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Os advogados de Derek Chauvin, o ex-policial de Minneapolis, nos Estados Unidos, condenado pela morte do afro-americano George Floyd, pediram um novo julgamento.

Na solicitação, a defesa do ex-agente afirmou que Chauvin teve negado o direito a um julgamento justo e que o veredito não era compatível com a lei.

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O tribunal também foi acusado de ter abusado do seu poder discricionário, já que negou o pedido para alterar o local do julgamento do ex-oficial. O último ocorreu em Minneapolis, cidade onde Floyd foi assassinado. Um júri popular condenou Chauvin em abril pela morte de Floyd, asfixiado durante uma abordagem policial em Minneapolis, em maio de 2020. Os 12 jurados consideraram o ex-agente culpado em todas as três acusações: homicídio em segundo grau, homicídio culposo em segundo grau e homicídio em terceiro grau. A soma máxima dos três crimes é de 75 anos.

A sentença do ex-policial está prevista para ser proferida no próximo dia 16 de junho, no Tribunal Distrital do Condado de Hennepin. Já em 23 de agosto terá início o julgamento dos outros três ex-agentes que estavam com Chauvin.

O policial filmado ajoelhado sob o pescoço de Floyd, que ficou imobilizado com o rosto para baixo e algemado por mais de nove minutos, o que culminou em seu sufocamento. O caso aconteceu em 25 de maio do ano passado.

A morte de Floyd foi o estopim para milhares de pessoas irem às ruas dos Estados Unidos e do mundo para protestar contra a injustiça racial e a brutalidade policial. 

Da Ansa

A imparcialidade de um jurado que condenou o ex-policial de Minneapolis Derek Chauvin pelo assassinato de George Floyd foi questionada após o surgimento de uma foto em que o homem aparece em um comício contra o racismo.

Especialistas acreditam que o advogado de defesa de Chauvin poderia usar a foto do jurado Brandon Mitchell como base para apelar do veredito contra o ex-agente, declarado culpado pela morte do afro-americano Floyd. A anulação do julgamento, porém, é improvável.

Na foto, Mitchell, um negro de 31 anos, usa uma camiseta com a imagem do líder dos direitos civis Martin Luther King Jr junto com a frase "Tire seu joelho de cima de nossos pescoços" e a sigla "BLM", do movimento Black Lives Matter.

Chauvin, filmado ajoelhado no pescoço de Floyd por mais de nove minutos, foi condenado por assassinato e homicídio no mês passado por um júri de 12 membros.

Mitchell é um dos dois únicos membros do júri que foram publicamente identificados desde o julgamento de alto perfil.

Em um questionário, os jurados em potencial tiveram que responder se haviam participado de algum dos protestos contra a brutalidade policial que seguiram a morte de Floyd em 25 de maio de 2020.

Mitchell respondeu que não e que poderia servir no júri com imparcialidade. Em declarações ao jornal Minneapolis Star Tribune, Mitchell afirmou que a foto foi tirada em uma passeata em que ele compareceu em Washington em agosto de 2020 para homenagear o aniversário do famoso discurso "Eu tenho um sonho" de Martin Luther King.

Jeffrey Frederick, um especialista em seleção do júri, argumentou que a resposta de Mitchell pode ser "tecnicamente correta", já que o evento em Washington foi anunciado como uma celebração, e não uma manifestação.

"Agora, cabe ao juiz interrogá-lo novamente para ver se ele teve algum preconceito ou se ele mentiu, e decidir se é sério o suficiente para afetar o resultado do julgamento", explicou Frederick à AFP. O especialista, porém, considerou improvável a realização de um novo julgamento.

Steve Tuller, outro especialista em seleção de júri, concorda: “Os juízes não querem anular julgamentos, especialmente em um caso em que houve um veredito e dadas as circunstâncias especiais deste caso”.

"No final, acho difícil que a 'revelação' do júri possa mudar o veredito", completou.

Chauvin será sentenciado em 25 de junho e pode pegar até 40 anos de prisão pela acusação mais grave: homicídio em segundo grau.

O ex-policial branco Derek Chauvin foi considerado culpado nesta terça-feira (20) da morte do afro-americano George Floyd, depois de um julgamento que se tornou um símbolo da violência policial contra as minorias nos Estados Unidos.

Um júri em Minneapolis, norte dos Estados Unidos, deliberou por menos de 11 horas antes de considerar de forma unânime Chauvin culpado das três acusações de assassinato em segundo e terceiro grau e homicídio culposo das quais era alvo pela morte de Floyd em 25 de maio de 2020.

Uma multidão reunida em frente à corte no centro de Minneapolis explodiu de alegria quando o veredicto foi anunciado ao final de um julgamento de três semanas. Muitos se abraçavam e choravam de emoção.

No tribunal, Chauvin, vestindo terno e gravata e solto sob fiança, foi algemado depois que o juiz Peter Cahill leu as decisões unânimes do júri multirracial formado por sete mulheres e cinco homens.

O ex-policial estava de máscara e não demonstrou qualquer emoção ao ser escoltado para fora da sala do tribunal, enquanto o irmão de George Floyd, Philonise Floyd, abraçava os promotores.

Chauvin pode pegar até 40 anos de prisão pela acusação mais grave: assassinato em segundo grau. O juiz proferirá a sentença mais adiante.

- Biden "aliviado" -

O presidente Joe Biden se disse "aliviado" ao saber do veredicto, durante uma conversa por telefone com familiares de Floyd que eles divulgaram nas redes sociais.

"Estamos todos tão aliviados", disse Biden. "Vocês são uma família incrível. Teria adorado estar aí para abraçá-los", acrescentou, prometendo levar os familiares de Floyd à Casa Branca no Air Force One.

No Salão Oval, o presidente fez um pronunciamento formal sobre o veredicto transmitido pela televisão.

Em sua fala, Biden denunciou o "racismo sistêmico" que "mancha" a alma dos Estados Unidos.

"O veredicto de culpa não trará George de volta", disse o presidente. Mas pode marcar o momento de uma "mudança significativa", acrescentou, pedindo unidade à nação e para não deixar que os "extremistas que não têm nenhum interesse na justiça social" tenham "êxito".

Mais cedo, o presidente havia considerado as provas do crime "devastadoras".

"Rezo para que o veredicto seja o correto. Acho que é devastador do meu ponto de vista. Não diria isto se o júri não estivesse isolado", disse Biden a jornalistas no Salão Oval, enquanto o júri deliberava a portas fechadas.

Em 25 de maio de 2020, Chauvin foi filmado em vídeo ajoelhado por mais de nove minutos sobre o pescoço de Floyd, mesmo quando o homem corpulento de 46 anos, algemado, implorava, "Por favor, não consigo respirar".

As imagens, registradas por pedestres que testemunharam a prisão de Floyd, acusado de comprar cigarros com uma nota falsa de 20 dólares, foram assistidas por milhões de pessoas dentro e fora do país.

- "Ponto de inflexão" -

O advogado Ben Crump elogiou a condenação de um ex-policial branco pelo "assassinato" do afro-americano George Floyd como "um ponto de inflexão na História" dos Estados Unidos.

"A justiça alcançada com dor finalmente chegou para a família de George Floyd", tuitou Crump, quando Chauvin foi declarado culpado.

"Este veredicto é um ponto de inflexão na História e envia uma mensagem clara sobre a necessidade de prestação de contas por parte das forças de ordem. Justiça para os Estados Unidos negro é justiça para todos os Estados Unidos!", disse.

Tropas da Guarda Nacional foram mobilizadas em Minneapolis e Washington, a capital do país, devido a temores de distúrbios.

Minneapolis tem sido cenário de protestos noturnos desde que Daunte Wright, um jovem negro de 20 anos, foi morto a tiros em um subúrbio desta cidade de Minnesota em 11 de abril por uma policial branca.

