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Os dois clientes da Shell que compraram os tambores encontrados com a borra de petróleo suspeita de contaminar as praias de toda a região Nordeste serão acionadas pela Marinha e Polícia Federal para que prestem informações.

Conforme revelado nesta quinta-feira, 17, pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Shell, fabricante e dona original dos tambores de lubrificantes, encaminhou ao governo brasileiro dados de dois compradores dos produtos encontrados no Brasil.

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A primeira é a empresa Hamburg Trading House FZE, uma distribuidora baseada nos Emirados Árabes, que adquiriu 20 tambores do lote encontrado na costa brasileira. O segundo cliente é a empresa Super-Eco Tankers Management, baseada em Monrovia, na Libéria, na África Ocidental, que comprou cinco tambores do lote da Shell.

As informações sigilosas da Shell foram encaminhadas na tarde desta quinta-feira, 17, ao governo brasileiro. O objetivo neste momento é avançar na trilha logística do produto, para apurar os possíveis responsáveis pelo desastre sem precedentes no mar brasileiro.

A Shell confirmou que os tambores usados para armazenar lubrificantes, e não petróleo, foram produzidos e comercializados por empresas do grupo Shell localizadas na Europa e no Oriente Médio. O governo ainda investiga se o material da empresa é o mesmo que polui 187 pontos da costa brasileira desde o fim de agosto.

O lote de tambores, que tem data de 17 de fevereiro de 2019, foi produzido em Dubai pela Shell Markets. Depois, esses tambores foram comercializados por outra empresa do grupo, a Shell Eastern Trading (SET) no Porto dos Emirados Árabes. As informações foram enviadas à Shell Brasil por meio da SET. A companhia declarou que a Super-Eco Tankers Management, que comprou cinco tambores, "potencialmente opera em águas brasileiras". A distribuidora dos Emirados Árabes, na avaliação da empresa, é menos provável que passe pela costa do Brasil.

No momento da venda dos lotes, afirma a empresa, houve "transferência de titularidade e custódia do produto e da sua embalagem pela SET ao cliente e ao distribuidor". Por isso, a SET alega que a informação encaminhada sobre detalhes dos lotes e seus compradores "não indica necessariamente que tais empresas (cliente e distribuidor) sejam proprietários ou possuidores dos tambores investigados".

A Marinha confirmou nesta quinta-feira (17) que o navio patrulha Guaíba recolheu um tambor de 200 litros de óleo na Ponta de Tabatinga, a 7,4 km da costa de Natal (RN). Este apresentava o logotipo da Shell, estava cheio e não apresentava vazamentos.

Amostras do conteúdo foram enviadas para análise no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira. A Marinha ressaltou, no entanto, que "os dados disponíveis até o momento não permitem concluir se o episódio tem relação com outros tambores encontrados no litoral de Sergipe (que também tinham o logo da Shell) ou com o óleo que tem se espalhado pelas praias do Nordeste".

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A Shell havia informado que os tambores encontrados em Sergipe eram originalmente embalagens de lubrificantes para navios, de um tipo que não é produzido no Brasil. A empresa disse também que não havia reutilizado seus tambores.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, a Shell afirmou que recebeu a informação de que um novo barril havia sido encontrado. "Trata-se de embalagem de Omala S2 G 220, uma outra linha de lubrificantes", esclareceu, lembrando que, segundo a própria Marinha, o tambor estava fechado e não apresentava vazamento.

Oriente Médio

O jornal O Estado de S. Paulo obteve com exclusividade a informação de que os barris achados foram produzidos e comercializados por empresas do grupo Shell localizadas na Europa e no Oriente Médio. Em documento sigiloso, a Shell encaminhou ao governo brasileiro dados de dois compradores dos produtos encontrados no País.

A primeira é a empresa Hamburg Trading House FZE, uma distribuidora com base nos Emirados Árabes, que adquiriu 20 tambores. O segundo cliente é a empresa Super-Eco Tankers Management, com base em Monróvia, na Libéria, que comprou cinco tambores do lote da Shell.

O lote de tambores, que tem data de 17 de fevereiro de 2019, foi produzido em Dubai pela Shell Markets. No documento, a Shell informa que o primeiro tambor encontrado com a logomarca da empresa "não foi produzido ou comercializado pela Shell Brasil" e se trata, efetivamente, de um "produto líquido límpido, de coloração âmbar", diferente do que está invadindo o litoral do Nordeste. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Marinha confirmou nesta quinta-feira, 17, que o navio patrulha Guaíba recolheu na quarta-feira, 16, um tambor de 200 litros de óleo nas proximidades da Ponta de Tabatinga, a 7,4 quilômetros da costa de Natal, no Rio Grande do Norte. Ainda segundo a Marinha, o tambor vermelho estava boiando no mar quando foi avistado e recolhido. Ele apresentava o logotipo da Shell.

Os militares constataram que o barril estava cheio e não apresentava vazamentos. Amostras do conteúdo foram enviadas para análise no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira. A Marinha ressaltou, no entanto, que "os dados disponíveis até o momento não permitem concluir se o episódio tem relação com outros tambores encontrados no litoral de Sergipe (que também tinham o logo da Shell) ou com o óleo que tem se espalhado pelas praias do Nordeste".

