Tópicos | Dom Phillips

O Senado aprovou, na sessão dessa segunda-feira (13), a criação de uma Comissão Temporária Externa para acompanhar as investigações do desaparecimento do jornalista Dom Phillips, correspondente do jornal britânico The Guardian, e do indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai). Os dois estão desaparecidos desde 5 de junho na região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares.

O pedido de criação da comissão foi feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Segundo ele, a região está entregue a organizações criminosas de garimpo ilegal, de extração ilegal de madeira e também do narcotráfico. “E são essas organizações criminosas no Vale do Javari, contra as quais Dom Phillips, Bruno Pereira e os povos indígenas lutavam”, argumentou o senador.

##RECOMENDA##

O grupo será formado por três integrantes da Comissão de Direitos Humanos, três da Comissão de Meio Ambiente e três da Comissão de Constituição e Justiça. Segundo Randolfe, o objetivo é ir até o Vale do Javari, apurar as causas do desaparecimento e investigar o aumento da criminalidade na Amazônia, considerado por ele uma das causas do desaparecimento do jornalista e do indigenista. O colegiado deverá atuar por 60 dias.

Durante a sessão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) propôs aguardar mais alguns dias antes de criar a comissão. Para ele, pode ser questão de dias o desfecho do caso, com a localização de Phillips e Pereira, considerando os esforços do poder público nas buscas. Pacheco, no entanto, manteve a votação do requerimento de Randolfe. O presidente do Senado entendeu que a missão da comissão externa vai além. O colegiado deverá se debruçar sobre as atividades criminosas praticadas naquela região.

“Eu considero que a criação da comissão externa, além da questão do desaparecimento e do eventual desfecho trágico em relação ao indigenista Bruno Araújo e ao jornalista Dom Phillips, é aquilo que disse no começo desta sessão: existe uma situação hoje, no Estado do Amazonas e em outros estados, onde há a Floresta Amazônica, de crime organizado, tráfico de drogas, tráfico de armas, desmatamento ilegal, extração de madeira ilegalmente, pesca ilegal, garimpo ilegal”.

No início da sessão, Pacheco fez uma longa fala sobre o caso, lamentando o ocorrido. “Nós não queremos precipitar o que de fato aconteceu com o Bruno Pereira e com o Dom Phillips, mas, caso se confirme o fato de terem sido eventualmente assassinados, é uma situação das mais graves do Brasil”. Ele afirmou que o Senado tem o dever de reagir ao que tem ocorrido na Amazônia.

“Portanto, de fato, não por esse acontecimento apenas, mas por todo o contexto de um estado paralelo que se impõe num lugar em que infelizmente o Estado brasileiro não consegue preencher suficientemente, isso é motivo de alerta e de reação do Senado”.

Pacheco também exaltou o trabalho de Bruno Pereira como servidor da Funai, no combate às ilegalidades praticadas em terras indígenas. “Segundo se sabe, o Bruno Araújo Pereira, servidor da Funai, vinha denunciando uma série de irregularidades, de crimes praticados naquela região, de atentados a povos indígenas, de descumprimento da lei, de um estado paralelo ali implantado e que vinha então sendo denunciado por ele”.

Na última sexta-feira (10), a Polícia Federal (PF) no Amazonas, que está à frente das forças de segurança na Operação Javari, informou que equipes de busca encontraram material orgânico, “aparentemente humano”, em uma área próxima ao porto de Atalaia do Norte.

A Polícia Federal (PF) informou na noite desta segunda-feira (13) que as buscas pelo jornalista Dom Phillips e pelo indigenista Bruno Pereira vão prosseguir e que nada foi encontrado no dia de hoje. 

Pela manhã, após circularem notícias na imprensa de que dois corpos teriam sido encontrados na área de busca, a PF, que coordena as forças de segurança na operação, negou a informação. 

##RECOMENDA##

 "Os órgãos federais e estaduais reforçam que não há nada mais importante do que a busca pelos senhores Bruno Pereira e Dom Phillips e reiteram a esperança de encontrá-los", diz a nova atualização.   

Ontem (12), bombeiros envolvidos na operação encontraram uma série de pertences dos dois desaparecidos. Segundo a PF, os itens encontrados foram: um cartão de saúde, uma calça preta, um chinelo preto e um par de botas pertencentes a Bruno e um par de botas de Dom.   

Na sexta-feira (10), a PF no Amazonas, que está à frente das forças de segurança na Operação Javari, informou que equipes de busca encontraram material orgânico, “aparentemente humano”, em uma área próxima ao porto de Atalaia do Norte. Ainda não há informação se a amostra recolhida tem alguma relação com o desaparecimento de Dom Phillips e de Bruno Pereira. 

O Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal está fazendo análise pericial do material recolhido, como também fará a perícia em vestígios de sangue encontrados na embarcação de Amarildo da Costa de Oliveira, 41 anos, conhecido como “Pelado”, suspeito de envolvimento no caso e que está preso desde a semana passada. A expectativa é que os resultados laboratoriais saiam ainda esta semana, informou a PF. 

Phillips, que é colaborador do jornal britânico The Guardian, e Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), foram vistos pela última vez na manhã de domingo (5), há oito dias, na região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares. Eles se deslocavam da comunidade ribeirinha de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), quando sumiram sem deixar vestígios. 