Cerca de 400 manifestantes marcharam na cidade na segunda-feira pedindo a condenação de Chauvin, repetindo em coro: "O mundo está olhando, nós estamos olhando, façam o certo".

- "Justificado" -

Em suas alegações finais nesta segunda-feira, a promotoria mostrou trechos do vídeo chocante da morte de Floyd.

"Podem acreditar no que viram", disse o promotor Steve Schleicher. "Não se tratou de vigilância policial, se tratou de assassinato", insistiu. "Nove minutos e 29 segundos de abuso de autoridade impactante".

"O acusado é culpado das três acusações. E não há desculpa", afirmou.

O advogado de defesa Eric Nelson disse ao júri que Chauvin "não usou força ilegal de propósito".

"Isto não foi um estrangulamento", disse, justificando as ações de Chaufvin e dos outros policiais que mantiveram Floyd no chão.

Segundo Nelson, a doença cardíaca de Floyd e seu consumo de drogas foram fatores decisivos para a sua morte.

Especialistas médicos da promotoria disseram que Floyd morreu devido à falta de oxigênio provocada pelo joelho de Chauvin em seu pescoço e que as drogas não influenciaram.

A defesa chamou um oficial de polícia aposentado que disse que o uso da força de Chauvin contra Floyd foi "justificado".

Os policiais que depuseram para a acusação, inclusive o chefe de polícia de Minneapolis, disseram que foi excessivo e desnecessário.

O veredicto também vai afetar os três ex-colegas de Derek Chauvin - Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao -, que serão julgados em agosto por "cumplicidade em assassinato".

O júri do julgamento do ex-policial branco Derek Chauvin, acusado de matar o afro-americano George Floyd no ano passado, chegou a um veredicto nesta terça-feira (20), informou o tribunal de Minneapolis, norte dos Estados Unidos.

Chauvin, de 45 anos, responde a três acusações de assassinato e homicídio culposo pela morte de Floyd em 25 de maio de 2020, em um caso que motivou protestos contra a injustiça racial e a violência policial em todo o mundo.

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"Chegou-se a um veredicto e será lido em audiência pública entre as 15h30 e as 16h00 locais (17h30 e 18h00 de Brasília) nesta terça-feira", informou a corte.

O júri de 12 membros - sete mulheres e cinco homens que representam a diversidade racial de Minneapolis - deliberou a portas fechadas durante quatro horas até a tarde de segunda-feira ao final de um julgamento de três semanas, e voltou a se reunir na manhã desta terça.

Em suas instruções finais, o juiz Peter Cahill destacou a gravidade do caso, que ocorre em meio a uma maior tensão alimentada por novas mortes de pessoas negras pelas mãos de policiais brancos.

"Não devem permitir os preconceitos, a paixão, a simpatia ou que a opinião pública influenciem em sua decisão", disse Cahill. "Não devem considerar as consequências ou sanções que podem resultar do seu veredicto".

Um veredicto unânime é exigido para a condenação em qualquer uma das três acusações: homicídio de segundo grau, homicídio de terceiro grau ou homicídio culposo.

Chauvin, um veterano de 19 anos do Departamento de Polícia de Minneapolis, pode pegar no máximo 40 anos de prisão se for condenado por assassinato em segundo grau, a acusação mais grave.

À espera do pronunciamento do júri, cidades americanas se preparavam para eventuais distúrbios, e Minneapolis estava sob medidas de segurança sem precedentes.

- Provas devastadoras -

Em declarações a jornalistas, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse mais cedo que as evidências no julgamento sobre a responsabilidade de Chavin na morte de Floyd são devastadoras e pediu um veredicto "correto".

Chauvin foi filmado ajoelhado no pescoço de Floyd por mais de nove minutos, enquanto o homem de 46 anos algemado implorava "por favor, não consigo respirar".

As imagens, filmadas por pedestres testemunhas da prisão de Floyd, acusado de comprar cigarros com uma nota falsificada de 20 dólares, geraram protestos massivos dentro e fora do país contra a injustiça racial e a brutalidade policial.

Biden disse a jornalistas no Salão Oval que tinha conversado por telefone com "a família de George", que conheceu em junho passado antes do funeral de Floyd.

"Só posso imaginar a pressão e a ansiedade que sentem", disse. "São uma família boa e estão pedindo paz e tranquilidade, sem importar qual será o veredicto".

"Rezo para que o veredicto seja o correto. Acho que é devastador do meu ponto de vista. Não diria isto se o júri não estivesse isolado", disse.

- "O mundo está vendo" -

Em meio a temores de distúrbios, tropas da Guarda Nacional foram enviadas a Minneapolis e Washington, a capital do país.

Minneapolis tem sido palco de protestos noturnos desde que Daunte Wright, um jovem negro de 20 anos, foi morto a tiros em um subúrbio desta cidade de Minnesota em 11 de abril por uma policial branca.

Cerca de 400 manifestantes marcharam pela cidade na segunda-feira exigindo a condenação de Chauvin, gritando: "O mundo está assistindo, nós estamos assistindo, faça a coisa certa".

Em Washington, a Guarda Nacional disse que teria cerca de 250 soldados "para apoiar a polícia local" contra possíveis manifestações.

Os promotores, em seus argumentos finais na segunda-feira, mostraram trechos do vídeo comovente da morte de Floyd, que foi visto por milhões de pessoas em todo o mundo.

"Eles podem acreditar no que viram", disse o promotor Steve Schleicher. “Não se tratou de vigilância policial, mas de assassinato”, ele insistiu. “Nove minutos e 29 segundos de abuso de autoridade chocante”.

"O réu é culpado de todas as três acusações. E não há desculpa", afirmou.

O advogado de defesa Eric Nelson garantiu ao júri que Chauvin "não usou força ilegal de propósito".

"Isso não foi um estrangulamento", disse ele, e justificou as ações de Chauvin e dos outros policiais que mantiveram Floyd no chão.

De acordo com Nelson, a doença cardíaca de Floyd e o uso de drogas foram os fatores decisivos.

- "Justificado" ou não? -

Grande parte da fase de apresentação de evidências do julgamento girou em torno de Chauvin ter usado força razoável ou excessiva.

Especialistas médicos da promotoria disseram que Floyd morreu por falta de oxigênio por ter o joelho de Chauvin em seu pescoço e que as drogas não surtiram efeito.

A defesa chamou um policial aposentado que disse que o uso da força de Chauvin contra Floyd era "justificado".

Os policiais que testemunharam a acusação, incluindo o chefe da polícia de Minneapolis, disseram que era excessivo e desnecessário.

O veredito também afetará os três ex-colegas de Derek Chauvin - Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao - que serão julgados em agosto por "cumplicidade em assassinato".

Depois de três semanas de julgamento, um júri de Minneapolis se retirou na segunda-feira para deliberar sobre a culpabilidade do policial branco Derek Chauvin na morte do afro-americano George Floyd. Que opções têm os integrantes do júri?

- Três acusações -

Derek Chauvin, 45 anos, é acusado de "assassinato em segundo grau", o que pode ser punido com até 40 anos de prisão. Esta acusação pressupõe que matou alguém no contexto de um crime perigoso, embora não tivesse a intenção de provocar a morte (como em um roubo que resulta em mais violência).

Chauvin também foi acusado de "homicídio culposo em segundo grau", com pena máxima de 10 anos de prisão. Esta acusação implica negligência culposa: ter assumido conscientemente que colocava em risco a vida de outros.

Além disso, ele foi acusado de "assassinato em terceiro grau", o que pode provocar uma pena de até 25 anos de prisão. Esta acusação é aplicada a pessoas que causaram a morte sem a intenção de provocá-la, ao cometer um ato perigoso para outros com um espírito que denota desprezo pela vida humana.