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O Grupo de Avaliação e Acompanhamento (GAA), formado pela Marinha, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Ibama, confirmou também nesta quinta que Salvador já tem quatro novas praias atingidas pelas manchas de óleo: Praia do Flamengo, Pedra do Sal, Farol da Barra e Rio Vermelho.

A Shell havia informado que os tambores encontrados em Sergipe eram originalmente embalagens de lubrificantes para navios, de um tipo que não é produzido no Brasil. A empresa informou também que não havia reutilizado seus tambores. A Shell voltou a ser procurada, mas ainda não se manifestou sobre o novo barril encontrado.

Continuando a operação para a retirada do petróleo que está tomando as praias da cidade, a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), retirou - só de um dos locais atingidos na capital baiana, mais de 200 quilos de petróleo. A retirada aconteceu nesta quarta-feira (16), na praia Jardim Alah. De acordo com a Prefeitura de Salvador, outros órgãos do municípios estão empenhados para a limpeza de todas as praias contaminadas com o petróleo.

Marcus Passos, presidente da Limpurb, salienta que desde a última quinta-feira (10), as equipes estão trabalhando dia e noite nos locais fazendo ronda e observações de novas manchas nas praias. Ainda segundo Marcus, somente nesta quarta-feira (16), 275 agentes da Limpurb foram mobilizados. 

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Orientação Salvador

Em todo o trecho de atuação da Coordenadoria de Salvamento Marítimo (Salvamar), que vai de Ipitanga ao Jardim de Alah, os salva-vidas estão orientando os banhistas para, caso encontrem alguma mancha de óleo na água ou na areia, evitem tocar o material e informem a situação a um salva-vidas ou através do telefone 156.

Em situações que envolvam animais afetados pelo petróleo, o contato pode ser feito com a Guarda Civil Municipal pelo telefone (71) 3202-5312, ou com a Polícia Ambiental, no número 190, a qualquer hora do dia. O Ibama também poderá ser acionado pelo (71) 3172-1650.

A empresa Shell informou nesta segunda-feira, 14, que não transporta óleo cru acondicionado em tambores em rotas transatlânticas. Estudo da Universidade Federal de Sergipe constatou que tambores encontrados na Praia de Formosa, em Sergipe, com o logo da empresa, continham óleo similar ao que apareceu em diferentes pontos das praias do Nordeste ao longo das últimas semanas.

No sábado, em uma outra nota, a Shell já havia dito que o conteúdo original daqueles tambores não tem relação com o óleo cru que vazou no Atlântico. "São embalagens de lubrificante para embarcações, de um lote não produzido no Brasil", explicou a empresa. "Vale ressaltar que o próprio adesivo em um dos tambores encontrados em Sergipe traz a data de 17/02/2019 associada ao transporte do lubrificante Argina S3 30 e que a mancha de óleo cru que está atingindo o litoral começou a impactar a costa em setembro."

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Segundo a empresa, "isso aponta uma possível reutilização da embalagem em questão - reutilização essa que não foi feita pela Shell". A empresa informou ainda que não foi notificada pelo Ibama a prestar esclarecimentos.

Um total de 198,5 toneladas de borra de petróleo já foram recolhidos das praias do Nordeste brasileiro até esta segunda-feira, 14, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. O material retirado por equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), de agentes estaduais e municipais tem sido levado para aterros industriais. Parte dele é incinerada.

Já são 43 dias desde a primeira detecção do material. A preocupação neste momento é saber quanto do óleo ainda chegará às praias. Simplesmente não se sabe, neste momento, se a situação já está controlada ou quanto do petróleo ainda chegará ao litoral, dado que se trata de uma matéria pesada, que avança no fundo do mar.

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A Marinha e a Polícia Federal ainda investigam a origem do problema. A hipótese de que o material pode ter sido lançado no mar por um "navio fantasma", embarcação clandestina que faria o contrabando de petróleo, ganhou força nas apurações. Até a semana passada, 23 embarcações estavam no alvo das investigações.

O Ibama vai cobrar explicações da Shell sobre o aparecimento de barris no litoral do Nordeste atrelados à empresa. Paralelamente, o órgão pedirá cópia do laudo técnico da Universidade Federal de Sergipe (UFS) sobre o material que foi encontrado nos barris que chegaram ao litoral do Estado.

A Marinha informou que as manchas de óleo que chegaram às praias do Nordeste não são compatíveis com o material encontrado em amostra de barril da Shell. Por meio de nota, a empresa afastou relação entre os barris e as manchas de óleo.

"A Shell Brasil esclarece que o conteúdo original dos tambores localizados na Praia da Formosa, em Sergipe, não tem relação com o óleo cru encontrado em diferentes praias da costa brasileira", diz o texto. "São tambores de óleo lubrificante para embarcações, produzido fora do País. O Ibama está ciente do caso."

Na semana passada, investigações da Marinha e da Petrobras encontraram petróleo com a mesma "assinatura" do óleo da Venezuela nas manchas do litoral. Essa informação já havia sido comunicada ao Ibama. O poluente já foi identificado em 161 pontos no litoral dos nove Estados da região.

