As taxas de juros futuros terminaram a sessão em alta nesta terça-feira (16) impulsionadas pelas preocupações com o enfraquecimento econômico global e as incertezas sobre as eleições, após pesquisas confirmarem um empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). A alta do dólar também forneceu suporte para o avanço na curva dos juros.
No fim do pregão regular na BM&FBovespa, o depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2015 (46.935 contratos) tinha taxa de 10,996%, ante 10,960% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2016 (221.760 contratos) indicava 12,03%, de 11,95% no ajuste da véspera. O DI para janeiro de 2017 (506.925 contratos) mostrava 12,12%, de 11,89%. E o DI para janeiro de 2021 (194.275 contratos) apontava 11,59%, de 11,41%. Por volta das 16h30, o rendimento projetado da T-note de 2 anos avançava a 0,335%, enquanto o da T-note de 10 anos aumentava a 2,147%. O dólar à vista fechou com alta de 1,27%, a R$ 2,4690.
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No início da sessão, dados da inflação da zona do euro reforçaram as preocupações recentes com o enfraquecimento das economias ao redor do mundo. A Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia, disse que a inflação anual na zona do euro ficou em 0,3% em setembro, o menor nível desde outubro de 2009, muito abaixo da meta oficial de inflação, que é de taxa ligeiramente inferior a 2,0%. O resultado reforçou expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) volte a usar instrumentos não convencionais de estímulos.
Os dados provocaram forte queda das bolsas na Europa e nos EUA, mas o mau humor foi amenizado durante a manhã, à medida que os investidores foram digerindo indicadores do mercado de trabalho e da atividade industrial melhores que o esperado nos EUA. Comentários de um membro do Federal Reserve (Fed) também ajudaram a amenizar as perdas.
Segundo o Departamento de Trabalho dos EUA, o número de pedidos de auxílio-desemprego caiu para 264 mil na semana passada, o menor nível desde abril de 2000. Além disso, a produção industrial da maior economia do mundo surpreendeu, ao avançar 1,0% em setembro ante agosto, quando a previsão era de uma alta mais modesta, de 0,4%.
Os números positivos dos EUA levaram as taxas de juros dos Treasuries a apagarem as perdas registradas antes da divulgação dos relatório e passar a subir, além de impulsionar o dólar ante outras divisas internacionais, como euro e o iene.
Sobre o cenário eleitoral no Brasil, as sondagens de Ibope e Datafolha, divulgadas na noite de ontem, mostraram manutenção do empate técnico entre o tucano e a presidente Dilma Rousseff (PT), com 51% e 49% dos votos válidos, respectivamente. Entretanto, a rejeição de Aécio subiu e a aprovação do governo Dilma teve leve melhora. Ainda hoje ocorre o segundo debate do segundo turno, no SBT.
Essas notícias puxaram as taxas de juros para cima pela manhã. Os ganhos aceleraram com o acionamento de ordens de stop loss. As taxas de juros dos DIs para janeiro de 2017 e janeiro de 2021 chegaram a subir cerca de 40 pontos-base. Mas o movimento perdeu força, ao longo da sessão, em sintonia com a melhora vista nos mercados internacionais e com a desaceleração do dólar.
Na agenda de indicadores doméstica, um relatório do Banco Central apontou que o índice de atividade econômica, o IBC-Br, subiu 0,27% em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal. O resultado ficou praticamente em linha com a mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro. A FGV informou que o IGP-10 de outubro teve ligeira alta de 0,02%, ante avanço de 0,31% em setembro. As projeções iam desde queda de 0,07% até alta de 0,06%, com mediana negativa em 0,02%.
Hoje, o Tesouro atuou para acalmar o mercado. A oferta de LTNs foi de apenas 800 mil títulos e a de NTN-Fs, de 100 mil. No último leilão dos mesmos papéis, no dia 2 deste mês, a oferta havia sido de 6,5 milhões de LTN e 2,5 milhões de NTN-F. Segundo fontes do governo, o Tesouro colocou um pé no freio na oferta de papéis prefixados para evitar um custo maior no leilão de hoje. A instituição também quis, com a estratégia, evitar adicionar uma pressão maior de volatilidade no mercado.
Apesar de dados positivos e do volume menor de títulos no leilão, a curva dos juros manteve a tendência de alta, sustentados pelo dólar e por expectativas com eleições.