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O PDT e o PSD oficializaram na manhã deste sábado, 23, o nome do ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT) como candidato ao governo do Rio durante convenção em um clube na zona norte da capital fluminense. O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz (PSD) também foi apresentado oficialmente como candidato a vice-governador na chapa.

A menos de três meses das eleições, Santa Cruz desistiu da candidatura ao governo do Estado para apoiar Neves. Ele foi anunciado como vice na quinta-feira. Apoiado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), na disputa, Santa Cruz não se viabilizou no partido. Também não cresceu nas pesquisas de intenção de voto, ficando com 2% a 3% das preferências.

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"Nosso grupo é o único que reúne todas as condições para mudar o quadro atual no estado do Rio. Temos a experiência da boa gestão e compromisso com o povo", escreveu Neves nas redes neste sábado, 23, durante lançamento da candidatura.

Padrinho político de Santa Cruz, Paes insistia na candidatura do ex-presidente da OAB ao governo. Era uma tentativa de fortalecer o PSD no Estado e criar musculatura política para as próximas eleições. Depois de meses sem que Santa Cruz avançasse, os dois decidiram abrir mão da cabeça de chapa. Tiveram apoio do diretório nacional do PSD na decisão.

Durante discurso na convenção, Paes criticou os dois primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto, o governador Cláudio Castro (PL) e o deputado Marcelo Freixo (PSB).

"De um lado, temos o governador que já mostrou a sua incapacidade. Do outro lado, a gente tem o sujeito que se traveste de articulado. Defende teses que nunca defendeu, faz alianças que sempre criticou para enganar o povo do Rio de Janeiro", afirmou Paes.

Pré-candidato à Presidência do PDT, Ciro Gomes relembrou o histórico de ex-governadores presos no Rio e disse que é preciso uma mudança na governança política e do modelo econômico no país.

"O Palácio das Laranjeiras (residência oficial do governador do Rio) virou antessala da cadeia. São cinco ex-governadores presos e o mais recente, cassado por roubar na saúde durante uma pandemia que matou milhares de cariocas e brasileiros. Não há saída para o Rio de Janeiro dentro do atual modelo econômico brasileiro, não há saída se o modo de governança prestigia as quadrilhas dos Piccianis, Eduardos Cunhas, que são, em um só tempo, bandidos e incompetentes", disse Ciro.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) e outras importantes entidades da advocacia publicaram uma nota conjunta defendendo a garantia de eleições honestas e livres no Brasil. No documento, as entidades sustentam que as eleições são o único modo democrático de escolha dos governantes. 

A nota foi formulada após as declarações do presidente Jair Bolsonaro pondo em xeque a legitimidade do pleito. Para o presidente, "se nós não tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos".

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O texto frisa que "uma das principais características do regime democrático é a possibilidade de alternância no poder, que eventuais derrotas sejam aceitas e que algum tempo depois ocorra nova disputa". 


NOTA PÚBLICA CONJUNTA
GARANTIA DE ELEIÇÕES HONESTAS E LIVRES


As Constituições brasileiras instituíram e aperfeiçoaram um Estado Democrático de Direito, em que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes, escolhidos pelo voto.

As eleições são o único modo democrático de escolha dos governantes, e a garantia de eleições honestas e livres é assegurada pela Justiça Eleitoral.

Criada em 1932 para acabar com as fraudes da República velha, nunca a Justiça Eleitoral teve seu papel contestado ao longo de inúmeras eleições. Sua modernização, com as urnas eletrônicas, e agora a biometria, asseguram uma organização impecável, com resultados imediatos e verificados, com ampla fiscalização de todos os interessados, especialmente os partidos e a imprensa.

Uma das principais características do regime democrático é a possibilidade de alternância no poder, que eventuais derrotas sejam aceitas e que algum tempo depois ocorra nova disputa. A democracia implica em que nem os derrotados, e menos ainda os eleitos, possam sequer cogitar em mudar as regras do jogo. O golpe, por qualquer de suas formas, é incompatível com a ideia de democracia, em qualquer lugar do mundo.

As entidades abaixo nomeadas, profundamente comprometidas com o Estado de Direito, vêm reiterar sua mais ampla confiança na nossa Justiça Eleitoral, orgulho de todos os brasileiros, e reafirmar sua adesão incondicional à defesa da democracia tal como definida na Carta da República.

São Paulo, 08 de janeiro de 2021.
 
Viviane Girardi
AASP - Associação dos Advogados de São Paulo
 
Gustavo Brigagão
ABDF - Associação Brasileira de Direito Financeiro
 
Carlos José Santos da Silva
CESA - Centro de Estudo das Sociedades de Advogados

Rita de Cássia Sant’Anna Cortez
IAB - Instituto dos Advogados Brasileiros
 
Renato de Mello Jorge Silveira
IASP - Instituto dos Advogados de São Paulo
Hugo Leonardo
IDDD - Instituto de Defesa do Direito de Defesa
 
Felipe Santa Cruz
OAB - Ordem dos Advogados do Brasil - Conselho Federal

Eduardo Perez Salusse
MDA - Movimento de Defesa da Advocacia
 
Gisela da Silva Freire
Sindicato das Sociedades de Advogados dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro

 

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, elogiou a indicação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro confirmou o nome do desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª região (TRF1), Kassio Nunes Marques, para ocupar a vaga que será deixada pelo ministro Celso de Mello, atual decano da Corte que se aposentará em 13 de outubro.

Santa Cruz, normalmente crítico às ações do presidente, usou o Twitter para falar sobre a ida do desembargador para o Supremo.