Apontada como uma hipótese para o derramamento de óleo nas praias do Nordeste, a circulação de navios fantasmas petroleiros pelo Atlântico pode ser motivada pelas sanções econômicas dos Estados Unidos à Venezuela, segundo especialistas. Análises sobre a mancha de poluição, que atinge 156 localidades de 71 municípios, já indicaram que a substância achada nas praias tem "assinatura" venezuelana, mas a origem do poluente ainda é desconhecida.

Os chamados navios fantasmas do século 21 não são embarcações mal-assombradas, mas aquelas que procuram navegar sem registro oficial. Para isso, trocam de nome e até desligam o transponder. O aparelho, obrigatório em todas as embarcações, registra a localização em tempo real de cada navio.

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"Historicamente, parte do petróleo produzido sempre foi comercializado por canais não oficiais", explica o economista Edmar Almeida, da Universidade Federal do Rio (UFRJ). "Tanto é que nas estatísticas do petróleo há diferença entre o que é declarado como produção e o que é declarado como consumo." Segundo ele, isso pode ocorrer por várias razões, como roubo e tráfico de combustível, guerras e conflitos internacionais ou sanções econômicas.

Coordenador do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo (USP), Alberto Pfeifer diz que as sanções americanas à Venezuela e a países que comercializem com ela "podem estar estimulando a marginalidade".

Os navios fantasmas costumam usar rotas menos conhecidas. Com isso, ficam mais vulneráveis a contratempos. Um eventual derramamento de óleo pode ocorrer por acidente ou pelo descarte de mercadoria irregular para evitar flagrantes. "O tráfico de combustível é uma das cinco atividades ilícitas mais lucrativas, atrás de drogas, armas, pessoas e animais", diz o especialista venezuelano Rafael Villa, do Instituto de Relações Internacionais da USP. "E sabemos que na Venezuela um dos graves problemas é o contrabando de combustível."

Patrulha

Em nota, a Marinha disse que realiza rotineiramente "patrulhas e inspeções navais", incluindo ações contra delitos ambientais. E lembra ainda que o Brasil participa de grupos de trabalho internacionais que acompanham o tráfego marítimo. "Os pontos considerados mais sensíveis são as 'novas ameaças', como pirataria, terrorismo e acidentes ambientais." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A 1ª Vara da Justiça Federal de Sergipe determinou neste sábado, 12, que o governo federal e o Instituto Brasileiro do Meio ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tomem ações contra as manchas de óleo que vem surgindo em todo o litoral do Nordeste desde setembro. Os órgãos devem construir, em até 48 horas a partir da tarde deste sábado, uma barreira marítima para proteger os rios de Sergipe, como a foz do Rio São Francisco.

A decisão tem caráter liminar e determina que, em caso de descumprimento, o governo federal receba multas diárias de R$ 100 mil. A decisão autoriza o governo a "remanejar verbas do orçamento e eventuais dispensa de procedimentos licitatórios para aquisição dos equipamentos necessários".

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A ação civil pública pedindo a responsabilização do governo foi ajuizada pelo Ministério Público Federal de Sergipe na última sexta-feira, 11, e pedia que o governo federal adotasse medidas de proteção do litoral do Estado em até 24 horas e, em caso de descumprimento da decisão judicial, solicitava multa de R$ 1 milhão ao dia.

De acordo com o Procurador da República de Sergipe Ramiro Rockenbach, dez praias sergipanas já foram atingidas e o MPF aguardava a resolução da questão em reuniões com o Ibama, já que a ação de proteção nos rios de depende de autorização federal.

No fim da sexta, porém, o MPF decidiu ajuizar a ação civil pública durante o plantão judiciário. "Isso não é papel do MPF nem da Justiça, mas foi necessário. Se a gente pudesse ter dado a ordem para proteger os rios, já tinha feito. A decisão da Justiça Federal dá alguma proteção nesse primeiro momento", afirma.

O jornal O Estado de S. Paulo entrou em contato com o Ibama e aguarda retorno.

Catorze unidades de conservação federais marinhas já foram atingidas pelo óleo que polui o litoral nordestino há mais de um mês, segundo monitoramento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente. São parques nacionais, reservas voltadas para a proteção ambiental e extrativistas, entre o Maranhão e o Sergipe, tornando ainda pior o impacto do desastre.

Os danos mais visíveis envolvem as tartarugas cobertas de óleo e há esforços do Projeto Tamar para resgatar os filhotes e soltá-los em alto-mar, como ocorre na Reserva Biológica Santa Isabel (SE). Segundo o ICMBio, cerca de mil filhotes já foram levados para o alto-mar e há um monitoramento diário das desovas. E para essas espécies o cenário acaba de ficar ainda mais complicado, porque a mancha chegou ontem à Praia do Forte, na Bahia, a principal área de desova de tartarugas do País - e a maior densidade de população e onde são encontradas quatro das cinco espécies relatadas no Brasil, segundo a Fundação Pró-Tamar.

