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No começo desta semana viralizou nas redes sociais do país o momento em que a pastora batista e teóloga Odja Barros celebrou um casamento entre duas mulheres, em Maceió, capital alagoana. Apesar da união ter acontecido em 5 de novembro, foi somente após a repercussão através de uma reportagem do Uol que a celebração se tornou conhecida. Desde então, a religiosa passou a receber ameaças de morte em seus perfis pessoais, ao ponto de suas filhas precisarem intervir e afastar a mãe dos conteúdos recebidos. Em nova entrevista ao portal, Odja deu atualizações sobre o caso, já comunicado à polícia. 

Em áudios recebidos nas suas mensagens diretas do Instagram, um homem a ameaça de morte: "Tá vendo esse revólver aqui? Eu vou colocar cinco bala [sic] na sua cabeça, viu, sua sapatão? Nunca que você é uma teóloga. Nunca, mano! Tá tirando, mano. Tu tá usando a Bíblia, mano, que nunca leu um livro pra casar duas mulé [sic], sendo que Deus condena isso lá em Levítico. Você tá tirando, mano, teóloga? Quantos livro [sic] você leu, cara? Você vai pagar, minha irmã, porque eu já tenho aqui os seus familiares". 

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A mensagem partiu de um perfil de um homem que diz morar em Maceió e que se apresenta como "cristão" e ainda cita em sua descrição: "DEUS tu és o rei, o supremo Governador de tudo!" O perfil dele tem 16,9 mil seguidores e há apenas três fotos publicadas, podendo ou não ser a verdadeira identidade dele.  

Na manhã desta quarta-feira (15), Odja esteve na Delegacia-Geral de Alagoas para prestar depoimento. O caso será designado a um delegado especial na sequência. Também foi até a Secretaria da Mulher e Direitos Humanos de Alagoas denunciar os crimes praticados pelo perfil. 

Abalada com o nível das mensagens, a teóloga delegou a administração da conta às suas filhas, que foram excluindo as mensagens e bloqueando os agressores. "Nesse processo eu fui muito blindada para não ter acesso a essas postagens. Elas ficaram extremamente cansadas porque não parava de chegar mensagens", diz. 

A pastora afirma ainda que perdeu a conta de quantas mensagens de ódio e ofensas recebeu diretamente desde que a matéria foi publicada. "Foram milhares, que questionaram o fato de eu ser mulher e ser pastora e teóloga; outras desautorizando o meu trabalho. Foram palavras ofensivas de todo tipo, e acredito que isso tem a muito a ver não só pelo ódio homofóbico, mas também pelo fato de eu ser uma liderança feminina", diz. 

 

A Igreja Adventista do Sétimo Dia localizada em Tatuí, São Paulo, realizou o 'batismo delivery' de uma fiel identificada como Walkiria Aparecida Silva Costa, já que as medidas de isolamento social determinam que as igrejas não realizem os seus cultos e, consequentemente, os batismos em seu templos para não causarem tumultos.

O batismo da mulher foi realizado em uma caixa d'água que foi colocada na caçamba de uma caminhonete e levada até a sua casa. Ao G1, o pastor Vinicius Armele disse: "preferimos não fazer o batismo na igreja para evitarmos problemas e para não dar a entender que estávamos indo contra o governo".

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O batismo aconteceu durante a Semana Santa que, segundo o pastor, é um período que muitas pessoas sentem o desejo de se batizar. "Eu decidi que tinha que ser na Semana Santa em uma conversa com Deus. Porém, achei que não seria possível já que as igrejas estão fechadas", revela Walkiria.

Depois desse batismo, Vinicius aponta que o método delivery se popularizou e a caminhonete, usada para levar a caixa d'água, já foi batizada pelos membros da igreja de "caminhonete da esperança'.

 

Na última quarta-feira (27), um grupo de integrantes do Movimento Cristão em Ação (MCA) e Ordem dos Policiais do Brasil (OPB) apresentou ao Governo de Pernambuco o 'Pacto Evangélico pela Vida', também chamado de 'Pacto Pela Vida Cristão'. O projeto consiste em uma série de pautas voltadas para a diminuição da violência e combate às drogas através de trabalhos desenvolvidos por igrejas, principalmente as evangélicas e da denominação Batista.

As propostas já tiveram uma boa aceitação da gestão estadual. O secretário de articulação da Casa Civil, Roberto Franca, destacou que aprova a iniciativa e até convidou o MCA para já participar das reuniões semanais do Pacto Pela Vida, conforme divulgado no Jornal do Commercio.

