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A Copa do Mundo do Catar já é histórica, pelo menos para a arbitragem brasileira. Isso porque Wilton Pereira Sampaio, de 40 anos, foi o primeiro árbitro negro do Brasil a apitar um jogo em mundiais. 

Na segunda-feira (21), ele apitou Senegal x Holanda. Wilton atua pela federação do Goiás e chegou a participar da Copa da Rússia em 2018, mas apenas como 4º árbitro.

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Segundo o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, dos 600 árbitros nos quadros da CBF, apenas quatro negros apitam jogos da primeira divisão. Além de Wilton Sampaio, Luís Flávio, Dewson Silva e Wagner Magalhães comandam jogos na elite do futebol brasileiro.

Para dar continuidade à programação do Meeting de Jornalismo LeiaJá 10 anos, que comemora o aniversário do portal, nesta nesta quinta-feira (19), às 19h, no canal do Youtube, a discussão gira em torno do jornalismo engajador. Os convidados são Nataly Simões, Thiago Augustto e Jameson Ramos. A mediação do encontro fica a cargo da subeditora do LeiaJá, Giselly Santos.

Nataly Simões é editora da agência Alma Preta, portal especializado na temática racial. Além disso, Nataly iniciou sua carreira como estagiária no LeiaJá São Paulo e assinou reportagens para veículos como Folha de S.Paulo, Yahoo Notícias e UOL. Nataly acredita no poder de transformação social da comunicação antirracista e luta para que isso torne-se realidade.

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Thiago Augusto é produtor e repórter da TV Globo, editor e colaborador do site Notícia Preta. O jornalista fez estágio no LeiaJá em 2013. Além disso, Thiago é idealizador do projeto Futuro Black, cuja proposta é dar oportunidades profissionais para pretos e pretas no mercado de trabalho e na vida. Thiago é vencedor do prêmio "Urbana de Jornalismo", com a série T.I. Sufoco, da Globo.

 ''Será um encontro ancestral maravilhoso. A mídia preta existe desde 1833, com a primeira edição do jornal ''O Homem de Cor". E esse papo de hoje é uma continuidade dessa luta antirracista iniciada lá atrás'', diz Thiago. Ele lembra ainda que o jornalismo engajador é de extrema importância, pois dá voz a causas, salva  vidas. Além disso, o jornalista falou sobre sua luta a favor do antirracismo. "Num país racista, ser um jornalista negro é combater essa estrutura e multiplicar o antirracismo", completa.

Jameson Ramos é um jornalista formado pela Universidade Católica de Pernambuco. O repórter trabalha no LeiaJá e cobre política, entre outras editorias. Ramos desenvolveu um projeto durante a graduação chamado "Se Envolve", em que ele mostrou a importância do Brega como movimento social para a periferia. "O movimento brega é muito marginalizado. E quando eu tava na universidade, a galera falava muito que o Brega não era movimento social. Eu tentei mostrar que esse movimento é muito importante para a periferia", diz o jornalista.

Durante participação no programa Encontro com Fátima, nesta terça (13), o ex-BBB Rodolffo mostrou alguns presentes que ganhou da apresentadora do matinal: livros antirracistas. Durante a atração, eles falaram sobre o tema e relembraram a polêmica protagonizada por ele dentro da casa. O sertanejo garantiu estar aprendendo muito sobre questões raciais após o ocorrido. 

Ao lado do cantor Israel, que forma dupla com ele, Rodolffo mostrou os livros que ganhou de presente de Fátima: Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro, e Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior. "Vou ler tudinho", garantiu o sertanejo. Ele também disse estar aprendendo bastante sobre o tema após ter sido acusado de racismo dentro do BBB, ao comparar o cabelo de João a uma peruca da fantasia de homem das cavernas. “Tenho maior orgulho de ter muitos amigos, sem distinção de cor de pele, situação financeira. Detesto esse negócio", disse.

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Fátima reforçou o recado e falou da importância de aliar-se à luta antirracista. “Nos dias de hoje, não basta mais a gente ter amigos (negros), conviver ou trabalhar com eles. A gente tem que estar junto nessa luta, saber o que eles precisam para que a gente possa, de alguma maneira, colaborar. A gente colabora não fazendo mais (coisas racistas), pelo menos a nossa parte, e recriminando aquele colega que manda piadinha no Whatsapp, qualquer coisa assim. Falando: 'Olha, não faz isso não, isso está errado'".