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"A Ordem dos Advogados do Brasil saúda a indicação do Desembargador Federal Kassio Nunes Marques para ocupar a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal. O desembargador possui todos os pressupostos constitucionais e uma trajetória honrada e de reconhecida eficiência", escreveu o advogado.

O posicionamento de Santa Cruz causou surpresa no microblog entre bolsonaristas e fez com que o nome do presidente da OAB surgisse entre os assuntos mais comentados do Twitter. 

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reagiu à operação deflagrada nesta quarta-feira, 9, pela força-tarefa da Lava Jato no Rio contra escritórios de advocacia investigados por suposta operacionalização de desvios de recursos do Sistema S fluminense (Sesc-RJ, Senac-RJ e Fecomércio-RJ).

Por meio da Comissão Nacional de Defesa das Prerrogativas e Valorização da Advocacia e da Procuradoria Nacional de Defesa das Prerrogativas, a entidade classificou a ação como 'clara iniciativa de criminalização da advocacia brasileira' e informou que tomará medidas administrativas e judiciais.

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"Ao tempo que ansiamos por um Brasil limpo e de combate à corrupção, não apartaremos do devido processo legal, tampouco de seus valiosos instrumentos, dentre eles, as prerrogativas da advocacia", diz um trecho da nota divulga à imprensa.

A manifestação também alerta que o desrespeito à advocacia livre fere princípios da própria democracia. "As prerrogativas da advocacia e persecução penal são elementos jurídicos harmônicos e absolutamente conciliáveis. O processo de criminalização da advocacia, que desrespeita as prerrogativas, é ditatorial e atenta contra o Estado de Direito e à Democracia. Não há estado democrático sem uma advocacia livre", afirma a Ordem dos Advogados do Brasil.

O presidente da entidade, Felipe Santa Cruz, também se manifestou nas redes sociais. Em sua conta no Twitter, classificou a operação como uma tentativa de intimidação e chamou o ex-presidente da Fecomércio do Rio, Otávio Diniz, que delatou o suposto esquema, de 'criminoso'.

"Quase todos os advogados importantes do meu estado participaram de uma organização criminosa? Criminoso é o delator, não os advogados! Pensam que vão nos intimidar. Não nos conhecem", escreveu Santa Cruz.

Advogados renomados no meio político foram alvos da Operação E$quema S, deflagrada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita para investigar suposta estrutura irregular de pagamentos milionários a escritórios de advocacia e possíveis desvios das seções fluminenses do Serviço Social do Comércio (Sesc RJ), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac RJ) e Federação do Comércio (Fecomércio RJ).

A ação mira profissionais com currículos relevantes, sobretudo em Brasília, e que carregam no sobrenome suas maiores credenciais, a exemplo de filhos de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal de Contas da União (TCU).

Os agentes cumpriram 51 mandados de busca e apreensão. Endereços ligados a Frederick Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro, Cristiano Zanin, defensor do ex-presidente Lula, Ana Tereza Basilio, que representa judicialmente o governador afastado do Rio Wilson Witzel, e da procuradora de Justiça de São Paulo Luiza Nagib Eluf, foram vasculhados.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, usou as redes sociais para criticar o Ministério da Saúde, neste sábado (6). O advogado chamou o órgão de "Acéfalo e militarizado", além de acusar a pastas de retardar informações sérias sobre a pandemia para satisfazer a vontade do presidente Jair bolsonaro.

"O Ministério da Saúde não adverte mais. Acéfalo e militarizado, presta-se ao papel de empoeirar e retardar informações sérias sobre a pandemia, apenas para satisfazer o apetite conspiratório do presidente e sua batalha pessoal contra a imprensa livre. Um perigoso e letal vexame", escreveu.

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A indignação do presidente da OAB se dá após a mudança no horário de divulgação dos boletins diários sobre a Covid-19. Há 21 dias sem titular, o Ministério da Saúde tem divulgado os números às 22 horas, para evitar que veículos de imprensa divulguem dados em tempo hábil para a população.

Após pronunciamento em que o presidente Jair Bolsonaro, em rede nacional, voltou a falar em histeria em torno da pandemia da covid-19 - que deixa mais de 16,3 mil mortos no mundo -, o presidente da Ordem dos Advogados (OAB) do Brasil, Felipe Santa Cruz, reforçou a orientação sobre o isolamento social para conter o novo coronavírus e criticou a atitude do presidente.

"Entre a ignorância e a ciência, não hesite. Não quebre a quarentena por conta deste que será reconhecido como um dos pronunciamentos políticos mais desonestos da história", afirmou o chefe da maior entidade da advocacia no País em seu perfil no Twitter na noite desta terça (24).

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O Brasil contava até a noite de terça com 48 mortes e 2.201 casos confirmados em todas as unidades federativas. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o aumento do número de casos confirmados da covid-19 foi de 16,4% entre esta segunda (23) e terça.

Em meio a esse cenário, o presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento em que defendeu o fim do "confinamento em massa", afirmou que a imprensa "espalha a sensação de pavor" e disse que não há motivo para fechar escolas, uma vez que o grupo de risco é composto por, também, pessoas com mais de 60 anos. "São raros os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos", disse.

O discurso gerou diferentes críticas. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que a fala de Bolsonaro foi grave e cobrou uma liderança "séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população". O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou "equivocado" o pronunciamento e criticou o fato de Bolsonaro usar a estrutura de transmissão para distribuir ataques.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes também se pronunciou após a fala de Bolsonaro e voltou a pedir que os brasileiros fiquem em casa. "As agruras da crise, por mais árduas que sejam, não sustentam o luxo da insensatez", afirmou o ministro.