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O posicionamento do governo incomodou movimentos da sociedade civil, como o Fórum Popular de Segurança Pública de Pernambuco, que emitiu uma nota oficial destacando acreditar que todas as ações devem ser pautadas pelo princípio de laicidade do Estado. "O Fórum Popular de Segurança Pública de Pernambuco manifesta várias ressalvas ao 'Pacto pela Vida Cristão', por entender que, entre vários encaminhamentos, ele propõe a retirada de recursos do estado para que sejam repassados a igrejas evangélicas, a fim de que elas executem ações que não foram pautadas de forma democrática pela sociedade em geral", diz trecho do posicionamento.

Como exemplo, o Fórum salienta que foi solicitado que o poder Executivo financie as ações que a igreja deseja pautar. Um dos encabeçadores do Pacto Evangélico pela Vida, Frederico França, da Ordem dos Policiais do Brasil (OPB) e da Igreja Batista, garantiu ao LeiaJá que não haverá pagamento de salário para os idealizadores do programa, apenas dos custos das ações. "Não temos conhecimento dos gastos do governo, mas a ideia é recebermos um incentivo de R$ 5 milhões a R$ 15 milhões ao ano", disse nesta sexta-feira (29).

A nota do Fórum pontua que muitos segmentos religiosos não foram consultados para a confecção de pautas. Frederico garante que participaram das discussões representantes das igrejas Batista, Assembleia de Deus, Presbiteriana e Católica. Questionado se havia parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), órgão católico, ele respondeu que não, mas que padres, de forma não oficial, demonstraram interesse. “E nossa primeira premissa é que não é para ser usado politicamente. Não tem partido e não tem igreja. É interdenominacional. Quem puder participar, vai”.

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O programa é formado por uma pauta com dez itens. O LeiaJá solicitou que Frederico França detalhasse os tópicos. O pastor Israel Guerra, coordenador do MCA e ex-deputado estadual, que também lidera o pacto cristão, não atendeu aos telefonemas.

– Programa de prevenção e tratamento da violência doméstica contra as mulheres, Programa de tratamento de homens envolvidos em ações de violência doméstica e Programa de sensibilização de casais contra a violência doméstica

Segundo França, tais ações consistem na identificação de indícios de violência e, havendo a confirmação, um trabalho de conscientização com o marido, a esposa e as crianças. "Também vamos tentar identificar o motivo, se há por exemplo o uso excessivo do álcool. Queremos que gente capacitada, da Secretaria de Defesa Social (SDS) ou da prefeitura ligada à prevenção da violência, participe das reuniões porque a igreja chega onde o Estado não chega: dentro da família.

– Assistência a detentos e presidiários da execução da pena até a ressocialização e Assistência a famílias de detentos e reclusos

"As pessoas às vezes interpretam isso errado. Não é sustentar o detento, não tem nada disso. O sistema penitenciário, em sua grande maioria, não ressocializa. As igrejas tentam resgatar essas pessoas através do trabalho evangélico - no caso das igrejas evangélicas.  Queremos ter uma entrada mais facilitada nesses presídios para projetos de conscientização, sobre uso de drogas e álcool e sensibilização. Várias pessoas são ressocializadas pela fé. Padres e pastores têm acesso até onde o agente penitenciário não tem, mas como cada um faz sua ação pontual, o resultado ainda é tímido. Queremos também trabalhar com a Funase", explica o presidente da OPB.

– Programa de assistência e orientação a crianças e adolescentes: programas Pepes e Espaço Voar

De acordo com Frederico, os programas já existem, mas seriam fortalecidos. “Tudo hoje é com investimento próprio, de voluntários. Queremos que tenha recursos públicos. Esses são trabalhos sociais e preventivos. Receberíamos um investimento para ampliar o conjunto de ações, mas com o devido acompanhamento e fiscalização do recurso”.

– Programa de apoio a comunidades terapêuticas para dependentes químicos

Fortalecimento de clínicas de recuperação de pessoas envolvidas com drogas. Conforme o presidente da OPB, já existem locais como esses que são mantidos por igrejas e ONGs, como o projeto Cristolândia. "Esses locais têm limite de atendimento e o Governo do Estado tem verba para ampliar isso", complementa Frederico.

– Programa de apoio à prevenção de drogas nas escolas da rede pública

Palestras educativas mostrando valores éticos, morais, de convivência e de respeito aos mais velhos, pais e professores, além de um trabalho para identificar se já há crianças envolvidas com drogas.

– Instalação de núcleos comunitários de segurança nas igrejas

"As igrejas estão presentes a custo zero nos mais variados locais. Nos ambientes mais violentos, a igreja pode ceder seus espaços para desenvolver projetos de escolas comunitárias, creches, atividades ligadas à saúde, etc. Seria uma espécie de Compaz com custo muito mais baixo".

