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A defesa de Glenn Greenwald apresentou nesta quarta-feira, 22, uma petição para que o juízo da 10.ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal rejeite a denúncia apresentada contra o jornalista no âmbito da Operação Spoofing - investigação sobre invasão de comunicações de autoridades, entre elas o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Paraná.

Segundo os advogados Rafael Fagundes, Nilo Batista e Rafael Borges, que assinam o documento, a peça do procurador Wellington Divino Marques de Oliveira, do Ministério Público Federal em Brasília, é um "devaneio acusatório, completamente dissociado da realidade dos fatos".

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A denúncia, divulgada na terça-feira, 21, sustenta que o jornalista do The Intercept Brasil "auxiliou, incentivou e orientou o grupo durante o período das invasões".

Além do jornalista, a peça abarcou os seis alvos da Spoofing: Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", Gustavo Henrique Elias dos Santos, Thiago Eliezer Martins, Danilo Marques, Suelen Priscila de Oliveira e Luiz Henrique Molição.

A denúncia do procurador Wellington Divino foi feita com base no áudio de um diálogo entre o hacker Luiz Henrique Molição e Glenn, encontrado durante análise de um computador apreendido na casa de "Vermelho", suposto líder do "grupo de Araraquara" - município onde parte dos suspeitos reside.

Para Wellington Divino, a atitude do jornalista durante a conversa com Molição caracteriza "clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos".

Para a defesa, "não é possível extrair qualquer tipo de atividade delituosa" dos diálogos registrados na denúncia.

Os advogados de Glenn alegam que a conversa entre jornalista e fonte é protegida pelo sigilo constitucional e que não poderia ser utilizada como prova, por conta da decisão dada em agosto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.

A medida cautelar concedida por Gilmar, na ocasião, proibiu que Glenn fosse investigado e responsabilizado pelas autoridades públicas e órgãos de apuração administrativa ou criminal (como a Polícia Federal) pela "recepção, obtenção ou transmissão" de informações publicadas na imprensa.

A denúncia do procurador, documento de 95 páginas, argumenta que Glenn Greenwald não foi investigado, e que, portanto, não foi descumprida a medida concedida por Gilmar. Wellington Divino afirma que a "decisão criou uma espécie de imunidade especial e material jure et de jure, uma presunção absoluta de inocência, garantindo um 'salvo conduto' ao réu de ser investigado".

No entanto, ressaltou, em letras maiúsculas: "NÃO HOUVE INVESTIGAÇÃO. NÃO SE DESCUMPRIU A DECISÃO".

A defesa argumenta, no entanto, que a acusação "desrespeitou expressamente" decisão e que apesar das ressalvas feitas na peça quanto a liminar de Gilmar, "as digitais do descumprimento da mesma estão presentes na denúncia".

"Não há dúvida de que os atos de interpretação, leitura e transcrição do conteúdo de mídia ilicitamente utilizado pela denúncia se expressam como legítimos atos de investigação, expediente proibido pela decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal", afirmam os advogados.

A defesa argumenta também que há "desconexão entre os diálogos transcritos e as conclusões que deles extrai a denúncia".

"Ao contrário do que o contorcionismo retórico e interpretativo da denúncia tentou fazer parecer, os diálogos travados entre o requerente (Glenn) e sua fonte revelam apenas a ação de um jornalista profissional e cuidadoso, que em nenhum momento orientou, incentivou ou auxiliou sua fonte na obtenção do material de interesse jornalístico que lhe foi repassado."

Denúncia sem investigação

Em dezembro, a Polícia Federal apresentou relatório de investigação sobre os hackers, e indiciou os seis alvos da Spoofing.

No documento, a corporação diz que não era possível, até o momento, "identificar a participação moral e material do jornalista Glenn Greenwald nos crimes investigados".

Promotores e procuradores ouvidos pela reportagem afirmaram que, mesmo sem indiciamento pela Polícia Federal, o Ministério Público tem o direito de oferecer a denúncia.

A cúpula da Procuradoria-Geral da República também considera que Glenn pode ser denunciado, apesar de não ter sido investigado.

A Associação Nacional de Membros do Ministério Público, MP Pró-Sociedade, chegou a emitir nota pedindo ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras, "defesa intransigente" da atuação de Wellington Divino Marques de Oliveira, indicando que o procurador "exerceu, dentro de suas atribuições legais e constitucionais, a proteção implacável da ordem jurídica brasileira".

A Ordem dos Advogados do Brasil, criminalistas ouvidos pela reportagem, além de entidades do jornalismo, como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, contestam o mérito da denúncia, e afirmam que os diálogos expostos na acusação não permitem a interpretação que o procurador deu a eles.

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) ainda protocolou uma representação contra Wellington Divino por "evidente prática de abuso de autoridade" na peça. A entidade pede que seja instaurado procedimento de investigação para "apuração de conduta ilícita".

O juiz federal da 10ª Vara de Brasília Ricardo Soares Leite determinou a soltura de Danilo Cristiano Marques, alvo da Operação Spoofing e um dos sete denunciados por suposto hackeamento de mensagens de integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato, juízes, procuradores, e o ministro da Justiça, Sergio Moro. Entre as medidas restritivas impostas a Danilo como condição de sua liberdade estão a proibição de usar a internet e aplicativos de celular.

Danilo é alvo da mesma acusação oferecida pelo procurador da República Wellington Divino Marques contra o jornalista Glenn Greenwald. O hacker é acusado de ser "testa-de-ferro" de Walter Delgatti Neto, o "Vermelho" - responsável pelas invasões -, proporcionando meios materiais para que o líder executasse os crimes.

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Sua defesa afirmou à Justiça que ele estava preso há mais de 180 dias. Para o magistrado, "a razão para o acautelamento provisório de Danilo Cristiano Marques era o de resguardar colheita, perícia e não destruir provas produzidas - já que são crimes virtuais - e a ordem pública de forma a individualizar e esclarecer a participação de cada integrante da organização criminosa e seu funcionamento".

"Com o oferecimento da denúncia e levando-se em conta que Danilo Cristiano Marques desempenhava um papel de auxílio à organização criminosa, tendo maior atuação em relação às fraudes bancárias, entendo que os fundamentos que ensejaram a prisão preventiva do denunciado não persistem", anotou.

A Danilo foi imposto o uso de tornozeleira eletrônica e também a proibição de entrar em contato com investigados e testemunhas, se ausentar da comarca, destruir provas e a obrigatoriedade de comparecer aos atos processais e proibição de usar a internet.

Greenwald foi denunciado pelo procurador da República Wellington Divino Oliveira por supostamente recomendar que hackers responsáveis pelas invasões de celulares apagassem mensagens de WhatsApp.

Ele não era alvo da investigação da PF, que indiciou seis hackers em dezembro de 2019. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu uma liminar em agosto de 2019 proibindo que o jornalista fosse investigado ou responsabilizado no inquérito da Operação Spoofing. Para o procurador que o denunciou, a decisão não foi descumprida, pois o repórter não foi alvo da investigação.