 

O volante flamenguista Gerson alega ter ouvido do meia Ramírez, do Bahia, a frase "Cala a boca, negro" em um jogo do Campeonato Brasileiro em 20 de dezembro. A reclamação gerou um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância; o colombiano nega a acusação. Na mesma semana, após um torneio infantil em Caldas Novas (GO), Luiz Eduardo Bertoldo Santiago, de 11 anos, chorou depois de ter ouvido a frase "fecha o preto aí" em uma partida. Ele relatou o drama para os pais. Para especialistas e atletas, Gerson e Luiz Eduardo exemplificam um avanço na postura das vítimas de injúria racial no País: eles quebraram o silêncio, uma conquista da luta antirracista.

"Em 2020, tivemos alguns avanços em função da maior manifestação dos atletas. Estamos conseguindo romper aquele silenciamento que era imposto aos atletas para que não falem sobre racismo ou discriminação. Além disso, eles estão falando do racismo na sociedade. Esse é um passo muito importante", afirma Marcelo Carvalho, diretor do Observatório da Discriminação Racial, entidade que pesquisa e discute.

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O zagueiro Paulão, capitão do Fortaleza, concorda. "As pessoas tiveram um pouco mais de coragem de falar sobre o assunto. Com isso, o assunto ficou mais vivo e tivemos alguns debates importantes", diz o zagueiro de 34 anos. "Não dá para dizer que houve uma mudança significativa. Essas conversas aconteceram, mas a gente não vê a mudança de fato que é a lei. Para saber se esse debate realmente significa um avanço é preciso atitude. Não basta só a conversa", completa.

O silêncio ainda não foi totalmente quebrado. O Estadão tentou entrevistar sete atletas da Série A do Brasileiro. Paulão foi o único que topou. Um deles afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que não se sentia à vontade para falar sobre o tema. Outro disse que queria deixar a "poeira abaixar", numa referência à polêmica causada pela denúncia de Gerson. "Hoje, graças a Deus, eu tenho, como jogador de futebol, voz ativa para falar e dar força para que outras pessoas que sofrem racismo ou outros tipos de preconceito possam falar também", disse o flamenguista nas redes sociais.

É preciso ser justo: alguns atletas se pronunciaram em outros momentos. Tchê Tchê, do São Paulo, foi além e compareceu a uma manifestação contra o racismo na capital paulista em junho. Engajado nas causas sociais, o volante tem duas tatuagens de símbolos históricos que lutaram contra o racismo: Malcolm X e Martin Luther King.

"Hoje, temos o privilégio de ser uma voz no nosso país e ser alguém que as pessoas se espelham. Essas tatuagens eu fiz quando estava na Ucrânia. Se não me engano, depois de alguma situação que acabei sofrendo lá", contou o são-paulino.

O esporte mundial viveu momentos importantes na luta antirracista em 2020. O último deles foi protagonizado por Neymar. O episódio aconteceu no jogo entre Paris Saint-Germain e Instanbul Basaksehir pela Liga dos Campeões no dia 8 de dezembro. "Vai embora, preto" foi a frase que o camaronês Pierre Webó, integrante da comissão técnica turca, ouviu do quatro árbitro romeno Sebastian Coltescu. Após a reclamação, o árbitro principal mostrou cartão vermelho para o camaronês. O jogador Demba Ba, também do time turco, pediu que seus companheiros deixassem o campo. Liderados por Neymar e Mbappé, os rivais do PSG fizeram o mesmo. A partida parou no primeiro tempo e só continuou no dia seguinte.

O episódio em Paris marcou o dia em que atletas brancos e negros, de times diferentes, se uniram. Vale lembrar que o próprio Neymar acusou o zagueiro espanhol Álvaro González, do Olympique de Marselha, de racismo por tê-lo chamado de "macaco", em partida entre as duas equipes pela terceira rodada do Campeonato Francês. O brasileiro reagiu dando um tapa na cabeça do rival e foi expulso.

