Tópicos | Dois pesos e duas medidas

Suspensos das atividades partidárias ou em processo de expulsão, peemedebistas passaram a questionar a direção da legenda sobre a falta de punição para membros do partido acusados de corrupção, presos e até já condenados pela Justiça, como o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB). Cinco deputados federais - Jarbas Vasconcelos (PE), Celso Pansera (RJ), Vitor Valim (CE) , Veneziano Vital do Rêgo (PB), Laura Carneiro (RJ) - e dois senadores - Kátia Abreu (TO) e Roberto Requião (PR) - compõem a lista de alvos de processos partidários. 

Os deputados já estão suspensos das atividades internas por 60 dias, após votarem a favor da abertura da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva. Já os senadores, aguardam a análise da Comissão de Ética de pedidos de expulsão deles da legenda por se colocarem contrários às reformas trabalhista e previdenciária.  

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“Por que nunca puniram nenhum filiado condenado e preso por crimes graves como corrupção e formação de quadrilha?”, questionou Kátia Abreu, ao dizer que nessa quarta-feira (16) apresentou sua defesa no processo. “Minha única ‘infração’ foi fazer discursos contrários ao atual governo do Tocantins e ao presidente da República. Desproporcional, não acham?”, indagou acrescentando. Não é apenas Cunha que tem pendências com a Lava Jato, o presidente e senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) são outras figuras nacionais enroladas com denúncias de corrupção. 

Indo além do discurso, Roberto Requião encaminhou para a direção do PMDB o pedido de expulsão de Eduardo Cunha. Outra solicitação do peemedebista pede o afastamento Jucá da presidência do partido. 

“Vou forçar o PMDB a uma discussão mais profunda. Estou encaminhando o pedido de expulsão do Eduardo Cunha, que está preso e condenado, e o pedido de afastamento do senador Romero Jucá pelas posições contrárias a Constituição Cidadã e o documento Esperança e Mudança, que é a base do nosso partido. Ele precisa se dedicar em tempo integral a sua defesa, e o partido não pode ser comandado por quem tem tantas questões a resolver”, cravou. 

Requião também criticou as posturas adotadas pela legenda. “Querem me expulsar porque estaria agindo contra os princípios e teses do PMDB. Ninguém mais do que eu defender as teses do velho MDB de guerra. Hoje, o partido, comandado por essa gente, tem 1% de apoio da população brasileira. Estamos acabando. Não vou deixar barato essa atitude que tomam contra mim. Vamos ver se o PMDB é do pessoal da tornozeleira, de mil processos de desvio de recursos públicos, ou é aquele que trouxe o Brasil para a democratização depois da ditadura”, salientou. 

Deputados punidos

Os deputados do PMDB que sofreram retaliações por pedirem a continuidade da investigação contra Temer também apresentaram recursos nessa quarta. Eles estão impedidos de ocupar cargos de direção partidária ou de responder pelo partido nas comissões do Congresso por 60 dias. Além dos cinco já citados, o deputado Sérgio Zveiter (RJ), que deu parecer favorável ao prosseguimento das apurações na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), também era do PMDB e sofreu punição, mas decidiu deixar a legenda por estar recebendo ameaças.  

Já o pernambucano Jarbas Vasconcelos chegou a classificar a determinação como “algo esdrúxulo e completamente sem sentido”. "Só reforça minha avaliação de como  é fraca e despreparada a direção nacional do PMDB hoje. Fui um dos fundadores do MDB, que posteriormente deu origem ao PMDB, e ao longo de toda a minha trajetória dentro do partido nunca vi algo parecido. O respeito às ideias e posicionamentos é algo fundamental, e o caminho pelo qual está seguindo hoje o PMDB nacional ignora completamente essa condição, que é primordial para todos que exercem a política e principalmente para quem está a frente de qualquer partido numa democracia", disse.

Nova roupagem em meio a imbróglios

Ao tratarem das punições, tanto Jarbas quanto Requião lembraram do “velho MDB” e nas últimas semanas o partido vem discutindo a proposta de retirar o nome “partido” da sigla e voltar a nomenclatura de Movimento Democrático Brasileiro (MDB). A sugestão de nova roupagem surge em meio a imbróglios sobre a defesa ou não das teses que idealizam o partido e com boa parte da direção citada na Lava Jato, até mesmo com pendências de inquéritos judiciais na investigação do escândalo de corrupção. 

A decisão de mudar ou não o nome da legenda não deve amenizar as celeumas internas. MDB foi o nome do partido até 1980 e a definição sobre a proposta de retorno ao “velho MDB” deve ser conhecida na convenção nacional  da sigla marcada para  27 de setembro.

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