Assim como nas redes sociais de diferentes políticos e autoridades do País, o coronavírus têm sido tema recorrente no perfil de Felipe Santa Cruz no Twitter. Nos últimos dias, o presidente da OAB compartilhou textos sobre as atividades da entidade diante da crise da covid-19 e também se pronunciou sobre as medidas provisórias do presidente - a que restringiu Lei de Acesso à Informação e a que autorizou a suspensão de contratos de trabalho por quatro meses. Com relação à esta última, o dispositivo já foi suspenso.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou nesta sexta-feira (17) que os "setores do governo testam há meses os limites democráticos", "flertam com as ditaduras de hoje e do passado", e que o secretário de Cultura, Roberto Alvim "ultrapassou todos os limites ao optar pela clara e aberta apologia ideológica do regime nazista".

Em vídeo no que anuncia o Prêmio Nacional das Artes, Alvim, citou textualmente trechos de um discurso do ideólogo nazista Joseph Goebbels.

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A posição foi defendida em nota após a repercussão gerada pela gravação divulgada por Alvim. O presidente da entidade dos advogados indicou ainda que o secretário deveria ser afastado, "sob pena de o governo brasileiro se enquadrar internacionalmente como inimigo da democracia e da civilização". "Os milhões de cadáveres das vítimas do autoritarismo nos cobram imediata e firme reação", apontou.

O juiz federal Rodrigo Parente Bentemuller, do Distrito Federal, rejeitou nesta terça-feira, 14, uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, acusado de cometer crime de calúnia. O episódio diz respeito a declarações de Santa Cruz contra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

O presidente da OAB atacou Moro em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, na qual disse que o ministro "usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas". A fala é referente ao inquérito da Operação Spoofing, que apura o ataque de hackers contra celulares de figuras públicas.

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Algumas das mensagens foram divulgadas pelo site The Intercept Brasil e são atribuídas ao ex-juiz federal da Lava Jato e procuradores que acompanham a investigação.

De acordo com o Ministério Público Federal, Santa Cruz imputou a Moro o cometimento de "maneira dolosa e sem provas" em uma "profunda confusão entre as esferas institucionais e pessoais no âmbito do Conselho Federal da OAB".

A denúncia pedia à Justiça que afastasse cautelarmente (por liminar) Santa Cruz do Conselho Federal da OAB devido à "mistura indiscriminada da esfera pública com a esfera privada" e pelo "descontrole e destemperamento" demonstrados pelo atual presidente da entidade.

Opinião

Para o juiz federal, o presidente da OAB extrapolou suas funções, emitindo uma "opinião pessoal" acerca do caso e da conduta do ministro da Justiça. "Contudo, mesmo com uma fala mais contundente, não vislumbro a intenção de o denunciado imputar falsamente crime ao ministro da Justiça Sérgio Moro", observou.

O juiz destacou uma nota pública divulgada pelo próprio Santa Cruz, que alegou não ter o objetivo de "ofender a honra" do ministro.

"Assim, demonstra-se cabalmente que o denunciado não teve intenção de caluniar o ministro da Justiça, imputando-lhe falsamente fato criminoso, mas sim, apesar de reconhecido um exagero do pronunciamento, uma intenção de criticar a atuação do ministro. Desta feita, não vislumbrando o dolo específico para cometimento do crime de calúnia, entendo como atípico o fato narrado na denúncia", concluiu o juiz.

Na avaliação de Bentemuller, o pedido de afastamento do presidente da OAB formulado pelo MPF é "descabido".

"Eventual pronunciamento acima do tom por parte de representante da OAB não deve ser motivo para seu desligamento temporário do cargo por determinação do Judiciário, cabendo à própria instituição avaliar, dentro de suas instâncias ordinárias, a conduta de seu Presidente, legitimamente eleito por seus pares, através do sistema representativo", escreveu Bentemuller.

Defesa

Em nota, a defesa de Santa Cruz manifestou "absoluta satisfação" pela "decisão técnica" e "bem fundamentada" da Justiça Federal do DF. "Ganha com esta decisão, principalmente, a sociedade brasileira. A tentativa de afastar um Presidente da OAB via decisão do Judiciário, como pedido pelo Procurador da República, não encontra eco nem no regime militar de triste memória. É hora de pacificação", afirmou o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende o presidente da OAB.

O Ministério Público Federal apresentou denúncia contra o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, pelo crime de calúnia em fala contra o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública). A denúncia resulta de pedido do ex-juiz da Lava Jato, que solicitou apurações sobre o caso em agosto deste ano, e pede o afastamento cautelar de Santa Cruz.

O presidente da OAB atacou Moro em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, no qual disse que o ministro "usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas". A fala é referente ao inquérito da Operação Spoofing, que apura o ataque de hackers contra celulares de figuras públicas.

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Algumas das mensagens foram divulgadas pelo site The Intercept Brasil e são atribuídas ao ex-juiz e procuradores da Lava Jato. Moro não reconhece o conteúdo das mensagens.

Após a repercussão da fala, Felipe Santa Cruz emitiu nota oficial afirmando que sua declaração se tratava de uma crítica "jurídica e institucional, por meio de uma analogia e não imputando qualquer crime ao ministro". A Procuradoria, no entanto, afirmou que o presidente da OAB realmente tinha a intenção de acusar Moro de crime.