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Mas várias outras unidades de conservação também estão sofrendo os danos, em diferentes graus. Toda essa costa é muito rica em recifes de corais, o que a torna particularmente sensível a desastres ambientais. Um vazamento ali afetaria a região com a maior biodiversidade marinha do Brasil, e principal berçário das baleias jubarte. O parque de Abrolhos fica bem ao sul da Bahia, ainda longe das manchas, mas já há algumas estimativas de que o óleo pode chegar até Porto Seguro.

"O impacto é presente em todos os ecossistemas. Desde a superfície, onde está a mancha, até os bancos de grama marinhos, alimento para o peixe-boi. Cobre corais. Nas marés altas, entra nos manguezais. É uma região toda conectada", diz o biólogo especializado em oceanografia Clemente Coelho Jr, da Universidade de Pernambuco. "Visualmente, nós vemos mais o impacto nas tartarugas, que sobem para respirar e acabam ficando oleadas. O problema é o que não estamos vendo."

Nos recifes de corais mais próximos das praias, por exemplo, já há imagens mostrando que a mancha está se depositando na maré baixa, impregnando a estrutura calcária. "Uma vez incrustado em corais, bancos areníticos e rochosos, é praticamente impossível limpar", afirma Coelho Jr.

Maranhão

Maior reserva marinha e costeira do Brasil, a Cururupu teve seus primeiros registros de manchas negras na quarta-feira, segundo informações de técnicos do Ibama no Maranhão. A unidade tem área de 1.860 km² e uma extensa porção de manguezais protegidos, que formam um corredor ecológico de relevância mundial. No local são registradas 12 comunidades pesqueiras, que abrigam 1.200 famílias incluídas em um plano de produção de pesca artesanal.

"Se o óleo chegar aos manguezais ficará praticamente inviável a retirada do produto", explica Leonardo Soares, especialista em gerenciamento costeiro da Universidade Federal do Maranhão. Na região vivem tartarugas, golfinhos, peixe-boi, diversas espécies de peixes, principalmente a pescada amarela, além de ostras e crustáceos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Até o início da tarde desta sexta-feira (11), a Prefeitura de Salvador, Bahia, constatou fragmentos de petróleo em seis praias da cidade: a do Flamengo, Jardim de Alah, Jardim dos Namorados, Piatã, Itapuã e Buracão (Rio Vermelho). Equipes de limpeza estão atuando e monitoramento as manchas de óleo em todas as praias da capital baiana. Cerca de 20 quilos do material, que vem atingindo o litoral do Nordeste desde o fim de agosto, foram retirados das praias de Salvador. 

Marcus Passos, presidente da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), diz que os números de praias atingidas pode aumentar durante o dia e que todo o material recolhido está sendo guardado em locais isolados, ficando para análise de órgãos ambientais federais e estaduais. "É um dos maiores danos ecológicos em extensão do Brasil. Estamos falando de aproximadamente 2.400 quilômetros de litoral, ou seja, mais de 130 praias atingidas”, acentua Marcos. 

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Investigação 

O resultado conclusivo das amostras de petróleo encontradas no Nordeste, solicitadas pelo Ibama e pela Capitania dos Portos, e cuja análise foi feita pela Marinha e pela Petrobras, apontou que a substância encontrada nos litorais trata-se de petróleo cru.

Em análise feita pela Petrobras, a empresa informou que o óleo encontrado não é produzido pelo Brasil. A investigação da origem das manchas de óleo está sendo conduzida pela Marinha, enquanto a investigação criminal é objeto da Polícia Federal.

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O óleo que se espalha pelo litoral nordestino chegou na madrugada desta sexta-feira (11) às praias em Salvador. De acordo com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), foram observados resquícios da substância, apontada como petróleo cru, nas praias de Piatã, uma das mais frequentadas por banhistas, na capital baiana, e de Vilas do Atlântico, no município vizinho de Lauro de Freitas.

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A Empresa de Limpeza Pública da cidade, a Limpurb, também observou manchas na Praia do Flamengo e Jardim dos Namorados, essa última localizada no bairro da Pituba.

A Limpurb informa que disponibilizou uma equipe de 75 agentes para realizar a limpeza dessas áreas. Eles estão trabalhando em regime de plantão de 24 horas para realizar o monitoramento de toda a orla da capital. Segundo o Inema, em todo o Estado, já são 19 as praias contaminadas pelo óleo.

Um vazamento de petróleo cru se espalha pelos nove Estados do Nordeste. O poluente foi identificado em uma faixa de mais de 2 mil quilômetros da costa brasileira. O governo federal afirma que análises já apontaram ser petróleo cru, de origem desconhecida e de tipo não produzido no Brasil.

Considerado o maior episódio de vazamento de óleo no Brasil em termos de extensão, o desastre ambiental que atingiu pelo menos 139 pontos nos nove Estados do Nordeste pode causar impacto na saúde humana, ainda que em escala pequena, quando comparada aos danos ao ecossistema local.

A Marinha do Brasil afirmou nesta quinta-feira (10) que, "após uma triagem das informações do tráfego mercante na região de interesse", está notificando 30 navios-tanque de dez diferentes bandeiras a prestarem esclarecimentos". A Marinha não informa quais são os dez países cujos navios trafegaram pelo litoral brasileiro, a partir do momento que houve o grave vazamento de óleo que sujou as praias nordestinas desde o início de setembro, que já atingiu 139 locais em 63 municípios de nove Estados do Nordeste.

