Um dia após a filiação de Jair Bolsonaro ao PL, nessa quinta-feira (2), um dos deputados mais influentes na sigla, Josimar Maranhãozinho, foi alvo de mais uma operação da Polícia Federal (PF) em menos de um ano. Ele foi flagrado em seu escritório com pilhas de dinheiro, apontadas como recursos desviados da Saúde na pandemia. As informações são do Crusoé.
Suspeito de se beneficiar pela falta de transparência dos milhões de reais distribuídos pelas emendas do Orçamento Secreto, a PF instalou câmeras no escritório de Maranhãozinho, em São Luís, capital do Maranhão, e descobriu que o local funcionava como ‘cofre’ de dinheiro em espécie.
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Mesmo com a pressão popular e do Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso se une para tentar impedir que os parlamentares que receberam as emendas sejam revelados.
Dinheiro do combate à pandemia
A ação autorizada pelo ministro do STF, Ricardo Lewandowski, identificou uma circulação atípica de pessoas no escritório, que passavam para deixar altas quantias após saques fracionados em uma agência do Banco do Brasil.
Há indícios de que os valores são federais e deveriam ser destinados para que Prefeituras do Maranhão adquirissem medicamentos, produtos hospitalares e destravassem obras paradas.
Entretanto, um esquema de lavagem de dinheiro foi montado e Maranhãozinho passou a ser investigado no STF por peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude em licitação.
Toma lá, dá cá
Para conseguir as emendas, Maranhãozinho é suspeito de participar do esquema de compra e venda de emendas parlamentares no Congresso. Ao menos R$ 15 milhões foram liberados para o deputado em abril.
Ele precisavam pagar ao seu grupo de deputados para que os recursos fossem destinados às cerca de 60 prefeituras controladas por ele. A PF também encontrou planilhas de pagamento e extratos bancários dos municípios em seu escritório.
Empresas suspeitas
Após a verba chegar às Prefeituras, empresas que faziam parte do esquema eram contratadas sem licitação e devolviam o dinheiro lavado, em espécie. Elas seriam escolhidas pelo próprio Maranhãozinho.
Algumas são de fachada e chegaram a ter o próprio deputado no quadro recente de sócios. Uma das empresas identificada está no nome de duas empregadas domésticas do deputado.
Bancando eleições no Maranhão
As imagens foram feitas em outubro do ano passado, dias antes das eleições municipais. Assessores e pessoas ligadas aos seus candidatos aliados movimentavam o escritório para recolher envelopes com dinheiro para financiar campanhas, e assim, garantir o controle sobre bases políticas para alcançar seu projeto de assumir o Governo do Estado em 2022.
Enriquecimento dentro do PL
Representante do novo partido de Bolsonaro, Maranhãozinho é próximo do presidente da sigla Valdemar Costa Neto, que foi preso em 2012 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por participar da prática semelhante do mensalão.
Em 10 anos na política, Josimar registrou um salto de 3.000% em seu patrimônio declarado. Em 2008, o deputado informou que tinha R$ 463 mil. Em 2018, adquiriu até um avião e declarou R$ 14,5 milhões.
Até o ex-motorista virou político
O sucesso de Maranhãozinho fez com que conseguisse eleger a esposa Detinha como deputada estadual, a irmã Josinha para a Prefeitura de Zé Doca – um dos locais que mais recebia recurso federal – e até seu ex-motorista Auricélio, que chegou à Prefeitura do município de Maranhãozinho.
Maranhãozinho se defendeu nas redes sociais
Em seu perfil no Twitter, o deputado indicou que as pilhas de dinheiro têm origem lícita e disse estar tranquilo em relação às investigações.
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