O indigenista denunciou que estaria sofrendo ameaças na região, informação confirmada pela PF, que abriu procedimento investigativo sobre essa denúncia. Bruno Pereira estava atuando como colaborador da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), uma entidade mantida pelos próprios indígenas da região.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que o Senado precisa reagir diante do cenário que envolve o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, no Amazonas.   

Em pronunciamento nesta segunda-feira (13), no início da sessão deliberativa do Plenário, ele citou reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, com denúncia de que o crime organizado e um "Estado paralelo" podem estar por trás do que aconteceu, numa trama que envolve tráfico internacional de drogas e de armas, desmatamento e garimpo ilegal e atentados contra os povos da floresta. 

##RECOMENDA##

Pacheco defendeu que senadores das Comissões de Direitos Humanos (CDH), de Meio Ambiente (CMA) e de Constituição e Justiça (CCJ) devem se mobilizar para identificar os reais problemas que assolam aquela região e apresentar ao país propostas para combater o crime organizado, inclusive com o fortalecimento dos órgãos do Estado que atuam diretamente na Amazônia. 

"Caso realmente se confirme o fato de terem sido eventualmente assassinados, é uma situação das mais graves do Brasil. Assim como nós já presenciamos promotores de justiça, no seu munus [encargo] de acusar, sofrendo atentados, e alguns pagaram com a vida; juízes e magistrados julgando a criminalidade organizada, igualmente sacrificados em função disso; crimes políticos de atentados a parlamentares em função de sua atividade política, prefeitos municipais, a jornalistas que, por vezes, perdem a vida em função de seu mister de denunciar, de investigar. Em tudo isso, para além do sentimento humano da vida que se perde num atentado dessa natureza, há uma ofensa ao Estado brasileiro, há uma ofensa às instituições gravíssima", disse. 

Comissão externa Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede Sustentabilidade-AP) apresentou requerimento de criação de uma comissão externa temporária para acompanhar o caso e apurar o que aconteceu com Bruno Araújo e Dom Phillips. Pela sugestão de Randolfe, três senadores de cada comissão integrarão o colegiado.

  Na opinião dele, conforme o desdobramento do caso, será necessário inclusive criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Randolfe Rodrigues afirmou ainda que tudo o que acontece naquela região é consequência da política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro. 

"O que nós estamos assistindo ao final de quatro anos do governo do senhor Jair Bolsonaro é que a Amazônia foi entregue. Foi entregue a todo tipo de banditismo político ou banditismo organizado. Isso porque foram desmantelados todos os mecanismos e instrumentos que existiam de defesa da Amazônia", denunciou. 

Mas para o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), é preciso cautela para evitar a politização do caso em ano eleitoral. Nesse sentido, ele defendeu que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, aceite requerimento dele de criação de uma CPI para apurar o crime organizado em todo o país. 

"Eu quero sugerir ao senhor que a gente faça essa CPI técnica, com apoio da Polícia Federal [...] E que a gente possa desenvolver um trabalho para apurar a expansão do narcotráfico nos estados do Norte e do Nordeste", defendeu. 

Também preocupado com uma possível politização do caso, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que mais de 200 agentes participam da busca de Bruno Araújo e Dom Phillips, fato que desmonta o discurso de que o governo não está se empenhando para solucionar a questão. 

"Essa Casa também tem o papel importante. Eu acho que uma forma de se combater a extração ilegal de ouro, a extração ilegal de madeira, é dar regras mais claras para esses tipos de atividades. Que possa haver a exploração com a responsabilidade ambiental, como acontece em diversos locais, lá em Minas Gerais, por exemplo", sugeriu. 

*Da Agência Senado

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, na manhã desta segunda-feira, 13, que "indícios levam a crer que fizeram alguma maldade" ao jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira, desaparecidos na Amazônia. O chefe do Executivo disse considerar improvável que a dupla ainda seja encontrada com vida.

"Os indícios levam a crer que fizeram alguma maldade com eles, porque já foram encontradas vísceras humanas boiando no rio, que já estão aqui em Brasília para fazer o DNA e pelo tempo, já temos 8 dias, indo para o nono dia, de que isso tudo aconteceu, vai ser muito difícil encontrá-los com vida. Peço a Deus que isso aconteça, que encontremos com vida", afirmou. As declarações foram feitas à rádio CBN Recife.

##RECOMENDA##

Nesta segunda-feira, a Polícia Federal divulgou nota para informar que Pereira e Phillips não foram encontrados até o momento. Segundo o comitê de crise, coordenado pela Polícia Federal no Amazonas, foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados e pertences pessoais dos desaparecidos.

O presidente ainda criticou o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou que o governo adotasse 'todas as providências necessárias' para encontrar a dupla. "É dispensável o senhor Barroso dar uma de 'dono da verdade.' (...) Ele (Barroso) se preocupou apenas com esses. Nós nos preocupamos com todos os desaparecidos no Brasil", afirmou.

Alessandra Sampaio, esposa do jornalista britânico Dom Phillips, disse que o corpo do marido e do indigenista Bruno Araújo Pereira foram encontrados, publicou o jornalista André Trigueiro. A informação ainda não foi confirmada pelas autoridades.