"O Presidente do Conselho Federal da OAB tinha por intenção acusar, de maneira clara e dolosa, o Ministro da Justiça Sérgio Moro indicando que ele era, realmente, o chefe de uma organização criminosa que buscava destruir, de maneira ilícita, o material apreendido pelo Departamento de Polícia Federal no âmbito da Operação Spoofing", aponta o MPF.

"Ao afirmar que o Sr. Sérgio Moro age como chefe de quadrilha afirma, de forma clara e dolosa, que o Ministro da Justiça faz parte de um grupo de três ou mais pessoas organizadas, de forma estável e permanente, visando a prática de outras condutas delituosas, narrada pelo denunciado como a possibilidade da destruição de provas sem autorização judicial", continua a Procuradoria.

De acordo com o Ministério Público Federal, Santa Cruz imputou a Moro o cometimento de "maneira dolosa e sem provas" em uma "profunda confusão entre as esferas institucionais e pessoais no âmbito do Conselho Federal da OAB".

Afastamento

A denúncia pede à Justiça que afaste cautelarmente (por liminar) Santa Cruz do Conselho Federal da OAB devido à "mistura indiscriminada da esfera pública com a esfera privada" e pelo "descontrole e destemperamento" demonstrados pelo atual presidente da entidade.

A Procuradoria cita outros casos envolvendo Santa Cruz, como quando declarou que "quem segue apoiando o governo é porque tem algum desvio de caráter" e quando chamou uma advogada de um adjetivo de baixo calão no Twitter.

"Tal declaração demonstra o completo desprezo por uma opinião e por uma escolha contrária ao que o denunciado defende como correta. Demonstração clássica de tendências ditatoriais na qual Felipe demonstra ter conhecimentos supremos e acima da média da população na tentativa de determinar as crenças, opiniões e o exercício do voto alheio", afirma o MPF.

Defesas

Em nota, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, afirmou: "A Defesa técnica de Felipe Santa Cruz, Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, recebeu com perplexidade e indignação a notícia da Denúncia apresentada imputando ao Presidente o crime de calúnia.

Com todo o respeito que devotamos à instituição do Ministério Público Federal, tal postura é um atentado à liberdade de expressão, de crítica e fragiliza o ambiente democrático, que deve ser a regra num país livre, maduro e com as instituições fortalecidas. A Defesa entende que a postura do advogado, qualquer advogado, deve ser sempre de alerta, de debate, de crítica e essa foi a atitude do Felipe Santa Cruz, notadamente dentro dos limites que se espera em uma sociedade amadurecida.

A advocacia, por imperativo constitucional, é indispensável à administração da Justiça e não se calará - muito menos se intimidará - com esta denúncia. A independência do Ministério Público é fundamental em um Estado Democrático de Direito. Também o é a independência do advogado. Criminalizar o direito à crítica é fazer uma sombra na árvore, ainda tênue, da democracia. É flertar com o abuso e com uma época que julgávamos superada.

Certamente, querer calar a voz do advogado, especialmente do Presidente do Conselho Federal, não é o que se espera em um momento de pacificação nacional.

O pedido de afastamento do Presidente Felipe Santa Cruz, legitimamente eleito pelos advogados, é um acinte. Certamente, essa não pode ser a posição do Ministério Público Federal como um todo, pois é ofensiva à advocacia. O respeito institucional, que sempre demonstramos ao Ministério Público, com todas as vênias, exige reciprocidade. Não nos intimidaremos.

A defesa técnica representará junto ao Conselho Federal para que seja levado ao CNMP uma representação por abuso de autoridade deste procurador da República, cuja atitude atenta contra a paridade de armas.

Ressalta a defesa a estranheza do uso da expressão 'ilitante político', que parece ter sido copiada do discurso daquele que se diz ofendido e que assinou a representação. Definitivamente, esse não é o papel que se espera de um MP independente.

A denúncia faz incursões de caráter político, citando inclusive o atual Presidente da República, as quais a defesa se abstém de comentar, em homenagem aos limites técnicos que devem reger as manifestações dentro do Poder Judiciário. Confiamos, com serenidade, no Poder Judiciários e nos órgãos de controle do Ministério Público."

MORO

O ministro Sergio Moro afirmou, em nota: "Espero que a Justiça seja feita e que a ação por calúnia demova o PR da OAB de persistir com ofensas gratuitas às autoridades públicas".

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu arquivar nesta segunda-feira, 26, um processo movido pelo presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, contra o presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro apresentou no mês passado uma versão sobre a morte do pai do presidente da OAB que não tem respaldo em informações oficiais.

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Bolsonaro afirmou que Fernando Santa Cruz foi morto por correligionários na década de 1970. A declaração contraria uma lei vigente e uma decisão judicial que reconhecem a responsabilidade do Estado brasileiro no sequestro e desaparecimento do então estudante de direito, em 1974.

Ao Supremo, Bolsonaro negou que tenha tido a intenção de ofender quem quer que seja, muito menos a dignidade do presidente da OAB e de seu pai, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira.

"Quanto à forma em que teria se dado a morte do pai do interpelante (presidente da OAB), o interpelado (Jair Bolsonaro) apenas afirmou que, segundo suas próprias convicções, formuladas a partir de conversas que circulavam à época, esta teria decorrido de ação de pessoas (ou grupo) político a que pertencia", escreveu a Advocacia-Geral da União (AGU), ao entregar a manifestação de Bolsonaro sobre o caso.

"Do mesmo modo, não se pode extrair das declarações do interpelado o animus de ofender quem quer que seja, muito menos a dignidade do interpelante ou do seu pai", informou o órgão.