"A Marinha entrará em contato com as autoridades competentes dos países dessas bandeiras, com a Organização Marítima Internacional e com a Polícia Federal, visando elucidar todos os fatos", afirma a nota. Segundo a Marinha, a ação tem apoio do Ministério da Defesa, do Exército e de instituições dos Estados Unidos.

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De acordo com a Marinha, que classificou o fato como um "grave acidente de poluição por óleo", a investigação mobiliza 1.583 militares de 48 organizações diferentes, além de cinco navios, uma aeronave e embarcações e viaturas pertencentes a autoridades ao longo do litoral nordestino, como capitanias dos portos, delegacias e agências.

A triagem inicial focou em quase 1.100 navios-tanque que circularam entre 1º de agosto e 1º de setembro numa área de 800 km de distância da costa brasileira, entre Sergipe e Rio Grande do Norte. As empresas donas desses navios e seus representantes no Brasil foram consultados para saber se registraram alguma anormalidade, de onde vieram, para onde foram e que tipo de carga estavam carregando.

Nesta quinta, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, negou que o governo tenha demorado a reagir ao vazamento. "Não só a investigação foi iniciada no dia 2 de setembro, como também foram sendo mobilizados, ao longo do tempo, todos os recursos disponíveis para não só realizar a limpeza dessas áreas, mas também para tentar mitigar a propagação desse vazamento para outras regiões", afirmou.

A Venezuela foi um dos países identificados pela Petrobras no derramamento de óleo no litoral nordestino. O presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que tem quase certeza que o derramamento de óleo é criminoso.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, rebateu a posição do governo venezuelano de Nicolás Maduro, que negou nesta quinta-feira, 10, que a Venezuela tenha relação com o óleo encontrado em ao menos 139 praias do Nordeste brasileiro.

Salles afirmou que a informação confirmada até agora é de que se trata de petróleo de origem venezuelana, o que não significa que o material tenha vazado de poços de petróleo do país vizinho ou que uma embarcação da Venezuela tenha despejado o óleo no litoral brasileiro.

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"A indicação de origem Venezuelana do óleo se baseia em análise técnica laboratorial da Petrobras", declarou o ministro. "A hipótese aventada é que pode ter sido derramado a partir de navios que trafegaram ao longo da costa brasileira, e não necessariamente de campos do governo ditatorial venezuelano", concluiu.

O presidente Jair Bolsonaro declarou ter "quase certeza" de que o petróleo tem origem em um "ato criminoso". Até esta quarta-feira, 9, as investigações sobre a origem do petróleo conduzidas pela Marinha e pela Polícia Federal se concentravam em 23 embarcações suspeitas.

O cruzamento de informações aponta que, na região investigada, havia embarcações de diversas origens. O trabalho se concentra em cruzar rotas mais usadas no transporte de petróleo e a direção que as toneladas de óleo tomaram até chegar às praias do Brasil. O rastreamento também tem buscado informações de GPS dessas embarcações.

O material identificado até agora em amostras tem a "assinatura" do petróleo da Venezuela, ou seja, a composição da borra é de origem venezuelana, segundo estudos da Petrobras e da Marinha.

O inquérito sobre a origem do óleo que atingiu a costa litorânea do Nordeste está aberto e ainda é inconclusivo, afirmou o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, em coletiva de imprensa, durante o Fórum de Investimentos Brasil 2019.

"Estamos levantando os navios e bandeiras. Pode ter sido acidente ou incidente, ainda não chegamos a essa conclusão", disse o ministro na coletiva. O evento, realizado em São Paulo, é organizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos.

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Azevedo e Silva ressaltou que ainda não tem como saber se o vazamento foi criminoso. "Ainda não sabemos a origem. No momento, estamos verificando a origem do petróleo e não o responsável. Já sabemos que não é vazamento de nossas plataformas", acrescentou o ministro.

Na manhã desta quinta-feira, no mesmo evento, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que tem "quase certeza" sobre o derramamento ser criminoso. "Tenho quase certeza. Não temos bola de cristal para descobrir rapidamente quem é o responsável pelo ato criminoso, mas tomamos as providências", disse o presidente mais cedo.

A Petróleos de Venezuela S.A (PDVSA), empresa estatal venezuelana, divulgou nota oficial nesta quinta (10) rejeitando a tese de que o óleo que invadiu praias do Nordeste brasileiro é de origem venezuelana. Segundo a PDVSA, não houve nenhum comunicado de vazamento de clientes ou subsidiárias da empresa na costa brasileira.

Confira a nota:

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“Caracas - Petróleos de Venezuela, S.A. (PDVSA) rejeita categoricamente as declarações do Ministro do Meio Ambiente da República Federativa do Brasil, Ricardo Salles, que acusa a República Bolivariana da Venezuela de ser responsável pelo petróleo bruto que polui as praias do nordeste do Brasil desde o início de setembro, considerando essas alegações infundadas, uma vez que não há evidências de derramamentos de óleo nos campos de petróleo da Venezuela que poderiam ter causado danos ao ecossistema marinho do país vizinho.

