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A investigação sobre a máfia das Organizações Sociais da Saúde encontrou anotações sobre supostos pagamentos ao advogado Devair José da Silva Junior, o Raposão, funcionário da prefeitura de Barueri, na Grande São Paulo. Em papéis apreendidos com integrantes da organização criminosa que teria desviado cerca de R$ 500 milhões da saúde foram achadas descrições de pagamentos de R$ 70 mil, R$ 50 mil e R$ 15 mil ao lado do nome Raposão.

Na época dos fatos, em 2019, Raposão trabalhava com o então secretário de Governo da cidade, Geraldo Vinholi, um ex-deputado estadual do PSDB, o que despertou a atenção dos investigadores da Operação Raio X. Vinholi foi flagrado mantendo contato com um suspeito de pertencer à organização criminosa liderada pelo médico Cleudson Garcia Montali. Vinholi pede ao alvo que entre em contato com o "advogado". Em outro telefonema, a secretária de Vinholi conversa com Cleudson. Ela diz que está ligando a pedido de Vinholi. Cleudson pergunta se ela tem WhatsApp e afirma que vai telefonar por meio do aplicativo.

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O grupo de Cleudson pretendia obter a ajuda de Vinholi para desqualificar um concorrente e obter a administração do Hospital Estadual Professor Carlos da Silva Lacaz, em Francisco Morato, na Grande São Paulo. Durante as interceptações telefônicas da Operação Raio X, Cleudson foi flagrado dezenas de outras vezes mantendo contatos com três deputados estaduais, dois deputados federais, prefeitos, vereadores e com o médico Cláudio Luís França Gomes, irmão do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB).

Os promotores apuram a suposta ligação do ex-governador com a organização liderada por Cleudson, condenado a penas que, somadas, chegam a 200 anos de prisão. Em outra frente da investigação, ela forneceu indícios para a busca feita no gabinete do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), em razão de fraudes nos hospitais durante o combate à covid-19. Ao todo, o grupo criminoso manteria contratos fraudulentos com 27 municípios em quatro Estados - São Paulo, Pará, Paraíba e Paraná.

O Estadão procurou Geraldo Vinholi. Ele confirmou que trabalhava com Raposão, mas negou ter prestado qualquer auxílio à organização criminosa. Disse que nenhuma das entidades relacionadas ao grupo do médico Cleudson venceu o chamamento público para administrar o hospital estadual. Também afirmou desconhecer o teor das conversas mantidas por Raposão com suspeitos de integrar a quadrilha.

Inquérito

As citações a Raposão e a Vinholi fazem parte do evento 242 da investigação feita pela polícia, que resultou na Operação Raio X. Após a operação ter sido deflagrada, a apuração envolvendo Barueri - cidade administrada pelo PSDB - foi repassada à Delegacia Seccional de Carapicuíba, na Grande São Paulo. O Estadão apurou com a Polícia Civil e com o Ministério Público Estadual que o caso de Barueri é alvo de inquérito.

Em uma das ligações interceptadas pela Delegacia Seccional de Araçatuba, onde toda a operação se originou, Devair José da Silva Junior teria recebido uma mensagem na qual o grupo combinaria o pagamento de "350/mês" para a "primeira assinatura". A polícia quer verificar se a movimentação bancária de Raposão registra os supostos pagamentos identificados pela organização criminosa. A reportagem procurou Silva Junior na prefeitura de Barueri, mas não conseguiu localizá-lo.

Aliado do governador João Doria (PSDB), o deputado estadual tucano Carlão Pignatari foi eleito presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) com 65 dos 94 votos. Ele derrotou os candidatos Sergio Victor (Novo), que teve 5 votos, Major Mecca (PSL), que obteve 16 apoios, e Carlos Gianazzi (PSOL), que recebeu 4 votos.

Antes líder do governo na Alesp, Pignatari era o favorito da disputa e sua eleição mantém o alinhamento da Casa com o Palácio dos Bandeirantes - essencial para o momento enfrentado por Doria, alvo de críticas pela adoção de medidas impopulares para conter o novo coronavírus. Os candidatos da oposição pregavam a necessidade de a Assembleia adotar uma postura mais independente do governo do Estado.

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O deputado tucano responde a ao menos quatro processos na Justiça por improbidade administrativa e, em dois deles, já foi condenado à perda do mandato e dos direitos políticos. Ele recorreu das sentenças e, num processo em que o desfecho estava prestes a retirá-lo do cargo, negociou um acordo com o Ministério Público de São Paulo.

