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Arte para uns, erro para outros. As famosas tatuagens atravessaram séculos e acompanham gerações. Já serviram de ritual em tribos indígenas, como formas de identificação em campos nazistas, símbolo de força e de vida para os marinheiros, se “marginalizaram” através dos presidiários e, atualmente, viraram entre os jovens símbolos para a liberdade de expressão.
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Quando as tatuagens ainda vêm acompanhadas de piercings, o preconceito é bem maior. O problema mais questionado é que os desenhos podem ser “mal vistos” por certas profissões consideradas conservadoras, representando assim uma barreira para a admissão. Então, essa escolha é um grande dilema para quem quer colocar os desenhos na pele. É preciso saber analisar como esse ato pode interferir na vida profissional.
Apesar de o preconceito contra pessoas tatuadas ser menos evidente atualmente, ainda existe um receio em algumas pessoas na hora de se tatuar por conta do mercado de trabalho. Na hora do "vamos ver" sempre surge aquela pergunta: “Ser tatuado pode ser um problema na hora de buscar emprego?”. Na hora de uma seleção, é sempre importante saber o perfil da empresa, se o cargo é diretamente ligado ao atendimento ao consumidor e se você acredita ter o perfil para a vaga. Para a assessora de Recursos Humanos, Viviane Duque, as tatuagens não são motivos para a eliminação de um candidato em um processo seletivo. “ Não existe nenhum normativo, nenhuma norma de conduta e contratação que implique que a pessoa que for tatuada está fora da seleção”, afirma.
Em depoimento ao Portal LeiaJá, a assessora dá algumas dicas para os candidatos. Confira na entrevista em vídeo:
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As “aparências” não enganam
As tatuagens são presentes na vida do advogado Vinícius Santiago. Ele conta que pensou bastante no local que em que seria tatuado. “Nas primeiras tatuagens, minha preocupação era muito grande. Quando fiz a mais recente, na parte interna do braço, pensei como isso poderia repercutir na minha vida profissional. Embora a advocacia seja uma profissão extremamente tradicional, não há que se confundir a conduta do profissional com gosto e preferências da vida pessoal”, opina.
Para o advogado, as tatuagens não interferem na competência, no compromisso profissional e não podem estar vinculados apenas a imagem.“Acredito que as pessoas associam as tatuagens a uma vida desregrada. A representatividade dos desenhos e mensagens são pessoais, escolhidas para marcar eventos importantes. Em outros países, da América Latina mesmo, o uso de tatuagens é bem mais comum. É incrível como há resistência às diferenças. Afinal, considerar que uma pessoa riscada tenha um caráter duvidoso é, no mínimo, uma grosseria.”, complementa.
Cuidados necessários na hora de se tatuar
Para evitar traumas, infecções e estresses, devem ser tomados alguns cuidados antes de escolher o local onde será feita a tatuagem. A primeira dica é que sejam visitados alguns estúdios, para que você tenha noção de como é o espaço e conheça tatuador. Preste também muita atenção se o local está com condições de higiene validadas pela Vigilância Sanitária. Pontos como esterilização do material, uso de luvas e o descarte delas devem ser analisados. Os tatuadores não podem receitar nenhum tipo de remédio, apenas pomadas para cicatrização.
Vale ressaltar que após fazer a tatuagem existem vários e importantes cuidados que devem ser seguidos para que possam garantir a cicatrização e evitar qualquer tipo de infecção. Depois de terminada a sua tatuagem, ouça bem as recomendações do tatuador sobre quais são os cuidados a serem tomados. Use uma película sobre o desenho e aplique a pomada no local. É importante evitar a exposição solar durante pelo menos um mês para que queimaduras sejam evitadas. Durante o processo de cicatrização é normal que a tatuagem ganhe uma crosta e que dê comichão, mas, evite coçar, a retirada pode modificar os desenhos. Ao primeiro sinal de infecção ou reação alérgica, consulte de imediato um médico.
O que diz a legislação?
Não existe nenhuma lei no Brasil que proíba o preconceito sofrido por pessoas tatuadas. Mas, o Art.1º da Lei Nº 9.029, de 13 de Abril de 1995, proíbe a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso a relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade.
Mas em São Paulo, um projeto de Lei do deputado estadual Campos Machado, tornou crime a tatuagem feita em menores de idade, mesmo que eles tenham a autorização de seus responsáveis. O Art.1º da Lei 9.828/97 diz que estabelecimentos comerciais, profissionais liberais, ou qualquer pessoa que aplique tatuagens permanentes em outrem, ou a colocação de adornos, tais como brincos, argolas, alfinetes, que perfurem a pele ou ombro do corpo humano, ainda que a título não oneroso, ficam proibidos de realizarem tal procedimento em menores de idade, assim considerados nos termos da legislação em vigor.
Opinião do tatuador
Existem muitos profissionais bem treinados para tatuar e reproduzir com perfeição os desenhos e escrituras em corpos. O tatuador e grafiteiro Júnior M. EU relata que o número de pessoas que fazem tatuagens tem crescido, que os clientes já tem noção do que querem fazer. “Grande parte da clientela já vai decidida do que quer fazer e onde, mas venho percebendo que grande parte evita certos tamanhos e não mais lugares”, afirma o tatuador.
Júnior sempre aconselha seus clientes antes das sessões. “A pessoa tem que ser ela mesma e fazer o que lhe está confortável a fazer. Se ela não está segura de que quer ter uma tattoo no momento, então não é a hora certa. Às vezes o medo pode vir de casa, do trabalho ou igreja e quem tem uma tatuagem assume o risco e pra isso é preciso ter a mente decidida”, declara.