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“Tire os sapatos! Aqui só entra descalço, pois o solo é sagrado”, avisa a placa em frente ao terreiro. O som forte do tambor, os cânticos entoados e o cheiro de ervas convidam a entrar. O bairro é Vasco da Gama, Recife. Na parte interna da casa, velas de diversas cores, pratos de comida espalhados pelo chão e imagens de orixás e caboclos, completam o cenário. Gritos e gemidos saem de uma sala, algumas pessoas que estão no espaço começam a se debater, e a falar uma linguagem desconhecida. A cena descrita faz parte de uma cerimônia de umbanda, chamada gira, na qual as pessoas rezam, cantam, dançam e incorporam várias entidades.

Este mesmo ritual ocorre em todo o País desde a constituição da crença, datado de 15 de novembro de 1908. Há dois anos, a data foi oficializada como o Dia Nacional da Umbanda.  Porém, devido ao preconceito e o desconhecimento que o culto ainda carrega pouco se tem a comemorar. “Para muita gente a umbanda é sinônimo do mal, de ‘macumba’, despacho”, diz o engenheiro e funcionário público, Jairo Jogaib.

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Carioca, Jairo teve o primeiro contato com a religião há 14 anos, no Recife. “Eu era católico, assim como meus pais. Fui parar na umbanda por acaso. Minha esposa foi chamada por uma amiga para fazer uma consulta e fui acompanhar. Assim que cheguei senti uma coisa diferente e quando começaram a tocar os atabaques entrei em alfa. Depois disso não parei mais de ir”, relata.

Hoje, médium, o engenheiro ajuda a mãe de santo nos trabalhos realizados em um centro umbandista, localizado no Ipsep, zona sul da capital. “Na nossa casa tem a desobsessão, fluído terapia, um tratamento de saúde que é uma aplicação de luzes através da mente. Realizamos vários outros trabalhos sem cobrar nada por isso. É caridade pura, buscamos fazer apenas o bem”.

Discriminação, desconhecimento e medo

Sobre o preconceito, Jairo diz que costuma levar na brincadeira. “As pessoas ficam chocadas quando falo qual é minha religião. Trabalho no Tribunal Regional Federal e faço questão de dizer que sou umbandista. Nas quartas, aviso que vou para o centro. Quando vejo que alguém acha estranho, na mesma hora brinco que vou fazer uma macumba e que se no outro dia a pessoa for parar no hospital a culpa foi minha”, diz aos risos.

O funcionário público faz questão de completar a frase explicando o que é macumba. “É uma árvore africana enorme e por isso tem muita sombra. Era embaixo dela onde as pessoas cultivavam seus deuses. E era da madeira dessa espécie de onde saíam os tambores utilizados em cerimônias religiosas. Foi daí que veio o nome macumbeiro, e não tem nada de ruim nisso”, detalha.

Não é como a mesma naturalidade que a enfermeira Júlia Lins encara a intolerância religiosa. “Sou filha de santo, faço consultas, mas não é para todo mundo que revelo. Já fui vítima de muito preconceito”, desabafa. 

Júlia não entra na taxa dos 0,3 % da população brasileira que se declara seguidor da religião. “Prefiro falar que sou espírita, pois os próprios praticantes não conhecem a filosofia da crença, misturam com o candomblé (religião afro-brasileiras), a jurema (doutrina de matriz indígena). Nós não usamos sangue, não fazemos sacrifícios de animais. A nossa filosofia prevê a humildade e a caridade, mas boa parte dos centros, mais conhecidos como terreiros, cobram pelo trabalho. Essa não faz parte da minha crença”, argumenta.

Foto: Úrsula FreireA enfermeira completa falando sobre o medo que as pessoas têm da religião. “Existe, sim, o despacho com intuito de fazer mal as outras pessoas. E as negatividades. Mas não ocorre em todos os centros (terreiros) e só funciona para quem não é do bem. Todo mal que é feito para pessoas de coração bom, acaba voltando para quem fez”.