A negociação em torno da eleição de Pignatari contou apoio do PT e do DEM, que ficarão com a primeira e a segunda secretarias, respectivamente. Luiz Fernando (PT) foi eleito o primeiro secretário com 60 votos contra 24 para Coronel Telhada (PP). Rogério Nogueira (DEM) deve ser eleito segundo secretário. Só os três primeiros cargos da Mesa Diretora - presidência, primeira secretaria e segunda secretaria - são responsáveis pela nomeação direta de mais de 150 vagas. Considerando toda a estrutura abaixo da Mesa, o número chega a 536.

Do lado de fora do Palácio 9 de Julho, manifestantes bolsonaristas protestavam contra Doria e a favor da intervenção militar. Diversos dos manifestantes não usavam máscaras ou adotaram medidas de distanciamento.

Considerado favorito entre os colegas para assumir a presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo, em março, o deputado estadual Carlão Pignatari (PSDB) responde a pelo menos quatro processos na Justiça por improbidade administrativa e, em dois deles, já foi condenado à perda do mandato e dos direitos políticos. Ele recorreu das sentenças e, num processo em que o desfecho estava prestes a retirá-lo do cargo, negociou um acordo com o Ministério Público de São Paulo.

O caso teve início quando Pignatari era prefeito de Votuporanga (2000-2008), e sua gestão deixou de cumprir uma ordem judicial que o obrigava a comprar remédio para um morador da cidade. O medicamento não foi adquirido e, três meses depois, a pessoa morreu. Seus netos pediram indenização por danos morais, e a Justiça condenou o município a pagar R$ 50 mil à família.

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A Promotoria de Justiça de Votuporanga entrou com uma ação contra Pignatari por improbidade, na qual alega que houve dano ao erário e que ele teve responsabilidade no caso. Já deputado, ele foi absolvido em primeira instância pelo juiz Sergio Martins Barbatto Júnior, da 5ª Vara de Votuporanga, por falta de provas.

No ano seguinte, um acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo condenou Pignatari a pagar a indenização com juros, além de determinar a perda do cargo público e dos direitos políticos por cinco anos. Os promotores alegaram que não produziram provas porque consideravam que a responsabilidade do então prefeito já estava comprovada, tese acatada pelo TJ.

Em agosto do ano passado, os advogados do deputado fecharam um acordo com a Promotoria de Votuporanga: ele aceitou pagar a indenização e as custas processuais e evitou a cassação de seus direitos políticos. Pignatari foi a primeira pessoa em São Paulo a fechar um acordo de não persecução civil aprovado pelo Conselho Superior do MP-SP. Esse tipo de acordo foi criado com o pacote anticrime, em 2019.

Outra condenação de Pignatari ocorreu em 2015, no caso que ficou conhecido como escândalo dos sanguessugas, envolvendo irregularidades na compra de ambulâncias. Ele foi denunciado na Justiça Federal por ter assinado dois convênios entre Votuporanga e a União, nos quais o Ministério Público Federal apontou direcionamento de licitações para beneficiar firmas de um grupo empresarial.

A sentença também prevê a perda de mandato, mas o caso tramita há mais de quatro anos em segunda instância, e o Ministério Público Federal pede que a Justiça mantenha a condenação e uma multa de R$ 259,2 mil.

O deputado ainda responde a dois processos por improbidade relacionados à Operação Fratelli, deflagrada em 2013 pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado do MP-SP. Ele é acusado de participar de supostas fraudes em licitações praticadas por empresas no caso que ficou conhecido como "Máfia do Asfalto".

Supremo

O MP diz que a prefeitura de Votuporanga, em conluio com empresas, teria simulado concorrências para direcionar o resultado. As ações ficaram suspensas durante anos, até que o Supremo Tribunal Federal julgou procedente um Habeas Corpus derrubando provas derivadas de interceptações telefônicas. Uma das ações aguarda a sentença do juiz, e a outra ainda não foi aceita pela Justiça.

Em 2020, Pignatari foi investigado em outro inquérito do MP, após o Estadão revelar que uma lei de sua autoria beneficiava uma empresa da qual é sócio. Tal lei praticamente impediu o governo paulista de vender um produto hospitalar para entidades filantrópicas, excluindo o principal concorrente da companhia na qual o deputado tinha participação. Esse inquérito foi arquivado após a promotoria considerar que não havia provas de que Pignatari teria se beneficiado.