Promotores e procuradores ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmaram que, mesmo sem o indiciamento pela Polícia Federal, o Ministério Público tem o direito de oferecer a denúncia. A cúpula da Procuradoria-Geral da República, também considera que Glenn pode ser denunciado, apesar de não ter sido investigado.

Por outro lado, a Ordem dos Advogados do Brasil, criminalistas ouvidos pelo Estado, além de entidades do jornalismo, como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, contestam o mérito da denúncia, e afirmam que os diálogos expostos na acusação não permitem a interpretação que o procurador deu a eles.

O jornal americano The New York Times publicou, nesta quarta-feira (22), artigo em que qualifica a acusação criminal contra o jornalista Glenn Greenwald como um "caso familiar de: atire no 'mensageiro' e ignore a mensagem". O jornal ainda classifica a versão brasileira de The Intercept como "uma pedra no sapato" do presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com o texto, as reportagens de Greenwald, que ficaram conhecidas como "Vaza Jato", "fizeram o que a imprensa livre deve fazer: elas revelaram um lado doloroso daqueles no poder. Furar a imagem heroica de (Sérgio) Moro foi, obviamente, um choque para os brasileiros, e danosa à Bolsonaro, mas pedir que os defensores da lei sejam escrupulosos na fidelidade a ela é essencial para a democracia. Atacar os portadores dessa mensagem é um sério desserviço e uma ameaça perigosa ao Estado de Direito".

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Ainda segundo o artigo do jornal americano, "infelizmente, atacar a imprensa livre e crítica se tornou o pilar da nova raça de líderes iliberais no Brasil, bem como nos Estados Unidos e ao redor do mundo. Acusações de transgressões são desqualificadas como 'fake news' ou calúnia política, e o poder do Estado é usado, não contra as autoridades acusadas, mas contra o repórter".

A denúncia feita nesta terça-feira, 21, pelo Ministério Público Federal de Brasília contra o jornalista Glenn Greenwald causou reações de políticos de diferentes partidos no Twitter. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou a denúncia como uma "ameaça à liberdade de imprensa". "Jornalismo não é crime. Sem jornalismo livre não há democracia", escreveu.

O MPF denunciou Glenn e outros seis investigados no âmbito da Operação Spoofing, que apura invasão e roubo de mensagens de celulares de procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato e do então juiz federal Sergio Moro.

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Procuradoria ressaltou que o jornalista não era alvo das investigações, mas que, durante a análise de um computador apreendido na casa de Walter Delgatti Netto, o "Vermelho", foi encontrado um áudio de um diálogo entre Luiz Molição e Glenn. Uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, proibia que o jornalista fosse investigado no âmbito da Spoofing.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou e saiu em defesa de Glenn Greenwald, dizendo que o jornalista é "vítima de mais evidente abuso de autoridade contra a liberdade de imprensa e a democracia".

Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), compartilhou a notícia da decisão da Promotoria e disse que "quem sabe (Glenn) vai conhecer a cadeia". "Glenn Greenwald sempre disse que adorava o Brasil e queria conhecer o país a fundo. Quem sabe agora vai conhecer até a cadeia... talvez jogar futebol com o Freixo...", postou.

O senador e ex-governador Álvaro Dias afirmou que "Glenn e seus comparsas têm grandes chances de puxar uma longa cana". "Um verdadeiro rosário de crimes praticados. O Glenn Greenwald e seus comparsas têm grandes chances de puxar uma longa cana. Tudo isso com concurso de pessoas e concurso material, várias pessoas praticando vários crimes, e algumas qualificadoras", escreveu Dias.

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), jurista e uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT), também defendeu a denúncia. "Sugiro àqueles que estão criticando a denúncia ofertada, no DF, a leitura das páginas 52 a 62 do documento, em especial os diálogos", disse.

Esquerda critica

Outros políticos ligados à esquerda se manifestaram com críticas à ação da Promotoria, como os deputados Ivan Valente (PSOL-SP), Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Gláuber Braga (PSOL-RJ), Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR).

A ex-deputada e candidata à vice-presidente nas eleições de 2018, Manuela D'Ávila (PCdoB) também classificou a denúncia como um ataque à imprensa. "A Polícia Federal após longa investigação declarou que Glenn não cometeu nenhum crime e que agiu com muita cautela. Estamos diante de um forte ataque à liberdade de imprensa!", afirmou.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) - que é ex-juiz federal - considera "muito difícil sustentar juridicamente" a denúncia e a classificou como "terraplanismo jurídico". Já o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) classificou a ação do procurador como "sem pé nem cabeça".

O também candidato presidencial em 2018 Guilherme Boulos (PSOL) ironizou a denúncia do Ministério Público. "O MPF denunciou Glenn Greenwald. Acusação: fazer jornalismo", afirmou.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota em que considera a denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, uma violação à liberdade de imprensa. Greenwald foi denunciado pelo Ministério Público (MPF) nesta terça-feira, 21, por supostamente ter aconselhado um hacker durante a invasão de celulares de autoridades públicas.

Na nota, a associação ressalta que, ao investigar o caso, a Polícia Federal não encontrou indícios de que Greenwald tivesse envolvimento nos crimes. "A conclusão está em relatório da PF de dezembro de 2019", diz a nota.

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A Abraji afirma que os diálogos apresentados como provas não confirmam as acusações do promotor Wellington Divino Marques de Oliveira, que assinou a denúncia.

"Em nenhum momento, Greenwald buscou 'subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos', como afirma o procurador Oliveira", diz a nota da associação. "O procurador afirma também que Greenwald sabia que Molição e o grupo ainda estavam interceptando conversas privadas, quando conversaram. Mais uma vez, o diálogo transcrito não confirma a acusação."

A associação ainda faz uma apelo à Justiça Federal para que não aceite a denúncia "em respeito não apenas à Constituição, mas à lógica". "É um absurdo que o Ministério Público Federal abuse de suas funções para perseguir um jornalista e, assim, violar o direito dos brasileiros de viver em um país com imprensa livre e capaz de expor desvios de agentes públicos", completa a Abraji.

Ao denunciar Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, e seis hackers investigados, o procurador da República em Brasília Wellington Divino Marques de Oliveira afirmou que não foi descumprida a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que havia determinado que o jornalista não fosse alvo de inquérito ou responsabilizado.

Para o procurador, um diálogo entre Glenn e o hacker Luiz Molição, que firmou delação premiada, indica que "auxiliou, incentivou e orientou" o grupo responsável por invadir os celulares de procuradores da Lava Jato, do ministro da Justiça, Sergio Moro, e outros integrantes do Judiciário.

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O procurador afirma que Glenn Greenwald não foi investigado, e que, portanto, não foi descumprida decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal.