Outro ponto citado pela umbandista é a incorporação. “A maioria da sociedade pensa que ao entrar em um terreiro, vai ‘baixar um santo’ e perder a consciência. Não funciona assim. Não é qualquer pessoa que pode incorporar. Existe uma preparação para isso, e leva um tempo”, completa.

“As pessoas deveriam visitar um centro umbandista para conhecer. Não precisa seguir a religião, é só para não ficar tirando conclusões cheias de preconceito”, finaliza a filha de santo. 

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Homenageando Eduardo Campos, cerca de 500 pessoas se reuniram na tarde desta terça-feira (4), na Praça do Marco Zero, para dar início a 8º Caminhada dos Terreiros de Pernambuco. Neste ano, a campanha traz o tema "Intolerância religiosa é crime. Denuncie". A organização do evento espera um público de 30 mil pessoas até o final da passeata, que será encerrada na Igreja do Carmo. 

Um dos motivos da caminhada é acabar com o preconceito que a religião ainda sofre. "Temos observado em todo o Estado que muitos terreiros ainda têm sido invadidos por pessoas que não aceitam nosso modo de vida. Queremos, de uma vez por todas, que isso acabe. Temos em mente que não é fácil exigir respeito, mas pedimos que as pessoas deixem o preconceito de lado", disse o organizador da festa, Pai Cleiton Gouveia. 

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A passeata teve início da Praça do Marco Zero e passou pelo Palácio do Campo das Princesas, Rua do Sol, Avenida Guararapes e Avenida Dantas Barreto. Todo trajeto foi regado de música aos orixás. A programação está prevista para ser finalizada às 21h, em frente à Igreja do Carmo, onde haverá mais música aos deuses. 

O secretário de Cultura do Estado, Marcelo Canuto, foi um dos presentes no evento. “Esta caminhada é, acima de tudo, um ato de liberdade. Estamos aqui para exigir respeito por uma religião que ensinou e ensina muito ao Brasil, através da cultura e dança”, ressaltou.

Quem quiser denúnciar casos de violência contra a religião pode entrar em contato com a Polícia Militar por meio dos telefones (81) 3181-1293 ou (81) 9488-3437.

 

Na última segunda (29) foi aberta - na Galeria da Biblioteca Central da Universidade Federal de Pernambuco  - a exposição Pierre Verger e os Cultos Afro-Brasileiros no Recife, em Homenagem ao Centenário do médico, professor e antropólogo René Ribeiro. A mostra fica em cartaz até o dia 14 de dezembro deste ano, com visitação de segunda a sexta-feira, das 08h às 21h.

As fotografias expostas são resultado das frequentes visitas de Verger a vários terreiros recifenses no ano de 1946. Levado pelo amigo René Ribeiro, em verdadeiras incursões etnográficas, o fotógrafo e etnólogo francês realizou um ensaio tido como pioneiro por retratar o transe no campo ritual afro-brasileiro. As fotos já haviam sido publicadas na primeira edição do livro de René, intitulado Cultos Afro-brasileiros do Recife, em 1952.

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Pierre Verger pesquisou e documentou largamente os cultos de matriz africana em Pernambuco e (com maior ênfase) na Bahia nas décadas de 40 até 80. Ele chegou a fixar moradia na cidade de Salvador onde tornou-se devoto do candomblé. Entre vivências em terreiros bahianos e viagens à África, o fotógrafo acumulou vários títulos religiosos e acabou tornando-se babalawo (um adivinho do jogo do Ifá, espécie de oráculo do candomblé) e foi rebatizado sob o nome de Fatumbi (nascido de novo graças a Ifá). Na casa onde morou, na capital bahiana, funciona hoje a Fundação Pierre Verger que trabalha para preservar, organizar, pesquisar e divulgar sua obra. 

 

 

Na noite dessa quinta-feira (26), o segundo andar do barracão de candomblé de mãe Conceição D'Lissá, de 53 anos, foi incendiado no bairro Jardim Vale do Sol, em Duque de Caxias, na baixada fluminense. Nos últimos seis anos, esse já é o sexto atentado contra a casa e sua dona, que também foi vítima de uma tentativa de homicídio. Sem apontar suspeitos, ela afirma que os atentados têm cunho religioso já que sua vida "é pautada na questão religiosa".