Procurado pela reportagem, Pignatari informou, por meio de nota, que não foi intimado pessoalmente sobre a compra do remédio em Votuporanga, "daí a absolvição" em primeira instância. Com o acordo, "mesmo sem admitir culpa ou dolo na omissão", ele ressarciu os danos que o município "possa ter sofrido, visando a extinção da ação". Em relação ao caso das ambulâncias, o deputado alegou que ele próprio registrou boletim de ocorrência "contra atos dos representantes" das empresas envolvidas. "Fosse conivente com toda a situação que rendeu equivocada condenação, teria agido dessa forma?", afirmou em nota. Sobre os dois outros processos, Pignatari disse esperar que sejam julgados improcedentes, já que não houve irregularidades nas licitações.

Líder do governo Doria, o parlamentar tem evitado falar sobre a eleição da Mesa Diretora, mas seu nome é citado como o mais forte entre os 94 deputados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do PSOL na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputado Carlos Giannazi, disse que vai protocolar, nesta terça-feira (3), um projeto para revogar a lei de autoria do deputado Carlão Pignatari (PSDB) que beneficiou empresa da qual é acionista, e ainda sugeriu que ele se afaste da liderança do governo no Legislativo paulista. Pignatari recebeu a blindagem do PSDB paulista, e o governador João Doria decidiu pela sua permanência como líder.

O jornal O Estado de S. Paulo mostrou, nessa segunda-feira (2), que, por meio de uma mudança na Política Estadual de Medicamentos, uma lei de autoria do tucano praticamente impediu as vendas de um produto hospitalar pelo Instituto de Radiologia (InRad), do Hospital das Clínicas, a hospitais filantrópicos particulares. O InRad havia se tornado o principal concorrente da Indústria Farmacêutica de Radiofármacos (IBF), empresa na qual Pignatari tem R$ 625,6 mil em ações.

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"Vou protocolar esse projeto para revogar a lei e pedir um apoio a todos os deputados, em caráter de extrema urgência", disse Giannazi. "Ninguém sabia que ele tinha interesse direto nessa questão."

Deputados do PT disseram que devem apoiar a proposta. Giannazi, que faz oposição ao governo na Alesp, classificou o caso como "gravíssimo" e que "arranha a imagem da Alesp".

Cautela

Lideranças do PSDB paulista defenderam a permanência de Pignatari. "Confio na seriedade e na conduta dele. Tenho certeza de que o deputado vai dar todos os esclarecimentos", disse ao Estado o presidente do diretório paulista da sigla, Marco Vinholi.

A líder do PSDB na Assembleia, Carla Morando, classificou como "frágeis" as denúncias contra Pignatari e defendeu a permanência dele como líder de governo.

Ontem à noite, o líder do governo reuniu deputados e disse que a lei não tinha o intuito de favorecer a IBF. A Secretaria de Saúde afirmou ao Estado que a lei não teve nenhum outro efeito à rede pública a não ser os prejuízos ao InRad - cerca de R$ 700 mil ao mês em receitas.

Outros parlamentares preferiram cautela. "Quero ler a lei com calma e ouvir as explicações do deputado", disse a deputada Janaína Paschoal (PSL), que costuma apoiar Doria. "Eu pedi a ele que se manifestasse, amanhã (hoje), publicamente, para explicar os detalhes dessa situação e ele disse que falará."

A lei proposta por Pignatari restringiu a venda de medicamentos pelo governo para entidades filantrópicas apenas para uso exclusivo em pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na prática, os hospitais não conseguem separar os produtos só para pacientes do SUS, o que causou o rompimento do contrato do HC com hospitais para o fornecimento do produto FDG (18 F), usado em tomografias.

Procurado nesta segunda, Pignatari não respondeu à reportagem sobre a proposta de revogação da legislação, como foi proposto por Giannazi. Sobre a lei de sua autoria, Pignatari disse que "a lei em questão não proíbe o Instituto de Radiologia de vender 18F-FDG aos hospitais filantrópicos de SP, como o Einstein, Sírio-Libanês e HCor; sequer trata dos negócios do InRad (do HC)". Ele não comentou o fato de ser acionista da IBF. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma lei de autoria do líder do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputado Carlão Pignatari (PSDB), beneficiou uma empresa da qual ele é acionista e prejudicou um laboratório público estadual que integra o Hospital das Clínicas (HC). Com uma mudança na Política Estadual de Medicamentos, a lei praticamente impediu o governo de vender um sofisticado produto hospitalar para entidades filantrópicas, e assim eliminou o principal concorrente da companhia da qual o deputado é investidor.

