores fraca no Brasil, os investidores resolveram monitorar a lista que o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, deve entregar hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) com os nomes dos parlamentares envolvidos na Operação Lava Jato. O ministro do STF Marco Aurélio Mello defendeu o fim do sigilo dos inquéritos da operação. "Penso que, na administração pública, a mola mestre é a publicidade. É o que viabiliza a eficiência, pelo acompanhamento da imprensa e pelo acompanhamento dos cidadãos em geral", disse, ao chegar para sessão das turmas do Supremo.
A ausência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em jantar na noite de ontem com a presidente Dilma Rousseff e a cúpula do PMDB, em um momento no qual o governo precisa de apoio para aprovar seu programa de ajuste fiscal, contribuiu para acentuar os temores nos mercados financeiros domésticos.
Os agentes estavam também cautelosos antes de reuniões de membros do governo com representantes das agências de classificação de risco, depois que o rebaixamento da nota da Petrobras para grau especulativo suscitou preocupações sobre um corte do rating soberano. Os representantes da agência Standard & Poor's desembarcam amanhã em Brasília, onde se encontrarão com membros da área técnica do BC e do Ministério da Fazenda.
No âmbito fiscal, o governo informou a líderes da base na Câmara na manhã de hoje de que está disposto a apresentar uma nova proposta de reajuste da tabela do Imposto de Renda. O veto presidencial à proposta de reajuste de 6,5% será apreciado na sessão do Congresso da próxima semana. Até lá, o Palácio do Planalto deve apresentar uma alternativa. "Há espaço para negociação. O que vai ser (a proposta), não posso antecipar", afirmou o líder o governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). A presidente Dilma Rousseff defendia reajuste de 4,5%, mas a proposta nunca foi apresentada ao Congresso.
No jantar de ontem, no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma se comprometeu com o vice-presidente Michel Temer e com a cúpula peemedebista a ouvir os partidos "sempre que possível" antes de encaminhar projetos ao Congresso e, assim, ampliar a participação deles nas decisões de governo. A medida é uma tentativa de diminuir os conflitos com o PMDB. A presidente disse, contudo, que há propostas que não são possíveis de serem adiantadas aos parlamentares, como as que têm relação com o mercado.
O avanço das taxas de juros perdeu um pouco a força a tarde, refletindo a desaceleração do dólar e dos juros dos Treasuries. Mas uma recuperação da moeda americana no fim da negociação acabou puxando as taxas para perto da estabilidade. No término da sessão regular do mercado de juros futuros na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em abril de 2015 (53.025 contratos) tinha taxa de 12,535%, ante 12,519% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2016 (49.900 contratos) apontava 13,11%, de 13,12%. O DI para janeiro de 2017 (202.465 contratos) indicava 12,87%, ante 12,87% no ajuste da véspera. No trecho longo, o contrato com vencimento em abril de 2021 tinha taxa de 12,43%, igual ao nível observado no ajuste da véspera.