Segundo o Estadão/Broadcast Político apurou, Bolsonaro foi aconselhado por auxiliares a "virar a página" e a não apresentar esclarecimentos ao STF sobre as declarações envolvendo o pai do presidente da OAB. Um dos temores era o de que, ao responder ao STF, o presidente alimentasse a polêmica e desse ainda mais visibilidade ao caso.

"O requerente (presidente da OAB) tem acesso direto às explicações prestadas no processo eletrônico, de modo que tenho por cumprida a finalidade cautelar (art. 729 do CPC, c/c art. 3o do CPP) e julgo extinto o feito", determinou Barroso.

O presidente Jair Bolsonaro apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) esclarecimentos sobre declarações controversas que foram contestadas no tribunal pela presidente cassada Dilma Rousseff e pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu o arquivamento das interpelações.

No processo movido por Dilma, a petista pediu que Bolsonaro esclarecesse uma fala em que teria sugerido que a ex-presidente participou de ações armadas durante a ditadura militar que resultaram na morte do capitão do Exército americano Charles Chandler.

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Bolsonaro informou que a fala, dita em maio durante prêmio de 'Personalidade do Ano' oferecido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Dallas (EUA), foi "genérica, não tendo destinatário certo e específico".

"Quem até há pouco ocupava o governo, teve em sua história suas mãos manchadas de sangue na luta armada, matando inclusive um capitão, como eu sou capitão, naqueles anos tristes que tivemos no passado. Eu até rendo homenagem aqui ao capitão Charles Chandler", disse o presidente.

O capitão americano Charles Chandler foi morto em 12 de outubro de 1968, no Sumaré, na zona oeste de São Paulo, em um atentado feito por três militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e da Ação Libertadora Nacional (ALN).

Dilma nunca pertenceu a nenhum desses grupos. A ex-presidente foi condenada e presa por integrar o grupo guerrilheiro VAR-Palmares durante a ditadura, mas não existem evidências da participação da ex-presidente em ações violentas.

OAB

No segundo processo, Bolsonaro negou que tenha tido a intenção de ofender quem quer que seja, muito menos a dignidade do presidente da OAB e de seu pai, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira.

Bolsonaro apresentou no mês passado uma versão sobre a morte do pai do presidente da OAB que não tem respaldo em informações oficiais. Ele disse que Fernando Santa Cruz foi morto por correligionários nos anos 70.

"O interpelado (Jair Bolsonaro) apenas afirmou que, segundo suas próprias convicções, formuladas a partir de conversas que circulavam à época, esta (a morte) teria decorrido de ação de pessoas (ou grupo) político a que pertencia", escreveu a AGU.

"Do mesmo modo, não se pode extrair das declarações do interpelado o animus de ofender quem quer que seja, muito menos a dignidade do interpelante ou do seu pai", informou o órgão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após participar do programa Roda Vida na noite desta segunda-feira (5), o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vem sendo alvo de mensagens negativas ao longo desta terça-feira (6) nas redes sociais.

No Twitter, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) elevaram ao tópido dos assuntos mais comentados do site as hashtags #DiretasJáOAB e #ForaSantaCruz e endossam mensagens contrárias ao filho do pernambucano Fernando Santa Cruz.

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Felipe passou a ganhar os holofotes da mídia nacional e internacional após Bolsonaro afirmar, na última semana, que poderia lhe dizer como o seu pai desapareceu na época do regime militar.

No Roda Vida, o presidente da OAB aproveitou o espaço para repudiar as afirmações feitas por Bolsonaro e afirmou que ele e sua família estão tomando medidas cabíveis para que o presidente seja penalizado pelo o que falou.

No Twitter, o perfil "Pavão Misterioso" - conhecido por disseminar informações de veracidade duvidosa - fez uma publicação afirmando que Felipe Santa Cruz é bancado pelo Partido dos Trabalhadores.

“Votei nele por isso. Se fosse pra votar em educadinho que fala bonito na frente das câmeras porque o marketeiro mandou e depois fazer maracutaia com empreiteiras por baixo do pano, teria votado em qualquer um dos outros”, opinou outro internauta sobre o presidente Jair Bolsonaro.

Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz afirmou que não considera quebra de decoro as falas do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre seu pai, Fernando Santa Cruz. A quebra de decoro poderia enquadrar o presidente em crime de responsabilidade, de acordo com a legislação. 

“Se houve quebra de decoro, sinceramente não acho. Acho que é parte desse processo de polarização e de ódio da sociedade, que leva as pessoas a fazerem afirmações impensáveis. Uma coisa era a fala dele como deputado segmentado do Rio de Janeiro. Ele tem que se convencer que hoje ele é presidente de todos os brasileiros. O que eu e minha família vivemos essa semana é fruto da força da palavra do presidente”, disse o líder da OAB em entrevista ao programa Roda Viva, na TV Cultura. 

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Recentemente, ao reclamar da participação da OAB na investigação sobre o ataque a faca que sofreu durante a campanha eleitoral, Bolsonaro disse que contaria, se Felipe quisesse, a verdade sobre como o pai dele, Fernando, desapareceu na época da ditadura militar. E, depois, chegou a dizer que o militantes estudantil havia sido morto por colegas da Ação Popular (AP), grupo do qual fazia parte.

A versão de Bolsonaro não é igual ao que diz o relatório da Comissão Nacional da Verdade, que aponta o Estado como culpado pela morte de Fernando Santa Cruz. Ao declarar o episódio como encerrado, Bolsonaro também disse que não houve quebra de decoro nas próprias falas. A postura do presidente foi questionada por opositores e, inclusive, aliados, chegando a ser apontada de quebra de decoro.