Gilmar acolheu, em agosto de 2019, um pedido do partido Rede de Sustentabilidade e determinou que o repórter não fosse investigado pela "recepção, obtenção ou transmissão de informações publicadas em veículos de mídia, ante a proteção do sigilo constitucional da fonte jornalística". "A constrição de liberdades individuais do jornalista com a finalidade de desvendamento do seu sigilo de fonte, mesmo quando ocorre por meios institucionalizados de persecução, pode vir a configurar inequívoco ato de censura", anotou o ministro, à época.

Em sua denúncia, o procurador afirma que a "decisão criou uma espécie de imunidade especial e material jure et de jure, uma presunção absoluta de inocência, garantindo um 'salvo conduto' ao réu de ser investigado". No entanto, ressaltou, em letras maiúsculas: "NÃO HOUVE INVESTIGAÇÃO. NÃO SE DESCUMPRIU A DECISÃO".

"O presente inquérito policial cumpriu as determinações contidas na Medida Cautelar proferida na APDF nº 601 porém, no material decorrente das medidas de busca e apreensão, autorizadas pelo Juízo da 10ª Vara Federal do Distrito Federal foi possível identificar um áudio que ilustra a atuação do jornalista Glen Greenwald no caso e indica a participação direta do jornalista na conduta criminosa", anotou.

Para o procurador, um trecho do áudio entre Glenn e Luiz Henrique Molição indica que o jornalista orientou os hackers a apagar mensagens:

"Isso é nossa obrigação. Então, nós não podemos fazer nada que pode criar um risco que eles podem descobrir "o identidade" de nossa fonte. Então, para gente, nós vamos… como eu disse não podemos apagar todas as conversas porque precisamos manter, mas vamos ter uma cópia num lugar muito seguro… se precisarmos. Pra vocês, nós já salvamos todos, nós já recebemos todos. Eu acho que não tem nenhum propósito, nenhum motivo para vocês manter nada, entendeu?", disse Glenn.

Em dezembro, a Polícia Federal apresentou relatório de investigação sobre os hackers, e indiciou Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", Gustavo Henrique Elias dos Santos, Thiago Eliezer Martins, Danilo Marques, Suelen Priscila de Oliveira e Luiz Henrique Molição.

Defesas

Em nota, o advogado Rafael Borges, que defende Gleen Greenwald, afirmou: "Recebemos com perplexidade a informação de que há uma denúncia contra o jornalista Glenn Grenwald, cofundador do The Intercept. Trata-se de um expediente tosco que visa desrespeitar a autoridade da medida cautelar concedida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 601, do Supremo Tribunal Federal, para além de ferir a liberdade de imprensa e servir como instrumento de disputa política. Seu objetivo é depreciar o trabalho jornalístico de divulgação de mensagens realizado pela equipe do The Intercept Brasil em parceria com outros veículos da mídia nacional e estrangeira. Os advogados de Glenn Grenwald preparam a medida judicial cabível e pedirão que a Associação Brasileira de Imprensa, por sua importância e representatividade, cerre fileiras em defesa do jornalista agredido".

A reportagem busca contato com as defesa dos demais denunciados. O espaço está aberto para manifestações.

O criminalista Conrado Gontijo, doutor em direito penal pela USP, avalia que a denúncia do Ministério Público Federal contra o jornalista Glenn Greenwald na Operação Spoofing "é completamente desprovida de justa causa".

"A denúncia dá para os diálogos entre Glenn e um dos hackers uma conotação que a leitura das mensagens não permite", afirma Gontijo, sócio do escritório Corrêa Gontijo Advogados, referindo-se à acusação do procurador da República Wellington Divino Marques de Oliveira que atribui a Glenn organização criminosa e ligação com grupo de hackers que invadiu comunicações do ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Operação Lava Jato.

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"A minha visão é de que a denúncia deva ser rejeitada, porque, de fato, falta justa causa para a persecução penal", assinala o advogado.

Ele destaca que "há uma decisão do Supremo que deve tornar a análise da questão ainda mais cuidadosa, uma vez que o ministro Gilmar Mendes definiu que o Glenn não deveria ser investigado".

"Muito menos denunciado."

Para Gontijo, "se em algum momento o Ministério Público identificou algum elemento que justificasse a denúncia, deveria ter buscado resolver essa questão no Supremo, pedindo inclusive autorização para que ele pudesse ser investigado".

"Isso não aconteceu. Há aí um nítido abuso, na minha visão: violação da ampla defesa, da decisão do Supremo e da liberdade de imprensa."

Para Cecilia Mello, criminalista, sócia do Cecilia Mello Advogados e desembargadora por 14 anos no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3), "a controvérsia que fica em relação ao jornalista é eventual conflito dos dispositivos penais com a Constituição Federal que assegura a garantia de sigilo da fonte".

"Evidentemente esse direito não pode ser exercido a qualquer título", diz Cecília.

No entendimento da advogada, "a garantia constitucional que assegura a liberdade de expressão é, indiscutivelmente, uma das bases mais relevantes do sistema democrático, mas não imuniza todo e qualquer ato praticado com o uso de informações que envolvam a prática de ilícitos".

"São exatamente as barreiras das legalidades, frente aos atos praticados, que serão sopesadas na ação penal de maneira a comprovar-se, ou não, a prática delituosa", considera Cecília.

Para o advogado Jorge Nemr, especialista em Direito Penal, "se no decorrer das investigações, supostas práticas criminosas foram apontadas, o Ministério Público tem dever funcional em apresentar a sua denúncia e os denunciados o direito de uma ampla defesa".

"Afinal quem vai decidir quem praticou qual ato criminoso, será o Judiciário. Cabe ao Judiciário analisar se existem evidências concretas de práticas delituosas, para aceitar ou não a denúncia", argumenta Jorge Nemr, sócio do Leite, Tosto e Barros Advogados.

Para o advogado, "é improvável que a denúncia não seja aceita".

"Tem que se tomar cuidado para que este processo não seja usado como instrumento de retaliação pelas notícias negativas publicadas."

O jornalista Glenn Greenwald publicou um vídeo em sua conta no Twitter no qual comenta a denúncia oferecida contra ele nesta terça-feira, 21, pelo Ministério Público Federal no âmbito da Operação Spoofing, que investiga a invasão de aplicativos de mensagens de autoridades brasileiras.

Para Greenwald, a denúncia é uma resposta do governo Jair Bolsonaro (sem partido) contra ele, que coordenou as reportagens da série "Vaza Jato", do site The Intercept, além de configurar também ataques contra a liberdade de imprensa, contra a Polícia Federal (PF) e contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

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"A própria PF, sob o comando do ministro Moro Sergio Moro, ministro da Justiça, fez uma investigação completa e concluiu com clareza que eu não cometi nenhum crime, muito pelo contrário. Sempre fiz meu trabalho como jornalista com muita cautela, responsabilidade e profissionalismo", argumentou o jornalista, acusado pelo procurador Wellington Divino Marques de Oliveira de ser "orientador de criminosos".

No vídeo, Greenwald também cita a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) da qual foi beneficiário, que proíbe autoridades de investigar o jornalista.

