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Bouboulina é o nome do navio petroleiro de bandeira grega supostamente responsável pelo derramamento de óleo que atinge a costa nordestina. De propriedade da Delta Tankers, a identificação do navio mercante motivou a Operação Mácula, deflagrada na manhã desta sexta-feira, dia 1º, pela Polícia Federal, por ordem do juiz Francisco Eduardo Guimarães, da 14ª Vara Federal de Natal.

A ação cumpre dois mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro - nos endereços da Lachmann Agência Marítima e da empresa Witt O Brien's. As companhias teriam relação com o navio petroleiro de bandeira grega.

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Segundo o delegado Agostinho Cascardo, um dos responsáveis pela investigação no Rio Grande do Norte, as empresas não são suspeitas em princípio, mas podem ter arquivos, informações e dados que sejam úteis às investigações.

Defesas

A reportagem tenta contato com representantes da Delta Tankers, Lachmann Agência Marítima e Witt o Brien's. O espaço está aberto para as manifestações.

Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, o secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, reiterou que a população do Nordeste pode continuar consumindo pescados apesar das manchas de petróleo que atingem a costa da região há dois meses. Segundo o secretário, o peixe tem inteligência e foge ao perceber a presença de óleo no mar.

"O peixe é um bicho inteligente. Quando ele vê uma manta de óleo ali, capitão, ele foge, ele tem medo", afirmou Seif Júnior na live transmitida nas rede sociais de Bolsonaro nesta quinta-feira (31). "Então, obviamente que você pode consumir seu peixinho sem problema nenhum. Lagosta, camarão, tudo perfeitamente sano."

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O secretário afirmou ainda que até o momento o Ministério da Saúde não detectou nenhum peixe contaminado pelo óleo.

"Os únicos casos de contaminação foram pessoas que estavam sujas desse óleo e usaram tíner ou óleo diesel para retirar do corpo", disse. "Podem consumir pescado, está 100% avaliado pelo Ministério da Agricultura, pelo Serviço de Inspeção Federal."

Após a fala de Seif Júnior, Bolsonaro fez a ressalva de que alguns animais foram encontrados no meio das manchas de óleo. "Obviamente, de vez em quando fica uma tartaruga ali na mancha de óleo - para não falar que ninguém fica, né? Um peixe, um golfinho pode ficar, mas tudo bem", disse o presidente.

Até esta quinta, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 110 animais foram encontrados sujos de óleo no litoral nordestino, entre tartarugas-marinhas, aves e um peixe-boi. Do total, 81 estavam mortos.

Ainda de acordo com o Ibama, 286 localidades de 98 municípios dos nove Estados do Nordeste foram atingidas pelo óleo.

'Mimimi'

Depois da repercussão de sua fala, Seif Júnior foi às redes sociais e afirmou que gosta de "mimimi". "Adoro o mimimi... amo", publicou o secretário no Twitter.

Um dia após anunciar o veto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pasta à qual a Secretaria da Agricultura e Pesca (SAP) está subordinada, recuou e liberou a pesca de camarão e lagosta no Nordeste a partir desta sexta-feira, 1º. O governo federal não apresentou os estudos técnicos que motivaram a nova decisão.

Investigações

Na mesma transmissão, Bolsonaro ressaltou a complexidade das investigações para descobrir o responsável pelo vazamento do óleo e negou que o governo tenha demorado para agir.

"Eu só podia agir quando o óleo chegou na praia, meu Deus do céu, porque os satélites, os aviões não conseguiram detectar nada", disse o presidente. "O óleo, ela tem uma densidade um pouquinho maior do que a da água salgada. Em consequência disso, não ficava na flor da água, ficava, em média, um metro abaixo."

Bolsonaro citou um laudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que identificou que o petróleo encontrado na costa do Nordeste é proveniente da Venezuela para culpar o país vizinho pelo vazamento.

"Já está mais do que comprovado (pela) Universidade Federal da Bahia que o óleo é da Venezuela. Talvez por isso que a esquerda começa a me atacar como se eu fosse o responsável por isso, como se tivesse agido tarde."

Segundo o presidente, a Venezuela contrabandeia petróleo para escapar dos embargos econômicos impostos contra ela.

Visita

Bolsonaro afirmou ainda que, apesar de ter uma "agenda muito grande", deve visitar as regiões atingidas pelo óleo e até "mergulhar em algum lugar" e "ouvir o povo". Ele elogiou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que foi à região como presidente da República em exercício. "Davi Alcolumbre me representou muito bem num sobrevoo no Nordeste", disse.

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta sexta-feira (1º), a Operação Mácula, para apurar a origem e autoria do vazamento de óleo que atingiu mais de 250 praias do Nordeste. A investigação aponta como principal suspeito do derramamento um navio petroleiro de bandeira grega.

De acordo com a PF, a entidade conseguiu identificar a localização da mancha inicial de petróleo cru em águas internacionais, a aproximadamente 700 km da costa brasileira, em sentido leste, com extensão ainda não calculada. A partir da localização, com técnicas de geointeligência e cálculos oceanográficos regressivos, foi possível identificar o único navio petroleiro que navegou pela área suspeita.

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A embarcação atracou na Venezuela em 15 de julho, permaneceu por três dias e seguiu rumo a Singapura pelo Oceano Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul. “O derramamento investigado teria ocorrido nesse deslocamento”, diz nota da PF. Acredita-se que o vazamento ocorreu entre 28 e 29 de julho.