Da companhia estatal de petróleo da Venezuela, reiteramos que não recebemos nenhum relatório, no qual nossos clientes e / ou subsidiárias relatam uma possível avaria ou vazamento nas proximidades da costa brasileira, cuja distância com nossas instalações de petróleo é de aproximadamente 6.650 km, via marítima.

A República Bolivariana da Venezuela ratifica seu compromisso com a preservação da vida na Mãe Terra, objetivo histórico consagrado em nossa Constituição e na Lei do Plano da Pátria 2019-2025.

Condenamos essas reivindicações tendenciosas que buscam aprofundar as ações unilaterais de agressão e bloqueio contra nosso povo. ”

Agir rápido e procurar culpados depois. Assim deve ser o enfrentamento de derrames de petróleo no mar, afirmam especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. O objetivo é evitar que o problema cresça e chegue às praias. O tempo é um fator-chave, avisam pesquisadores do setor, alarmados com a demora que marcou as ações oficiais no desastre que atingiu o litoral. Até agora, já foi identificado o poluente em pelo menos 139 pontos da costa, nos nove Estados do Nordeste.

"A grande questão é agir rápido, resolver o problema, não ficar buscando culpados. Isso pode ser feito depois", afirmou Márcio Nele, professor de Engenharia Química do Programa de Pós-Graduação da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Depois que a mancha se espalha, o problema aumenta muito, o óleo se mistura com a água do mar e com areia e fica mais viscoso, mais difícil de ser dispersado. Se chegar à praia, a situação é ainda mais grave."

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O Brasil dispõe de um Plano Nacional de Contingência. O planejamento determina o que deve ser feito de acordo com especificidades regionais e locais.

"Cada lugar tem as suas especificidades, suas particularidades", ressaltou o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gerenciamento Costeiro da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), João Luiz Nicolodi, citando correntes marítimas, ondas, tipo de praia e areia. "Há técnicas específicas para acidente com óleo de acordo com as especificidades."

A limpeza de óleo derramado no mar pode ser feita de três formas diferentes, dependendo do volume vazado e da localização do acidente, conforme especialistas explicaram. Muitas vezes as técnicas são combinadas para um resultado mais eficiente.

Boias

Em um derramamento, a tendência do óleo é flutuar. No caso de vazamento de uma quantidade não muito grande de óleo, boias podem ser usadas. Elas servem para conter o líquido e facilitar sua retirada do mar. Nesta semana, porém, a falta dos objetos dificultou o uso dessas barreiras para impedir a chegada do poluente à foz do Rio São Francisco.

Em derramamentos de volume maior, são usadas embarcações específicas, equipadas com aparelhos capazes de aspirar o óleo da superfície do mar.

Produtos químicos

Em caso de acidentes de proporções ainda maiores, podem ser usadas substâncias químicas lançadas de aviões, chamadas de dispersantes. Elas transformam o óleo em gotinhas, mais fáceis de serem degradadas pelo meio ambiente. Outra substância química usada com muita frequência transforma o óleo em uma espécie de gel, mais fácil de ser recolhido.

Em geral, as substancias químicas são usadas quando o derramamento está em alto-mar, onde a densidade de espécies é menor e, portanto, o risco de impacto ambiental também. Quando o derramamento ocorre muito perto da costa, devem ser usadas bactérias, fungos e algas capazes de degradar a mancha de óleo com um impacto menor ao meio ambiente.

Remoção manual

Se o óleo chegar às praias, a única opção é mesmo a retirada manual, o que tem sido feito pelos técnicos ambientais nas praias nordestinas nas últimas semanas. Eventualmente, pode ser necessária a ajuda de tratores.

Questionado pela reportagem nesta quarta-feira, 9, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o governo federal tem atuado para conter os danos e remover o material que chega às praias.

Mais de 100 toneladas de borra de petróleo já foram recolhidas. O trabalho é de difícil execução porque o petróleo não avança sobre a lâmina d'água, mas no fundo do mar, até chegar ao litoral.

Técnicos ambientais de Alagoas detectaram na manhã desta quarta-feira, 9, manchas de óleo na foz do rio São Francisco, no município de Piaçabuçu, no litoral Sul de Alagoas, durante monitoramento de rotina feito por profissionais do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Capitania dos Portos e Instituto Brasileiro do Meio ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A detecção ocorre no mesmo dia que o governo do Sergipe descobriu que não poderá realizar de imediato seu plano de instalar boias para tentar impedir que o óleo chegue ao rio pelo fato de os equipamentos não estarem disponíveis.

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A foz do São Francisco fica na divisa entre Alagoas e Sergipe. Na terça-feira, 8, o governo sergipano declarou que usaria boias absorventes cedidas pela Petrobras para conter o avanço do óleo pelo rio. Nesta quarta, no entanto, o governo estadual foi informado pela direção da estatal que não havia equipamentos disponíveis e que, portanto, o Estado terá de comprar 200 metros de boias, estimadas em R$ 90 mil, de uma empresa do Espírito Santo, o que provavelmente atrasará o plano de contenção.

