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Nascida no início de junho deste ano, a Brigada da Hora - coletivo que reúne artistas plásticos e grafiteiros do Recife e Olinda - surgiu como um movimento pelo uso da arte em prol do engajamento político. A primeira ação do grupo se deu no Cinema Duarte Coelho, equipamento cultural abandonado da cidade olindense, e, nesta terça (28), uma reunião na Casa do Cachorro Preto, às 20h, decidirá as próximas atividades da Brigada. O artista plástico Raul Córdula, idealizador do projeto, conversou com o Portal LeiaJá sobre os ideais e ideias do coletivo.
##RECOMENDA##Incomodados com o atual momento político que o país atravessa, Raul e sua esposa, a fótografa Amélia Couto, pensaram numa maneira de materializar seu decontentamento e, artistas que são, escolheram a arte como meio para tal: "Pensei na ideia de manifestar nossa indignação a respeito do momento político que vivemos, estampando no muro nossos protestos e clamando pela restauração da democracia", disse Raul. O casal foi então ao encontro de Raoni Assis, artista plástico e coordenador da Casa do Cachorro Preto (localizada em Olinda) e, juntos, recrutaram mais de 30 artistas visuais para um primeiro encontro. A ideia de usar o grafite como meio de comunicação foi imediata: "Considero a grafitagem uma forma de comunicação fantástica, melhor de que o outdoor, porque está no horizonte da pessoa que passa".
Nesta primeira reunião, o grupo deicidiu iniciar os trabalhos da Brigada com a intervenção no Cinema Duarte Coelho, abandonado há cerca de 40 anos. "O primeiro trabalho foi feito a partir da ideia de Raoni de pintar tudo de vermelho, escrevendo apenas a assinatura 'Brigada da Hora'. Esse nome serve tanto para definir a urgência política que o momento requer, quanto para homenagear o incansável artista lutador Abelardo da Hora", explicou Córdula. Durante a ação, ocorrida no dia 19 deste mês, vizinhos do imóvel chegaram a chamar a polícia: "Um casal de policiais, por sinal muito simpáticos, parou e nos disse que telefonaram dizendo que 'vândalos' estavam atujando no cine Duarte Coelho. Conversamos bastante e eles saíram numa boa, sem nenhuma desavença", contou Raul, esclarecendo não haver necessidade de uma preocupação com este tipo de abordagem. "No caso específico do Cine Duarte Coelho, nós interferimos num edifício fisicamente degradado portanto, qualquer interferência que não signifique depredação seria uma forma de utilizar este espaço de forma política e ética.Nosso trabalho continuará no Recife e em locais de Olinda fora do Sítio Histórico onde a questão patrimonial permita".
Agora, a Brigada da Hora se prepara para discutir uma nova ação. Nesta terça (28), os artistas se reúnem na Casa do Cachorro Preto para idealizar a próxima intervenção. "Tudo ainda é muito novo, não temos uma programação definida, mas já temos uma doação espontânea de uma parede no Recife, e já estamos em contato com outras áreas para atuar", disse o artista plástico. Ele também explicou como a sociedade pode colaborar com o movimento: "Claro que existem algumas normas estéticas que precisam ser seguidas em função da finalização da ideia, mas todo apoio será muito bem vindo. A sociedade pode contribuir se engajando na luta, doando tintas, divulgando nas redes sociais nossos propósitos e imagens geradas".
Serviço
Reunião da brigada da Hora
Terça (28) | 20h
A Casa do Cachorro Preto (Rua Treze de Maio, 99 - Carmo)
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