O navio grego está vinculado, inicialmente, a uma empresa de mesma nacionalidade. Ainda não há dados sobre a propriedade do petróleo transportado pelo navio identificado. Foram solicitadas diligências em outros países por meio de mecanismos de cooperação internacional, pelo canal Interpol. Com isso, espera-se levantar dados adicionais sobre a embarcação, tripulação e empresa responsável.

A investigação criminal visa punir os responsáveis pela poluição e pela não comunicação do incidente às autoridades. Nesta sexta-feira, estão sendo cumpridos dois mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de Janeiro expedidos pela 14ª Vara Federal Criminal de Natal-RN, em sedes de representantes e contatos da empresa grega no Brasil.

Paralelamente, a Polícia Federal está realizando diversos exames periciais no material oleoso recolhido em todos os estados brasileiros atingidos, bem como exames em animais mortos, já havendo a constatação de asfixia por óleo, assim como a similaridade de origem entre as amostras.

De acordo com o Ibama, 286 localidades foram afetadas no Nordeste. Isto significa 98 municípios de nove estados atingidos. Em Pernambuco, foram recolhidos até o momento 1561 toneladas do resíduo.

A investigação teve ação integrada com a Marinha do Brasil, o Ministério Público Federal, o IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, Agência Nacional do Petróleo, a Universidade Federal da Bahia, Universidade de Brasília e Universidade Estadual do Ceará, bem como o apoio espontâneo de empresa privada do ramo de geointeligência.

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A Fundação Oswaldo Cruz passará a monitorar a partir da próxima semana o impacto das manchas de óleo no litoral do Nordeste na saúde da população. Um dos pontos considerados prioritários pela equipe, que foi destacada nos últimos dias pelo Ministério da Saúde para apoiar o Centro de Operações de Emergência, é rastrear o risco para pescadores e marisqueiras que, além de um contato direto com material contaminado, têm no pescado sua principal fonte de alimentação. "Temos de ter um cuidado redobrado com esse grupo", afirmou o pesquisador da Fiocruz, Guilherme Franco Neto.

A estimativa é de que cerca de 164 mil pescadores e pescadoras atuem no litoral do Nordeste. Pesquisadores avaliam que um porcentual significativo poderá estar afetado ou exposto pelo petróleo. Franco Neto observa não haver ainda mecanismos para estimar o período em que essa população ficará exposta a fatores de risco.

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Uma das maiores preocupações é o benzeno, componente do petróleo com uma conhecida capacidade de provocar danos ao sistema de defesa do organismo. Pessoas expostas a níveis expressivos do componente têm maior risco, por exemplo, para leucemias.

Uma das estratégias já avaliadas é rastrear níveis de benzeno no organismo destes trabalhadores, por meio de exames. Outra frente de ação, disse Franco Neto, é acompanhar de perto gestantes que vivam e trabalhem na região costeira e identificar eventuais danos aos fetos.

As primeiras manchas de óleo surgiram no litoral em 30 de agosto e desde então, mais de 90 municípios foram afetados. "Há ainda muitas incertezas", afirmo o pesquisador. A partir da próxima terça, uma sala de situação entrará em funcionamento na Fiocruz do Rio. Ela contará com a participação de pesquisadores e diretores dos institutos das unidades da fundação instaladas no Nordeste.

Em nota, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, observou haver ainda outros grupos expostos a diferentes níveis de contaminação: militares, integrantes da defesa civil e voluntários. O contato ocorre tanto pela inalação como pelo contato da pele e pela ingestão de alimentos. A previsão é de que a Fiocruz dê ainda apoio também na assistência diante dos riscos e suporte científico para os Estados atingidos.

O cientista José Carlos Seoane, doutor do departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reafirmou que a detecção de uma grande mancha no litoral sul da Bahia trata-se, efetivamente, de óleo.

Na quarta-feira, 30, depois de o professor ter divulgado imagens e análises técnicas do que seria uma mancha de óleo a cerca de 54 quilômetros do litoral baiano, a Marinha negou que se tratava de óleo. Uma nota técnica também foi publicada pelo Ibama, atribuindo a imagem da mancha a registros meteorológicos.

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Ao jornal O Estado de S. Paulo, o professor José Carlos Seoane disse que mantinha sua posição. "Com todo respeito aos colegas do Ibama, refuto totalmente essa análise técnica de que se trata de uma questão meteorológica. São manchas de óleo", comentou.

Nesta quinta-feira, 31, Seoane recebeu relatos de voluntários que estiveram na região do mar que ele apontou e, segundo o professor, confirmaram a presença de partículas de óleo sobre água.

Na quarta, o pesquisador Humberto Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis) da Ufal, também informou que a mancha tem formato de meia-lua, com 55 quilômetros de extensão e seis quilômetros de largura. José Carlos Seoane mediu a área e constatou cerca de 200 km2.

A Marinha, o Ibama e a Petrobras estão fazendo monitoramento constante com embarcações na região, para detectar qualquer possibilidade de o óleo chegar à região do arquipélago de Abrolhos, uma das áreas mais belas e ricas em biodiversidade em toda a América do Sul.

Até a noite de quarta, o governo afirmava que o óleo não tinha sido detectado na região, apesar de admitir que a rota das manchas segue para o sul da Bahia, podendo, inclusive, avançar para a região Sudeste do Brasil.