Os dois desapareceram no último dia 5, dentro da Terra Indígena Vale do Javari. Eles deixaram de fazer contato quando chegaram à comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas.



LeiaJá: Cartão de saúde e roupas de indigenista são encontrados



"Alessandra voltou a fazer contato dizendo que recebeu há pouco ligação da PF informando que os corpos precisam ser periciados. A Embaixada Britânica já havia comunicado aos irmãos de Dom Phillips que eram os corpos do jornalista e do indigenista. Agora todos aguardam a perícia", publicou o repórter.

##RECOMENDA##

Um cartão de saúde, uma calça, um chinelo e um par de botas do indigenista Bruno Araújo foram encontrados pela Polícia Federal no Vale do Javari, no Amazonas, junto com outro par de botas e uma mochila com roupas do jornalista britânico Dom Phillips, nesse domingo (12). O desaparecimento dos dois ocorreu no último dia 5 e vem movimentando a cobrança por uma busca mais minuciosa por eles.

O Comitê de crise coordenado pela Superintendência da PF no estado percorreu o Rio Itaquaí para colher vestígios do paradeiro da dupla, no âmbito da Operação Javari. “Especialmente na área onde foi encontrada uma outra embarcação aparentemente de propriedade de Amarildo da Costa Oliveira, que se encontra com prisão temporária decretada por conta dos fatos”, pontuou, em nota, o Comitê.



LeiaJá também: O que se sabe sobre o desaparecimento de Dom e Bruno

##RECOMENDA##

Na sexta (10), o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu cinco dias para que o governo apresente um relatório com as ações tomadas para encontrá-los, bem como o que foi apurado até o momento.



Três dias antes, ao comentar sobre o desaparecimento na Cúpula das Américas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou o trabalho feito pelos dois em áreas indigenas como uma "aventura não recomendada" e reforçou que as forças de segurança realizam uma "busca incansável".

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) afirmou neste domingo (12) ter encontrado uma nova embarcação na mesma região em que são realizadas as buscas pelo indigenista Bruno Araújo Pereira e pelo jornalista inglês Dom Phillips. Os dois estão desaparecidos desde 5 de junho na região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares. 

“O que a equipe de busca encontrou foi um possível local onde vestígios, observados na beira de barranco, apontam que uma embarcação poderia ter sido arrastada no local. Essa informação foi repassada às autoridades responsáveis pelas investigações e, por essa razão, o local foi isolado pelas autoridades competentes para que a busca e a perícia sejam realizadas”, diz o informe assinado pelo procurador jurídico da Univaja, Eliésio Marubo. 

##RECOMENDA##

Ainda segundo o comunicado, nas proximidades do local foi encontrada também uma embarcação que pode ser de propriedade de Amarildo da Costa Oliveira, detido para investigação. "A informação sobre a propriedade da embarcação ainda precisa ser confirmada pelos responsáveis pelas investigações", ressalta o documento. 

Material genético Na última sexta-feira (10), a Polícia Federal (PF) no Amazonas, que está à frente das forças de segurança na Operação Javari, informou que equipes de busca encontraram material orgânico, “aparentemente humano”, em uma área próxima ao porto de Atalaia do Norte. Ainda não há informação se a amostra recolhida tem alguma relação com o desaparecimento de Dom Phillips e de Bruno Pereira. 

O Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal é quem vai realizar a análise pericial do material recolhido, como também fará a perícia em vestígios de sangue encontrados na embarcação de Amarildo da Costa de Oliveira, 41 anos, conhecido como “Pelado”. 

Ele é suspeito de envolvimento no caso e teve a prisão temporária por 30 dias decretada na noite de quinta-feira (9) pela juíza plantonista Jacinta Santos, durante a audiência de custódia na Comarca de Atalaia do Norte (AM). O processo segue em segredo de justiça. 

Além dessas perícias, serão analisados materiais genéticos coletados por investigadores de referência de Dom Phillips, em Salvador, e de Bruno Pereira, no Recife. As amostras serão utilizadas na análise comparativa com o sangue encontrado na embarcação.

As buscas pelo jornalista britânico Dom Phillips e pelo especialista indigenista Bruno Araújo Pereira, desaparecidos em uma região remota da Amazônia brasileira, completam uma semana neste domingo (12) em meio a questionamentos e pressões para que o governo redobre seus esforços.

- Os desaparecidos -

Phillips, de 57 anos, é colaborador do jornal britânico The Guardian e trabalha no Brasil há 15 anos.

Apaixonado pela Amazônia, onde escreveu dezenas de reportagens, o jornalista estava na região há vários dias trabalhando em um livro sobre preservação ambiental e desenvolvimento local, com apoio da fundação Alicia Patterson.

Pereira, de 41 anos, é um especialista da Fundação Nacional do Índio (Funai) e um conhecido defensor dos direitos indígenas.

Foi coordenador regional da Funai em Atalaia do Norte, município onde viajava com Phillips quando desapareceram.

Seu trabalho em defesa dos povos indígenas lhe rendeu ameaças regulares destes grupos criminosos.

- As circunstâncias-

Phillips e Pereira foram vistos pela última vez na manhã de domingo, 5 de junho, na comunidade São Gabriel, não muito longe de seu destino, onde navegavam pelo rio Itaquaí.