"É um ataque contra imprensa livre, obviamente, mas também contra PF e o STF, que disse que eu não posso ser investigado, muito menos denunciado pela minha reportagem. ... Isso é obviamente uma retaliação do governo Bolsonaro", defendeu-se.

Em nota encaminhada para o Blog do Fausto Macedo no portal do jornal O Estado de S. Paulo, o advogado Rafael Borges, que defende o jornalista Glenn Greenwald, classificou de "expediente tosco" a denúncia oferecida nesta terça-feira, 21, pelo Ministério Público Federal (MPF). Segundo a nota, MPF intenta "desrespeitar a autoridade da medida cautelar" concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em defesa de Greenwald.

"Recebemos com perplexidade a informação de que há uma denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald, cofundador do The Intercept. Trata-se de um expediente tosco que visa desrespeitar a autoridade da medida cautelar concedida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 601, do Supremo Tribunal Federal, para além de ferir a liberdade de imprensa e servir como instrumento de disputa política", diz a nota.

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A defesa do jornalista interpreta a denúncia do MPF como uma tentativa de "depreciar o trabalho jornalístico" feito pela equipe do site The Intercept Brasil, que divulgou as mensagens supostamente trocadas entre membros do MPF de Curitiba e o então juiz federal, hoje ministro da Justiça, Sergio Moro.

O caso ficou conhecido como "Vaza Jato".

Nesta terça, o MPF ofereceu denúncia contra Glenn Greenwald e outras seis pessoas. Os procuradores tiveram acesso a conversas entre invasores de arquivos de mensagens e o jornalista.

Pelos diálogos, concluíram que Greenwald agiu "como partícipe nas condutas, funcionando como garantidor e orientador da associação criminosa", conforme a denúncia.

Leia a nota da defesa de Glenn Greenwald na íntegra:

"Recebemos com perplexidade a informação de que há uma denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald, cofundador do The Intercept. Trata-se de um expediente tosco que visa desrespeitar a autoridade da medida cautelar concedida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 601, do Supremo Tribunal Federal, para além de ferir a liberdade de imprensa e servir como instrumento de disputa política. Seu objetivo é depreciar o trabalho jornalístico de divulgação de mensagens realizado pela equipe do The Intercept Brasil em parceria com outros veículos da mídia nacional e estrangeira. Os advogados de Glenn Greenwald preparam a medida judicial cabível e pedirão que a Associação Brasileira de Imprensa, por sua importância e representatividade, cerre fileiras em defesa do jornalista agredido."

O juiz federal Rodrigo Parente Bentemuller, do Distrito Federal, rejeitou nesta terça-feira, 14, uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, acusado de cometer crime de calúnia. O episódio diz respeito a declarações de Santa Cruz contra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

O presidente da OAB atacou Moro em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, na qual disse que o ministro "usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas". A fala é referente ao inquérito da Operação Spoofing, que apura o ataque de hackers contra celulares de figuras públicas.

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Algumas das mensagens foram divulgadas pelo site The Intercept Brasil e são atribuídas ao ex-juiz federal da Lava Jato e procuradores que acompanham a investigação.

De acordo com o Ministério Público Federal, Santa Cruz imputou a Moro o cometimento de "maneira dolosa e sem provas" em uma "profunda confusão entre as esferas institucionais e pessoais no âmbito do Conselho Federal da OAB".

A denúncia pedia à Justiça que afastasse cautelarmente (por liminar) Santa Cruz do Conselho Federal da OAB devido à "mistura indiscriminada da esfera pública com a esfera privada" e pelo "descontrole e destemperamento" demonstrados pelo atual presidente da entidade.

Opinião

Para o juiz federal, o presidente da OAB extrapolou suas funções, emitindo uma "opinião pessoal" acerca do caso e da conduta do ministro da Justiça. "Contudo, mesmo com uma fala mais contundente, não vislumbro a intenção de o denunciado imputar falsamente crime ao ministro da Justiça Sérgio Moro", observou.

O juiz destacou uma nota pública divulgada pelo próprio Santa Cruz, que alegou não ter o objetivo de "ofender a honra" do ministro.

"Assim, demonstra-se cabalmente que o denunciado não teve intenção de caluniar o ministro da Justiça, imputando-lhe falsamente fato criminoso, mas sim, apesar de reconhecido um exagero do pronunciamento, uma intenção de criticar a atuação do ministro. Desta feita, não vislumbrando o dolo específico para cometimento do crime de calúnia, entendo como atípico o fato narrado na denúncia", concluiu o juiz.

Na avaliação de Bentemuller, o pedido de afastamento do presidente da OAB formulado pelo MPF é "descabido".

"Eventual pronunciamento acima do tom por parte de representante da OAB não deve ser motivo para seu desligamento temporário do cargo por determinação do Judiciário, cabendo à própria instituição avaliar, dentro de suas instâncias ordinárias, a conduta de seu Presidente, legitimamente eleito por seus pares, através do sistema representativo", escreveu Bentemuller.

Defesa

Em nota, a defesa de Santa Cruz manifestou "absoluta satisfação" pela "decisão técnica" e "bem fundamentada" da Justiça Federal do DF. "Ganha com esta decisão, principalmente, a sociedade brasileira. A tentativa de afastar um Presidente da OAB via decisão do Judiciário, como pedido pelo Procurador da República, não encontra eco nem no regime militar de triste memória. É hora de pacificação", afirmou o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende o presidente da OAB.

A Polícia Federal concluiu o inquérito da Operação Spoofing e apresentou à 10ª Vara Federal em Brasília, na noite desta quarta-feira, 18, relatório indiciando os seis investigados pelo hackeamento de dispositivos de mais de mil pessoas, entre elas autoridades como o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça Sergio Moro e os procuradores da Operação Lava Jato, inclusive Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa. A PF enquadrou os seis hackers por organização criminosa, e quatro deles também por invasão de dispositivos móveis.

A Polícia Federal decidiu ainda abrir uma nova investigação para saber se houve financiamento para que o grupo praticasse as invasões. Nesta próxima etapa, os investigadores vão apurar as informações apresentadas na delação de um dos hackers, Luiz Molição.

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Em setembro, o jornal O Estado de S. Paulo apurou que a investigação sobre invasões de aplicativos de comunicação de altas autoridades da República apontava a prática de crime contra a Lei de Segurança Nacional, na modalidade de espionagem.

O grupo é suspeito de ter invadido as comunicações via Telegram de Moro e Deltan no auge da Operação Lava Jato. Diálogos atribuídos ao ex-juiz federal e ao procurador indicariam suposta combinação na condução na maior operação já deflagrada no País contra a corrupção.

A investigação prendeu em julho, Gustavo Henrique Santos, o DJ de Araraquara, sua mulher, Suellen Priscila de Oliveira e Danilo Cristiano Marques, além de Walter Delgatti Neto, apontado como o líder do grupo.

Conhecido como "Vermelho", Delgatti confessou o hackeamento e afirmou ter mantido contato com o jornalista Glenn Grenwald, do site The Intercept Brasil, que tem divulgado os diálogos atribuídos a Moro, a Deltan e a outros procuradores da Lava Jato. O hacker também disse que não cobrou contrapartidas financeiras para repassar os dados.