De acordo com sua declaração de renda, Carlão tem R$ 625,6 mil em ações da Indústria Brasileira de Farmoquímicos (IBF), com sede em São José do Rio Preto (SP). Em 2011, ele chegou a presidir uma assembleia geral de constituição da empresa, com presença de todos os acionistas fundadores.

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A IBF é um dos três laboratórios paulistas com registro na Anvisa para fabricar o produto FDG (18 F), essencial para o exame PET-CT - tomografia usada no diagnóstico de câncer. Hoje, no entanto, o mercado desse insumo no Estado é disputado apenas pela IBF e pela Cyclobras, de Campinas. A mudança na legislação barrou as vendas do FDG pelo Instituto de Radiologia (InRad) do HC, ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Com produção própria, o instituto comercializava sobras que não eram usadas internamente no hospital. A receita das vendas bancava a produção e uma série de pesquisas científicas em medicina nuclear.

"Para fazer uma ou 100 doses, é o mesmo custo", diz o diretor executivo do InRad, Marco Bego. "Não tinha nenhum custo para a rede pública, nem para o HC. Era uma das poucas áreas do HC que só dependiam da sua operação." O InRad vendia o insumo para 12 hospitais filantrópicos da capital - entre eles o Albert Einstein, o Sírio-Libanês e o Oswaldo Cruz. A venda para entidades particulares era feita por meio da Fundação para o Remédio Popular (Furp), ligada à Secretaria Estadual de Saúde.

A lei proposta por Carlão restringiu a venda do governo para entidades filantrópicas apenas "para uso exclusivo no diagnóstico ou tratamento de pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde". Na prática, os hospitais não conseguem separar o produto só para pacientes do SUS. Isso resultou na suspensão das compras de todos os hospitais conveniados com o InRad.

O corte de receitas levou o HC a cogitar o fechamento do centro de pesquisas, que teve investimento público de R$ 7,7 milhões. Até a alteração, o laboratório não precisava de aporte do governo. A receita do InRad com a venda das sobras do FDG era estimada em R$ 700 mil por mês, o suficiente para cobrir os custos da equipe e da manutenção e investir em pesquisas.

Suspensão

A Cyclobras, única concorrente da IBF após a edição da lei, chegou a ter a venda do produto suspensa em outubro pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que regula a produção de produtos radiofármacos no País. Durante seis dias, enquanto durou a suspensão, a IBF se tornou a única fornecedora do insumo em todo o Estado de São Paulo. Procurada pela reportagem, a CNEN não respondeu sobre os motivos para a suspensão.

À reportagem, a Secretaria de Saúde disse que não identificou nenhuma outra consequência da lei para a rede pública. Os prejuízos ficaram restritos ao HC.

Ao longo deste ano, Carlão compareceu a várias sessões da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a Furp na Alesp, apesar de não ser membro efetivo da CPI. O governador João Doria (PSDB) já declarou que tem a intenção de repassar as fábricas da fundação para a iniciativa privada.

Após tramitar como projeto de lei, a proposta do deputado foi vetada em 2017 pelo então governador Geraldo Alckmin. O governo alegava que a medida era inconstitucional, pois criaria desigualdade no acesso aos medicamentos, e que a política do SUS "é regida pelo princípio da universalidade, que garante pleno acesso aos serviços de saúde estatais, não sendo lícito fazer qualquer tipo de distinção entre seus usuários".

O texto tramitou por mais de um ano e meio na Alesp até o veto ser derrubado. O projeto foi incluído em um pacote votado em sessão extraordinária, em dezembro de 2018, na chamada "janela do fim de ano".

Fontes de hospitais particulares estimam que, desde então, o preço do FDG já subiu cerca de 15%. O produto custa cerca de R$ 700 por exame. Considerados apenas os principais hospitais filantrópicos da capital, há uma demanda de ao menos mil exames PET-CT ao mês.

Para esses hospitais, não só o custo do produto ficou mais elevado como é necessário comprar em maior quantidade dos laboratórios IBF e Cyclobras, localizados no interior paulista. Isso porque o FDG, como qualquer produto de medicina nuclear, é altamente perecível. O InRad tinha a vantagem de estar localizado na capital.