Haviam viajado até a região de Lago do Jaburu e deveriam retornar à cidade de Atalaia do Norte, a cerca de duas horas de barco.

Pereira acompanhava o jornalista britânico como guia, na segunda viagem da dupla por esta região isolada da Amazônia desde 2018.

- Una zona "complexa" -

O jornalista e especialista indígena desapareceram no Vale de Javari, uma área densa da selva amazônica onde vivem 26 povos indígenas, muitos deles isolados.

As autoridades alertaram para a "complexidade" da área, devido ao fato de que ali operam garimpeiros, madeireiros e pescadores ilegais.

Além disso, o tráfico de drogas tem uma presença cada vez maior nos últimos anos, utilizando a região como um importante corredor para o transporte de drogas produzidas no Peru e na Colômbia, países que fazem fronteira com a região.

Atalia do Norte, uma pequena cidade de 20.000 habitantes, está comovida pelo desaparecimento.

"Infelizmente, vivemos aqui na nossa região de fronteira e o que posso afirmar como cidadã é que não temos uma segurança", disse à AFP Marivalda Rabelo, recepcionista da pousada onde Phillips e Pereira se hospedaram antes de desaparecerem.

"Rezamos, nunca sabemos que imprevisto pode acontecer", acrescentou Rabelo, que teme que, se for um ato criminoso, fique impune em um lugar que já virou manchete por casos não resolvidos.

- A investigação -

Até agora, a busca resultou na prisão de apenas um único suspeito: Amarildo da Costa, de 41 anos, que foi visto por testemunhas em uma lancha seguindo em alta velocidade o barco em que Phillips e Pereira viajavam. Não está clara sua implicação no caso.

A polícia realiza testes em uma mancha de sangue encontrada no barco do detento. Além disso, na sexta-feira, a equipe de busca encontrou material "aparentemente humano" próximo ao porto de Atalia do Norte, que também está sendo analisado.

Até o momento, não há conhecimento de nenhuma pista sobre o paradeiro de ambos ou do barco em que navegavam.

O governo federal tem recebido críticas de ativistas, organizações internacionais e da justiça brasileira pela suposta lentidão e falta de coordenação nas buscas.

Na sexta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso deu cinco dias ao governo para apresentar um relatório com todas as providências tomadas e os dados obtidos até o momento.

O presidente Jair Bolsonaro, que na terça-feira descreveu a expedição realizada por Phillips e Pereira como uma "aventura não recomendada", disse na Cúpula das Américas que as Forças Armadas e a polícia realizam uma "busca incansável" desde o primeiro dia e pediu a Deus que "sejam encontrados com vida".

Parentes, amigos e manifestantes se concentraram, neste domingo (12), no posto 6 da Praia de Copacabana, zona sul do Rio, para pedir respostas sobre o desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, há uma semana. 

Eles desapareceram na região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares. Os manifestantes vestiam camiseta branca com uma foto dos dois e a pergunta: Onde estão Dom Phillips e Bruno Pereira? 

##RECOMENDA##

A manifestação começou pouco depois das 9h, no posto 6, lugar onde Dom costumava praticar stand-up paddle, e por volta das 10h houve uma caminhada até o posto 5, onde permaneceram por cerca de uma hora.  Dom Phillips, colaborador do jornal britânico The Guardian, e Bruno Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), foram vistos, pela última vez, na manhã de domingo (5).

Os dois saíram da comunidade ribeirinha de São Rafael em direção à cidade de Atalaia do Norte (AM), quando sumiram sem deixar vestígios.  Bruno Pereira, que é atualmente colaborador da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), já havia denunciado ameaças que vinha sofrendo. 

Na última sexta-feira (10), a Polícia Federal (PF) no Amazonas, que está à frente das forças de segurança na Operação Javari, informou que equipes de busca encontraram material orgânico, “aparentemente humano”, em uma área próxima ao porto de Atalaia do Norte. Não há informação ainda se a amostra recolhida tem alguma relação com o desaparecimento de Dom Phillips e de Bruno Pereira. 

O Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal é quem vai realizar a análise pericial do material recolhido, como também fará a perícia em vestígios de sangue encontrados na embarcação de Amarildo da Costa de Oliveira, 41 anos, conhecido como “Pelado”. 

Ele é suspeito de envolvimento no caso e teve a prisão temporária por 30 dias decretada na noite de quinta-feira (9) pela juíza plantonista Jacinta Santos, durante a audiência de custódia de Oliveira, na Comarca de Atalaia do Norte (AM). O processo segue em segredo de justiça. 

Além dessas perícias, serão analisados materiais genéticos coletados por investigadores de referência de Dom Phillips, em Salvador, e de Bruno Pereira, no Recife. Estas amostras serão utilizadas na análise comparativa com o sangue encontrado na embarcação. 

As buscas na região estão sendo feitas com apoio da Marinha, que enviou ao local uma equipe de Busca e Salvamento (SAR) da Capitania Fluvial de Tabatinga, com lancha, helicóptero, embarcações e uma moto aquática. Também há apoio da Funai.

Para o advogado e coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinaman Tuxá, os desaparecimentos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira podem ser mais um capítulo da escalada de um processo que se intensificou nos últimos anos. Violência e destruição da floresta se retroalimentam, diz Dinaman, de Paris, em entrevista ao Estadão.