A informação foi dada pelo diretor-presidente da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), Gilvan Dias. Ele acionou os Ministérios Públicos Estadual e Federal e a Justiça Federal pedindo ajuda. Ao mesmo tempo, comunicou o governador Belivaldo Chagas, que o autorizou a comprar imediatamente o equipamento, valendo-se da decretação da situação de emergência.

"Vamos ver se as boias chegam de forma urgente. Ou até o final da tarde de hoje ou amanhã pela manhã", afirmou Gilvan Dias, ao acrescentar que manchas de óleo já foram encontradas, em pequenas quantidades na foz do Rio São Francisco, em Brejo Grande e Pacatuba.

Nesta terça, 8, a Adema informou que os equipamentos viriam de Pernambuco e Maranhão, junto com funcionários de uma empresa terceirizada com expertise neste tipo de serviço. "Conversei com uma equipe de Pernambuco e eles disseram que estão com dificuldade deste equipamento, porque não tem em lugar nenhum. Ficamos de mãos atadas para o pior acontecer", destacou Gilvan.

Na Petrobras em Sergipe, Gilvan disse que a direção informou que não é dona do equipamento e nesse momento as boias estão indisponíveis. "Ele não explicou como as boias estão sendo utilizadas neste momento", contou Gilvan. Segundo ele, "as coisas no Brasil não são levadas à sério". "Não tem uma política que antecipe problemas. Estamos diante de uma tragédia em toda extensão da costa nordestina e não se dá a devida atenção", criticou.

A Petrobras em Sergipe foi procurada, mas indicou que a reportagem procurasse o setor de comunicação. Procurada, a assessoria de imprensa ainda não respondeu.

Prejuízos

Por meio de assessoria de imprensa, o IMA de Alagoas informou que o aparecimento do óleo ficou restrito à foz, não chegando a invadir o rio. As manchas foram detectadas um dia depois de uma inspeção aérea feita na região por técnicos dos órgãos envolvidos no monitoramento. Na ocasião, as equipes informaram que as manchas de óleo que atingiram as praias do litoral Sul do Estado não haviam afetado o leito do rio São Francisco até então.

"O grupo não avistou manchas se aproximando da areia, assim como também não observou a presença de manchas significativas nas águas do Rio São Francisco", informou o coordenador de Gerenciamento Costeiro do IMA, Ricardo Cesar de Barros Oliveira.

Ricardo Cesar alertou para a importância de a população evitar o contato direto com o material. "Ao avistar manchas de óleo nas praias é recomendado informar à prefeitura local imediatamente. Em caso de contato acidental, a indicação é aplicar gelo sobre a área e higienizar, utilizando óleo de cozinha", ressaltou.

Duas tartarugas da espécie Lepidochelys olivacea - popularmente conhecida como tartaruga oliva - foram encontradas cobertas pelo produto. Com isso, subiu para 16 o número de animais atingidos, segundo levantamento divulgado hoje pelo Ibama. Apenas quatro deles sobreviveram, segundo o último boletim do IMA.

Desde o dia 02 de setembro, o Ibama vem estabelecendo uma série de ações, juntamente com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (DF), Marinha e Petrobras, com o objetivo de investigar as causas e responsabilidades do despejo, no meio ambiente, do petróleo cru que atingiu o litoral nordestino.

A Companhia de Abastecimento de Alagoas, até agora, não foi convocada a participar da força-tarefa de monitoramento das manchas de petróleo. Por meio de nota, ela informou que o problema não tem afetado a captação de água no Rio São Francisco, e que a fonte de captação é feita em um ponto distante da foz.

Até agora, 800 filhotes de tartarugas marinhas deixaram de ser lançadas ao mar pelo Projeto Tamar, em Sergipe, por causa das manchas de óleo que apareceram na costa litorânea desde o início de setembro. O coordenador do Projeto Tamar, César Coelho, disse que esse número se refere às tartarugas que conseguiram capturar, mas outras, cuja quantidade não soube informar, foram para o mar.

"Recebemos mais ninhos esta manhã e não registramos ainda", disse César Coelho, que aguarda mais informações para depois decidir se as tartarugas vão para o mar ou continuam no Projeto Tamar. "As equipes estão atentas, acompanhando o movimento das manchas. E aí decidiremos qual a melhor alternativa para os filhotes", completou o coordenador.

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Normalmente, de cada mil filhotes de tartaruga lançados ao mar, um chega à idade adulta, por causa dos predadores naturais. "Mas o maior problema é a ingerência humana, que traz um prejuízo muito grande. Temos trabalhado bastante para acabar com as mortes das tartarugas da espécie Oliva, vítimas do arrasto do camarão", comentou Coelho.

Pescadores do litoral estão sendo prejudicados

O presidente da Associação dos Engenheiros de Pesca, Anderson de Almeida Santos, também disse que os pescadores dos litorais norte e sul de Sergipe estão tendo prejuízos, pois os materiais de trabalho deles estão sujos com óleo cru. "Os pescadores já pegaram, também, peixes manchados de óleo. Esse problema vai ter um impacto muito grande nas comunidades de pesca", frisou. "Ainda não temos a dimensão deste prejuízo."

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, declarou que a origem do vazamento de petróleo em todo o litoral do Nordeste seria um "navio estrangeiro". Salles não citou, porém, nenhum outro detalhe sobre o assunto. O ministro participa de uma audiência pública na Câmara para debater o desmatamento na região amazônica. "Esse óleo veio de um navio estrangeiro, ao que tudo indica", disse Salles.

Na tarde desta terça-feira, 8, o Broadcast/Estadão revelou que investigações sigilosas realizadas pela Marinha e Petrobras encontraram petróleo com a mesma "assinatura" do óleo da Venezuela em manchas que se espalham pelo mar na região Nordeste.

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O poluente já foi identificado em mais de 138 pontos no litoral dos nove Estados da região. Segundo uma fonte do governo ouvida pelo Broadcast/Estadão, trata-se do mesmo tipo de óleo extraído da Venezuela. A conclusão já foi comunicada ao Ibama, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente.

Não é possível dizer que todo o vazamento que atinge as praias do Nordeste tem a mesma origem, mas análises já realizadas em algumas manchas concluíram, com certeza, que se trata de material de origem venezuelana.

O espalhamento de óleo no litoral do Nordeste ameaça tartarugas, aves e o peixe-boi marinho, o mamífero dos oceanos mais ameaçado de extinção do Brasil. Segundo especialistas, o petróleo cru pode afetar a digestão dos animais e o desenvolvimento de algas, essenciais para a cadeia alimentar dessas espécies. Além disso, alertam, há possíveis riscos para a saúde humana.

O vazamento do óleo já atinge 138 localidades, nos nove Estados da região. "Sem dúvida é o maior desastre ambiental no litoral do Nordeste do Brasil", afirma Flávio Lima, coordenador geral do Projeto Cetáceos da Costa Branca da Universidade Estadual de Rio Grande do Norte (UERN).

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Ele e sua equipe estão envolvidos no atendimento de animais contaminados pelo óleo, cuja origem é atribuída à Venezuela, segundo análises feitas pela Petrobras.

Até o momento, em todo o Nordeste, 16 tartarugas-marinhas, espécie ameaçada de extinção, foram contaminadas pela substância. Por isso, em Sergipe, o Projeto Tamar deixou de lançar 800 tartarugas no oceano.

"A morte das tartarugas é apenas a parte mais imediata das consequências do vazamento", avalia Lima. Só dois animais encontrados seguem com vida. Uma tartaruga-marinha que está no Centro de Descontaminação de Fauna Oleada da UERN, em Mossoró, único local no Nordeste que oferece estrutura completa para a recuperação dos animais resgatados com óleo. A outra aguarda estabilização do quadro para ser transferida para a unidade.

O material observado é denso, com odor forte característico e se espalha em borrões pelas praias e areias. O petróleo cru é perigoso e agressivo para a saúde humana e animal, por ser composto de uma mistura complexa de componentes orgânicos e 70% de hidrocarbonetos.

Segundo a pesquisadora Liana Mendes, da ONG Oceânica, vinculada à UERN, ainda que o óleo tenha um tempo de vida relativamente curto no ambiente aquático, a fração derramada é altamente tóxica para os organismos.

"Como efeito, ele pode afetar na digestão dos mamíferos, resultando em debilidade na ingestão de nutrientes, o que pode levar à morte", explica. "Outro desdobramento na cadeia ecossisteêmica é que o óleo pode afetar o crescimento e produção de algas e algumas outras espécies que são fundamentais para a vida marítima", complementa.

A pesquisadora lembra que outra substância perigosa no petróleo cru é o benzeno, associado ao carcinogênico. Essa substância pode ocasionar a diminuição dos glóbulos brancos em humanos. "Com isso, as pessoas ficam susceptíveis a infecções", afirma.

Moradoras da praia de Santa Rita (RN), um dos locais afetados, Rejane Silveira e Zélia Lopes disseram que, no último fim de semana, seus filhos, de 10 e 12 anos, voltaram do mar "cheios de piche". "Ficamos muito assustadas e colocamos eles no banho. Tinha 'graxa preta' em todo lugar, no cabelo, nas orelhas e conseguimos retirar com óleo de cozinha", diz Rejane.

O "bugueiro" Francisco Sales, que faz passeios pelo litoral nas praias da Redinha e de Santa Rita, também relatou ter visto vários banhistas com óleo no corpo.

"Tem dias que aparece mais, outros menos. E o que mais entristece é ver as tartarugas com óleo, morrendo. Além disso, prejudica o passeio com os turistas, o movimento ao redor. É a primeira vez que vejo isso acontecer", lamenta.

Procedimentos

Para alertar a população, o Instituto de Defesa do Meio Ambiente em Natal (Idema), juntamente com o projeto Tamar, elaborou material educativo com os procedimentos que devem ser tomados em caso de contato com o óleo ou tiver conhecimento de um animal contaminado.

É preciso evitar o contato com o óleo e, caso aconteça, colocar gelo no local ou retirar com óleo de cozinha. Caso a pessoa tenha reação alérgica, procurar urgentemente atendimento médico.

Segundo o diretor-geral do Idema, Leonlene Aguiar, todos os municípios estão orientados para a coleta feita pela limpeza urbana, de forma adequada, com pá, luvas e sem utilização de máquinas.

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