O FDG é fabricado com um acelerador de partículas, chamado cíclotron, próprio para a produção de insumos da medicina nuclear. Desde que a lei impediu a venda, o InRad tem de se manter com o dinheiro do faturamento em anos anteriores. As reservas devem durar até fevereiro. "Ou a gente fecha o cíclotron e começa a comprar FDG para o HC e para as pesquisas em andamento, ou a gente arranja alguma forma de voltar à operação original, autossustentável", disse Marco Bego, da Inrad.

Defesa

Procurado, o deputado Carlão Pignatari não quis comentar sobre o fato de ser acionista da IBF. Por meio de nota, limitou-se a dizer que "a lei em questão não proíbe o Instituto de Radiologia de vender 18F-FDG aos hospitais filantrópicos de SP, como o Einstein, Sírio-Libanês e HCor; sequer trata dos negócios do InRad (do HC)". O deputado disse ainda que "tratar a questão dessa forma confunde os leitores do jornal com uma informação inverídica e tendenciosa. Nem mesmo a Furp produz o 18F-FDG".

"A medida legislativa foi estabelecer que um órgão público como a Furp deve se dedicar, prioritariamente, ou mesmo, exclusivamente, à saúde pública, aos pacientes do SUS, principalmente àqueles que não têm recursos para pagar do próprio bolso ou convênios médicos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público Estadual abriu dois inquéritos civis para investigar o deputado Carlão Pignatari (PSDB) e o prefeito de Votuporanga (SP), Júnior Marão (PSDB), por suposto ato de improbidade administrativa em um processo de desapropriação de área pública que foi doada para a empreiteira Demop Participações. A empresa é apontada como carro-chefe da Máfia do Asfalto, organização criminosa que teria fraudado licitações de R$ 1 bilhão com emendas parlamentares em 78 municípios.

Segundo a investigação, em 31 de outubro de 2008, a gestão Pignatari na Prefeitura de Votuporanga comprou por de R$ 500 mil imóvel da empresa Comercial Agrícola Converd e Prestação de Serviços, às margens da Rodovia Péricles Belini. A operação foi realizada por meio de desapropriação. Em 16 de julho de 2009, a administração de Marão, sucessor e aliado de Pignatari, entregou a área, por doação, à Demop, que no local instalou sua sede.

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A transação reforça suspeita de elo entre o deputado e o empresário Olívio Scamatti, controlador da Demop - que está preso desde abril, quando a Polícia Federal, a Procuradoria da República e promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagraram a Operação Fratelli - força-tarefa que desmontou esquema de propinas envolvendo empresários e prefeitos. Interceptações telefônicas mostram ligações dos investigados com deputados federais e estaduais.

A suspeita é que Carlão seria o verdadeiro proprietário da Demop. Ele nega, mas reconhece antigos laços de amizade com Scamatti. A Demop era uma empresa pequena quando Carlão se elegeu prefeito pela primeira vez, há 12 anos. Seu capital social saltou de R$ 100 mil, em 1999, quando foi fundada, para R$ 10 milhões em fevereiro de 2009. O tucano foi prefeito entre 2001 e 2008.

O promotor Cleber Takashi Murakawa abriu dois inquéritos civis - investigação que pode resultar em ação com amparo na Lei de Improbidade. Um inquérito tem a gestão Carlão Pignatari como alvo. O promotor deu prazo de 30 dias para o município enviar ao Ministério Público cópia integral do eventual processo de licitação da doação da área.

O outro inquérito mira a gestão "do investigado Nasser Marão Filho (Júnior Marão)". O promotor quer a lista dos imóveis doados a partir de 2009.

Outro lado

A assessoria de imprensa do deputado Carlão Pignatari (PSDB) afirmou que ele não recebeu nenhuma notificação e, portanto, não tinha conhecimento do assunto. A Prefeitura de Votuporanga afirmou, em nota, não haver "nenhuma irregularidade com a doação da área às margens da Rodovia Péricles Belini para a instalação da empresa Demop Participações em 2008". "Este processo cumpriu todos os procedimentos legais, inclusive atendendo às exigências da Lei 8.666, de 1993, que institui normas para licitações." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado estadual Carlão Pignatari (PSDB) negou ontem categoricamente qualquer vinculação com as empresas de Olívio Scamatti, empreiteiro preso pela Polícia Federal sob acusação de chefiar a Máfia do Asfalto. "Não sou, nem nunca fui dono ou sócio de qualquer uma das empresas pertencente a família Scamatti", declarou o tucano. Pignatari disse que tem conhecimento de que chegou a ser investigado entre 2008 e 2010. "Porém, nada restou provado contra minha pessoa, pois não tenho qualquer envolvimento com o caso. O próprio Ministério Público não teve interesse em prosseguir com as investigações", afirmou o tucano.

