Entregues à população de Belém em 2009, as academias ao ar livre foram bem recebidas por quem buscava qualidade de vida com atividades físicas. Hoje, os usuários são os mais variados possíveis, desde idosos até crianças. Muita gente, porém, reclama da falta de manutenção dos equipamentos.
De acordo com a prefeitura de Belém, a cidade conta com 24 academias em funcionamento atualmente. Reformada no ano passado, a academia da praça Brasil, no bairro do Umarizal, é uma das mais movimentadas da cidade. A ex-professora Francilma dos Santos, de 45 anos, tem recorrido aos equipamentos para se recuperar de um acidente vascular encefálico. Ela conta que começou a se exercitar com amigas e hoje conhece muitas pessoas novas. "Não estou mais triste como eu estava antes, pois ficava sozinha em casa", diz. Por orientação médica, ela já fez hidroginástica, natação e agora se esforça na caminhada.
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Raquel Guimarães tem 34 anos e há oito é monitora do abrigo Calabriano, localizado no bairro do Telégrafo. Como fica bem próximo da praça, pela manhã, com a ajuda de educadores, Raquel leva as crianças que moram no abrigo para realizarem atividades recreativas que estimulem o corpo e a mente. "Como eles moram no abrigo, para não ficar uma coisa monótona, saímos com eles para poderem socializar, ficar ao ar livre e melhorar o desempenho", relata.
A monitora acredita que o motivo dos equipamentos estarem malcuidados é falta de educação da população. Ela acha que pessoas não preservam o pouco que é investido pelo poder público.
A consultora de cosméticos Delma Reais, de 44 anos, pratica exercícios quase todos os dias na primeira academia instalada em Belém, localizada na avenida Romulo Maiorana (antiga 25 de Setembro), atrás do Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, bairro do Marco. Moradora da travessa Enéas Pinheiro, próximo ao local, ela realiza as atividades com a orientação de um cardiologista. Delma não tem o que reclamar do estado de conservação dos aparelhos, mas diz que os instrutores nem sempre estão lá para orientar as pessoas. O que realmente incomoda, no entanto, diz, é a falta de segurança. "Na semana passada um homem levou o celular de uma garota aqui perto", conta.
Silvia Oliveira trabalha no local há oito anos e, diferentemente da consultora, nunca presenciou casos de violência com frequentadores da academia. A autônoma vende cerca de 70 cocos por dia, a R$ 4,00 cada um, e conta que consegue ajudar na renda da família com o que lucra. A ambulante acha que a prefeitura deveria realizar eventos para atrair as pessoas, já que, segundo ela, pouca gente se interessa pela academia.
Encontro - Na avenida Marquês de Herval, no bairro da Pedreira, a academia se tornou ponto de encontro de muitos corredores e praticantes de atividades físicas. Os aparelhos se localizam em um ambiente totalmente aberto, cercado por árvores e onde muita gente passa visando sair da rotina.
José Domingos, de 56 anos, morador do bairro e usuário da academia, pratica caminhada diária no local e sempre utiliza os aparelhos que ali estão. “Ajuda a aliviar a pressão e estresse do dia. Muita gente não tem tempo ou academias por perto para fazer atividade física. Essa ao ar livre facilita muita coisa, está sempre aqui do lado e podemos usar no melhor horário”, afirma.
Apesar de facilitar a vida de muita gente, as academias não contam com um acompanhamento profissional, o que seria necessário, como conta o educador físico Fabrício Barreto. Ele diz que as academias são como um meio das pessoas saírem da rotina, mas deixa um alerta também: “Essas academias abrem opções para praticantes de caminhadas e outros tipos atividades. A qualquer momento você pode realizar exercícios. Porém, é sempre bom ter um acompanhamento médico ou de um educador. Fazer atividades às cegas nunca é bom, pode atrair lesões. Essa é uma das únicas desvantagens, mas com fácil resolução”.
Por meio de nota, a Prefeitura de Belém informa que a manutenção nas academias ao ar livre é periódica e consta no contrato com a empresa que fabricou os equipamentos. Sempre que há necessidade de reparos a empresa é acionada, diz a nota. Com relação à segurança, a nota destaca que a Guarda Municipal dá apoio ao trabalho da Polícia Militar com rondas diárias em todas as praças da capital. Ainda segundo a prefeitura, até o final do ano outras academias serão instaladas na cidade.
Descaso - As academias ao ar livre de Ananindeua, município da Região Metropolitana de Belém, passam por um processo de degradação que se arrasta há alguns anos, por causa da falta de manutenção dos espaços. “Na verdade eles só jogaram uma tinta por cima e trouxeram de volta. Agora temos que escolher o equipamento com menos defeito para usar”, afirma Vanda Pimentel, frequentadora da academia instalada na avenida Dom Zico. “Há seis anos, tínhamos estudantes que nos ensinavam a fazer um bom aquecimento, tínhamos um posto da Guarda Municipal e profissionais para medir nossa pressão. Hoje em dia não temos mais nada disso”, disse.
A falta de fiscalização e de educação da população e a insegurança foram pontos que o gerente de vendas Messias Miranda também ressaltou como negativos. “Aqui é um bom lugar, pois nunca sofri nenhum assalto, porém não tem tanta fiscalização do município e há muita falta de educação da população, pois não podemos esperar pela prefeitura para cuidar desse espaço”, diz.
Já na academia que fica na praça Sengólia as atletas amadoras Lurdes Sales e Rute Oliveira, ambas aposentadas, reclamam: “A única queixa que temos é em relação à segurança. Os assaltantes já sabem os horários que a polícia vem com mais frequência e a hora que o fluxo das rondas diminui”.
A prefeitura do município informou que faz a manutenção desses espaços. Também garante que há ronda policial nos locais.
Por Biatriz Mendes, Laura Lemos e Leo Nunes. Com apoio de Gerson Rocha e Caio Barreto (Pedreira) e Alisson Queiroz (Ananindeua).