– Programa estadual de profissionalização das igrejas  

“Muitas igrejas e pastores que querem desenvolver ações não têm nível de conhecimento e acesso à informação de maneira mais profissional. O próprio Estado poderia fazer essa capacitação e padronizar o atendimento para que uma pessoa aqui possa fazer o mesmo trabalho de um outro em Petrolina, por exemplo”.

A defesa dos religiosos da Igreja Batista do Méier, que aparecem como doadores da cinemateca da prisão do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse que eles foram induzidos pelo próprio a assinar o documento que autorizava a instalação. Segundo o advogado Heckel Garcez, o pedido foi feito por Cabral, após a realização de um culto. O documento autoriza a doação de itens eletrônicos em nome da Igreja Batista do Méier e da Comunidade Cristã Novo Dia, representadas pelo pastor Carlos Serejo, que é capelão prisional, pela missionária Clotilde de Moraes, e o pastor Cesar Dias de Carvalho.

De acordo com o advogado, eles foram chamados por Cabral à biblioteca da penitenciária, na tarde do último dia 27. Após chegarem ao local, o ex-governador teria exposto a necessidade de que um representante de instituição religiosa ou filantrópica assinasse documento de doação de alguns equipamentos eletrônicos. Os itens, uma TV de LED smart de 65 polegadas com wifi, um Blu-ray Player 3D e um aparelho de som receiver de 5.1 canais, já estariam até no local, segundo o governador teria contato ao pastor.

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Cabral também teria dito que o diretor da entidade prisional teria alegado que o uso de todos os equipamentos só poderia ser oficializado caso houvesse o documento de doação. Segundo o advogado, o ex-governador argumentou que os aparelhos seriam de uso coletivo "como é de costume em alguns presídios, que utilizam televisão e DVD para fins educativos".

"Tal ato é previsto na Lei de Execuções Penais, que cita a ressocialização dos internos. O preso solicitou ajuda e falou que era só assinar o papel, e esse favor foi feito. Por conta disso, concordou-se em assinar a doação, visando ao bem dos que ali estavam. Isso foi feito na extrema boa fé e no claro intento de ajudar o próximo", escreveu o advogado, em uma nota publicada em uma rede social.

Garcez também afirmou que os capelães e as missionárias, naquele momento, "não conseguiam visualizar qualquer ilicitude ou algo do gênero, até porque os mesmos se pautam pela verdade da Palavra de Deus, que diz amarás o teu próximo como a ti mesmo". Os pastores também teriam contado que o documento foi elaborado por um detento e apenas faltava a assinatura dos religiosos para ter legitimidade.

"É fato que o Sr. Carlos Serejo e os outros agentes religiosos foram induzidos (enganados) a cometer o equívoco de assinar a doação (se é que tal documento possui validade para tanto, posto que somente a presidência e a diretoria das instituições têm legitimidade para isso), sendo usados e manipulados por um homem ardiloso cuja vida traduz a sua astúcia e o poder de manobra para conseguir o que almeja", afirmou o advogado. "O intuito dos pastores e missionárias, no entanto, era colaborar com a ressocialização dos presos, como dito. O foco jamais foi beneficiar exclusivamente o preso Sérgio Cabral. Jamais se compactuaria com quaisquer decisões que contrariassem as leis ou os valores cristãos, nem mesmo se foi conivente com qualquer esquema que ferisse os preceitos bíblicos", acrescentou.

Já o pastor João Reinaldo Purin, presidente da Igreja Batista do Méier, disse que Clotilde e Serejo foram afastados de suas funções voluntárias exercidas no presídio de Benfica, com o seu "pesar". "Foi uma pena porque os dois são idosos, Clotilde tem 78 e Serejo 65, e nunca cometeram nenhum tipo de falta ou desvio. Eles são muito amados pela comunidade e foram induzidos a assinarem o documento, não agiram de má fé", disse o pastor presidente.

Purin afirmou que os religiosos estão com uma "carga emocional muito forte", depois da divulgação do caso. "É claro que eles respondem pelos seus atos, eles fizeram de forma consciente, mas não de uma forma dolosa, para favorecer o Cabral. Eles foram levados pelo discurso imoral que esse ex-governador tem e que precisa pagar por tudo o que fez. Nós estamos à disposição para auxiliar as investigações", disse o pastor.

Em resposta se também teria sido enganada por Cabral, a assessoria de imprensa da Secretaria de Administração Penitenciária do Rio respondeu que "se mostra decepcionada com tal fato". "Devido a esse episódio os benefícios das televisões nas celas e a recreação esportiva dos internos dessa unidade prisional previstos na Lei de Execuções Penais foram suspensos por 30 dias. A Seap informa, ainda, que suspendeu também as permissões dadas a essa igreja para fazer trabalho missionário em todas as unidades prisionais", disse.

COM A PALAVRA, SERGIO CABRAL

O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, foi procurado para comentar o caso, mas ainda não respondeu.

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