Ele relatou que, no cargo de prefeito de Votuporanga, chegou a fechar contratos com a Demop. "Sim, porque esta sagrou-se vencedora de algumas das licitações a qual concorreu", disse o tucano por telefone. Sobre a testemunha protegida do Ministério Público, Carlão Pignatari afirmou: "Essa testemunha apenas disse imaginar uma situação que não é verdade, volto a insistir; não sou proprietário tampouco sócio de qualquer empresa da familia Scamatti".

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O tucano contou que conhece e é amigo de infância de Scamatti. "A relação que temos é que o Olívio (Scamatti) e seu pai Pedro foram funcionários de empresas da minha família. Por isso, acabamos criando um vínculo de amizade, que dura mais de 30 anos. Desde agosto do ano passado, eu e o Olívio, por um problema pessoal, não nos falamos, mas mantenho amizade normal com seus irmãos e pais."

Pignatari é um dos vários parlamentares citados na Operação Fratelli. Integrantes de vários partidos aparecem nas escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal. O tucano, assim como outros parlamentares, não é alvo formal do Ministério Público. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma testemunha protegida pelo Ministério Público de São Paulo afirmou que o deputado estadual Carlão Pignatari (PSDB) é sócio oculto da Demop, do empresário Olívio Scamatti, acusado de chefiar um esquema de fraudes em licitações para obras em cidades paulistas pagas com dinheiro de emendas parlamentares. O depoimento consta do autos da Operação Fratelli, deflagrada no início do mês.

A oitiva foi feita em 28 de julho de 2008 e o depoente é identificado nos documentos apenas como "testemunha A".

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O depoimento foi tomado pelo promotor Gilberto Ramos de Oliveira Júnior, que então integrava o Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de São José do Rio Preto.

"É de se destacar também a notícia da existência de um outro envolvido que até o momento não foi pesquisado, qual seja, o sr. Carlos Eduardo Pignatari, que segundo noticia a testemunha ouvida às fls. 180/181 seria o real proprietário das empresas referidas nos autos", escreveram os investigadores do caso em junho de 2009.

Segundo eles, era necessário buscar os "elementos bancários e fiscais" de Pignatari para averiguar a veracidade das declarações da testemunha, "a qual", escreveram, foi "reforçada" por escutas telefônicas.

"Grande parte dos diálogos coletados são travados com o mencionado investigado (Carlão), que inclusive é apelidado pelos empresários como ‘padrinho’".

Pignatari chegou a ser alvo dos grampos quando não teve foro privilegiado - ele foi prefeito de Votuporanga entre 2001 e 2008 e assumiu mandato na Assembleia em 2011 -, mas em julho de 2010 os promotores desistiram de monitorá-lo.

Um mês antes, o promotor Paulo César Neuber Deligi escreveu em um despacho que corria no Gaeco de Rio Preto um "procedimento investigatório criminal sobre um grande esquema de fraudes em licitação", e que a investigação "teve início no ano de 2008, quando o então prefeito de Votuporanga, Carlos Pignatari, tornou-se suspeito de engendrar a criação de empresa em nome de terceiros para participar e vencer processos licitatórios na cidade".

"Muito embora fosse administrada por terceiros, era ele, Carlos, o principal beneficiário das divisas ilicitamente obtidas", escreveu Deligi. "Para tanto, teria se valido de pessoas de sua confiança, ex-empregados, como, no caso, Olívio Scamatti, que gerenciou por anos o frigorífico avícola de Pignatari".

Formalmente, a Demop não tem nem nunca teve Pignatari como sócio. O jornal O Estado de S. Paulo revelou em 21 de abril que a Demop era uma empresa pequena quando Carlão se elegeu prefeito e cresceu quando ele deixou o mandato. O capital social saltou de R$ 100 mil, em 1999, ano da fundação, para R$ 10 milhões em fevereiro de 2009. Carlão nega qualquer relação empresarial com a Demop e seu proprietário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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