O episódio de união foi um ato simbólico que se somou a tantos outros contra a desigualdade racial. Indignados com o assassinato de George Floyd por um policial em Minnesota nos Estados Unidos, em maio, atletas como LeBron James, Lewis Hamilton e Naomi Osaka, entre outros, se uniram à revolta do país inteiro. Foram semanas de protestos. Em agosto, jogadores da NBA boicotaram uma das rodadas da liga. A decisão foi tomada como manifestação contra mais um ato de violência policial nos Estados Unidos: os tiros dados pelas costas em Jacob Blake, um homem negro de 29 anos.

O Brasil também registrou protestos, principalmente fora dos campos e das quadras. Mas o País ainda não registrou um ato como aquele de Paris. E não faltaram oportunidades, pois os casos de injúria racial continuam a acontecer. De 2014 a 2019, houve um aumento de 235% no número de casos de preconceito envolvendo jogadores de futebol brasileiros no país, segundo relatório do Observatório da Discriminação Racial.

Depois de quebrar o silêncio, o próximo passo é apontar as razões estruturais do racismo, na opinião de Marcelo Carvalho. "Ainda precisamos avançar muito. A fala dos atletas precisa se voltar para a estrutura. Quem manda no futebol precisa agir aqui no Brasil", avalia.

Neste contexto, a Frente Nacional Antirracista se reuniu com a CBF em dezembro para apresentar programas de combate ao racismo. Foram debatidas ideias de ações como campanhas publicitárias e ações afirmativas para a inclusão de negros no mercado de trabalho do futebol e projetos de formação antirracista.

Para o cientista social Marcel Tonini, federações e clubes têm de reconhecer o problema social, o racismo em si, criando espaços para manifestações de jogadores, treinadores, árbitros ou funcionários, com autonomia e independência para desenvolver ações antirracistas. A partir daí, ele sugere a capacitação de ex-atletas negros para cargos em comissões técnicas e de gestão esportiva, além da adoção de políticas de cotas raciais.

"Para além disso, sugeriria que uma entidade independente representasse negros na denúncia e na cobrança pública por mudanças no esporte de modo que não sofram represálias por parte de clubes, federações e empresas. A ação coletiva tem um peso maior do que ações individuais", completa o doutor em História Social pela USP.

Ativistas dos direitos humanos e legisladores dos Estados Unidos expressaram nesta sexta-feira (17) indignação diante das informações de que agentes federais, em carros não identificados, prenderam nas ruas manifestantes que participaram dos protestos antirracistas no estado de Oregon (noroeste).

As forças federais haviam sido enviadas para Portland como parte de um plano do presidente Donald Trump para dispersar protestos noturnos contra o racismo e a brutalidade policial nos arredores do tribunal federal da cidade.

Mas, segundo entrevistas realizadas pela emissora Oregon Public Broadcasting (OPB), agentes em carros sem placa prenderam sem explicação vários manifestantes desde 14 de julho.

"Este teatro político do presidente Trump não tem nada a ver com segurança pública", criticou no Twitter a governadora do estado, a democrata Kate Brown, que classificou o envio de forças federais de "um flagrante abuso de poder".

Os protestos começaram com a morte de George Floyd em Mineápolis (norte) e se espalharam por todo o país por mais de seis semanas.

"O que está acontecendo agora em Portland deveria preocupar a todos nos Estados Unidos", declarou Jann Carson, diretor interino da filial no Oregon da maior organização de direitos humanos, a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU). "Normalmente, quando vemos pessoas em um carro sem placa agarrar alguém à força na rua, chamamos isso de sequestro".

"As ações dos agentes federais militarizados são totalmente inconstitucionais e não ficarão sem resposta", garantiu.

Mark Pettibone, um manifestante de 29 anos, lembrou ter ficado aterrorizado quando homens usando uniformes militares saltaram de uma van e o prenderam na madrugada de quarta-feira.

"Era como se eu fosse a presa deles", declarou ao jornal The Washington Post. Pettibone foi em seguida libertado sem saber o motivo da detenção ou se seria acusado de algum crime.

Em um comunicado publicado nesta sexta-feira, o Escritório de Alfândegas e Proteção Fronteiriça (CBP) afirmou estar por trás da prisão de Pettibone, mas garantiu que os agentes se identificaram.

"Uma vez que os agentes da CBP se aproximaram do suspeito, uma grande e violenta multidão se dirigiu até sua localização", o que obrigou os oficiais a levar o suspeito para outro local para dar sequência ao questionamento, explicou a CBP em comunicado enviado à AFP.