Além dos quatro, a Spoofing investigou o estudante de direito Luiz Henrique Molição e o programador Thiago Martins, o "Chiclete". Os dois foram presos na segunda fase da operação.

No início do mês, o juiz Vallisney Oliveira da 10ª Vara Federal de Brasília homologou o acordo de delação de Molição. A Polícia Federal indicou que vai abrir uma nova investigação exclusivamente para avaliar as informações prestadas pelo estudante.

Atualmente, dois dos investigados estão soltos: Suellen, que deixou a prisão após decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, e Molição, que está solto por ordem do juiz Vallisney Oliveira, mas utiliza tornozeleira eletrônica.

A Procuradoria-Geral da República afirmou ser "absolutamente comum" que membros do Ministério Público conversem com o juiz sem a presença da defesa. O entendimento consta em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) no processo movido pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cobra a suspeição de Sergio Moro após a divulgação de mensagens atribuídas ao ex-juiz e membros da Lava Jato.

"Em nosso sistema, a lei não exige que uma parte só tenha contato com o julgador na presença da outra. É absolutamente comum que membros da Advocacia e do Ministério Público conversem com o julgador sem a presença da outra parte", afirma a PGR, ao explicar que, se as mensagens fosse comprovadas reais, não poderiam ser classificadas como conduta ilícita.

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O posicionamento da PGR com as mensagens é de que elas não podem ser consideradas provas válidas por não terem passado por uma perícia técnica e por terem sido obtidas de forma ilícita. Apesar disso, a Procuradoria afirma que, mesmo se as conversas atribuídas a Moro e Dallagnol fossem reais, elas não violariam a legislação nem poderiam ser utilizadas para inocentar Lula no processo do triplex do Guarujá (SP).

Neste caso, o petista foi sentenciado por Moro a nove anos e seis meses de prisão. O caso chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a terceira instância jurídica, que reduziu a pena para oito anos, dez meses e vinte dias de reclusão. Foi a primeira condenação de Lula na Lava Jato.

"A partir dos mencionados contornos do sistema e da tradição brasileira, são legítimas conversas entre Acusador e Juiz que tenham por objeto a busca da verdade e dos valores da justiça. Nesse contexto, o que as supostas mensagens revelariam, se verdadeiras, é uma atuação diligente das autoridades, no curso de uma operação sem precedentes, que exigia para seu funcionamento a realização de contatos frequentes", afirma a PGR.

A Lava Jato é a maior operação já deflagrada no País contra a corrupção. A investigação desmantelou cartel de empreiteiras que se instalou em diretorias estratégicas da Petrobras entre 2004 e 2014. A operação atingiu 68 fases até aqui, pelas mãos de Moro e, depois, dos juízes Gabriela Hardt e Luiz Antônio Bonat, que assumiram a Lava Jato na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba.

Ao longo de mais de cinco anos de ação da Lava Jato em Curitiba já chega a R$ 4.069 bilhões o total de valores recuperados por meio de acordos de delação premiada, acordos de leniência, termo de ajustamento de conduta (TAC) e renúncias voluntárias de réus ou condenados, já efetivamente restituídos.

Até aqui, a Lava Jato já levou a condenações que somam 2.249 anos de prisão para acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Contato 'legítimo e recomendável'

De acordo com a Procuradoria, em casos de investigações sigilosas, os contatos se restringem a apenas o Ministério Público e o juiz. "Como um Promotor que atua com exclusividade em uma Vara tem centenas ou milhares de casos lá tramitando, enquanto cada Advogado costuma ter um número reduzido, é muito comum, legítimo e recomendável que haja contatos frequentes entre os membros do Ministério Público e do Poder Judiciário. Essa é, aliás, em especial, a realidade de grandes investigações", alega.

A PGR afirma que as mensagens não devem ser levadas em consideração pelo Supremo devido à ausência de perícia. A Procuradoria também acusa que "houve edição de parte das mensagens" e aponta, como prova, manifestações de defesa de Deltan Dallagnol e da força-tarefa da Lava Jato. O site The Intercept Brasil, que divulgou as mensagens, nega veementemente que o conteúdo tenha sido modificado.

Em outro ponto, a PGR afirma que as mensagens, mesmo se verdadeiras, foram obtidas de forma ilícita por um grupo de hackers que miraram não apenas Moro e Dallagnol, mas em diversas autoridades em uma "ação criminosa de gravidade sem precedentes na história do País".

Mesmo assim, se elas fosse admitidas nos autos, elas não revelariam qualquer tipo de violação de direitos ou garantias" contra Lula nem provariam a inocência do petista.

"Ainda que se admitisse a utilização, nestes autos, da "prova ilícita" consistente em algumas mensagens enviadas por Deltan Dallagnol e Sergio Moro no ambiente do Telegram, essa utilização não seria capaz de demonstrar a inocência de Luiz Inácio Lula da Silva em relação aos crimes que lhe são imputados nos processos (que estão ou estiveram) em curso perante a 13a Vara da SJ/PR".

Reações

O criminalista Cristiano Zanin Martins, defensor do ex-presidente Lula, disse que a "manifestação da Procuradoria Geral da República apresentada nesta data tem por objetivo causar tumulto processual e impedir a conclusão do julgamento do habeas corpus que trata da parcialidade do ex-juiz Sergio Moro e da consequente nulidade dos processos instruídos e julgados pelo então magistrado".

"A manifestação é extemporânea, já que pretende tratar das mensagens da 'Vaza Jato' citadas em petição que apresentamos há 6 meses. Além disso, a manifestação não conseguiu afastar a prova pré-constituída da parcialidade com que Moro conduziu os processos contra Lula, reforçadas pelas mensagens checadas e divulgadas pelo portal The Intercept e por diversos outros veículos de imprensa e que estão na posse do próprio Supremo Tribunal Federal, além da 10ª. Vara Federal de Brasília".

A reportagem entrou em contato, via e-mail, com a assessoria de comunicação do site The Intercept Brasil e aguarda resposta. O espaço está aberto a manifestações.

A investigação sobre o grupo suspeito de hackear autoridades do País - e que levou à prisão de seis pessoas até agora na Operação Spoofing - começou uma hora após a invasão do aparelho celular do ministro da Justiça, Sergio Moro. Segundo documentos a que o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, às 18h45 do dia 4 de junho foi realizada uma reunião de emergência na sede do Ministério da Justiça, em Brasília, para tratar do caso. Moro percebeu que sua conta no aplicativo de troca de mensagens Telegram havia sido invadida por volta das 17h40 daquele dia.

Relatórios e perícias mostram a movimentação da Polícia Federal e do setor de inteligência do Ministério da Justiça no caso. De acordo com esses documentos, a investigação foi oficialmente aberta no próprio gabinete do ministro, onde ele estava quando detectou o ataque hacker. Moro havia acabado de chegar de uma reunião com outros ministros no Palácio do Planalto.