“Não acredito que o presidente tenha dito uma só palavra verdadeira quando falou do meu pai. Ele usa um episódio de prerrogativas. Ataca a memória do meu pai, muda uma versão. Anos antes ele disse que meu pai tinha saído para beber, o que era mais agressivo ainda. E agora faz uma versão agressiva para atingir a minha vida e a dos meus parentes. É algo que taxei de cruel e reafirmo. Mas deve ser colocado à luz dos acontecimentos atuais. A reabertura de uma discussão já superada pelo país. Não acredito que o presidente vá dizer nada de novo. Ele não cumpre aquilo que disse, que me contaria o que aconteceu ao meu pai”, observou Felipe. 

O presidente da OAB disse também que a declaração de Bolsonaro foi “o verdadeiro linchamento de um menino que morreu aos 26 anos de idade”. “Se o presidente não responder, vamos estudar, como família e cidadãos, que medidas vamos adotar”, contou. 

Felipe Santa Cruz disse que não queria inflamar a discussão levando-a para a cena política e pontuou ter se arrependido de ter chamado o ministro da Justiça, Sérgio Moro, de “chefe de quadrilha”. Neste momento, o filho de Fernando também ponderou: “o presidente pode se retratar e, se sincero, para mim basta”.

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional) protocolou duas notícias crime na Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal. Uma delas é por "ameaças e ofensas" que teriam sido feitas ao presidente da entidade, Felipe Santa Cruz, a outra por fraude contra ele.

A OAB destaca manifestação de um usuário do Facebook que publicou: "Você não passa de um comunista igual ao seu pai. Se acha um semideus porque anda de carro blindado. Não se esqueça que existe .50 BMG e explosivo C-4".

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A assessoria de comunicação da OAB Nacional informou que a entidade solicitou abertura de inquérito policial para averiguar os fatos e, se constatada a prática de ilícito penal, o envio dos autos ao Ministério Público.

A OAB foi à PF na segunda-feira, 29, e divulgou o caso nesta sexta-feira, 2. "O presidente Felipe Santa Cruz confia que a Polícia Federal fará toda a investigação necessária para elucidar os casos", diz a entidade máxima da Advocacia, em nota.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou nesta sexta-feira, 2, que tem recebido ameaças em redes sociais desde o início da semana, após o embate público que teve com o presidente Jair Bolsonaro.

Falando a jornalistas antes de um almoço promovido pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp) em que foi palestrante, Felipe Santa Cruz afirmou que sua equipe encontrou uma ameaça mais grave entre elas, sem dar detalhes do que seria. Ele ressaltou que prefere não acompanhar esse tipo de mensagem.

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"Eu não vi pessoalmente as ameaças, sei que há, mas evito até por proteção de espírito. Minha equipe identificou uma ameaça especificamente mais grave", afirmou. Segundo ele, coube à Ordem comunicar a Polícia Federal.

"Confio que a Polícia Federal vai identificar o perfil e esclarecer, antes de mais nada, se é um destempero, uma loucura que as pessoas às vezes falam, ou se é algo que devemos mesmo nos preocupar e enfrentar como algo relevante e uma ameaça grave contra minha segurança ou de minha família".

Nesta semana, Jair Bolsonaro apresentou uma versão sobre a morte de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai de Felipe Santa Cruz, que não tem respaldo em informações oficiais. O presidente da OAB acionou então o Supremo para cobrar esclarecimentos de Bolsonaro.

A vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB), endossou o ato desta sexta-feira (2) em memória do pernambucano Fernando Santa Cruz e em repúdio do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O encontro, que acontece no monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora, e reúne familiares, amigos, advogados, políticos e militantes políticos.

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De acordo com Luciana, é importante marcar presença em movimentos como este. “Apesar do debate parecer óbvio, nós estamos diante de um presidente que trata as questões humanas de maneira repugnante e não considera aspectos que são tão caros a qualquer pessoa, que são o direito à vida e o direito à lutar pela liberdade”, pontua a vice-governadora.

Luciana Santos também critica a maneira como Bolsonaro lida como assunto. “Ele trata isso com desdém, com ironia. Tudo isso é como se você torturasse novamente tudo o que a família sofreu. É gravíssimo o que o presidente fez e precisamos reagir ao que ele está fazendo”, diz Luciana.

A vice-governadora disse que o que Bolsonaro faz cabe afastamento do cargo. “Ele não pode cometer decoro. Esse comportamento dele cabe um processo de afastamento do presidente da República. Ele age como se fosse acima da lei, acima das constituições. Os partidos políticos vão se reunir na próxima semana e vão fazer uma representação à Comissão de Ética para que ele pague por isso”, assegura.

 

O emblemático monumento Tortura Nunca Mais, localizado na Rua da Aurora, na área central do Recife, é palco na tarde desta sexta-feira (2) para um ato em memória de Fernando Santa Cruz.

O pernambucano é pai de Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados de Pernambuco (OAB), e foi alvo de comentários debochados do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

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Fernando era militante político na época do regime militar e desapareceu na década de 1970, no Rio de Janeiro. Apesar de sua morte nunca ter sido esclarecida, Bolsonaro afirmou que, caso Felipe quisesse, ele contaria a verdade sobre o sumiço do seu pai.

Dezenas de pessoas se concentram no Recife também em forma de repúdio ao que foi dito por Bolsonaro. Familiares de Santa Cruz, advogados, políticos, integrantes de partidos políticos e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) marcam presença no local.

