O aclamado filme "Coringa", de Todd Phillips, venceu o Leão de Ouro na 76ª edição do Festival de Cinema de Veneza, que terminou neste sábado (7).
A produção protagonizada por Joaquin Phoenix, que dá vida ao "palhaço do crime", se concentra no principal inimigo do super-herói Batman e que já foi eternizado por atores como Jack Nicholson e Heath Ledger.
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Phoenix precisou perder 23 quilos para viver o personagem e já se credenciou ao Oscar, assim como Phillips. "Coringa" foi ovacionado em sua exibição no Festival de Veneza e também conta com Robert De Niro, Zazie Beetz, Marc Maron e Frances Conroy.
Na história, baseada em uma HQ da DC Comics, Phoenix vive um homem de 40 anos que mora com a mãe e acredita ser seu destino fazer os outros rirem. Mas a realidade é mais dura, e Arthur Fleck, o nome de batismo do Coringa, fracassa no sonho de se tornar comediante de sucesso, em uma Gotham City dominada pelo lixo e pelo tráfico.
O filme de Phillips o retrata como um perdedor auxiliado pelos serviços sociais, que, por sua vez, enfrentam a falta de recursos. Em determinado momento, no entanto, o palhaço se torna um herói para os pobres da cidade quando, voltando do trabalho fantasiado, dispara em três corretores de Wall Street que o ridicularizavam no metrô.
Esse é o início de uma trajetória que transforma o Coringa em um rebelde movido pela violência e marcado por uma risada aterrorizante.
Outros prêmios
Em uma escolha destinada a causar polêmica, "J'Accuse", de Roman Polanski, venceu o grande prêmio do júri, cuja presidente, a argentina Lucrecia Martel, havia se recusado a assistir à sessão de gala do filme.
Polanski é acusado de violentar uma adolescente de 13 anos há quatro décadas e foi expulso da Academia do Oscar recentemente. Ele chegou a chamar o movimento "Me Too", que combate a prática de abuso sexual na indústria do entretenimento, de "histeria coletiva".
Apesar disso, o filme, que conta a história de um coronel condenado à morte (Louis Garrel) e que pode ter sido injustiçado, foi bastante aplaudido em Veneza. Já o Troféu Volpi de melhor atriz foi entregue a Ariane Ascaride, de "Gloria Mundi", enquanto Luca Marinelli, de "Martin Eden", venceu entre os homens.
"Dedico esse prêmio àqueles que estão no mar para salvar seres humanos que fogem. Viva a humanidade e viva o amor", disse o ator, enquanto a Itália tem seu debate político dominado pela crise migratória no Mediterrâneo.
O Leão de Prata de melhor direção ficou com Roy Andersson, de "About Endlessness", enquanto o prêmio de melhor roteiro foi dado a Yonfan, da animação "N. 7 Cherry Lane". Por fim, "La mafia non è più quella di una volta", de Franco Maresco, venceu o prêmio especial do júri.
Brasil
Dois filmes brasileiros foram premiados na edição 2019 do Festival de Veneza, mas não na seleção principal. "Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou", produção de Bárbara Paz sobre os últimos anos de vida de seu marido, o diretor Hector Babenco (1946-2016), foi escolhido como melhor documentário de cinema na competição "Venice Classics".
Por sua vez, o curta "A linha", de Ricardo Laganaro, venceu como "melhor experiência de realidade virtual" na seleção do festival dedicada a esse tipo de filme. A mostra conta com uma competição exclusiva de realidade virtual desde 2017, em uma ação pioneira entre os grandes festivais.
Da Ansa