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Ainda segundo os documentos, às 19h07 do dia 4 de junho, as equipes de inteligência da PF e da área de Tecnologia da Informação do Ministério da Justiça tomaram uma primeira providência: manter contato com o hacker por meio do Telegram.

Foi, conforme relatórios, uma espécie de "ação controlada", realizada do gabinete do ministro. A decisão foi tomada porque, durante a reunião de emergência no Ministério da Justiça, o diretor de Tecnologia da Informação da pasta, Rodrigo Lange, e a chefe de gabinete do ministério, Flávia Blanco, notaram que o número do celular de Moro aparecia com o status "online" no Telegram. Eles deduziram, portanto, que o hacker já estava utilizando o aplicativo de mensagens se passando por Moro.

Com o hacker "ativo", a estratégia dos investigadores foi tentar identificar seu IP (a "identidade" do computador usado por ele) e, assim, localizá-lo. Lange enviou ao número de Moro, via Telegram, um link que direcionava para o site do Ministério da Justiça. A intenção era fazer o hacker acessar o link, o que poderia ajudar a identificar o IP. A tentativa não teve sucesso.

Identificação

Depois de alguns minutos, Flávia Blanco tentou contato com o hacker e encaminhou, novamente, um link direcionado para o site do ministério. Desta vez, no servidor da pasta, foi identificado um endereço de IP considerado atípico, da Rússia.

Num segundo momento, ainda durante a reunião, a equipe do ministério providenciou um novo celular para Moro reinstalar o aplicativo Telegram. No entanto, o invasor já tinha feito o "duplo fator de identificação", um dispositivo de segurança que impossibilita qualquer alteração desse tipo.

A equipe do ministro desligou o aparelho celular e retirou o chip. Moro relatou ao perito criminal Fabrício Dantas Brito que recebeu três ligações "atípicas de um número da TIM", mas que apenas a primeira chamada foi atendida. Disse ainda que não fazia uso do Telegram há mais de dois anos. Com as informações, a PF produziu o primeiro relatório de inteligência sobre o caso dos hackers.

A Operação Spoofing já realizou duas fases. Na primeira, em julho, foram detidas quatro pessoas, entre elas Walter Delgatti Neto. Ele admitiu ser o responsável pelas invasões e por capturar mensagens de autoridades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A ex-deputada Manuela D"Ávila (PCdoB-RS) afirmou à Polícia Federal (PF) que parte das conversas que teve com o hacker Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", desapareceu dos arquivos do seu aparelho celular. Segundo ela, as mensagens tratavam de um perfil no Twitter que atacava o jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, e sobre o uso da sua conta no aplicativo Telegram.

Manuela intermediou o contato de Delgatti com Greenwald. O jornalista é um dos responsáveis por divulgar mensagens pessoais capturadas pelo hacker nos celulares de procuradores da Lava Jato. Delgatti está preso desde julho por invadir o telefone de autoridades do País.

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Em depoimento prestado à PF no dia 28 de agosto de 2019, Manuela disse que tirou prints das mensagens trocadas com Delgatti, mas que essas "fotografias das mensagens" não incluíam algumas das conversas que ela teve com o hacker e, por isso, não foram incluídas no inquérito policial.

Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, o contato do hacker com Manuela D"Ávila foi além de uma mera troca de contato telefônico, como ela chegou a afirmar. O inquérito sigiloso, ao qual a reportagem teve acesso, mostra que os dois conversaram por nove dias via aplicativo de mensagens - do dia 12 e 20 de maio deste ano.

No depoimento, a ex-deputada afirma que o contato entre os dois se estendeu além disso, pelo menos até o fim de junho. Essas mensagens, porém, não chegaram a ser entregues às autoridades policiais.

'Pavão Misterioso'

Em uma conversa apagada, segundo contou Manuela à PF, Delgatti contava à ex-parlamentar que tinha descoberto quem eram as pessoas por trás do perfil "Pavão Misterioso", uma página no Twitter que promove ataques a Greenwald e à "Vaza Jato", como o site The Intercept Brasil batizou a série de mensagens de procuradores divulgadas.

Manuela disse à PF que "não se interessou pelo assunto e que por isso não se preocupou em fazer prints". Uma segunda conversa não entregue à PF teria ocorrido, segundo Manuela, no fim de junho de 2019.

A troca de mensagens teria sido provocada pela própria ex-deputada, após ela perceber que sua conta no Telegram estava coberta pelo modo de verificação em duas etapas (um dispositivo de segurança do aplicativo).

À PF, Manuela disse que procurou o hacker porque estava impossibilitada de fazer a instalação do Telegram em outro aparelho celular.

"Também tinha receio de não conseguir usar mais o Telegram caso o hacker resolvesse "deslogar" o aplicativo", disse ela ao delegado Flávio Zampronha, responsável pela Operação Spoofing.

Ela contou ao delegado da PF que o primeiro contato com o hacker se deu às 11h de 12 de maio de 2019, quando recebeu uma mensagem no Telegram de um número da Virgínia (EUA).

Segundo Manuela, logo em seguida recebeu uma ligação, que ela acreditou na ocasião ter partido do próprio Telegram: "Telegram, Telegram", disse, segundo ela, uma pessoa do outro lado da linha.

Após a ligação, a ex-deputada afirmou que recebeu uma mensagem na qual o nome aparecia como sendo o senador Cid Gomes (PDT), mas que na verdade era Delgatti, já pedindo "ajuda" para vazar as mensagens.

No depoimento, Manuela ainda disse que nunca trocou mensagens de voz com Delgatti e afirmou que nunca falou pessoalmente com o hacker. Ela também colocou seu celular à disposição da perícia para que os investigadores pudessem tentar acesso a informações necessárias ao inquérito.

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região mandou soltar o primeiro dentre os seis presos na investigação sobre as invasões de aplicativos de telecomunicação de altas autoridades da República. Por decisão da Quarta Turma, nesta quarta-feira, 2, Suelen Priscila de Oliveira poderá cumprir medidas alternativas à prisão. Por outro lado, o colegiado negou soltar o DJ Gustavo Santos, companheiro de Suelen, e o motorista de Uber Danilo Marques.

Suelen foi presa em Araraquara na primeira fase da operação Spoofing, deflagrada pela Polícia Federal, em 23 de julho, sob a acusação de integrar um grupo de hackers suspeito de ter grampeado o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, procuradores da Lava Jato e outras autoridades como ministros de Estado e de tribunais superiores.

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A Polícia Federal (PF) apontou que o contato do hacker Walter Delgatti Neto, preso em julho, com a ex-deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) durou nove dias. O inquérito sigiloso, ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, indica que os dois conversaram, via aplicativo de mensagens, entre os dias 12 e 20 de maio deste ano.

Ao inquérito da Operação Spoofing - que investiga a invasão de celulares de autoridades do País - foram incluídas 38 reproduções de tela de celular de conversas. A organização das mensagens foi feita pela própria defesa de Manuela.