De acordo com a mãe de santo, os invasores cortaram o arame farpado em cima do muro para entrar na casa que funciona apenas para as sessões religiosas. Sem conseguir entrar no primeiro andar, onde ficam a cozinha, os quartos e o salão dedicado aos santos, eles quebraram a corrente e o cadeado e entraram no segundo andar, lugar onde são guardadas as roupas de santo e outros itens usados nas sessões. Os invasores atearam fogo no nível superior, que estava em obras para ampliação do espaço e ficou completamente destruído. O telhado veio abaixo.

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"Não sobrou nada, foi uma perda inestimável. Estou me sentindo como se fosse uma mulher estuprada, me pergunto o que fiz de errado para isso acontecer. Estou vivendo aquela situação em que a vítima começa a achar que foi a causadora (do ataque). É uma sensação muito ruim". O incêndio será registrado nesta sexta-feira, 27, na 62ª Delegacia de Polícia (Imbariê, em Duque de Caxias) como intolerância religiosa, assim como os outros casos, exceto a tentativa de homicídio que ela afirma ter tentado acrescentar a motivação religiosa no boletim, mas não foi possível. Nenhum suspeito foi identificado até hoje. A reportagem do Estado entrou em contato com a assessoria da Polícia Civil, mas ainda não obteve resposta. Em protesto contra a não resolução dos casos, a mãe de santo e o sacerdote Luis Eduardo Negrogun iniciaram uma greve de fome para que "o Estado intervenha nas investigações sobre a série de ataques" ao barracão.

"Queremos que o Estado se manifeste de maneira efetiva contra a intolerância religiosa e o racismo porque quando o caso acontece em um estádio de futebol todo mundo vê, mas quando é na nossa casa ninguém olha. É inadmissível que em um estado laico a gente ainda passe por essas privações", disse mãe Conceição, que foi candidata a deputada federal pelo PC do B, em 2010.

O barracão funciona há 13 anos no Jardim Vale do Sol. Há sete, ela e a família se mudaram para o bairro e, desde então, começaram as ameaças à mãe de santo. Há um mês, o carro de Leonardo Duran, filho de santo de Conceição, foi incendiado na porta do barracão. Na tentativa de homicídio, também atiraram na casa e no barracão, que fica na mesma rua.

Conceição diz que têm recebido ligações no barracão em que a pessoa permanece muda do outro lado da linha. "Tenho a impressão de que é para saber se tem gente na casa". Ela diz que, pela primeira vez, pensa em pedir proteção policial. "Acho que o Estado está esperando que eu seja assassinada para tomar uma postura. Esperamos que eles nos vejam, nos ouçam e façam uma coisa". De acordo com a Defesa Civil, as paredes do segundo andar da casa terão que ser reforçadas caso o espaço seja reconstruído.

O juiz federal Eugênio Rosa de Araujo, autor da polêmica decisão segundo a qual candomblé e umbanda "não se constituem em religiões", voltou atrás. Ele manteve a decisão liminar em que autorizou a permanência no YouTube dos vídeos da Igreja Universal, considerados ofensivos pelo Ministério Público, mas mudou a argumentação de que os cultos afro-brasileiros não são religiões.

No novo texto, Araujo explica que a decisão de manter os vídeos teve como fundamento a defesa da liberdade de expressão. Ele lembra que reconheceu na liminar "que tais vídeos são de mau gosto, como ficou expressamente assentado na decisão recorrida, porém refletem exercício regular da referida liberdade".

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"Destaco que o forte apoio dado pela mídia e pela sociedade civil demonstra, por si só, e de forma inquestionável, a crença no culto de tais religiões, daí porque faço a devida adequação argumentativa para registrar a percepção deste Juízo de se tratarem os cultos afro-brasileiros de religiões, eis que suas liturgias, deidade e texto-base são elementos que podem se cristalizar, de forma nem sempre homogênea", escreveu.

Ele ressaltou ainda que "inexiste perigo de perecimento das crenças religiosas afro-brasileiras", já que a liminar dizia "respeito à liberdade de expressão e não à liberdade de religião ou de culto".