Marcelo Santa Cruz, irmão de Fernando, conversou com a reportagem do LeiaJá e contou que foi convidado pela Associação Brasileira dos Juristas pela Democracia para participar do ato.

“Nós temos recebidos manifestações de solidariedade de todo o Brasil e também do exterior. Esse ato de hoje ocorre em todo o país. É uma grande reunião de todo mundo que não silenciará a causa dos mortos e desaparecidos do regime militar”, pontuou Marcelo.

Sobre a avaliação de Bolsonaro, nesta sexta, de que tinha falado “nada demais” sobre o caso de Santa Cruz, Marcelo acredita que “ele não pode mais falar enquanto capitão e nem trazer revelações que ele teve conhecimento nos porões da ditadura. Hoje ele fala como presidente da República, como chefe das forças armadas”, disse.

 

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu nesta quinta-feira, 1º, um prazo de 15 dias para o presidente Jair Bolsonaro, "querendo", apresentar esclarecimentos sobre a morte do desaparecido político e integrante do grupo Ação Popular (AP) Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira - pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe de Santa Cruz.

Nesta semana, Bolsonaro apresentou uma versão sobre a morte do militante que não tem respaldo em informações oficiais. O presidente da OAB acionou então o Supremo para cobrar esclarecimentos de Bolsonaro.

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Bolsonaro afirmou na última segunda-feira, 29, que Fernando Santa Cruz foi morto por correligionários na década de 1970. A declaração contraria uma lei vigente e uma decisão judicial que reconhecem a responsabilidade do Estado brasileiro no sequestro e desaparecimento do então estudante de Direito, em 1974.

Para o presidente da OAB, que tinha dois anos quando o pai foi morto, é "intolerável" que Bolsonaro procure "enxovalhar a honra de quem fora covardemente assassinado pelo aparelho repressivo estatal". Ele destaca que relatório da Comissão Nacional da Verdade, criada no governo Dilma Rousseff para esclarecer violações de direitos humanos praticadas de 1946 a 1988, concluiu que seu pai "foi preso e morto por agentes do Estado brasileiro e permanece desaparecido, sem que os seus restos mortais tenham sido entregues à sua família".

"O pedido de explicações, previsto no art. 144 do Código Penal, tem por objetivo permitir ao interpelado esclarecer eventuais ambiguidades ou dubiedades dos termos utilizados. Assim, como de praxe nesses casos, notifique-se o interpelado, o Sr. Presidente da República, para, querendo, apresentar resposta à presente interpelação, no prazo de 15 dias", determinou Barroso.

Informações

Ao recorrer ao Supremo, o presidente da OAB pede a Bolsonaro explicações para os seguintes pontos: se o presidente confirma a afirmação a veículos de imprensa de que Fernando Santa Cruz foi assassinado por integrantes da Ação Popular, e não por militares. E questiona se o presidente da República efetivamente tem conhecimento das circunstâncias, locais, fatos e nomes das pessoas que causaram o desaparecimento forçado e assassinato do militante; em caso positivo, quais informações detém, como as obteve e como as comprova; se sabe e pode nominar os autores do crime e onde está o corpo; em caso afirmativo, a razão por não ter denunciado ou mandado apurar a conduta criminosa revelada.

A deputada federal e líder do governo no Congresso Nacional, Joice Hasselmann, afirmou por meio de seu perfil oficial no Twitter que o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, recebeu um pedido de afastamento.

De acordo com a parlamentar, a solicitação foi feita pela Associação Associação dos Advogados e Estagiários do Estado do Rio de Janeiro, que teria protocolado um mandado de segurança pedindo o afastamento imediato de Felipe.

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Segundo informações da líder do governo, os advogados consideram que o pernambucano estaria proporcionando prejuízos de “caráter irreversíveis para toda a advocacia brasileira e insiste em manifestações político partidárias, configurando desvio de finalidade”.

“Santa Cruz também é acusado de fazer ‘uso da máquina para fazer política voltada aos interesses de sua ideologia política contra o governo federal, sem prévia consulta da classe de mais de 1,1 milhão de advogados”, escreveu Hasselmann.

Em ação no Supremo Tribunal Federal (STF), movida nesta quarta-feira, 31, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirma que o presidente Jair Bolsonaro "ou esconde informações ou divulga informações falsas" sobre a morte de seu pai.

Outros 12 ex-presidentes da OAB subscrevem a peça, que exige explicações de Bolsonaro sobre se tem conhecimento das pessoas que causaram o assassinato de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, e diga onde está o corpo.

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"A negativa de informações ou a prestação de informações falsas sobre o paradeiro de pessoas desaparecidas constitui ação que integra a prática do crime de desaparecimento forçado e que atinge a esfera subjetiva dos familiares da vítima, também sujeitos passivos da violação", diz a ação.

Segundo a OAB, ao "Bolsonaro não apenas impede que se avance no esclarecimento sobre a grave violação que foi praticada contra Fernando de Santa Cruz e que continua a atingir sua família, como impõe um grave retrocesso que pode se configurar como injúria na medida em que represente uma informação falsa e atentatória à dignidade das vítimas".

"As declarações do Sr. Presidente da República vão contra o reconhecimento amplo e oficial da violação praticada contra o genitor do ofendido e sua família, veiculando informação desmentida pelo próprio Estado, e que atenta contra a dignidade das vítimas", afirmam.

Para a OAB, ainda "mais grave se torna a possível prática de injúria em razão da posição institucional e do cargo ocupado pelo Exmo. Sr. Jair Bolsonaro, atualmente investido nas funções de mais alto mandatário da Nação".