- Cenário 1: absolvição -

Para que Chauvin fique livre, os 12 membros do júri teriam que votar a favor da absolvição das três acusações.

Isto significaria o fim do processo judicial no estado de Minnesota, porque a Promotoria não pode apelar tal veredicto.

Este cenário parece pouco provável.

- Cenário 2: culpado -

Neste caso também seria necessário ter unanimidade do júri para um veredicto de culpa. Mas as condenações de policiais por assassinato são muito raras nos Estados Unidos e os júris tendem a conceder o benefício da dúvida.

"O sistema legal americano partiu meu coração antes", disse recentemente Ben Crump, advogado da família Floyd. "Mas o que é diferente desta vez é o vídeo horrível", completou, em referência às imagens da morte de George Floyd feitas por uma pessoa que estava no local da detenção.

A existência de três acusações aumenta as possibilidades da Promotoria.

"O homicídio culposo é uma possibilidade porque você tem que demonstrar uma negligência significativa", afirma David Schultz, professor da Faculdade de Direito Hamline da Universidade de Minnesota.

Em caso de veredicto de culpa, dependerá de um juiz determinar a sentença, algo que deve acontecer um ou dois meses depois.

O magistrado deverá seguir uma escala pré-determinada. Como Chauvin não tem antecedentes penais, apenas incorre em metade das sentenças máximas e, em Minnesota, não são acumulativas.

Portanto, ele corre o risco, em tese, de no máximo 20 anos de prisão.

"As pautas de sentença são presumidas e um juiz poderia elevá-las... mas teria que ter razões muito boas", destaca Schultz.

Se Chauvin for declarado culpado, também é muito provável que apresente recurso, o que poderia prolongar o processo por vários anos.

Mas ele teria que esperar o resultado da batalha judicial na prisão, pois os recursos não podem ser suspensos.

- Cenário 3: júri dividido, julgamento anulado -

Se o júri não chegar a um acordo, o juiz Peter Cahill terá que declarar o julgamento "nulo e sem valor".

"Posso ver um cenário em que pelo menos um membro do júri afirme 'Tenho dúvidas sobre a causa da morte'. E isso é tudo que se precisa para obter o que chamamos de julgamento nulo", explica Schulz.

Isto seria um grande fracasso para a Promotoria, que depois teria que decidir sobre a organização de um segundo julgamento, negociar um acordo de declaração de culpa ou encerrar o caso.

Esta perspectiva está provocando grande apreensão em Minneapolis, cenário de manifestações e protestos depois da morte de George Floyd em 25 de maio de 2020.

Para evitar mais distúrbios, as autoridades mobilizaram milhares de policiais e agentes da Guarda Nacional.

- E depois? -

Independente do veredicto, as autoridades federais, que investigam o caso há meses, estão prontas para processar o agente por violar as leis dos direitos civis dos Estados Unidos.

O veredicto também afetará os três ex-colegas de Derek Chauvin, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, que serão julgados em agosto por "cumplicidade em assassinato".

Se Chauvin for absolvido, a acusação dificilmente será mantida e a Promotoria pode ser obrigada a repensar o caso.

Mas se Chauvin for declarado culpado, seus três ex-colegas de polícia podem ter interesse em chegar a um acordo de declaração de culpa para evitar o julgamento.

Problemas cardíacos e uso de drogas não foram "as causas diretas" da morte de George Floyd, que foi provocada pela violência de sua detenção, disse nesta sexta-feira (9) o médico forense que conduziu sua autópsia.

Ao final da segunda semana de julgamento do policial Derek Chauvin, acusado pelo assassinato de Floyd, essa declaração contrariou a tese de defesa do agente.

A imobilização imposta pela polícia e a compressão em seu pescoço foram "demais para George Floyd, considerando sua condição cardíaca", explicou Andrew Baker no tribunal de Minneapolis que julga Chauvin, um policial branco de 45 anos.

O agente é acusado de ter matado Floyd em 25 de maio de 2020, mantendo seu joelho sobre o pescoço do detido durante quase dez minutos.

O afro-americano gritou várias vezes "não consigo respirar" para os três policiais que o mantiveram deitado de bruços no asfalto, com as mãos algemadas por trás, exercendo pressão sobre suas costas, pescoço e costelas.

Para a acusação, essa pressão foi o que causou a morte de Floyd, que perdeu a consciência por falta de oxigênio até morrer.

A cena, filmada por espectadores, percorreu o mundo e gerou uma enorme onda de protestos contra o racismo e a brutalidade policial em todo o mundo.

Floyd, de 46 anos, tinha um coração maior do que o normal devido à hipertensão, afirmou Baker. "Seu coração precisava de mais oxigênio" porque suas artérias coronárias haviam se estreitado, disse ele.

O esforço físico e a dor "desencadearam os hormônios do estresse, a adrenalina fez o coração bater mais rápido para obter mais oxigênio", mas o coração não conseguiu acompanhar e se rendeu, explicou.

- Sem rastros de covid-19 -

O advogado de Chauvin, Eric Nelson, argumenta que seu cliente não causou a morte de Floyd, que teria sucumbido a uma overdose combinada com problemas cardíacos.

A alegação se baseia a presença de fentanil, um potente opioide, e metanfetamina, um estimulante, descobertos em seu organismo durante a autópsia. O consumo de fentanil também pode causar deficiência de oxigênio, apontou Nelson.

Baker admitiu que a metanfetamina acelera o coração, mas acrescentou que a quantidade da droga detectada foi muito pequena.

Ele também negou a tese desenvolvida pela defesa de que Floyd estava deprimido após ser infectado pelo coronavírus. "Seus pulmões não tinham sequelas da covid", declarou. O médico confirmou que se trata de um homicídio.

Anteriormente, os jurados haviam visto fotos do rosto, dos ombros e das mãos inchadas de Floyd, tiradas durante a autópsia.

O irmão da vítima, Rodney, permaneceu impassível enquanto observava por um longo tempo uma dessas fotos. "É difícil, é difícil", disse a irmã de George Floyd, Bridgett, ao site de notícias The Shade Room.

Mas "quando este julgamento terminar e Derek (Chauvin) for declarado culpado, teremos conseguido justiça para todas as famílias" que não puderam obtê-la para seus entes queridos, frisou ela.

Um especialista em pneumologia afirmou nesta quinta-feira (8), durante o julgamento da morte de George Floyd, que a vítima morreu por falta de oxigênio e que o joelho do policial Derek Chauvin ficou em seu pescoço durante "mais de 90% do tempo" em que ele esteve algemado de bruços na rua.

O pneumologista Martin Tobin disse ao júri que acompanha o processo contra o ex-policial Derek Chauvin, acusado de assassinato e homicídio culposo, que assistiu a vídeos da prisão de Floyd em 25 de maio de 2020 "centenas de vezes".

"Floyd morreu por baixo nível de oxigênio", garantiu. "Isso causou danos a seu cérebro", acrescentou ele, e arritmia, um batimento cardíaco irregular, que fez seu "coração parar", explicou Tobin aos jurados, nove mulheres e cinco homens, que julgam o caso no tribunal de Minneapolis, no estado americano de Minnesota.

Chauvin, um homem branco de 45 anos, aparece no vídeo gravado por uma testemunha ajoelhado sobre o pescoço de Floyd por mais de nove minutos, enquanto o afro-americano de 46 anos reclamava repetidamente que não conseguia respirar. A filmagem correu o mundo e gerou uma onda de protestos contra a injustiça racial e a brutalidade policial.

De acordo com Tobin, a respiração de Floyd foi enfraquecida porque ele estava de bruços na rua, algemado e com Chauvin e outros policiais em seu pescoço e suas costas.