O grupo está na Europa para discutir com líderes da região temas como a exploração de ouro na Amazônia, a presença do narcotráfico e possíveis sanções econômicas internacionais ao Brasil. No domingo, 12, o grupo vai a Bruxelas para se reunir com uma comissão do Parlamento Europeu. Eles vão debater a proposta de proibição de produtos do agronegócio que consideram ligados ao desmatamento e à degradação florestal.

##RECOMENDA##

Como recebeu a informação do desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira?

O ilícito se inicia com a própria invasão. Ali (Vale do Javari) é uma área de indígenas isolados, que deveriam ser protegidos pelo Estado e fica claro que ele não está cumprindo com suas funções quando um funcionário público federal e um jornalista inglês desaparecem nesta região. A gente não sabe ainda o que aconteceu, mas sabemos que é resultado de ações que estavam ocorrendo ali naquele momento.

Como avalia a presença do clima organizado na região amazônica?

O crime organizado se estruturou na região amazônica não só no narcotráfico. Eles estão atuando na extração de madeira, no garimpo e no narcotráfico. Estamos preocupados porque não há uma mobilização do Estado para combater esse tipo de crime, as invasões. Eles estão se apropriando não só pelo poderio bélico, mas pela ausência do Estado. Eles estão à vontade para cometer todo tipo de ilícito na região. Com o desmonte das políticas indigenistas e ambientais, o Estado brasileiro está cada vez mais ausente das terras indígenas, principalmente das mais longínquas que precisam de uma atuação diferenciada para a proteção das populações isoladas. Estamos fazendo a narrativa do Vale do Javari onde o crime organizado atua no narcotráfico e no garimpo e não há uma política de combate. O que acontece ali não é trazido para a população porque é uma região muito distante, os responsáveis não são indiciados e os crimes são esquecidos. São regiões sem leis.

Qual a relação entre esse desmonte e a violência?

O desmonte das políticas indigenistas e ambientais afetam os povos indígenas do Brasil como um todo. Um exemplo é o aumento da criminalização das lideranças ambientais. A falta de demarcação faz com que os povos indígenas se mobilizem para autodemarcação e isso acaba gerando tensão. A falta de política de Estado também gera violência.

Quais podem ser as repercussões desse processo para o resto do País?

O que acontece na Amazônia tem repercussão para o resto do País. O desaparecimento do Dom Phillips e do Bruno Pereira, o desmatamento e o garimpo têm uma comoção internacional. Estamos falando da destruição de um ecossistema, pessoas morrendo como resultado de uma atividade econômica. Para que isso aconteça há um mercado consumidor, um mercado que está financiando a destruição. O que está acontecendo vai ter impacto primeiro nas questões ambientais com repercussões no fluxo ambiental e nas mudanças climáticas, como estamos vendo agora com as chuvas em Pernambuco, mas já vimos em Minas, na Bahia, no Rio e na seca no Sul neste ano. Mas não é só isso. Esse processo vai se refletir na questão econômica. Os países da Europa vão começar a impor sanções econômicas ao Brasil e o brasileiro vai sentir o resultado no bolso.

A Polícia Federal no Amazonas informou na tarde desta sexta-feira, 10, que equipes de busca que integram a Operação Javari - que tentam localizar o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, desaparecidos na Amazônia desde o domingo, 5 - localizaram no Rio Itaquaí, próximo ao porto de Atalaia do Norte, "material orgânico aparentemente humano", o qual foi encaminhado para perícia no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.

O mesmo instituto vai periciar as amostras de sangue encontradas na embarcação de Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, cuja prisão temporária foi decretada pela Justiça Estadual nesta quinta-feira, 9.

##RECOMENDA##

Os investigadores ainda indicaram que nesta sexta, 10, houve a coleta de materiais genéticos de referência do jornalista britânico Dom Phillips, em Salvador, e do indigenista Bruno Pereira, em Recife. "Os materiais coletados serão utilizados na análise comparativa com o sangue encontrado na embarcação", indicou a PF em nota.

A corporação indicou que, desde a última atualização na tarde desta quinta-feira, 9, sobre a Operação Javari, as equipes do Comitê de crise, coordenado pela PF, seguiram com a busca fluvial e com reconhecimento aéreo na região do Rio Itaquaí, último local onde Bruno Pereira e Dom Phillips foram vistos.

Horas antes das novas informações serem divulgadas pela PF, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o governo adote imediatamente "todas as providências necessárias", usando "todos os meios e forças cabíveis", para localizar o indigenista e o jornalista.

O despacho ordena ainda que sejam identificados e punidos os responsáveis pelo desaparecimento e cobra, do governo, em até cinco dias, a apresentação de um relatório com todas as providências adotadas e informações obtidas no caso. Foi fixada multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

"Sem uma atuação efetiva e determinada do Estado brasileiro, a Amazônia vai cair, progressivamente, em situação de anomia, de terra sem lei. É preciso reordenar as prioridades do país nessa matéria", registrou o ministro no documento.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta sexta-feira, 10, que o governo Jair Bolsonaro adote imediatamente "todas as providências necessárias", usando "todos os meios e forças cabíveis", para localizar o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista britânico Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian.