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"Quero Justiça, não quero dinheiro", diz o hacker em uma das conversas com a ex-deputada, acrescentando ter "oito teras (bytes) de coisa errada". Em outro trecho, Manuela afirma que o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, era a "melhor pessoa" para receber o conteúdo hackeado.

Delgatti Neto, por sua vez, diz que não havia pensado no nome do jornalista antes, mas depois afirmou que a indicação foi a "melhor saída". "Era tudo o que eu precisava. Mas acredito que não caiu sua ficha (de Greenwald) ainda", avaliou. Manuela, por sua vez, discorda: "Caiu, sim. Por isso pensei no jornalista mais capaz e com credibilidade mundial".

Manuela, que foi candidata a vice-presidente no ano passado, afirma que não conhecia a identidade do hacker. Delgatti Neto disse à PF ter pedido à ex-parlamentar o contato de Greenwald. Logo após receber o número do telefone, ele continuou a enviar mensagens para Manuela. Ao avaliar a reação de Greenwald ao receber o material, o hacker vibrou. "Ele ficou louco, lá. Foi comprar computadores novos para os arquivos. Já fizeram não sei quem ir de BSB (Brasília) até eles".

Com o avanço das conversas, o hacker passa a compartilhar com Manuela sua "visão de mundo". Diz, por exemplo, que, se não tivesse tido a iniciativa de vazar as conversas atribuídas ao então juiz Sérgio Moro e procuradores da Lava Jato, o Brasil iria "quebrar". "Dei sorte de chamar você. Eles iam privatizar tudo. O País ia falir. Tem todos os acordos prontos. Um golpe gigantesco ia ser concretizado", escreve o hacker, segundo reprodução que consta no inquérito sigiloso.

Manuela se mostrou preocupada com o fato de o celular do então deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) ter recebido uma ligação do seu Telegram sem que ela tivesse efetuado tal chamada. "Oi, você ligou para o Jean do meu Telegram?", questionou. Delgatti Neto respondeu: "Liguei no dia, hahahaha. Para tentar falar com ele. Aí quando falei com você, saí e não liguei mais. Diz que foi um equívoco".

Spoofing

Alvo da primeira fase da Operação Spoofing, Delgatti Neto está detido no Complexo da Papuda, em Brasília. Além dele, em julho a PF prendeu mais três pessoas. Na segunda etapa da operação, dia 19, mais dois suspeitos foram presos.

Procurada, a defesa de Manuela não se manifestou até a publicação desta matéria. O advogado de Delgatti Neto informou que aguarda a conclusão das investigações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O grupo europeu Airbus foi objeto nos últimos meses de ataques virtuais executados contra suas terceirizadas, informaram fontes das forças de segurança à AFP, que indicaram a possibilidade de uma espionagem procedente da China.

Nos últimos 12 meses foram registrados quatro ataques importantes contra terceirizadas da Airbus, afirmaram duas fontes dos serviços de segurança à AFP.

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As empresas terceirizadas afetadas foram o grupo francês de consultoria tecnológica Expleo, a construtora de motores britânica Rolls Royce e duas companhias francesas que a AFP não conseguiu identificar.

Procurada pela AFP, a Expleo "não confirma nem desmente" as informações. Airbus e Rolls Royce não comentaram o caso.

As fontes entrevistadas pela AFP suspeitam que os ataques podem ter sido executados por hackers que trabalham para a China, mas insistiram nas dificuldades técnicas para identificar formalmente os autores das ações.

A Polícia Federal identificou, em uma perícia prévia, pelo menos 84 autoridades e jornalistas que foram alvos de investidas do grupo de hackers preso na Operação Spoofing. A informação é do jornal O Globo. 

Na lista estão, entre outros, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), dos seus filhos Eduardo e Flávio, respectivamente deputado e senador; dos ex-procuradores-gerais da República Raquel Dodge e Rodrigo Janot, além de membros da força-tarefa da Lava Jato. Não há informações sobre até que ponto esses números foram invadidos, a não ser os que tiveram conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil.

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Segundo a PF, os ataques foram orquestrados pelo hacker Walter Delgatti Neto, preso desde julho, e investiga o envolvimento de outras pessoas, como  Luiz Molição e Thiago Eliezer, presos na segunda fase da Spoofing na semana passada.

Veja a lista completa:

Rodrigo Janot (ex-PGR) 

Deltan Dallagnol 

Luciano (sobrenome não identificado) 

Thaméa Danelon (procuradora, ex-coordenadora da Lava-Jato de São Paulo) 

Orlando Martello Junior (procurador da Lava-Jato de Curitiba)

Alexandre de Moraes (ministro do STF) 

Nicolao Dino (subprocurador aliado de Janot) 

Claudio Dantas (jornalista do site O Antagonista) 

João Otávio de Noronha (atual presidente do STJ)

Eduardo Bolsonaro (deputado) 

Rodrigo Maia (presidente da Câmara) 

José Augusto Vagos (procurador da Lava-Jato do Rio) 

Márcio Barra Lima (ex-coordenador da Força-Tarefa Greenfield do MPF)

Paulo Gomes Ferreira Filho (procurador da Lava-Jato do Rio) 

Delegado Francischini (ex-deputado federal) 

Paulo (chefe de gabinete do presidente do Senado Davi Alcolumbre) 

André Wasilewski Dusczak (juiz federal) 

Roberson Pozzobon (procurador da Lava-Jato de Curitiba) 

Raquel Dodge (ex-PGR)

Thiago Lacerda Nobre (coordenador da Lava-Jato em SP)

Felipe Francischini (deputado federal)

DPF Edson (delegado da PF de SP)

Luiz Philippe O. Bragança (deputado federal) 

Januário Paludo (procurador da Lava-Jato em Curitiba) 

Wagner do Rosário (ministro da CGU) 

Luís Felipe Salomão (ministro do STJ) 

Gleisi Hoffmann (deputada) 

Paulo Teixeira (deputado) 

Joice Hasselmann (deputada)

Deltan (outro número do procurador) 

Eduardo Bolsonaro (deputado, outro número) 

Flávio Bolsonaro (senador) 

Presidente Bolsonaro Reservado (presidente da República) 

Presidente Bolsonaro telefone funcional (presidente da República) 

Coronel Hideo (não identificado)

Baleia Rossi (deputado)

Tiago Ayres (advogado do PSL e de Bolsonaro)

Cid Gomes (senador)

Marisa Ferrari (procuradora da Lava-Jato do Rio) 

Kim Kataguiri (deputado federal) 

Abel Desembargador (desembargador do TRF-2) 

Eduardo El Hage (coordenador da Lava-Jato do Rio) 

Júlio Carlos Noronha (procurador da Lava-Jato de Curitiba)

Isabel Groba (procuradora da Lava-Jato de Curitiba) 

Karen Louise (procuradora da Lava-Jato de Curitiba) 

Luiza Frischeisen (subprocuradora, foi candidata a PGR pela lista tríplice)

DGP SP Youssef (não identificado)