Eric Nelson, o advogado de defesa de Chauvin, sugeriu várias vezes durante o julgamento que o peso do corpo de Chauvin estava na verdade no ombro de Floyd e às vezes nas costas, mas não no pescoço.

O médico não concordou, porém, com essa teoria. "O joelho do agente Chauvin fica praticamente no pescoço na vasta maior parte do tempo", ressaltou, "mais de 90% do tempo".

- Estado de saúde de Floyd não influenciou -

Tobin, nascido na Irlanda e estabelecido em Chicago, nos EUA, prestou depoimento como um especialista convocado pela acusação. O médico afirmou que já havia testemunhado em ações judiciais por negligência médica, mas que esse é seu primeiro processo criminal e que não está sendo pago por isso.

Chauvin, que se declara inocente, pode pegar até 40 anos de prisão se for condenado pela acusação mais grave, assassinato em segundo grau. Com 19 anos de carreira no Departamento de Polícia de Minneapolis, o agora ex-agente foi expulso após a morte de Floyd.

Os promotores buscam provar que a morte do afro-americano ocorreu por asfixia, enquanto a defesa de Chauvin alega que as causas foram o uso de drogas ilegais e os problemas de saúde prévios do falecido.

Tobin rejeitou os argumentos da defesa de que condições anteriores contribuíram para a morte. "Uma pessoa saudável submetida ao que Floyd foi submetido teria morrido como resultado do que ele foi submetido", afirmou.

A cientista forense Breahna Giles, em depoimento na quarta-feira, disse que pílulas contendo metanfetamina e fentanil foram encontradas tanto no carro da vítima quanto no da polícia, algumas com vestígios de saliva que correspondiam com o DNA de Floyd.

Vários oficiais do alto escalão da polícia de Minneapolis testemunharam, por sua vez, que Chauvin fez um uso excessivo da força. O chefe da corporação, Medaria Arradondo, declarou na segunda-feira que Chauvin violou as práticas de formação e seus "valores".

Floyd foi preso sob suspeita de tentar pagar uma compra em uma loja próxima com uma nota falsa de 20 dólares. Um paramédico contou ao júri na semana passada que, quando a ambulância chegou, Floyd já estava morto e o ex-policial ainda estava ajoelhado em seu pescoço.

Os policiais raramente são condenados nos Estados Unidos quando são acusados, e qualquer sentença em qualquer uma das acusações contra Chauvin exigirá um veredicto unânime por parte dos jurados.

Três outros ex-agentes da polícia envolvidos na prisão serão julgados separadamente até o fim do ano.

Apesar da intensidade dos debates sobre a polícia dos Estados Unidos e seus métodos, todos os envolvidos no julgamento pela morte do afro-americano George Floyd parecem determinados a fazer com que o julgamento seja de um homem e não de uma instituição.

Este "não é o julgamento da polícia ou dos métodos policiais", disse o promotor Jerry Blackwell na abertura do processo para examinar a responsabilidade do ex-agente Derek Chauvin. "Não há causa política ou social na sala", afirmou o advogado de defesa Eric Nelson.

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Chauvin, um ex-policial branco de 45 anos, é acusado de matar Floyd em 25 de maio, em Minneapolis, ao pressionar seu joelho contra o pescoço da vítima por quase 10 minutos enquanto o homem negro de 46 anos estava deitado no chão de bruços e algemado.

A tragédia levou milhões de pessoas a se manifestarem em todo o mundo contra o racismo e a brutalidade policial e gerou um debate nos Estados Unidos sobre a necessidade de reformas nas forças de segurança.

Algumas vozes críticas pediram que os fundos da polícia sejam "cortados" para redirecioná-los a outras ações sociais. Várias cidades tomaram medidas e a Câmara dos Representantes abordou a ampla imunidade de que gozam as forças policiais.

Para evitar essas reformas, a polícia e seus defensores foram rápidos em apresentar Chauvin como uma ovelha negra que não reflete os valores da profissão de forma alguma, uma retórica muito ouvida esta semana no tribunal.

Chauvin "violou as regras", o "treinamento" e a "ética" do serviço policial, apontou na segunda-feira Medaria Arradondo, um afro-americano que dirige o Departamento de Polícia de Minneapolis.

"Não sei que tipo de postura ele improvisou, mas não é algo que ensinamos", disse Katie Blackwell, ex-diretora da Academia de Polícia de Minneapolis, também fardada.

A força "mortal" usada por Chauvin "não era de modo algum necessária", opinou o policial mais antigo da cidade, Richard Zimmerman, na sexta-feira.

- "Maçã podre" -

Essa avalanche de depoimentos é excepcional. De fato, nos Estados Unidos, é muito raro que policiais testemunhem contra um colega. Existe até uma expressão, "a parede azul do silêncio", para descrever o código tácito que força os policiais a permanecerem calados se um colega comete um abuso.

Essa parede já havia começado a rachar muito antes do julgamento. Arradondo já havia declarado que Chauvin cometeu um "assassinato", seu sindicato considerou sua demissão "justificada" e a Câmara Municipal de Minneapolis, seu empregador, concordou em pagar à família de Floyd 27 milhões de dólares antes mesmo do veredicto.

Os honorários dos advogados do réu são custeados por uma associação policial, mas a entidade diz que é obrigada a fazê-lo para todos os seus membros.

Em casos anteriores envolvendo agentes da polícia, seus colegas vinham em sua defesa "ou levantando pontos válidos ou simplesmente por uma reação instintiva", explicou Ashley Heiberger, uma ex-policial que virou consultora. "Isso não aconteceu desta vez: cada vez que víamos um comentário, era negativo".

Para Kate Levine, professora da Faculdade de Direito Cardozo de Nova York, essa pode ser uma estratégia. "Minha preocupação é que, se Derek Chauvin for condenado, os departamentos de polícia que o empregaram poderão dizer: 'Esse cara era uma maçã podre, não temos um problema'", argumenta.

"Pode ser que neste caso estejamos diante de um sociopata, mas na maioria das vezes os agentes fazem o que foram treinados para fazer", acrescentou a especialista.

O ativista reformista D.A. Bullock, de Minneapolis, também se mostrou cético com o depoimento de Arradondo. "Encorajo as pessoas a olharem para suas políticas e não para sua atuação", afirmou ele ao The New York Times.

Enquanto o chefe da polícia da cidade se gabava das "mudanças" em seu departamento, que, segundo ele, coloca "a compaixão e a dignidade" no centro do que fazem, Bullock disse que "não confia em seu testemunho sobre as verdadeiras reformas".

O policial mais antigo do Departamento de Polícia de Minneapolis, no norte dos Estados Unidos, declarou nesta sexta-feira (2) que a força exercida pelo ex-policial Derek Chauvin, acusado de causar a morte do afro-americano George Floyd, foi "totalmente desnecessária".

O tenente Richard Zimmerman, chamado a depor pela acusação no quinto dia do julgamento contra Chauvin por assassinato e homicídio culposo, assegurou que o ex-agente, demitido após a morte de Floyd, violou as políticas sobre o uso da força.

Zimmerman disse ao promotor Matthew Frank que havia revisto o vídeo gravado por pedestres e as imagens da câmera corporal da polícia que mostram a prisão de Floyd, em 25 de maio de 2020, da qual participaram Chauvin e três agentes que também foram denunciados.

Quando Frank perguntou sua opinião sobre o uso da força exercida por Chauvin contra Floyd, Zimmerman disse: "totalmente desnecessária".

"Jogá-lo ao chão de bruços e colocar o joelho sobre seu pescoço durante este intervalo de tempo é simplesmente desnecessário", afirmou. "Não vi nenhuma razão para que os agentes sentissem que estavam em perigo, se é isso o que sentiam. E isso é o que teriam que sentir para usar este tipo de força", acrescentou.

O vídeo mostra Floyd, um homem negro de 46 anos, algemado e sofrendo por mais de nove minutos a pressão asfixiante em seu pescoço do joelho de Chauvin, um policial branco que o deteve por usar uma nota falsa de 20 dólares para comprar cigarros.

A morte do afro-americano provocou protestos contra a injustiça racial e a violência policial nos Estados Unidos e outras partes do mundo.

Os promotores tentam demonstrar que as ações de Chauvin, com 19 anos de experiência na polícia, provocaram a morte de Floyd, que foi derrubado e estava de bruços na rua, dizendo reiteradamente: "Não consigo respirar".

Eric Nelson, advogado de defesa do ex-policial, afirma, no entanto, que Floyd morreu devido ao consumo de drogas ilegais e a problemas médicos subjacentes.

- "A segurança dele é sua responsabilidade" -

Frank perguntou a Zimmerman, que se incorporou ao Departamento de Polícia de Minneapolis em 1985 e atualmente faz parte da unidade de homicídios, se tinha sido "treinado para se ajoelhar no pescoço de alguém que está algemado pelas costas e de bruços".

"Não", respondeu.

Uma vez que um suspeito é algemado, disse, "essa pessoa é sua". "É sua responsabilidade. A segurança dela é sua responsabilidade".

Zimmerman também disse que uma vez que um suspeito está algemado, "é preciso tirá-lo da posição pronada o quanto antes porque restringe sua respiração".

"É preciso colocá-los de lado ou fazer com que se sentem", explicou.

O depoimento de Zimmerman sucede o do sargento que tinha sido supervisor de turno de Chauvin no dia da detenção de Floyd.

David Pleoger, agora aposentado, também teve que dar sua opinião sobre o uso da força na detenção de Floyd.

"Quando o sr. Floyd não opunha mais nenhuma resistência aos agentes, poderiam ter posto fim à sua imobilização", disse Pleoger.

Derek Smith, um paramédico, depôs na quinta-feira e disse que Chauvin e outros policiais ainda estavam em cima de Floyd quando ele e seu colega, Seth Bravinder, chegaram ao local.

Smith disse ter checado a artéria carótida no pescoço de Floyd para ver se tinha pulso. "Não senti nenhum", disse. "Pensei que estava morto".

Smith disse que a equipe médica colocou Floyd na ambulância e tentou reanimá-lo com massagem cardíaca e um desfibrilador, mas seus esforços foram infrutíferos.

Além de ouvir os policiais e as testemunhas, o júri que acompanha o caso em um tribunal de Minneapolis fortemente vigiado, composto por nove mulheres e cinco homens, viu as imagens filmadas por pedestres e pela câmera corporal da polícia sobre a detenção de Floyd.

Chauvin, que está em liberdade sob fiança, pode ser condenado a até 40 anos de prisão se for considerado culpado da acusação mais grave contra ele: homicídio em segundo grau.

Os outros três ex-policiais envolvidos no caso - Tou Thao, Thomas Lane e J. Alexander Kueng serão julgados em separado ainda este ano.

Um jovem caixa de uma loja de Minneapolis disse nesta quarta-feira (31), durante o julgamento pelo assassinato de George Floyd, que se arrependeu de aceitar a nota falsa de 20 dólares usada pela vítima para pagá-lo, o que mais tarde levaria a sua prisão e morte.

"Se eu simplesmente não tivesse aceitado a nota, isso poderia ter sido evitado", lamentou Christopher Martin no terceiro dia do midiático julgamento de Derek Chauvin.

O ex-policial de Minneapolis, de 45 anos, é acusado de assassinato e homicídio culposo por seu papel na morte de Floyd em 25 de maio de 2020, que foi registrada em vídeo e provocou manifestações contra o racismo em todo o mundo.

As imagens mostram Chauvin, que é branco, ajoelhado sobre o pescoço de Floyd, um homem negro de 46 anos, durante mais de nove minutos.

Martin, de 19 anos, trabalhava como caixa na Cup Foods, a loja onde Floyd utilizou uma nota falsa para comprar um maço de cigarros. O jovem afirmou no tribunal que soube imediatamente que não era uma nota real, mas que a aceitou mesmo assim.

"Pensei que George realmente não sabia que era uma nota falsificada", contou ele. "Achei que estava fazendo um favor (...) Recebi de qualquer forma e estava pensando em colocar na minha conta", disse.

O caixa contou o que havia acontecido ao gerente, que o pediu para sair e dizer a Floyd para voltar à loja. Martin e seus colegas foram até o carro onde Floyd estava com duas outras pessoas, mas ele se recusou a voltar, então o gerente chamou a polícia.

O que ocorreu em seguida é bem conhecido: o afro-americano acabou algemado e imobilizado no chão, com o joelho de Derek Chauvin sobre seu pescoço. Apesar de seus apelos e os gritos de transeuntes angustiados, o policial manteve a pressão até a chegada de uma ambulância, tarde demais para reanimar Floyd.

- "Incredulidade e culpa" -

Eric Nelson, o advogado de defesa de Chauvin, afirmou nas argumentações iniciais que a morte de Floyd foi causada por drogas e suas condições médicas prévias, e não por asfixia.

Martin, por sua vez, descreveu que Floyd parecia "drogado" quando entrou na loja, mas que foi "muito amigável, acessível e falante".

"Ele parecia estar tendo um Memorial Day (feriado nos EUA) normal, apenas vivendo sua vida", relatou. "Mas parecia sim drogado".

O caixa disse que saiu da loja quando ouviu "gritos e berros" do lado de fora. "Eu vi (Chauvin) com o joelho no pescoço de George no chão", contou. "George estava imóvel, mole."

Nas filmagens de uma câmera de segurança apresentadas ao júri, o jovem funcionário é visto, chocado, com as mãos na cabeça. Ao promotor, que perguntou o que ele sentia naquele momento, ele respondeu com a voz embargada: "incredulidade e culpa".

Depois disso, Martin se mudou e nunca mais retornou à Cup Foods.

Também depôs nesta quarta-feira Charles McMillian, de 61 anos, que disse que passava pelo local naquele dia e parou para ver o que estava acontecendo.

Ao ser o primeiro espectador da cena, pode ser ouvido no vídeo dizendo a Floyd, já algemado, "você não pode vencer" e pedindo que entrasse no banco de trás do carro da polícia.

Os promotores reproduziram o vídeo da câmera corporal da polícia em que Floyd aparece dizendo que tem "claustrofobia" e chamando por sua mãe enquanto os agentes tentam colocá-lo dentro do carro.

McMillian começou a soluçar enquanto o vídeo era exibido, tirando os óculos e enxugando os olhos com lenços de papel até que o juiz Peter Cahill pediu um breve recesso.

"Eu me senti impotente", disse McMillian, que também enfrentou Chauvin depois do incidente.

Perguntado por um promotor porque o fez, McMillian disse: "Porque o que vi estava errado".

- Júri -

A sessão matinal do julgamento foi rapidamente interrompida quando um membro do júri, composto por nove mulheres e cinco homens, pareceu indisposto.

Os promotores tentam demonstrar ao júri que Chauvin não tinha justificativa para usar a perigosa manobra sobre o pescoço de Floyd.

O ex-agente, que passou 19 anos a serviço da polícia de Minneapolis, foi libertado sob fiança e se apresenta livre ao julgamento ao qual se declara não culpado. Ele pode pegar até 40 anos de prisão caso seja condenado pela acusação mais grave, o de homicídio em segundo grau.

O júri deve dar seu veredicto até o final de abril ou início de maio.

Os outros três policiais envolvidos, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, serão julgados em agosto por "cumplicidade no assassinato".

O esperado processo contra o ex-policial branco Derek Chauvin, acusado de assassinar o negro americano George Floyd, começou nesta terça-feira(9) com a escolha dos jurados, nove meses após o incidente que provocou intenso debate sobre as desigualdades raciais nos Estados Unidos e no mundo.

O ex-policial de Minneapolis enfrenta duas acusações, uma por homicídio em segundo grau e outra por homicídio culposo, na morte de Floyd em 25 de maio.

O processo deveria começar na segunda-feira, mas foi adiado porque a promotoria quer acrescentar uma terceira acusação, a de homicídio em terceiro grau.

O juiz que presidiu a audiência, Peter Cahill, decidiu dar continuidade ao processo nesta terça-feira.

Assassinato em segundo grau acarreta pena máxima de 40 anos de prisão, enquanto homicídio em terceiro grau acarreta 25 anos.

O processo seletivo pode durar cerca de três semanas e estima-se que as discussões iniciais possam começar no dia 29 de março.

Chauvin, de 44 anos, foi expulso da polícia depois que o vídeo de um transeunte o mostrou esmagando o pescoço de Floyd com o joelho por quase nove minutos.

O agente, que foi libertado sob fiança, compareceu ao tribunal nesta terça em um terno cinza e uma máscara preta, ficando em pé atrás de uma tela de acrílico instalada como medida de proteção contra a covid-19.

- Feridas raciais -

A morte de George Floyd reabriu as feridas raciais nos Estados Unidos e desencadeou meses de violentos protestos contra o racismo e a brutalidade policial tanto no país, como no mundo.

Os advogados das duas partes têm a difícil tarefa de encontrar júris que não tenham uma postura definida sobre o caso ou não o conheçam.

Três outros policiais envolvidos na prisão de Floyd, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, enfrentam acusações menores e serão julgados separadamente.

Os quatro foram demitidos da polícia de Minneapolis.

A prisão de Floyd no meio da rua ocorreu após acusações de que ele teria tentando pagar uma compra em um loja próxima com uma nota falsa de vinte dólares.

O julgamento de Chauvin é considerado um possível marco em um país que recentemente elegeu sua primeira vice-presidente negra mas que, historicamente, viu policiais se livrando da condenações atos abusivos.

Devido à pandemia e as normas de distanciamento social, poucas pessoas estarão presentes no tribunal. As famílias Floyd e Chauvin podem ser representadas por apenas uma pessoa em cada audiência.

Apesar do interesse mundial, apenas dois repórteres poderão estar presentes. O julgamento será transmitido ao vivo online.

A defesa de Chauvin, que estava na polícia há 19 anos, alega que ele seguiu os procedimentos estabelecidos e afirma que Floyd morreu de overdose de fentanil.

"Chauvin agiu de acordo com a política do MPD (Departamento de Polícia de Minneapolis), com seu treinamento e dentro de suas obrigações", disse seu advogado, Eric Nelson.

"Ele fez exatamente o que foi ensinado a fazer", acrescentou.

A autópsia de Chauvin encontrou traços de fentanil no corpo de Floyd, mas o relatório diz que a morte foi por "compressão do pescoço".

Não é esperado um veredito antes do final de abril.

Ferido e marcado para sempre pela morte de seu sobrinho George Floyd, Selwyn Jones está preocupado com o julgamento que começa nesta segunda-feira (8) do policial acusado de seu assassinato, porque duvida de um sistema jurídico que historicamente tem sido tolerante com as forças de ordem.

"Quero que a justiça prevaleça", diz Jones, tio materno do homem negro que morreu sufocado sob o joelho do agente branco de Minneapolis Derek Chauvin. Sua morte gerou protestos indignados em todo o mundo.

"Obviamente, quero uma condenação", declarou Jones à AFP. Mas ele garante que "o sistema" o preocupa.

Chauvin, que pressionou o joelho contra o pescoço de um Floyd imobilizado por quase nove minutos em 25 de maio de 2020, enfrenta acusações de homicídio no tribunal distrital do condado de Hennepin, onde a escolha do júri começa nesta segunda.

Jones, de 55 anos, vive na pequena cidade de Gettysburg, em Dakota do Sul, centenas de quilômetros a oeste de Minneapolis. Espera poder comparecer ao julgamento, mas as restrições de distanciamento social impostas para lidar com a covid-19 permitem que apenas um membro da família compareça por vez.

Para ele, o vídeo do episódio fatídico, filmado por um transeunte e visto por milhões de pessoas em todo o mundo, não deixa margem para dúvidas: Chauvin é "o mais culpado possível".

Quando Jones viu o vídeo pela primeira vez na televisão, não sabia quem era o homem deitado de bruços, sufocado pelo joelho de um policial. "Droga", pensou na época, "isso vai matá-lo!"

Logo depois, sua irmã, angustiada, ligou para ele para dar a notícia. Foi como se alguém "tivesse colocado as mãos no meu peito e arrancado meu coração", conta.

Ele garante que nunca esquecerá as imagens de seu sobrinho ofegante e implorando por sua vida.

Quanto a Chauvin, "agiu como se não houvesse ninguém ao seu redor", mesmo quando uma multidão implorara para que deixasse Floyd respirar.

Jones diz que foi como se Chauvin dissesse a si mesmo: "Posso fazer o que quiser, porque sou um policial, sou um homem branco e nós governamos o mundo".

- "Manipular o sistema" -

Apesar do vídeo chocante, Jones não está otimista sobre o resultado do julgamento, que deve durar várias semanas.

Acredita que "tecnicalidades" - incluindo leis que concedem aos policiais uma considerável imunidade legal - podem ser usadas "para manipular o sistema".

"Coisas assim foram vistas ao longo do tempo e nunca funcionaram como deveriam".

O exemplo mais notório, diz ele, foi o espancamento de um homem negro, Rodney King, pela polícia de Los Angeles em 1992, após uma perseguição em alta velocidade. Embora o espancamento prolongado tenha sido gravado em vídeo, o júri absolveu três dos agentes envolvidos e não chegou a um veredicto sobre o quarto.

O resultado levou a seis dias de tumultos sangrentos em bairros afro-americanos e latinos que deixaram 63 mortos.

Jones teme que o cenário se repita se Chauvin não for condenado à prisão.

"Se houver uma absolvição, o mundo inteiro será dilacerado", aposta. "Eu odeio distúrbios, mas às vezes é a única maneira de as pessoas entenderem".

As circunstâncias que envolveram a morte de seu sobrinho e os enormes protestos que gerou dão a Jones alguma esperança.

"Por acaso, a morte do meu sobrinho aconteceu no meio de uma pandemia, com todos (tendo) a oportunidade de ver como é o racismo", sentencia.

"Porque é disso que se trata: racismo, poder e controle. A mesma coisa que foi infligida aos negros por centenas de anos".

"A única razão" que levou Chauvin à detenção, diz Jones, "é porque as pessoas estavam fartas e cansadas de estar fartas e cansadas".

Novos protestos estão planejados em torno da área onde o julgamento acontece. As argumentações de abertura estão marcadas para 29 de março e grande atenção da mídia é garantida.

Com "tanta pressão neste caso pode ser que algo aconteça", conclui Jones, com um pouco de esperança.

Nove meses depois da morte de George Floyd lançar uma nova luz sobre a questão racial nos Estados Unidos, o julgamento contra o policial branco acusado de assassiná-lo começa nesta segunda-feira.

A seleção do júri começa segunda-feira em Minneapolis no caso contra Derek Chauvin, um ex-agente do Departamento de Polícia de Minnesota (MPD), que foi filmado pressionando o seu joelho no pescoço de Floyd por quase nove minutos enquanto o afroamericano detido, que estava algemado, lutava para respirar.

As imagens chocantes da morte de Floyd, de 46 anos, em 25 de maio, geraram a onda de protestos "Black Lives Matter" contra a brutalidade policial e a injustiça racial nos Estados Unidos e em capitais ao redor do mundo.

O caso de Chauvin promete ser inédito em muitos aspectos: contará com advogados famosos, será realizado sob forte segurança e será transmitido ao vivo.

O escritório do Procurador-Geral do Estado de Minnesota convocou Neal Katyal, um ex-procurador-geral interino que argumentou perante o Supremo Tribunal, para ajudar com a acusação.

Katyal descreveu o julgamento de Chauvin como um "caso criminal histórico, um dos mais importantes da história" dos Estados Unidos.

Ashley Heiberger, ex-policial que agora trabalha como consultora sobre as práticas policiais, afirmou que "o fato de um policial ter sido acusado criminalmente de uso abusivo da força é, em si mesmo, uma exceção".

"É ainda mais raro que eles sejam condenados", acrescentou.

"Há uma tendência do júri querer dar ao policial o benefício da dúvida", ressalta.

No entanto, as circunstâncias que rodearam o caso Chauvin, de 44 anos, são tão preocupantes que "nenhuma polícia ou organização policial saiu para defender seu ato", explica.

Três outros oficiais envolvidos na prisão de Floyd, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, enfrentam acusações menores e serão julgados de forma separada.

Todos os quatro envolvidos no caso foram demitidos pelo Departamento de Polícia de Minneapolis.

- "Exatamente para o que fui treinado" -

Chauvin, que atuava há 19 anos na polícia, foi libertado sob fiança no outono e deve se declarar inocente das acusações de homicídio e homicídio culposo.

"Ele agiu de acordo com a política do MPD, seu treinamento e seus deveres como oficial licenciado do estado de Minnesota", afirmou seu advogado, Eric Nelson.

"Ele fez exatamente o que foi treinado para fazer", acrescentou.

De acordo com Nelson, Floyd morreu de overdose de fentanil. Uma autópsia encontrou vestígios da droga no corpo de Floyd, mas especificou que a causa da morte foi "compressão do pescoço".

Ben Crump, advogado que representa a família Floyd, declarou no sábado que espera que a equipe de defesa questione sobre o caráter do afroamericano.

"Eles vão tentar fazer as pessoas esquecerem o que vêem no vídeo", afirmou.

Será necessária uma decisão unânime de todos os 12 jurados para colocar Chauvin atrás das grades.

Se o policial não for condenado, é provável que haja uma nova onda de manifestações contra o racismo.

As autoridades mobilizaram milhares de policiais e membros da Guarda Nacional para auxiliar na segurança durante o julgamento.

O tribunal do condado de Hennepin, onde ocorrerá o julgamento, já parece um campo armado, cercado por barreiras de concreto e cercas de arame farpado.

O julgamento terá início na segunda-feira às 8h local (14h GMT) com a escolha do júri, um processo delicado considerando a ampla publicidade em torno do caso.

Os jurados em potencial receberam um questionário de 15 páginas.

"Quão favorável ou desfavorável você é sobre Black Lives Matter?", é uma das perguntas.

"Você já viu um vídeo da morte de George Floyd? Se sim, quantas vezes?" ou "Você, ou alguém próximo a você, participou de alguma das manifestações ou passeatas contra a brutalidade policial?", também aparecem no questionário.

Os promotores devem apresentar o depoimento de uma mulher negra que afirma que Chauvin usou força excessiva contra ela em 2017, e também que o adolescente que filmou a morte de Floyd seja chamada a depor.

Não se espera uma decisão antes do final de abril.

O julgamento do ex-policial Derek Chauvin, acusado do assassinato do afro-americano George Floyd, começará no dia 8 de março, mas os outros três co-réus serão julgados no final de agosto, ordenou um juiz em uma decisão divulgada terça-feira (12).

O Ministério Público e a defesa solicitaram o adiamento do julgamento dos quatro, em particular devido à pandemia do covid-19.

Mesmo no maior tribunal do tribunal de Minneapolis, "será impossível cumprir as regras de distanciamento físico no caso de um julgamento conjunto", admitiu o juiz Peter Cahill em sua decisão.

No entanto, Cahill ordenou que o julgamento de Derek Chauvin, um homem branco de 44 anos, que passou mais de oito minutos com o joelho pressionando o pescoço de George Floyd em 25 de maio, seja mantido dentro do cronograma.

Seus ex-colegas Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, acusados de cumplicidade, "serão julgados juntos a partir de 23 de agosto", acrescentou.

Todos os quatro, que pediram para ser julgados separadamente, foram libertados sob fiança.

Porém, a promotoria queria um julgamento unificado, para não prolongar o trauma dos familiares e reduzir custos para os contribuintes.

Nos autos do tribunal, os réus alegaram que usaram de força razoável diante de um homem que resistia. Mas falhas surgiram em seus laços e alguns parecem tentados a culpar uns aos outros pela tragédia.

A imagem do incidente em que Floyd morreu se tornou viral e levou milhões de cidadãos a tomarem as ruas do país para protestar contra a violência da Polícia, exigir reformas na instituição e pedir o fim das desigualdades raciais.

O policial branco Derek Chauvin, principal acusação pelo assassinato do afro-americano George Floyd, ganhou liberdade condicional nesta quarta-feira (7) após o pagamento de 1 milhão de dólares de fiança, segundo documentos judiciais.

O agente de 44 anos deve ser julgado em março junto com três de seus ex-colegas, acusados de cumplicidade, neste drama que desencadeou a maior mobilização antirracista nos Estados Unidos desde o movimento pelos direitos civis na década de 1960.

Em maio, em Minneapolis, ele foi filmado ajoelhado no pescoço de George Floyd por quase nove minutos. As imagens provocaram um repúdio generalizado em todo o mundo.

Sua prisão, quatro dias após o ocorrido, contribuiu para a calma nesta cidade do norte dos Estados Unidos, abalada por várias noites de distúrbios.

Desde então, Chauvin esteve preso em um presídio de alta segurança de Minnesota, do qual saiu apenas em 11 de setembro para comparecer ao julgamento.

Ele se apresentou no tribunal junto com seus co-acusados: Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, que foram libertados sob fiança há semanas.

Os quatro homens pediram a retirada das acusações, alegando que usaram uma força razoável contra um homem que lutava. George Floyd está "morto provavelmente por uma overdose de fentanil", disse o advogado de Derek Chauvin, segundo as atas judiciais.

Este argumento gerou indignação na família Floyd. "Isso é uma loucura", disse seu sobrinho Brandon Williams. "Ele morreu por causa de um joelho em seu pescoço, é o que a autópsia diz", acrescentou seu irmão Philonise Floyd.

Um levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo, que considera os dados do Censo Escolar de 2019, indica que uma em cada dez escolas privadas da capital paulista não tem um único professor negro.

Dentro da amostragem, que equivale a 10% do total de escolas privadas da cidade de São Paulo, o número de educadores negros nos colégios é de 20%. A estimativa de moradores negros da cidade, segundo o levantamento da prefeitura paulista, é de 37%.

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A reportagem publicada nesta segunda-feira (28) mostra que muitas famílias cobram por dados que indicam a presença de profissionais negros nos colégios privados da capital paulista. A busca teria se intensificado após a morte do afro-americano George Floyd, em maio. Como consequência do ocorrido, em julho foi criado o coletivo Escolas Antirracistas, movimento que procura por medidas de inclusão de negros nas escolas, tanto no grupo dos alunos quanto no de professores, e que já reúne mais de 250 membros.

Na rede pública, os dados do Censo indicam que 30% dos professores são negros e, segundo levantamento do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), 40% dos profissionais formados em pedagogia e matemática têm essa cor de pele.

O policial americano acusado de assassinar George Floyd, o homem negro de 46 anos cuja morte desencadeou protestos em todo país, deve comparecer pessoalmente à Justiça pela primeira vez nesta sexta-feira (11).

Derek Chauvin, filmado em 25 de maio pressionando seu joelho no pescoço de Floyd após prendê-lo em uma rua de Minneapolis, enfrenta uma acusação por homicídio em terceiro grau e outra por homicídio em segundo grau.

Outros três policiais de Minneapolis que estavam com Chauvin quando Floyd foi detido foram acusados de cumplicidade e incitação ao homicídio em segundo grau. Os quatro policiais foram demitidos no dia seguinte à morte de Floyd.

Os promotores afirmam que a morte do homem negro, desarmado no momento da prisão, foi "cruel, brutal e desumana". Floyd foi detido por supostamente usar uma nota falsa de 20 dólares em uma loja.

Espera-se que a defesa de Chauvin argumente que Floyd estava drogado nesse momento e morreu de uma overdose de fentanil.

Os promotores querem provar que os quatro policiais agiram juntos e que um julgamento em conjunto seria mais eficiente e mais adequado para responder à angústia da família Floyd.

Os advogados defensores querem que os quatro acusados sejam julgados em separado e pedem diferentes locais de julgamento.

Do lado de fora do Centro de Justiça Familiar, no centro de Minneapolis, dezenas de manifestantes aguardam o acusado com cartazes, gritos e uma grande bandeira que diz: "Black Lives Matter".

Uma mulher nua participou ativamente de um protesto no estado do Oregon, nos EUA, e suas imagens viralizaram nas redes sociais. Usando apenas um gorro preto e uma máscara, ela se colocou à frente dos policiais que tentavam dispersar os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo.

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A mulher, segundo relatos do jornal The Oreganian, chegou em silêncio, nua, se sentou na frente dos policiais que impediam a passagem dos manifestantes e fez poses de bailarinas. Ela ainda foi acuada pelos oficiais que disparam gás e spray de pimenta nos pés dela, mas ainda assim resistiu e permaneceu.

Ninguém sabe ainda o nome da mulher, mas, nas redes sociais, ela ganhou o apelido de Naked Athena (Athena Nua, em português). Oregon ainda vive uma forte onda de protestos e confrontos por conta do assassinato de George Floyd que repercutiu no mundo inteiro.

A família de George Floyd, cujo assassinato pela polícia provocou protestos nos Estados Unidos e no mundo, anunciou nesta quarta-feira (15) que está processando a cidade de Minneapolis por sua morte.

O advogado Benjamin Crump disse que a família apresentou uma ação por morte por negligência ao Tribunal do Distrito Federal da cidade. Os quatro agentes envolvidos na morte do Floyd ainda não foram julgados por homicídio e acusações relacionadas.

Floyd morreu em 25 de maio, quando o então agente, depois demitido, Derek Chauvin pressionou o joelho sobre seu pescoço por mais de oito minutos depois que o homem negro de 46 anos foi detido por supostamente passar uma nota falsificada de 20 dólares em um supermercado.

Grande parte do país e do mundo ficou chocada com um vídeo de um espectador que mostrava Floyd implorando por sua vida, dizendo "Não consigo respirar", antes de morrer.

A morte de Floyd provocou tumultos e manifestações em Minneapolis, na vizinha Saint Paul e em todo o país contra a violência policial dirigida a afro-americanos.

"Não foi apenas o joelho do policial Derek Chauvin no pescoço de George Floyd por oito minutos e 46 segundos, mas foi o joelho de todo o Departamento de Polícia de Minneapolis no pescoço de George Floyd que o matou", disse Crump em frente ao tribunal federal em Minneapolis.

A família de Floyd não disse quanto está pedindo em danos.

Mas o processo civil tem o potencial de trazer milhões de dólares se eles puderem provar que as políticas da cidade são culpadas pelo comportamento de Chauvin e dos outros policiais envolvidos.

Em maio de 2019, Minneapolis foi condenada a pagar 20 milhões de dólares à família de uma professora de ioga, morta por um policial quando ela estava sentada em seu carro.

"A cidade de Minneapolis tem um histórico de políticas e procedimentos com indiferença deliberada no tratamento a detidos, especialmente homens negros", disse Crump a jornalistas.

"Este é um caso sem precedentes e, com esse processo, procuramos estabelecer um precedente para tornar financeiramente proibitivo para que a polícia não mate injustamente pessoas marginalizadas, especialmente pessoas negras, no futuro".

Crump chamou o caso de Floyd de "um ponto de inflexão para o policiamento na América".

"Enquanto toda a América está lidando com a crise de saúde pública da epidemia do coronavírus, a América negra tem que lidar com outra pandemia de saúde pública, a da brutalidade policial", disse ele.

Chauvin, 44 anos, foi detido em uma prisão de segurança máxima em Stillwater, Minnesota.

Três outros policiais demitidos que ajudaram a subjugar Floyd ou ficaram de guarda são acusados de participação em homicídio em segundo grau além de homicídio culposo. Os três pagaram fiança de 750 mil dólares.

A transcrição da ação policial que resultou na morte de George Floyd, 46 anos, no dia 25 de maio em Minneapolis, mostrou que o ex-segurança afirmou por mais de 20 vezes que não estava conseguindo respirar. Os áudios foram divulgados na noite desta quarta-feira (8) pela autoridades norte-americanas.

Durante a gravação, Floyd avisa que "vai morrer" também por diversas vezes e pede que não seja colocado no camburão por ser claustrofóbico. Enquanto gritava que não conseguia respirar, o policial Derek Chauvin, que ficou com seu joelho por mais de oito minutos no pescoço do ex-segurança, assim como os outros três agentes que estavam na abordagem pediam para ele "relaxar", "respirar fundo" e repetiram várias vezes para Floyd que ele "está bem".

    Em um momento mais tenso, Chauvin parece perder a paciência e grita com o ex-segurança para ele "parar de falar, parar de gritar" porque é preciso "muito oxigênio para falar". Pouco depois, Thomas Lane, um dos policiais na ação, pede se não seria melhor virar Floyd de lado - já que ele está imobilizado e aparenta estar sob efeito de alguma droga.

    No entanto, Chauvin se negou e disse que era por isso que eles estavam aguardando a ambulância. O agente só tirou o joelho do pescoço de Floyd após o paramédico pedir para ele fazer isso, mas nesse momento, o ex-segurança já não apresentava mais sinais de vida.

    Também é possível ouvir durante toda a transcrição que o homem de 46 anos pede muito pelos filhos e fala da mãe, que já é falecida há dois anos. "Te amo, mãe! Diga a meus filhos que eu amo eles. Eu estou morto", fala em um dos momentos.

    Segundo a gravação, a última fala registrada de Floyd foi mais uma súplica. "Eles vão me matar, eles vão me matar. Eu não consigo respirar", disse.

    A morte de Floyd foi o estopim para semanas de protestos e manifestações por todo os Estados Unidos e também em outras partes do mundo sobre o racismo e a violência policial contra os negros - já que essa não foi a primeira vez que um negro foi sufocado por um policial branco. O movimento Black Lives Matter (Vidas Pretas Importam) voltou a ganhar força e a violência do assassinato de Floyd fez diversas cidades anunciarem a revisão das práticas policiais nas abordagens.

    Os policiais tinham sido chamados ao local e prenderam Floyd por ele ter, supostamente, tentado usar uma nota de US$ 20 falsa para comprar cigarros em um pequeno mercado. Os quatro agentes foram demitidos rapidamente e, depois dos protestos, todos foram indiciados judicialmente.

    Chauvin responde por homicídio em segundo e terceiro grau e os policiais Lane, Alexander Kueng e Tou Thao respondem por serem cúmplices do assassinato. 

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