O Ministério da Agricultura recuou e liberou a pesca de camarão e lagosta no Nordeste a partir de 1º de novembro, um dia após anunciar o veto à atividade. O motivo da proibição era o vazamento de óleo no litoral, que já foi identificado em 283 pontos em nove Estados, segundo o Ibama, órgão do Ministério do Meio Ambiente. O governo federal não apresentou os estudos técnicos que motivaram a nova decisão. Cientistas têm alertado para riscos de contaminação em peixes e frutos do mar e um estudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) já apontou resquícios do poluentes nesses animais.

Em nota, a ministra Tereza Cristina informou que a instrução normativa publicada esta semana, que antecipava para 1.º de novembro o período de defeso de camarão e lagosta, será cancelada. "O Ministério fez isso pelo princípio da precaução. Como nós não sabíamos como era essa mancha, enquanto isso estava sendo analisado, suspendemos a pesca em vários Estados brasileiros onde esse petróleo chegou", disse. "A gente já tem dados mostrando que não é necessário. A lagosta está sendo examinada, o Ministério da Agricultura está fazendo uma série de testes, não há nada que justifique acabar com a pesca agora."

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Apesar de a pesca estar liberada, o governo vai manter o pagamento de um salário mínimo para os pescadores em novembro, como já havia anunciado. Um total de 60 mil dos mais 470 mil pescadores cadastrados do Nordeste receberão auxílio. O defeso originalmente é acionado para assegurar a reprodução.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou na terça-feira, 29, que só quando os exames laboratoriais conduzidos pelo Ministério da Agricultura tiverem resultados será possível avaliar o risco e a segurança para o consumo desses produtos.

Estudos

Pesquisa do Instituto de Biologia da UFBA, divulgada na semana passada, detectou resquícios de óleo em 38 animais marinhos de várias espécies. Os cientistas acharam metais pesados nas amostras, o que pode causar problemas de saúde em humanos.

O óleo se deposita em rochas, areias e manguezais, que são onde mariscos, caranguejos, ostras e siris se alimentam. Quando esses animais filtram a água do mar, o petróleo pode entrar no sistema respiratório. Segundo especialistas, a lagosta está mais sujeita à contaminação por ter "movimento restrito".

Já outra pesquisa divulgada essa semana, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), avaliou 25 peixes da espécie carapeba entre a Praia de Ipioca, em Maceió, e Paripueira, no litoral norte do Estado, e não achou vestígios do poluente. Outros exames ainda serão feitos.

"Avaliamos em nível microscópico e macroscópico, mas faremos análises dos órgãos para detecção de metais e hidrocarbonetos", diz o especialista em toxicidade em peixes Emerson Carlos Soares, da Ufal. Também não foi identificada contaminação em corais.

Outras instituições, como a estatal Bahia Pesca e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, também vão fazer análises similares, mas ainda não há resultados divulgados. Empresas do setor afirmam que os peixes e frutos do mar consumidos no Sudeste não são oriundos das áreas afetadas pelo óleo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Integrantes do movimento Livres, que prega a renovação da política brasileira, protocolaram na última segunda-feira (28) uma Ação Popular (AP) contra a União (Ministério do Meio Ambiente) e o Governo do Estado de Pernambuco na 13ª Vara Cível da SJDF, em BrasíliaA ação questiona a "omissão dos entes federativos no combate aos danos causados ao meio ambiente e da inércia na aplicação de medidas de contenção e proteção ambiental ante o vazamento de petróleo no litoral brasileiro". 

A juíza responsável pela ação, Edna Márcia Silva Medeiros Ramos, determinou aos governos o prazo de 72 horas para manifestações.

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Desde o dia 30 de agosto, praias do nordeste brasileiro sofrem com o aparecimento de manchas de óleo no litoral. O material vazado - petróleo cru - é uma substância  tóxica. Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, foram atingidos. O Estado mais atingido é Pernambuco, onde residem os autores da Ação Popular.

Um dos pontos levantados na AP é o fato de que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou investigação sobre a origem do óleo apenas apenas um mês após a contaminação acontecer.

"O que está amenizando os impactos desse desastre nas praias do nordeste não vem do Estado; vem de pessoas comuns, cidadãos. Elas se organizaram em grupos de amigos, algumas por meio de suas empresas e há ainda algumas pequenas ONGs atuando na região. Isso já configura a omissão do poder público", afirma Karla Falcão, uma das 12 lideranças do Livres que assinam a Ação.

"Tomando como óbvio o dano causado ao meio-ambiente, não teria sido melhor exercer rapidamente uma medida de contenção, independentemente de quem fossem os culpados?", questionou o advogado Nauê Bernardo. "Por semanas o óleo se espalhou livremente pelo litoral nordestino sem que fosse impedido por um plano contingencial sequer", acrescentou Bernardo.

Ronan Gomez de Holanda, advogado que assina com Nauê Bernardo a AP, destacou a responsabilidade solidária dos entes no combate aos danos ao meio-ambiente e na reparação destes danos à população, à fauna e à flora. A responsabilidade solidária, explica Holanda, "significa que todos os entes federativos são conjuntamente responsáveis e devem juntos estipular medidas de reparo".

*Da assessoria de imprensa

O óleo que suja o Nordeste brasileiro já atingiu pelo menos quatro áreas de mangues de Pernambuco, um ecossistema rico em biodiversidade e que, uma vez contaminado, torna-se praticamente impossível de ser limpo, por causa do emaranhado de suas raízes, da vegetação e da composição do solo desses locais.

A contaminação foi confirmada pela Marinha. Há relatos de contaminações de mangues em outros Estados, como Alagoas e Bahia. O trabalho de limpeza dessas áreas é feito com as mãos, dada a complexidade e fragilidade dos manguezais.