O MPF pediu a retirada dos vídeos postados no YouTube por entender que afrontavam as religiões afro-brasileiras. Ao analisar o caso, o juiz Araujo escreveu que "as manifestações religiosas afro-brasileiras não se constituem em religiões". Referindo-se à umbanda e ao candomblé, o magistrado afirmou ainda que "não contêm os traços necessários de uma religião" por não terem um texto-base (como a Bíblia ou o Corão), uma estrutura hierárquica nem "um Deus a ser venerado".

A decisão causou revolta em praticantes das religiões afro-brasileiras. Está marcado para esta quarta-feira um ato em solidariedade às religiões de matriz africanas na Associação Brasileira de Imprensa. O MPF recorreu da decisão de Araujo.

O juiz federal Eugenio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal do Rio, afirmou em uma sentença que "as manifestações religiosas afro-brasileiras não se constituem em religiões". Referindo-se à umbanda e ao candomblé, o magistrado afirmou que elas "não contêm os traços necessários de uma religião" por não terem um texto-base (como a Bíblia ou o Corão), uma estrutura hierárquica nem "um Deus a ser venerado".

Nessa decisão, emitida em 24 de abril, o juiz negou um pedido do Ministério Público Federal (MPF) para que obrigasse o Google a retirar 15 vídeos ofensivos à umbanda e ao candomblé postados no site YouTube. O episódio começou no início do ano, quando a Associação Nacional de Mídia Afro levou ao conhecimento do MPF, por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, um conjunto de vídeos veiculados na internet por meio do site YouTube.

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Segundo essas gravações, as religiões de origem africana estão ligadas ao "mal" e ao "demônio". Um dos vídeos afirma que "não se pode falar em bruxaria e magia negra sem falar em africano" e outro associa o uso de drogas, a prática de crimes e a existência de doenças como a Aids a essas religiões. Embora as opiniões sejam atribuídas a grupos evangélicos, não foi possível identificar quem publicou ou divulgou essas gravações na internet.

Para o Ministério Público Federal, esses vídeos disseminam o preconceito, a intolerância e a discriminação a religiões de origem africana. Por isso, o órgão enviou recomendação ao Google no Brasil para que retirasse as gravações da internet.

Mas a empresa se negou a atender o pedido, afirmando que o material divulgado "nada mais é do que a manifestação da liberdade religiosa do povo brasileiro" e que os vídeos discutidos não violam as regras da empresa. Diante da postura do Google, o MPF foi à Justiça para pedir a retirada dos vídeos. Mas o juiz não atendeu o pedido. "Os vídeos contidos no Google são manifestações de livre expressão de opinião", afirmou Araújo.

O procurador da República Jaime Mitropoulos já recorreu da decisão ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região. "O ordenamento jurídico brasileiro estabelece que as relações sociais devem primar pela solidariedade, liberdade de crença e de religião, pelo respeito mútuo, pela consagração da pluralidade e da diversidade. A liberdade de expressar crença religiosa ou convicção não serve de escudo para acobertar violações aos direitos humanos, atacando ou ofendendo pessoa ou grupo de pessoas", afirma o procurador.

"Realmente não há uma hierarquia nem um código canônico que oriente as religiões de origem africana, mas isso não faz com que elas não sejam religiões. Além de serem religiões, o candomblé e a umbanda são filosofias de vida e manifestações culturais enraizadas no Brasil", afirmou Manoel Alves de Souza, presidente da Federação Brasileira de Umbanda.

Márcio Righetti, presidente da Associação Nacional de Mídia Afro, entidade que denunciou os vídeos ao MPF, classificou como "infeliz" a decisão do juiz. "Essa intolerância tomou uma proporção absurda. A gente não pode conviver com isso com naturalidade. Hoje são (atacadas) as religiões africanas, amanhã podem ser os judeus, os católicos, os evangélicos", afirmou ao canal de TV Globonews.