Ministro Sergio Moro (ministro da Justiça) 

Zampieri (ajudante de ordens da Presidência)

Carlos da Costa (secretário especial de Produtividade do Ministério da Economia) 

Gabriela Hardt (juíza federal da Lava-Jato de Curitiba) 

DPF Rafael Fernandes (delegado da PF)

Andrey Borges de Mendonça (procurador da Lava-Jato em SP) 

Eduardo Pelella (procurador e ex-chefe de gabinete de Janot) 

Flávia Cecília Blanco (não identificado) 

Abraham Weintraub (ministro da Educação)

Dep. Luiz Philippe Bragança (deputado)

Eduardo Paes (ex-prefeito do Rio) 

Lamoso (ajudante de ordens do governo de SP) 

Pezão (ex-governador do Rio)

Flávio Lucas (não identificado) 

Igor Gadelha Crusoé (jornalista da Crusoé) 

Pedro Bial (jornalista da TV Globo) 

André Luiz Morais de Menezes (não identificado) 

Danilo Dias (procurador e ex-coordenador da área criminal de Janot) 

Douglas Fischer (procurador e ex-coordenador da Lava-Jato de Janot) 

Rudson Coutinho da Silva (não identificado) 

Abílio Diniz (empresário) 

Davi Alcolumbre (presidente do Senado)

Dr. Francisco (não identificado)

Maira (não identificado)

Marcelo Barbieri SRI/Segov (foi secretário de Relações Institucionais do governo Michel Temer) 

Athayde Ribeiro da Costa (procurador da Lava-Jato de Curitiba) 

General Braga Neto (atual chefe do Estado-Maior do Exército) 

MRE Filipe (Ministério das Relações Exteriores) 

Mario Carvalho FSP (jornalista da Folha de S.Paulo)

Paulo Guedes (ministro da Economia) 

Reis Friede des TRF2 (atual presidente do TRF-2) 

Rosangela (mulher do ministro Sergio Moro) 

Diogo Castor de Mattos (ex-procurador da Lava-Jato de Curitiba)

Gabriel da Rocha (não identificado) 

Paulo Roberto Galvão (procurador da Lava-Jato de Curitiba) 

Silvio Amorim (não identificado)

Arolde de Oliveira (senador) 

Marcelo Bretas (juiz federal da Lava-Jato do Rio) 

Oswaldo José Barbosa da Silva (corregedor-geral do MPF)

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quarta-feira, 18, um pedido de liberdade feito pela defesa de dois supostos hackers presos em julho no âmbito da Operação Spoofing - o casal Gustavo Elias dos Santos e Suelen Priscila de Oliveira.

Gustavo é apontado pela Polícia Federal como o "testa de ferro" de Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", que confessou o hackeamento de autoridades como o Ministro da Justiça Sergio Moro e o presidente da República, Jair Bolsonaro. Suelen, sua companheira, também é investigada como possível integrante da organização criminosa que também teria praticado estelionato e fraudes bancárias.

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O habeas corpus foi apresentado pelo advogado Ariovaldo Moreira, que defende o casal. Ele afirmou que a Justiça Federal e a Polícia Federal não são as instituições competentes para conduzir a Spoofing, e que o foro competente deveria ser a Justiça estadual em Araraquara, no interior de São Paulo.

A ministra afirmou, na decisão, que ainda não era possível o Supremo Tribunal Federal analisar o pedido de liberdade, porque ainda não foi concluída a análise do mérito do habeas corpus que a defesa apresentou no Superior Tribunal de Justiça.

Além de Suelen, Gustavo e Vermelho, a primeira fase da operação prendeu Danilo Marques, que havia emprestado a conta bancária para uso de Walter.

Nesta quinta-feira, 19, no entanto, a PF deflagrou a segunda fase da operação Spoofing, em que foram presos o programador de computadores Thiago Martins, o "Chiclete", além de Luiz Molição. Molição foi preso em Sertãozinho, no interior de São Paulo, e deve ser transferido ainda hoje, de avião, para Brasília.

No pedido de habeas corpus apresentado ao Supremo, a defesa do casal também rebateu os argumentos que levaram à manutenção da prisão pela PF, para a manutenção da prisão de Gustavo. Foi apontado pela PF como justificativa a apreensão de R$ 99 mil em seu apartamento no dia da busca e apreensão em seu imóvel em Araraquara. Na ocasião, Gustavo disse que a quantia era proveniente de transações com criptomoedas.

"O próprio STJ, no Conflito de Competência 161.123, decidiu que: 'Compete à Justiça estadual julgar suposta prática de crime envolvendo a negociação de bitcoins'".

O advogado sustentou que a manutenção do casal na prisão é exagerada e de "índole" política. "O fato de autoridades do governo terem sido, em tese, vítimas, está colocando em cheque a própria força normativa da Constituição Federal. Onde está a isonomia? A decisão imparcial e equidistante? A defesa clama ao Supremo Tribunal Federal que restitua a ordem constitucional e demonstre a força normativa da Constituição da República, e do próprio Tribunal, que jamais sucumbirá à pressão, seja ela política, ou de qualquer outra espécie, aplicando-se o Direito independentemente de quem seja o réu/investigado e das supostas vítimas".

Na peça, a defesa insistiu que Suelen e Gustavo não tiveram nenhuma participação em fraudes de dispositivos de celular. Também usa o trecho de uma citação de uma petição da Polícia Federal, de 30 de agosto, endereçada à 10ª Vara Federal de Brasília informando que "não foi localizado nos materiais arrecadados durante a Operação Spoofing qualquer áudio, imagem, documento ou conversa que pudesse vincular Gustavo Henrique Elias diretamente às invasões de contas do Telegram de autoridades públicas."

Os dados pessoais hackeados de quase 90.000 clientes alemães da Mastercard foram publicados esta semana em um fórum na internet, incluindo números de cartões de crédito, informou a imprensa alemã, o que levou a empresa a suspender, nesta quinta-feira, a plataforma social atacada.

"Entre outras coisas suspendemos imediatamente a plataforma 'Priceless Specials' depois de tomar conhecimento do incidente", declarou a empresa de serviços financeiros em um comunicado.

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A nota afirma que a empresa está "trabalhando para buscar e resolver os problemas relacionados".

"Priceless Specials" é um programa de fidelidade, que permite aos titulares de cartões Mastercard acessos a bônus ou descontos em outros serviços (aluguel de carros, passeios, etc)

A revista Manager Magazin revelou o vazamento depois de ter sido alertada por um empresário do setor digital alemão sobre a publicação em um fórum na internet de um arquivo com endereços, números de telefone, nomes e números de cartões bancários de 90.000 clientes deste serviço no país.

A identidade e o objetivo dos hackers não foram divulgados.

O roubo aconteceu um mês e meio depois do ataque ao banco Capital One Financial, que resultou no vazamento dos dados de 106 milhões de pessoas. A responsável pela ação, uma hacker americana, foi detida menos de duas semanas após a descoberta da operação.

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