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O Cais José Estelita, um dos cartões postais do Recife, pode ser descrito como um ponto de efervescência cultural e cidadã neste domingo (1º). Desde as 9h, manifestantes do movimento #OcupeEstelita promovem atividades como oficinas, aulas e brincadeiras infantis. Unidos pela causa, os presentes protestam, cada um a sua maneira, contra a construção das 12 torres residenciais e comerciais previstas para serem erguidas no local. A cantora Karina Buhr, o baixista e cantor Canibal, o cantor Silvério Pessoa, a cirandeira Lia de Itamaracá e o projeto “Som na Rural”, comandam as apresentações desde as 18h. Os organizadores estimaram um público de mais de 5 mil pessoas.
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Rodas de música, manifestações artísticas, vendas de livro, famílias e, principalmente, jovens, são elementos de ocupação do Estelita. A advogada Nathália Brito, de 32 anos, compareceu ao local com a filha de 9 anos. Segundo ela, as atividades e apresentações que acontecem neste domingo exemplificam a maneira de como o Cais José Estelita deve ser utilizado. “Aqui não é lugar de torre e de parede. Este espaço é público e nos queremos visitar o Cais justamente para promover este momento tão bonito de comunidade”, complementa.
O cantor Silvério Pessoa, que também compareceu em família ao #OcupeEstelita, ressaltou a importância do movimento pacífico e cidadão. “Pernambuco é uma das cidades do Brasil que observam essa situação como um símbolo e um signo no qual os conceitos de desenvolvimento e urbanização precisam ser revistos. Este é um movimento pacífico, mas não passivo, onde todos procuram demonstrar essa angústia em busca de uma cidade menos elevada e mais plana”, ressalta o cantor.
Morando em São Paulo, a cantora Karina Buhr veio ao Recife para apoiar o movimento. “Temos que conseguir forças para seguir com o movimento até o fim. Isso que acontece agora já é uma mudança, todos aprendem muito todo dia com o Ocupe”, pontua.
O cantor e baixista Canibal, que também realiza apresentações neste domingo, ressaltou a importância de comparecer e contribuir com o projeto. “Tá todo mundo se divertindo e ocupando o Estelita da sua própria forma. Pernambuco é um estado conhecido pelas suas lutas sociais e cultura. Por isso, nada mais justo do que unir esses dois pontos tão singulares em uma causa”, afirma Canibal.
O projeto Som na Rural também anima os manifestantes. O produtor cultural Roger Renor, afirma que a Rural e o Ocupe Estelita é uma mistura que combina. “O Som na Rural é um difusor deste movimento, funciona como um megafone dessa história. Queremos que esse projeto seja discutido pela primeira vez com a população”, complementa.
Sergio Urt, um dos principais representantes dos ativistas, comparou o início do Ocupe com o que acontece neste domingo. “Na quarta-feira da semana passada éramos cinco pessoas. Hoje, somos cinco mil. Estamos tomando conta da cidade e não vamos desistir dessa causa”, finaliza.
Sobre os eventos que acontecem neste domingo, a assessoria do Projeto Novo Recife enviou um posicionamento sobre as atividades. Confira na íntegra:
"O Projeto Novo Recife integra um novo eixo de desenvolvimento econômico e social para a cidade, que começa na bacia do Pina e vai até o centro histórico da cidade no Porto Digital. Olhando com a perspectiva de futuro, o empreendimento vai gerar novos espaços urbanos para a cidade, como a construção de um parque de 90 000 metros quadrados, o equivalente a área de 22 campos de futebol. Também serão criados empregos diretos e indiretos durante um período de mais de três anos e após a sua conclusão. Além disso, o Novo recife vai permitir aos moradores e turistas que chegam à cidade ter melhor acesso a área histórica, em especial o Forte das Cinco Pontas e a Igreja da Matriz de São José, que será restaurada e reaberta à população.
As empresas que estão à frente do empreendimento sempre se mostraram receptivas a qualquer observação sobre o projeto. Argumentos sóbrios e estruturados nunca deixaram de ser considerados. Foi o que aconteceu quando a atual gestão do prefeito Geraldo Julio solicitou mudanças para beneficiar ainda mais os moradores da cidade. Dessa forma, o Novo Recife ampliou as ações mitigadoras, como a implantação do parque , ciclovia, pista de cooper, quadras poliesportivas, biblioteca pública e preservação e restauração de 28 galpões da antiga Rede Ferroviária.
Em parte deles será construído um Centro Cultural. Além disso, o Novo Recife vai possibilitar a integração do Forte das Cinco Pontas ao parque, pois será derrubado o viaduto das Cinco Pontas. Em seu lugar será construído um túnel. Todos esses custos serão bancados pela iniciativa privada, sem nenhum ônus para o poder público.
Como já foi ressaltado, o Novo Recife está aberto ao diálogo, mas não pode permitir que sejam feitos ataques de natureza pessoal contra seus executivos e qualquer pessoa na cidade que declare seu apoio ao projeto. Além disso, os críticos do projeto precisam entender a existência de uma ordem jurídica e legal que deve ser respeitada. A Justiça de Pernambuco já se posicionou favorável à reintegração de posse, as autoridades entendem que o momento é de diálogo, o Novo Recife esta aberto a qualquer conversa madura sobre este tema."