Entre 25 e 27 de maio, o Recife recebe a 3ª Mostra de Culinária de Terreiro, que traz as principais comidas de matriz afro-brasileira que são usadas nos cultos de candomblé. Cores e temperos se misturam para compor 29 pratos, com a riqueza de uma culinária que é desconhecida, e até temida, por algumas pessoas. No evento, babalorixás e yalorixás mostram como a tradição da cozinha afro-brasileira influencia a mesa dos brasileiros e principalmente dos pernambucanos. Os 13 terreiros que  participam da mostra foram escolhidos pelo Centro de Cultura Afro – Pai Adão, liderado pelo Babalorixá Manuel Papai, do Terreiro Obá Ogunté.

Os pratos exprimem todo sentido místico presente nos ritos. As comidas são pensadas como oferendas aos orixás, mas na ocasião, são degustadas pelo público. Entre os pratos, o Omolucum (feito com fava, camarão e ovos e oferecida a Nanã), Ipeté (com inhame, camarão e dendê, oferecido a Oxum), a Canja de Oxalá e outras delícias, como a calda de goiaba de Oxum, devem conquistar o público que conferir a mostra.

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Uma das novidades desta edição é o Latapá, preparado com milho verde, camarão, amendoim em pó, castanha em pó, gengibre ralado, azeite de dendê, cebola e cebolinho. Outro diferencial no cardápio deste ano é o pato para Yemanjá. No sábado e no domingo a mostra ainda conta com a oficina “Aprendendo com quem sabe”, em que os conhecedores da culinária ensinam o modo tradicional de fazer a “comida de santo”. As inscrições são feitas no local, com vagas limitadas.

O objetivo do evento é desmistificar a culinária desenvolvida nos terreiros de candomblé e preservar a tradição e liberdade de crenças. Para os rituais do candomblé, a comida é algo sagrado, que está presente em todos os rituais da religião e as cozinheiras carregam um conhecimento ancestral.  A mostra é fruto de uma parceria entre a Produtora Aurora e Centro de Cultura Afro Pai Adão, com incentivo do Funcultura.

Serviço
3ª Mostra de Culinária de Terreiro
Sexta (25) abertura às 19h, com um Xiré (ato religioso com cânticos sagrados em línguas africanas)
Sábado (26) e domingo (27), 16h às 21h
Museu da Abolição, (Rua Benfica, 1150 Madalena)
Gratuito

Um milhão de baianos e turistas cumpriram um ritual de 258 anos, a Lavagem do Bonfim, para agradecer e fazer pedidos ao Senhor do Bonfim - sincretizado, no candomblé, com Oxalá -, na manhã de hoje, segunda quinta-feira do ano, em Salvador. A celebração começou na frente da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio, às 8 horas, com um cerimônia interreligiosa ecumênico na qual representantes de várias religiões reuniram-se para pedir paz.

O cortejo até a Basílica de Senhor do Bonfim teve início em seguida, por volta das 9 horas. Liderados por um grupo de cerca de 300 baianas tipicamente trajadas e portando potes de água de cheiro para a lavagem das escadarias da igreja, autoridades políticas, grupos artísticos, afoxés, blocos afro, representantes sindicais e indígenas e muitas famílias percorreram, sob sol forte, os oito quilômetros que separam as duas igrejas.

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Integrantes da escola de samba carioca Portela, que este ano homenageia a Bahia em seu desfile no carnaval, também participaram do evento. Levados pelos tambores do Olodum, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Jéferson Souza e Jeane Martine, e duas passistas deram um toque diferente ao cortejo.

Era por volta das 11h30 quando as baianas chegaram ao topo da Colina Sagrada, onde fica a basílica, e deram início à lavagem das escadarias. Ali, milhares de fiéis aproveitaram para amarrar as famosas fitinhas no gradil que cerca a igreja, renovando a fé no Senhor do Bonfim.

"No ano passado, pedi pela recuperação da minha filha, que nasceu com um problema cardíaco e corria risco de morrer", conta a comerciante Maria Lydia Pessoa, de 33 anos, que levou a pequena Maria Clara, de 2, para o cortejo. "Vim agradecer a recuperação dela e pedir mais proteção."

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