O despacho ordena ainda que sejam identificados e punidos os responsáveis pelo desaparecimento do indigenista e do jornalista e que seja apresentado ao Supremo, em até cinco dias e em documento sigiloso, um relatório com todas as providências adotadas e informações obtidas no caso. Foi fixada multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

##RECOMENDA##

"Sem uma atuação efetiva e determinada do Estado brasileiro, a Amazônia vai cair, progressivamente, em situação de anomia, de terra sem lei. É preciso reordenar as prioridades do país nessa matéria", registrou o ministro no documento. Foram intimados do despacho o governo federal, o ministro da Justiça e Segurança Pública, o diretor-geral da Polícia Federal e o presidente da Funai.

A decisão foi proferida a pedido da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que acionou a corte máxima por meio da ação que tratou do plano de contenção da pandemia da covid-19 em terras indígenas. A Apib argumentou que o desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Philips ocorreu em área de barreira sanitária determinada no bojo de tal processo, "que tinha por objeto proteger a entrada da Terra Indígena do Vale do Javari".

Segundo a entidade, Bruno Pereira e Dom Philips "desempenhavam, no local, atividades de fortalecimento de proteção territorial contra invasores, em apoio à organização indígena local, dada a insuficiência da atuação estatal, a despeito das decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal".

Ao analisar o caso, Barroso registrou que o desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Philips é "fato público e notório", tendo repercutido inclusive no exterior. Além disso, indicou que as "deficiências da atuação da União na proteção à vida e à saúde dos indígenas" é objeto de "reiteradas decisões" por ele proferidas.

O ministro registrou que, no caso, há relatos de que já estão sendo adotadas providências em âmbito local, mas ressaltou que cabe ao Supremo, quando provocado, ‘atuar para resguardar os direitos fundamentais à vida e à saúde dos envolvidos’.

A juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe, da 1ª Vara Federal Cível da Justiça Federal do Amazonas, já havia determinado que o governo federal reforçasse a estratégia de busca e resgate do indigenista e do jornalista inglês.

Na quarta-feira, 8, a magistrada apontou omissão, por parte da União, do dever de fiscalizar as terras indígenas e proteger os povos indígenas isolados e de recente contato. Segundo a juíza, a não identificação do paradeiro de Bruno Araújo Pereira e Dom Philips ‘representa a um só tempo a perda de duas vidas e a perda da chance probatória’.

"É oportuno destacar que, caso as rés (a União e a Funai) tivessem se desincumbido de cumprir obrigação de fazer relativamente à proteção e fiscalização da terras indígenas em constante alvo de invasão por garimpeiros e madeireiros ilegais, é provável que os cidadãos tivessem sido localizados, ainda que não vivos", indicou Jaiza.

Na noite desta quinta-feira, 9, a Justiça do Amazonas decretou a prisão temporária, pelo prazo de 30 dias, de Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, que é suspeito envolvimento no desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Philips.

Pelado foi preso em flagrante na terça-feira, 7, por porte ilegal de munições, mas a prisão temporária foi determinada pela suspeita de envolvimento com o desaparecimento do indigenista e do jornalista.

Em buscas nesta semana, a Polícia Federal (PF) encontrou vestígios de sangue na embarcação dele. O material genético foi enviado para perícia. Uma testemunha também o colocou no centro das suspeitas pelo desaparecimento.

A Organização das Nações Unidas, por meio do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, emitiu uma nota oficial nesta sexta-feira (10) em que cobra o governo brasileiro para intensificar as buscas pelo indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, que desapareceram no dia 5 no Vale do Javari.

"Exortamos as autoridades brasileiras a redobrarem seus esforços para encontrar Phillips e Pereira, com urgência, considerando os riscos reais aos seus direitos à vida e à segurança. Portanto, é crucial que as autoridades nos níveis federal e local reajam de forma robusta e rápida, inclusive usando plenamente os meios disponíveis e os recursos especializados necessários para uma busca eficaz na área remota em questão", diz o texto.

##RECOMENDA##

A nota ainda elogia o compromisso de diversos grupos da sociedade civil, que têm se empenhado nas buscas por toda a região pelos dois.

Ao longo do documento, a porta-voz da agência, Ravina Shamdasani, explica a localidade e as dificuldades da extensa área e ressaltam o trabalho feito por Pereira e Phillips para proteger os povos indígenas locais.

"Phillips e Pereira desenvolvem papéis importantes em levantar questões preocupantes e defender os direitos humanos dos povos indígenas da área, incluindo o monitoramento e reportando atividades ilegais no Vale do Javari", pontua a nota.

A parte final do comunicado faz um alerta da preocupação da ONU com "os constantes ataques e ameaças enfrentadas pelos defensores dos direitos humanos, ambientalistas e jornalistas no Brasil". "As autoridades têm a responsabilidade de protegê-los e garantir que possam exercer seus direitos, incluindo a liberdade de expressão e organização, livre de ataques e ameaças", destaca.

O texto ainda cobra as autoridades para adotar "medidas adequadas" para proteger os povos nativos que vivem "em isolamento voluntário ou contato" com o mundo exterior de "todas as formas de violência e discriminação tanto por atores do Estado ou não".