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Segundo o almirante da Marinha, João Alberto Lampert, por causa do ineditismo da situação, não havia um protocolo ambiental sobre como lidar com esse tipo de contaminação de mangues.

"Fizemos um congresso científico em Pernambuco. Estamos reunindo informações com universidades e institutos para fazer maiores estudos e o estabelecimento de protocolos específicos que podem ajudar a lidar com isso", comentou Lampert.

Nesta terça-feira (29), o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, disse que houve registro de novas manchas em 19 localidades do Nordeste, mas não deu detalhes sobre essas localidades. O governo tem afirmado que, apesar das novas ocorrências, o volume total do petróleo cru tem diminuído.

Instrução Normativa (IN) 52 do Ministério da Agricultura, publicada na segunda-feira, 28, proíbe a pesca da lagosta e do camarão em áreas do Nordeste afetadas pelo vazamento de óleo e permite o pagamento de até duas parcelas extras do seguro-defeso aos pescadores atingidos.

"Têm direito ao benefício os pescadores profissionais artesanais que trabalham nas áreas atingidas pelo óleo, conforme mapeamento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama)", disse a pasta em nota.

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Esses trabalhadores precisam estar regularmente inscritos no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), e a parcela será depositada diretamente na conta em que os beneficiados já recebem o seguro-defeso.

Conforme o Ministério, o prolongamento do período de defeso foi adotado como precaução, devido à situação ambiental decorrente da provável contaminação química por derramamento de óleo no litoral do Nordeste.

O Decreto 10.080/2019, publicado na última sexta-feira, 25, permite que o período de defeso seja ampliado, quando houver "grave contaminação por agentes químicos, físicos e biológicos".

Estão aptos a receber as parcelas extras do seguro-defeso cerca de 60 mil pescadores artesanais nas áreas atingidas pelo óleo, mapeadas pelo Ibama.

Uma tartaruga foi encontrada morta na manhã desta terça-feira (29) na Praia de Casa Caiada, em Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR). O animal está com o casco quebrado e não existe indícios de que a morte esteja relacionada ao vazamento de óleo que atinge o litoral.

A tartaruga foi encontrada por volta das 6h30 desta manhã pela equipe que faz a limpeza das praias. A Secretaria Executiva de Planejamento Ambiental de Olinda enviou um técnico ao local.

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A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) foi acionada para a retirada do animal. A investigação das causas será realizada pela agência. A suspeita inicial é que o réptil tenha sido atacado por tubarão.

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Bermuda, galocha, camiseta ou regata, máscara e luva são as vestimentas e equipamentos padrão utilizados por integrantes do Exército e da Marinha na retirada de óleo de praias do Nordeste. Os itens não seguem a orientação técnica para a remoção manual divulgada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que prevê o uso de macacão de polietileno e óculos de proteção e, no caso de trabalhos sobre pedras, também de capacete.

A situação se repete entre funcionários e empregados de empresas terceirizadas de prefeituras e, até mesmo, entre os apenados do Estado de Pernambuco que atuaram nas praias. No âmbito municipal, a reportagem flagrou trabalhadores manuseando o óleo sem camisa ou diretamente com as mãos.

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A substância é considerada tóxica e, nos últimos dias, tem crescido o número de relatos de pessoas que tiveram náuseas, dor de cabeça, alergias e outras reações após terem contato com o petróleo. Os efeitos a médio e longo prazo ainda não estão claros.

O contraste entre os equipamentos utilizados por funcionários do Ibama e dos demais envolvidos era evidente nas praias pernambucanas visitadas pela reportagem na última semana. Com parte do corpo exposto, os oficiais da Marinha e Exército entravam na água e chegavam a ficar com a pele suja de óleo, enquanto, os membros do Ibama estavam de macacão ou calça e camisa compridas. A situação era ainda mais grave no caso dos voluntários.

A reportagem testemunhou esse tipo de situação em praias como Itapoama, em Cabo de Santo Agostinho, Barra de Jangada, em Jaboatão dos Guararapes, e Janga, em Paulista, todos municípios da região metropolitana do Recife. Nas demais praias visitadas, a reportagem não encontrou representantes do poder público federal, mas viu, por exemplo, salva-vidas que utilizavam uniforme convencional (bermuda e regata) enquanto tiravam óleo de uma área próxima a corais.

O próprio site da Marinha traz dezenas de imagens de atividades de remoção de óleo em que seus oficiais aparecem de bermuda e regata e sem o uso de proteção ocular e macacão durante ações em Estados como Bahia e na Paraíba. Segundo a instituição, mais de 2,7 mil militares participaram de ações de combate às manchas de petróleo.

A recomendações de tipos de Equipamento de Proteção Individual (EPI) estão no site do Ibama, em uma publicação chamada "Orientações gerais à população sobre o derramamento de óleo". Na parte sobre "remoção manual", por exemplo, é destacado o uso de "EPI básico", que lista "Tyvek" (tipo de macacão de polietileno), luvas, botas e proteção ocular. Outro arquivo, sobre "recuperação manual em áreas rochosas", também inclui o uso de capacetes.

"Todos os trabalhadores devem usar EPI apropriados enquanto trabalham, incluindo proteção solar", destaca a publicação. As mesmas recomendações foram reproduzidas no site da própria Marinha.

Em nota, a Marinha afirmou que "os militares envolvidos diretamente nas ações de limpeza utilizam o EPI apropriado". A reportagem também entrou em contato com o Exército, que enviou cerca de 400 militares para Pernambuco, mas não recebeu um posicionamento oficial até a publicação desta matéria.

O governo informou que não foram encontradas, neste domingo (27), novas manchas de óleo no litoral do Nordeste, atingido pelo vazamento de petróleo observado há quase dois meses. Em nota, o Grupo de Avaliação e Acompanhamento (GAA), formado por Marinha, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Ibama, informou que novos resíduos não foram observados chegando à costa pelas equipes de monitoramento.

O relato do governo demonstra que a situação do litoral melhorou em relação ao dia anterior. Sábado, em coletiva de imprensa, a Marinha informou que as praias do Nordeste já não apresentavam óleo do vazamento, mas, apenas "pelotas" de petróleo no mar que poderiam ser recolhidas quando chegassem às praias. Agora, há outra preocupação: parte do óleo avançou para os manguezais.

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O governo já registrou 249 locais afetados. Mais de 1 mil toneladas de resíduos oleosos, diz a nota, foram recolhidos. As ações do grupo continuam em Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia - Estados mais atingidos. Em outros locais, de acordo com o governo, a situação é estável.

Após duas declarações do ministro Ricardo Salles contra a organização não-governamental Greenpeace, diversos boatos surgiram nas redes sociais questionando a atuação da ONG na retirada do óleo no Nordeste e apontando suposto envolvimento no caso.

As peças de desinformação se baseiam em vídeo publicado por Salles no Twitter, que omite resposta do Greenpeace sobre sua ação na limpeza das praias, e na insinuação do ministro sobre a rota da embarcação Esperanza, que pertence à organização. Em ambos os casos, as declarações de Salles são enganosas e levaram à disseminação de boatos falsos sobre a ONG.

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No primeiro caso, boatos afirmam falsamente que o Greenpeace não tem atuado no Nordeste. As peças de desinformação ganharam impulso após o ministro publicar um vídeo afirmando que a organização "explicou" por que não poderia ajudar na limpeza das praias. A gravação divulgada por Salles, no entanto, exibe apenas o trecho em que o porta-voz da organização, Thiago Almeida, afirma que o combate ao óleo "exige conhecimentos e equipamentos técnicos específicos". É omitido o trecho em que o porta-voz comenta que há, sim, a ação de voluntários da ONG no Nordeste.

Na publicação original, divulgada pelo Greenpeace no dia 18 de outubro, Almeida afirma que grupos de voluntários da organização estão atuando nos locais impactados ajudando na limpeza e colhendo depoimentos e imagens. No dia 17 de outubro, quatro dias antes de o vídeo publicado por Salles ir ao ar, a própria ONG publicou um texto sobre a visita de voluntários às praias afetadas de Fortaleza (CE) e São Luis (MA).

"Nossos voluntários no Maranhão e no Ceará também visitaram os locais impactados, conversaram com a população, colheram depoimentos, fizeram imagens, justamente para documentar tudo o que está sendo afetado, do meio ambiente às pessoas e a economia dessas regiões", afirmou Almeida.

Em nota publicada na segunda-feira, 21, após a divulgação do vídeo cortado pelo ministro, o Greenpeace afirmou que voluntários da organização estiveram nas limpezas das praias de Cupe, Maracaípe e Muro Alvo, no Pernambuco, e em Fortaleza, no Ceará, durante os dias 19 e 20 de outubro.

E o navio do Greenpeace, o Esperanza?

Outros boatos falsos publicados nas redes sociais insinuam que a embarcação Esperanza, do Greenpeace, poderia estar envolvida no derramamento de óleo na costa brasileira. A justificativa seria a rota marítima feita pelo navio nos últimos dias, que passou pela costa brasileira. As mensagens passaram a circular após o ministro Ricardo Salles publicar um tuíte com insinuação semelhante.

O Estadão Verifica cruzou a rota do navio Esperanza desde 1º de janeiro deste ano até a sexta-feira, 25 de outubro, e comparou com as datas registradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de cada localidade atingida pelo óleo no Norte e Nordeste do País.

O resultado mostra que o Esperanza navegou pela costa brasileira cerca de um mês depois das praias brasileiras terem sido atingidas por óleo. Segundo o registro do site Marine Traffic, que acompanha via GPS a localização em tempo real de embarcações pelo mundo, o navio do Greenpeace deixou o porto de Dégrad des Cannes, na Guiana Francesa, no dia 5 de outubro - na época, todos os Estados já tinham sido atingidos pelo óleo.

Além do fato de o Esperanza ter passado pela costa brasileira após o óleo já ter atingido as praias do Nordeste, estimativa feita a pedido da Marinha pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta que o vazamento ocorreu em junho, entre 600 e 700 quilômetros da costa brasileira, na altura dos Estados de Sergipe e Alagoas.

Em junho, o Esperanza cruzava o Atlântico Norte, nas proximidades do Canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França, e seguia em direção ao sul europeu, passando pela Espanha e por Portugal.

Atualmente, o navio do Greenpeace está em Montevidéu, no Uruguai, de onde seguirá rota para Buenos Aires, na Argentina. De acordo com a organização, a embarcação seguirá rumo à Antártida.

O Estadão Verifica entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente para pedir um posicionamento sobre as declarações enganosas de Salles. Em resposta, o órgão emitiu nota informando que "o navio do Greenpeace confirma que navegou pela costa do Brasil na época do aparecimento do óleo venezuelano, e, assim como seus membros em terra, não se prontificou a ajudar".

É preciso destacar, no entanto, que é falsa a afirmação que membros do Greenpeace não estejam atuando na costa brasileira, conforme verificação acima. E, como também verificado acima, o navio não circulou pela costa brasileira no momento do aparecimento do óleo, e sim depois. Os primeiros relatos de contaminação na costa brasileira foram registrados no final de agosto. O navio Esperanza chegou ao Brasil somente em outubro.

Caminho da verificação

Para verificar o boato sobre a ausência de atuação do Greenpeace no Nordeste, o Estadão Verifica consultou registros publicados no site da organização, além de entrar em contato com a entidade para saber sobre sua atuação no Nordeste. A reportagem também localizou a íntegra do vídeo com as respostas do porta-voz Thiago Almeida e identificou o momento do corte e posterior omissão no tuíte do ministro Ricardo Salles.

Para conferir o boato relativo ao navio Esperanza, a reportagem rastreou a rota da embarcação pelo site Marine Traffic entre os dias 1º de janeiro de 2019 a 25 de outubro de 2019. O Estadão Verifica cruzou as informações da localização diária do navio com os registros de óleo tabelados até o dia 23 de outubro pelo Ibama.

Estes boatos foram sinalizados para verificação por meio da parceria entre o Estadão Verifica e o Facebook. A Agência Lupa e o jornal Folha de S. Paulo também desmentiram este conteúdo.

Depois de o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles insinuar que o Greenpeace estaria por trás do vazamento de óleo que afeta o Nordeste do país, o secretário do turismo de Pernambuco Rodrigo Novaes afirma que "acusar o Greenpeace é como acusar o Papa de ser traficante internacional". Para ele, a entidade é a mais respeitada da proteção do meio ambiente e foi acusada de "forma leviana" pelo ministro.

Novaes deu essa declaração no final da coletiva de imprensa que aconteceu na tarde desta sexta-feira (25), na Capitania dos Portos de Pernambuco, no bairro do Recife Antigo, com a presença do ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio - que estava no Estado para observar os possíveis impactos das manchas de óleo nas praias no turismo local.

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Entenda

Por meio do seu twitter, Ricardo Salles afirmou: "Tem umas coincidências na vida né.... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento do óleo venezuelano...." Junto a declaração, Salles colocou uma foto do navio do Greenpeace, que é utilizado pela organização em ações de protesto contra crimes ambientais. 

Em resposta, o coordenador de políticas públicas do Greenpeace, Marcio Astrini, disse que a área jurídica da organização já foi mobilizada e que Ricardo Salles será interpelado judicialmente. "Iremos à Justiça contra as falsas declarações feitas pelo ministro", disse Astrini. "A decisão está tomada. Agora, será analisada por nossa área jurídica".

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O presidente Jair Bolsonaro classificou como "terrorismo" o vazamento de petróleo na costa brasileira, caso fique comprovado que foi um ato intencional. Ao ser questionado sobre uma publicação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que vincula o Greenpeace ao episódio, Bolsonaro disse que a instituição internacional "só atrapalha" o governo.

"Esse Greenpeace só nos atrapalha. Não sei o que ele (Salles) falou, tenho que conversar com ele para entrar em detalhes, mas o Greenpeace só nos atrapalha, não nos ajuda em nada", disse o presidente, em Pequim, nesta sexta-feira (25).

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Acusação

Ricardo Salles voltou a atacar a organização ambiental na quinta-feira (24). O ministro insinuou que a organização poderia estar por trás do vazamento de óleo que afeta todo o Nordeste do País.

Em sua conta no Twitter, o ministro afirma: "tem umas coincidências na vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano..."

O Greenpeace reagiu e disse que vai acionar, na Justiça, o ministro do Meio Ambiente.

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), cumpre agenda em Pernambuco nesta sexta-feira (25). O auxiliar do presidente Jair Bolsonaro (PSL) vem ao Estado para avaliar os pontos atingidos pelas manchas de óleo que atingiram, até hoje, 10 cidades pernambucanas.

Pela manhã, às 9h, o ministro chega ao Recife e segue, de helicóptero, até o município de Ipojuca, realizando antes um sobrevoo pelos litorais Norte e Sul do Estado. Por volta das 10h, Marcelo Álvaro Antônio pousa no heliporto do hotel Nanai Resort e segue de micro-ônibus até Porto de Galinhas, onde visita as piscinas naturais. 
Em seguida, o ministro do Turismo retorna para hotel, onde se reúne com representantes do segmento pernambucano. Às 14h30, ele, juntamente com a Marinha, Ibama e outros representantes do governo pernambucano, concede entrevista coletiva sobre o desastre ambiental na Capitania dos Portos, em Recife. 

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Na última quarta-feira (23), Marcelo Álvaro Antônio recebeu parlamentares e o secretário de Turismo de Pernambuco, Rodrigo Novaes, em Brasília para tratar do assunto. A expectativa é de que haja o anúncio de repasse de verbas para o setor, uma vez que diversas praias atingidas são cartões postais do Estado.

O ministro é o quarto que desembarca em terras pernambucanas esta semana. Na terça-feira (22), os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles; da Defesa, Fernando Azevedo e Silva; e do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, vieram ver de perto o impacto do vazamento de óleo que atinge as praias estaduais. O Governo de Pernambuco tem reclamado da morosidade federal em ações de combate a proliferação das manchas.

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As imagens de toneladas e toneladas de óleo retiradas das praias do Nordeste têm levantado uma questão: e depois, o que fazer com tudo isso? A resposta em Pernambuco foi levar o material à Central de Tratamento de Resíduos, a Ecoparque, empresa contratada em regime de urgência, cujo aterro é sediado em Igarassu. Para lá, foram destinadas mais de 1,3 mil toneladas de óleo e itens contaminados pela substância, como baldes, luvas e máscaras.

O material passa por uma triagem para reduzir a presença de areia e, em seguida, é triturado com tecidos, borrachas e outros itens que tiveram contato com produtos industriais. O resultado são pilhas de fragmentos diversos, em que o óleo se destaca pelo brilho.

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Forma-se, então, o que se chama de blend energético, que é vendido para ao menos três empresas de produção de cimento, sendo utilizado como combustível de fornos junto com o coque - um subproduto destilado do petróleo. "O petróleo sólido é muito caro e exige grande logística, porque vem de navio. Assim como o coque, esse blend tem o poder calorífico alto", explica Romero Dominoni, diretor geral da Ecoparque.

Na Bahia, os resíduos encontrados nas praias têm se transformado em carvão, com a ajuda de cientistas. Dentro de uma betoneira, são usados bioaceleradores desenvolvidos por um grupo de pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Esses componentes ajudam na degradação do óleo e o transformam em carvão. "Esses bioaceleradores, dois sólidos e três líquidos, não agridem o solo nem os vegetais", disse a professora da UFBA Zenis Novais.

Segundo Zenis, o produto é bem menos agressivo do que o petróleo cru. O procedimento pode complementar ou substituir o que se pretende fazer com o petróleo: incinerar. "O processo de incineração produz enxofre, nitrogênio e libera gases que afetam o meio ambiente", diz Zenis.

A aplicação do carvão, no entanto, demanda mais estudos. Segundo a professora, a depender da composição, o carvão pode ser misturado com terra e colocado nas plantas, como uma espécie de adubo. Outra opção é usá-lo como combustível na produção do cimento, como vem sendo feito em Pernambuco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Tontura, náuseas, dor de cabeça e reações alérgicas estão entre os sintomas relatados por parte dos voluntários de mutirões para remover óleo de praias pernambucanas. A situação é apontada até por quem usou máscaras, galochas e luvas. E, apesar da recomendação das autoridades de usar equipamento de proteção, é comum ver muitos com os corpos expostos. Unidades médicas já têm criado postos de atendimento nas praias e orientado os profissionais de saúde sobre como lidar com esses casos.

"Estava puxando o óleo para a areia e me senti mal. Quando puxei, o cheiro estava atípico, como de óleo muito concentrado", conta a dona de casa Marília Clementino, de 31 anos. A moradora de Jaboatão dos Guararapes viajou cerca de uma hora ontem até Paulista (PE), para ajudar na limpeza da Praia do Janga. No grupo, duas pessoas se sentiram mal no mesmo dia. Marília relata tontura e dor de cabeça, e atribui a reação ao uso inadequado da máscara.

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Conforme a Secretaria Estadual de Saúde, são investigadas 19 intoxicações com suspeita de relação com o óleo. Segundo a pasta, houve casos ligados ao contato com o poluente e também pelo uso indevido de solventes para remoção.

"A gente tem visto pessoas procurarem unidades de saúde, mas eles informam que retiraram o óleo com benzina, gasolina, querosene", disse ontem o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Segundo ele, não há ainda preocupação à saúde e o governo faz estudos sobre o impacto na cadeia alimentar. "Até o momento, a gente não tem nenhum alerta."

O jornal O Estado de S. Paulo acompanhou mutirões em praias pernambucanas nos últimos três dias. Entre voluntários e agentes públicos, todos ficavam com alguma parte do corpo exposta, nem que fosse pelo comprimento da roupa. Vários entravam na água ou no meio de pedras sujas de óleo.

Pescador há mais de 25 anos, Adalberto Barbosa, o Formigão, mora e trabalha em São José da Coroa Grande (PE). Desde os primeiros sinais de óleo, se juntou ao trabalho de limpeza. "Começamos cedinho e vamos até a noite. É nosso ganha-pão. Se não puder pescar, minha família passa necessidade." Na segunda, vieram os sintomas. "Tive muita dor de cabeça e vomitei. Senti o corpo mole, como se estivesse com uma gripe daquelas. Mas só parei um dia. Fui medicado, me sinto melhor e continuo trabalhando."

Dos 19 pacientes reportados, 17 foram em São José - os outros dois foram em Ipojuca. Marcello Neves, diretor clínico do Hospital Municipal Osmário Omena de Oliveira, diz que foram registrados dois tipos de reação ao óleo. Dos atendimentos, 70% foram de problemas de pele. "As pessoas tiveram dermatite de contato, apresentando coceiras e feridas na pele, além de dor de cabeça. Houve ainda pacientes que tiveram reações por inalar os gases que saem do óleo. Nesses casos, a maioria apresentou dor de cabeça, enjoos, vômito e tontura."

Para especialistas, só deve haver problemas mais graves após exposição muito prolongada. Outra preocupação dos médicos é de que as substâncias tóxicas se espalhem pelo ambiente, como nos lençóis freáticos, o que também traria riscos.

Bahia

Voluntários e representantes de colônias de pescadores baianos também relatam problemas. A bióloga e professora de surfe Carla Circenis, de 49 anos, ficou com os olhos inflamados e caroços na pele. "Mesmo tendo conhecimento de bióloga e até prevendo consequências, entrei na água. No outro dia, amanheci muito mal", conta ela, de Salvador. A Secretaria de Saúde da Bahia informou não ter registros de contaminação. O governo também vai avaliar se frutos do mar estão próprios para consumo.

Cuidados

Sintomas: Voluntários que atuaram na retirada do óleo no Nordeste relatam vômito, náusea e ardência nos olhos. Os problemas são causados tanto pelo contato com a substância quanto pelo uso de solventes para limpeza da pele.

Na hora da limpeza: Pessoas que atuam na retirada do óleo devem evitar o contato com a substância por meio de máscara descartável, luvas de borracha e botas. As roupas, de preferência impermeáveis, devem cobrir pernas e braços.

Produtos nocivos: Em caso de contato, não devem ser usados solventes, como querosene, gasolina, álcool, acetona, para retirar o óleo da pele. Esses produtos podem ser absorvidos e causar lesões. Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco, o indicado é que sejam usados óleo de cozinha ou produtos contendo glicerina ou lanolina.

Quem não deve ir: Crianças, gestantes e doentes crônicos não devem atuar nos mutirões de limpeza.

(Colaboraram Renata Okumura, Mateus Vargas e Vinícius Brito, Felipe Goldenberg, Milena Teixeira, especial para o Estado)

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O governo federal decidiu criar um site para divulgar informações sobre o desastre com petróleo cru no litoral do Nordeste do País. O endereço https://www.gov.br/manchanolitoral traz dados sobre as ações do governo sobre o caso, resultados de ações, equipes envolvidas e possíveis causas do derramamento.

Internamente, a avaliação do governo é que a área de comunicação sobre a tragédia está desarticulada e precisa centralizar as divulgações. Na prática, todos os dados incluídos no portal já são de conhecimento público.

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O governo afirma que começou a agir no dia 2 de setembro, dois dias após o surgimento das primeiras manchas de óleo. O Ibama e a Marinha, de fato, mobilizaram equipes para apurar o que ocorria naquela data. Mas o Ministério do Meio Ambiente levou 41 dias para fazer a primeira formalização referente ao Plano Nacional de Contingência do governo federal.

Esse plano foi criado em 2013, justamente para lidar com situações de emergência como a do vazamento de petróleo que suja todo o Nordeste brasileiro. Por lei, o responsável por acionar o plano é o ministro do Meio Ambiente. Ele é o coordenador do comitê executivo. Ao Estado, no dia 18 de outubro, Salles disse que o plano foi, sim, acionado desde o início de setembro e que todas as medidas previstas foram colocadas em andamento.

O monitoramento do Ibama aponta que as manchas de óleo já foram encontradas em 2,5 mil quilômetros da costa brasileira. Mais de 120 praias já foram atingidas, em uma faixa que envolve todo o litoral.

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Uma operação malsucedida de transferência de óleo de um navio em movimento para outro, conhecida como "ship to ship underway", transformou-se em uma das hipóteses para explicar o vazamento em alto-mar que provocou o desastre ambiental no Nordeste brasileiro. Relativamente comum, a manobra é segura quando feita oficialmente. Mas, longe da costa e da fiscalização, pode ter sido executada de forma irregular e causado o acidente.

Quando o óleo é extraído de plataformas em alto-mar e precisa ser transportado para terra, é necessário o uso de um navio especial, com posicionamento dinâmico. Trata-se de um equipamento que oferece estabilidade à embarcação, para que ela fique parada e possa receber o petróleo em seus tanques. O uso dessa aparelhagem, porém, encarece o frete do navio. Por isso, a tendência dos transportadores é, o quanto antes, transferir esse óleo para uma embarcação comum.

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A operação pode ser feita no porto mais próximo, com os dois navios parados em um ambiente seguro, ou em mar aberto, com os dois navios em movimento. Nesse caso, a manobra é um pouco mais arriscada.

Números

Dados da Marinha do Brasil e das empresas petrolíferas mostram que em 2018 o equivalente a 77 milhões de barris de óleo foram exportados por meio de operações "ship to ship". Este ano, somente até setembro, o volume já chega a 69 milhões de barris. Os números são referentes apenas a operações realizadas na costa de São Paulo, onde são autorizadas. No Brasil, os procedimentos técnicos e administrativos para obtenção de uma autorização ambiental para esse tipo de operação foram regulamentados pelo Ibama em 2013. Também é necessário o aval da Marinha, que define a área onde as atividades podem ser realizadas.

Quando ocorrem nos portos, as transferências são consideradas mais seguras. Mesmo em caso de acidente, há mais condições de correção imediata. Em mar aberto, há fatores de risco adicionais, como condições climáticas adversas, rompimento das mangueiras de conexão entre os navios e limitação da capacidade de resposta a eventuais acidentes.

E há ainda a hipótese mais provável no caso de acidente: operações irregulares, feitas por navios fantasmas - que estão fora dos radares. "A operação 'ship to ship' é comum, normalmente feita em áreas específicas, com as devidas autorizações", explicou o engenheiro naval Floriano Pires, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). "Pode haver um vazamento? Pode. Mas o sistema tem redundâncias e controles. Seria incomum numa operação 'ship to ship' normal um vazamento de óleo tão grande. Teria de ser uma operação irregular, clandestina, sem o mínimo de cuidado."

A engenheira naval Gabriela Timmerman, especialista em "ship to ship", dona da consultoria Iskra, concorda com o colega. "A operação tem diversos mecanismos de segurança e, se houver um vazamento, ela é automaticamente interrompida", explicou. "Para um vazamento desse volume, o mais provável é que tenha havido algum outro problema, como uma avaria grave de casco ou uma explosão dentro do navio." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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