O senador democrata Ron Wyden acusou Trump e o secretário de Segurança Nacional, Chad Wolf, de armarem "seu próprio exército de ocupação para provocar violência nas ruas da minha cidade".

Uma viatura da polícia de Detroit, nos Estados Unidos, foi filmada acelerando com manifestantes em cima do capô e em frente ao veículo. Os policiais foram acusados de mais uma vez abusar da força e agredir manifestantes. 

O episódio foi filmado durante outro protesto antirracista nos Estados Unidos. No domingo (28), os participantes fizeram uma caminhada no sudoeste de Detroit.

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Houve um tumulto entre a polícia e os manifestantes. Imagens mostram pessoas ao redor do veículo. Instantes depois, a viatura acelera, mesmo com uma pessoa em cima do capô e pelo menos outra em frente ao automóvel. Ao menos dez pessoas precisaram de atendimento médico após o ocorrido.

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Um grupo de cerca de 15 manifestantes foram detidos no Centro do Rio neste domingo, região onde mais tarde será realizado o ato "Vidas Negras Importam", sob alegação de estarem portando álcool gel, segundo o organizador do movimento VIdas Negras Importam, Gabriel Murga.

"O grupo não faz parte do movimento, era uma manifestação independente, mas ficamos sabendo que foram detidos por portar álcool gel e já enviamos advogados para a delegacia", disse Murga ao Broadcast.

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Segundo Murga, os detidos foram levados à delegacia de Bonsucesso, na zona norte da cidade, por volta das 10h.

Na zona sul da cidade, na praia de Copacabana, um pequeno grupo de apoio ao presidente Jair Bolsonaro também faz manifestação, tendo à frente uma faixa onde está escrito "Marcha da Família pró-Bolsonaro com Deus - Intervenção popular com o Executivo". Com cerca de 50 pessoas, o grupo protesta por atos "infligidos pelo legislativo, judiciário, governadores e prefeitos".

Segundo a faixa, participam famílias cristãs, reservistas, patriotas anti comunistas, artistas de direita, alta cultura, motociclistas, médicos entre outros.

O Laboratório de Educação das Relações Étnico-Raciais (Laberer), que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fará um evento on-line para debater as manifestações que protestam contra o racismo. A live intitulada como “Re(ação) ao racismo no Brasil e nos EUA”, será realizada neste sábado (6), às 16h, no Instagram da Laberer(https://www.instagram.com/Labererufpe/).

As manifestações antirracistas, que acontecem no Brasil e nos Estados Unidos, ganharam força e destaque após as mortes de João Pedro, baleado em ação policial no Rio de Janeiro, e George Floyd, por asfixia em Minneapolis. Nesse contexto, o Laberer promove a live que pretende explicar as motivações que cada ‘re(ação)’ no contexto atual, de forma gratuita.

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A conversa será entre os professores Maria Conceição Reis, líder do Laberer, e Luciano Cruz, brasileiro com cidadania americana e professor da Universidade Estadual de San Diego, Califórnia, nos Estados Unidos, que irão debater sobre as semelhanças e as diferenças das reações da população negra brasileira e estadunidenses diante de casos.

 

Maitê Proença resolveu dar sua contribuição à campanha antirracista que vem sendo muito comentada nas redes sociais, nos últimos dias. Com a foto de uma criança negra, ela fez um desabafo sobre o racismo presente na sociedade brasileira e, mencionou também, dois jovens mortos recentementes João Pedro e Miguel. 

Com a foto de uma criança da África, Maitê diz: “A menina é africana. (Se fosse um mendigo feio ninguém se interessaria pelo o post.) Somos todos africanos, apenas nos esquecemos disso”. Ela também fala que é urgente agir contra o racismo. “O momento é de tapa na cara da branquitude, com sua amnésia e cegueira tão convenientes. Ou a gente acorda agora e dá um basta aos crimes que a sociedade branca pratica diariamente em giro automático, ou ferrou de vez”.

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Algumas pessoas, no entanto, não concordaram com a posição de Maitê e criticaram suas colocações. “Vamos falar menos e fazer mais, né?”, disse um internauta. “Fasiane”, disse outro. “Oportunismo nessas horas passa dos limites, só faltou dizer que sofre preconceito por ser branca de olho claro”.

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