Após publicar a nota, Shamdasi conversou com jornalistas sobre o assunto e criticou também a demora para que o governo brasileiro iniciasse as buscas. "A resposta foi extremamente lenta, infelizmente, e achamos bom que agora, após decisões judiciais, que as autoridades tenham empregado mais meios para as buscas", acrescentou.

Phillips e Pereira foram vistos pela última vez no domingo e, desde então, associações indígenas, voluntários e grupos da sociedade civil começaram as buscas. O governo, por meio da Marinha e Polícia Federal, entrou nas buscas depois.

Nesta quinta-feira (9), a PF informou que detectou a presença de sangue na lancha do principal suspeito preso até o momento, o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, mais conhecido como Pelado, e os resultados devem sair em até 30 dias.

Pelado era uma das pessoas investigadas e foi preso preventivamente por ter em sua casa munição de fuzil de uso restrito pelas Forças Armadas. Porém, após a perícia, a prisão temporária por possível ligação com o desaparecimento do indigenista e do jornalista foi decretada pela Justiça.

Segundo testemunhas, é dele a lancha vista perseguindo Phillips e Pereira no rio entre a comunidade de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte pouco antes do sumiço dos dois.

Da Ansa

O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, afirmou nesta quarta-feira (8) em audiência pública na Câmara dos Deputados que “não houve retardo” nas buscas pelo jornalista inglês Dom Phillips e pelo indigenista Bruno Pereira, desaparecidos desde domingo (5) no Vale do Javari, no Amazonas.

  O jornalista do The Guardian e o servidor da Funai estavam recebendo ameaças de pessoas que atuam ilegalmente na região.  

##RECOMENDA##

O titular da pasta foi questionado pela deputada Vivi Reis (Psol-PA) sobre o possível atraso de 48 horas para que as Forças Armadas enviassem helicópteros ao local. “Nós estamos falando de Atalaia do Norte, estamos falando de um local onde não chega nem avião, não tem campo de pouso. O helicóptero mais perto do Exército sai de Manaus e ele já estava pronto na manhã de ontem para atuar na área. A Marinha, da mesma forma, estava lá no dia anterior”, disse o ministro. 

“Considerando as distâncias, o tamanho da Amazônia e a geografia da floresta e dos rios, pode parecer que houve retardo, mas não houve”, reforçou. Ele acrescentou que hoje atuam nas buscas dois helicópteros, um do Exército e outro da Marinha, além de equipe médica e um efetivo das Forças Armadas. 

"O helicóptero da Polícia Federal deu um problema, por isso é bem provável que a gente tenha que reforçar em termos de aeronaves", acrescentou.  As afirmações foram feitas durante audiência pública promovida pelas comissões de Fiscalização Financeira e Controle; e de Seguridade Social e Família. O ministro foi chamado à Câmara para explicar os motivos da compra de mais 35 mil comprimidos de Viagra e de 9 próteses penianas. 

*Da Agência Câmara de Notícias

A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou nessa segunda-feira (6) que está monitorando as providências que estão sendo tomadas para localizar o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian no Brasil. 

Segundo a coordenação da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), região localizada no oeste do Amazonas, eles estão desaparecidos há mais de 24 horas. 

##RECOMENDA##

"A informação repassada ao MPF é que os agentes ligados a essas forças estão fazendo varreduras no trecho entre a comunidade São Rafael e o município de Atalaia do Norte (AM), onde teria ocorrido o desaparecimento", informou a PGR. 

Na tarde de hoje, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, se reuniram em Brasília para tratar de providências sobre o caso. 

Além da PGR, o Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas abriu um procedimento administrativo para acompanhar a questão e acionou a Marinha, a Polícia Federal (PF) e demais autoridades. 

Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram na sexta-feira no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com indígenas. Segundo a Unijava, ontem os dois deveriam retornar para a cidade de Atalaia do Norte por volta de 9h da manhã, após parada na comunidade São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da comunidade apelidado de Churrasco. No início da tarde, uma primeira equipe de busca da Unijava saiu de Atalaia do Norte em busca dos desaparecidos, mas não os encontrou.

A PF informou que também está acompanhando e trabalhando no caso. “As diligências estão sendo empreendidas e serão divulgadas oportunamente”, diz nota da instituição.

A Marinha emitiu uma nota oficial em que informa que enviou, na manhã desta segunda-feira,  uma equipe de Busca e Salvamento (SAR) da Capitania Fluvial de Tabatinga para o município de Atalaia do Norte (AM) para auxiliar nas buscas pela embarcação em que estavam o jornalista  e o indigenista. As buscas, com a participação de sete militares, seguiram ao longo da tarde e foram feitas ações nos rios Javari, Itaquaí e Ituí, no interior do Amazonas. 

A Marinha também informou que, na manhã desta terça-feira, um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste também será utilizado nas buscas, além de duas embarcações e uma moto aquática.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), senador Humberto Costa (PT-PE), encaminhou três ofícios pedindo informações sobre as buscas ao indigenista Bruno Araújo Pereira e ao jornalista Dom Phillips, que foram dados como desaparecidos na Floresta Amazônica nesta segunda-feira (6). 