Entenda o caso

Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 29: "Se o presidente da OAB quiser saber como o pai desapareceu no período militar eu conto para ele". Em reação, a OAB divulgou uma nota de repúdio, e Santa Cruz afirmou haver "crueldade e falta de empatia" nas declarações do presidente. "É de se estranhar tal comportamento em um homem que se diz cristão".

Na tarde de segunda, Jair Bolsonaro voltou a se pronunciar. Ele disse que Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai do presidente da OAB, foi morto pelos correligionários que combatiam a ditadura a fim de evitar o vazamento de informações confidenciais. "Eles resolveram sumir com o pai do Santa Cruz", afirmou. "Não foram os militares que mataram ele não, tá? É muito fácil culpar os militares por tudo que acontece."

Felipe é filho de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, integrante do grupo Ação Popular (AP), organização contrária ao regime militar. Ele foi preso pelo governo em 1974 e nunca mais foi visto. "Conto pra ele. Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco e veio desaparecer no Rio de Janeiro", disse Bolsonaro em coletiva de imprensa.

O Estadão Verifica mostrou que o pai de Felipe Santa Cruz, segundo depoimento à Agência Brasil de um de seus irmãos, João Artur, não era ligado à luta armada. Outros membros de destaque da AP incluem o ativista Herbert de Souza, o Betinho, e o senador José Serra.

O livro-relatório "Direito à Verdade e à Justiça" destaca que um documento do então Ministério da Aeronáutica informou, em 1978, que Fernando Santa Cruz tinha desaparecido. Informações de perseguidos políticos ressaltaram que o desaparecimento ocorreu em 22 de fevereiro de 1974 e ele teria sido morto pelo DOI-CODI do Rio de Janeiro.

Bolsonaro questionou a atuação da OAB ao falar das investigações sobre Adélio Bispo, responsável pela facada contra o presidente no ano passado, durante a campanha eleitoral. Adélio foi considerado inimputável pela Justiça por transtorno mental. O presidente não recorreu.

"Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados (de Adélio)? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB?", disse Bolsonaro.

O Estadão Verifica também mostrou que é falsa a informação de que o sigilo telefônico de Adélio Bispo é protegido pela OAB. A informação falsa confunde o processo do acusado com outra ação envolvendo seu advogado, Zanone Manuel de Oliveira. O boato foi publicado no início do mês no Facebook.

Sobre o fato de não ter recorrido no processo da facada, Bolsonaro disse que "Adélio se deu mal". "Se eu recorresse, ele seria julgado não por homicídio, mas tentativa de homicídio, em um ano e meio ou dois estaria na rua. Como não recorri, agora é maluco o resto da vida. Vai ficar num manicômio judicial, é uma prisão perpétua. Já fiquei sabendo que está aloprando por lá. Abre a boca, pô", declarou.

Em junho, a Ordem dos Advogados do Brasil já havia se manifestado sobre fala semelhante do presidente contra a instituição. "Para que serve essa OAB?", disse Bolsonaro, citando o boato a respeito de Adélio. "O presidente repete uma informação falsa, que inúmeras vezes já foi desmentida, de que o sigilo telefônico de Adélio Bispo é protegido pela OAB", diz a nota, assinada por Felipe Santa Cruz.

Em 2011, ainda como deputado federal, Bolsonaro afirmou em palestra na Universidade Federal Fluminense (UFF) que Fernando Santa Cruz, pai do agora presidente da OAB, teria morrido "bêbado" após pular o carnaval.

À frente da OAB-Rio, Felipe iniciou movimento em 2016 para pedir ao Supremo Tribunal Federal a cassação do mandato de deputado federal de Jair Bolsonaro por "apologia à tortura". Ao votar pelo impeachment de Dilma Rousseff, o então parlamentar fez uma homenagem a Carlos Brilhante Ustra, que comandou o Doi-Codi de São Paulo, centro de tortura durante a ditadura.

Crime de Responsabilidade

A Associação Juízes para a Democracia (AJD), entidade não governamental, defendeu nesta segunda, 29, apuração de crime de responsabilidade de Jair Bolsonaro.

"A infeliz declaração do presidente da República banaliza o desaparecimento forçado e desrespeita a dor pungente de brasileiras e brasileiros que esperam e procuram por seus entes desaparecidos, registrando-se que grande parte dos desaparecimentos decorrem da ação das próprias forças de segurança do Estado, o que configura grave violação aos Direitos Humanos garantidos na Constituição Federal de 1988 e pela Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948", diz a entidade de magistrados, em nota.

Anistia Internacional

A Anistia Internacional divulgou uma nota de repúdio aos comentários do presidente sobre Fernando Santa Cruz e pediu que o caso seja levado à Justiça. "É terrível que o filho de um desaparecido pelo Regime Militar tenha que ouvir do presidente do Brasil, que deveria ser o defensor máximo do respeito e da justiça no país, declarações tão duras", afirmou a diretora-executiva da Anistia no Brasil, Jurema Werneck.

"O Brasil deve assumir sua responsabilidade, e adotar todas as medidas necessárias para que casos como esses sejam levados à justiça. O direito à memória, justiça, verdade e reparação das vítimas, sobreviventes e suas famílias deve ser defendido e promovido pelo Estado Brasileiro e seus representantes".

Em nota, a Anistia informou ainda que defende a revogação da Lei de Anistia, de 1979, "eliminando os dispositivos que impedem a investigação e a sanção de graves violações de direitos humanos, a investigação e responsabilização dos crimes contra a humanidade cometidos por agentes do Estado durante o regime militar".

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