O senador também quer apurações sobre as denúncias de que Araújo vinha recebendo ameaças em função do seu trabalho com líderes comunitários na região do município de Atalaia do Norte (AM), na fronteira com o Peru. Os ofícios foram enviados para a superintendência da Polícia Federal no Amazonas, para a Polícia Civil do estado e para a Fundação Nacional do Índio (Funai). 

##RECOMENDA##

“As informações recebidas dão conta de que na mesma semana do desaparecimento a equipe havia recebido nova ameaça, conforme relatos oficializados para a Polícia Federal, para o Ministério Público Federal, para o Conselho Nacional de Direitos Humanos e para o Indigenous Peoples Rights International. Bruno Araújo era alvo de constantes ameaças em função do trabalho que vinha fazendo junto aos indígenas contra invasores na região”, explica Humberto.

O desaparecimento foi comunicado na tarde desta segunda-feira pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Segundo a entidade, Araújo e Phillips foram vistos pela última vez na véspera, deixando uma comunidade ribeirinha chamada São Rafael em direção a Atalaia do Norte. 

Bruno Araújo Pereira é servidor da Funai, especializado em trabalho com povos isolados. Entre 2018 e 2019, foi o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recém Contatados da fundação.

O jornalista Dom Phillips é inglês, reside no Brasil há 15 anos e faz coberturas sobre meio ambiente para diversos veículos — atualmente, é colaborador do jornal britânico The Guardian. 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, se manifestou sobre o caso pelas redes sociais. Ele afirmou que recebeu “com grande preocupação” a notícia do desaparecimento da dupla. 

“Seguirei acompanhando as operações de busca com apreensão, na expectativa de que serão envidados todos os esforços para a pronta elucidação do caso”, disse Pacheco. 

Outros senadores também exigiram apuração. Jean Paul Prates (PT-RN) lembrou que o fato acontece na véspera do Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Randolfe Rodrigues (Rede-AP) comunicou que também enviará ofícios para os ministérios da Justiça e da Defesa e afirmou que “a indiferença não é uma opção”, lembrando da denúncia de ameaças contra Bruno Araújo Pereira. Já Paulo Rocha (PT-PA) classificou o caso como “muito grave” e pediu a ação das forças de segurança pública. 

Fake news

Humberto Costa também encaminhou ofícios à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal sobre o caso das ameaças de morte dirigidas ao jornalista Lucas Neiva, do site Congresso em Foco. Neiva foi alvo de ameaças e teve dados pessoais vazados após publicar uma reportagem sobre um fórum anônimo que produz fake news em favor do presidente Jair Bolsonaro. A CDH discutiu o assunto nesta segunda-feira.  Humberto afirma que a comissão vai acompanhar as investigações e quer saber quais medidas policiais e judiciais serão adotadas. 

*Da Agência Senado

O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian no Brasil, estão desaparecidos há mais de 24 horas, de acordo com nota divulgada pela coordenação da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

Eles estavam no Vale do Javari, no Amazonas, e teriam recebido ameaças. O desaparecimento ocorreu no trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte. Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram na sexta-feira no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com indígenas.

##RECOMENDA##

Segundo a Unijava, ontem os dois deveriam retornar para a cidade de Atalaia do Norte por volta de 9h da manhã, após parada na comunidade São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da comunidade apelidado de Churrasco. No início da tarde, uma primeira equipe de busca da Unijava saiu de Atalaia do Norte em busca dos desaparecidos, mas não os encontrou. 

“A última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel – que fica abaixo da São Rafael – com relatos de que avistaram o barco passando em direção a Atalaia do Norte. Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado”, diz a nota. 

Conforme a organização, Pereira, que faz parte do quadro da da Fundação Nacional do Índio (Funai), é pessoa “experiente e profundo conhecedor da região” e os dois viajavam com uma embarcação nova, com combustível suficiente para a viagem.

Investigações

A Polícia Federal (PF)  disse, nesta segunda-feira (6), que já está acompanhando e trabalhando no caso. “As diligências estão sendo empreendidas e serão divulgadas oportunamente”, diz nota da instituição. 

Já a Funai informou que acompanha o caso, está em contato com as forças de segurança que atuam na região e colabora com as buscas.

Em nota a instituição comentou que, embora o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira integre o quadro de servidores da Funai, ele não estava na região em missão institucional, pois se encontrava de licença para tratar de interesses particulares. 

A Marinha do Brasil disse que tomou conhecimento, no fim da manhã desta segunda, do desaparecimento de uma embarcação de pequeno porte, em Atalaia do Norte (AM), próximo à comunidade São Rafael. Segundo o órgão, uma equipe de Busca e Salvamento (SAR), subordinada à Capitania Fluvial de Tabatinga foi direcionada ao local da ocorrência. 

Repercussão

O porta-voz do jornal The Guardian disse que está acompanhando a situação e em contato com as embaixadas brasileira e britânica. “O Guardian está muito preocupado e busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e com as autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível”. 

A Human Rights Watch divulgou nota em que diz que está muito preocupada com o desaparecimento. “É extremamente importante que as autoridades brasileiras dediquem todos os recursos disponíveis e necessários para a realização imediata das buscas, a fim de garantir, o quanto antes, a segurança dos dois”, diz a nota assinada pela diretora do escritório da Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Canineu.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando