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Para os beneficiários no Minha Casa que estão com as prestações atrasadas, o governo vai recorrer a uma última cartada para reduzir a inadimplência na faixa mais carente do programa de habitação popular. Ministério das Cidades e Caixa devem produzir uma campanha para reforçar que o pagamento em dia das prestações propicia que outras famílias sejam contempladas.

Desde o ano passado, a Caixa apertou a cobrança das prestações que estão atrasadas. Passou a ligar e a enviar SMS para os beneficiários logo após os primeiros dias de vencimento. O nível de calote, porém, ainda é alto: encerrou maio em 18,79% - o número fechado do primeiro semestre, que ainda não foi divulgado, deve se aproximar dos 25%. O nível é destoante das operações das outras duas faixas de renda do Minha Casa: a parcela de atrasos acima de 90 dias nessas faixas é cerca de 2%, patamar dos financiamentos de mercado.

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A reportagem apurou que o Ministério das Cidades não tem orçamento para publicidade neste ano e negocia com a Caixa para decidir se o banco, responsável por tocar o programa, pode assumir o custo da propaganda.

O ministro das Cidades, Bruno Araújo, diz que a inadimplência dessa faixa é uma das preocupações do governo para atender outras famílias necessitadas que estão na fila. Ele afirma, porém, que no momento não está previsto nenhum tipo de repressão, como a retomada da casa.

Públicos

Os imóveis dessa faixa foram bancados em mais de 90% com recursos públicos. Se a inadimplência não ceder, a Caixa pode começar a retomar os imóveis. Para isso, uma lei foi modificada, ainda no governo da presidente afastada Dilma Rousseff, para determinar que os imóveis tomados devem ter tratamento diferenciado. Em vez de ir a leilão, como costuma ocorrer no financiamento imobiliário, a Caixa tem de reincluir o imóvel no programa, para ser direcionado a outro beneficiário que está na lista de espera do Minha Casa.

A alteração na lei evita que o imóvel retomado seja comprado por uma família com renda superior à dos beneficiários, o que seria uma desvirtuação do programa. Essas casas ou apartamentos têm tratamento tributário diferenciado, ou seja, são construídos com menos impostos.

Na terceira etapa do programa, o governo de Dilma aumentou as prestações dessa faixa. As famílias com renda de até R$ 800 passaram a pagar parcela de R$ 80; entre R$ 800 e R$ 1,2 mil, o valor é correspondente a 10% da renda; de R$ 1,2 mil a R$ 1,6 mil, de 15%; e de R$ 1,6 mil a R$ 1,8 mil, de 20%.

Para especialistas do setor da construção, as condições continuam "exageradamente favoráveis" para o calote e parte considerável dos contemplados poderia pagar uma prestação superior até para que o imóvel fosse mais valorizado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A inadimplência da Caixa no primeiro trimestre deste ano acendeu a luz amarela no banco. Mesmo com a venda de carteiras, o nível de atrasos acima de 90 dias fechou em 3,51%, bem próximo à média do mercado, que foi de 3,55%. No segundo trimestre, o banco conseguiu reduzir a inadimplência e se distanciar novamente dos concorrentes privados, antecipou à reportagem o presidente da Caixa, Gilberto Occhi. Os números ainda não foram divulgados.

"Não suportamos uma inadimplência acima da do mercado. Essa redução é talvez o segredo da melhoria do resultado no segundo trimestre. Poderia ser melhor? Sim, se tivéssemos a oportunidade de vender carteiras no mercado", afirmou.

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Sem essa opção, o banco investiu em outras frentes. Criou uma diretoria específica para cuidar da redução da inadimplência e das provisões que é obrigado a fazer para cobrir o risco de calotes dos clientes. A provisão contra inadimplência da Caixa cresceu 22% nos primeiros três meses em relação a igual período de 2015.

O nível de calotes no crédito ao consumo das famílias subiu de 5,81% para 6,42% no último ano, mas caiu em relação aos mais de 7% do final de 2015, em parte devido à venda de carteiras de crédito com prestações em atraso, parte delas já baixadas a prejuízo.

Criada 15 dias depois de Occhi assumir a chefia do segundo maior banco do País, a diretoria focou nos maiores clientes, nos empréstimos imobiliários a empresas, em operações corporativas, de infraestrutura e com governos. Nos segmentos de empresas e habitação, os atrasos alcançaram no primeiro trimestre de 2016 níveis recordes desde que o banco passou a ser usado pelo governo como a locomotiva de crédito, logo após a crise de 2008.

Qualquer redução no nível de inadimplência dos financiamentos à casa própria tem impacto significativo no número total porque a carteira imobiliária representa quase 60% do crédito total. "Não é um milagre, é trabalho com foco", afirmou Occhi.

Depois de ser protagonista na expansão de crédito no Brasil nos últimos anos, com crescimento da carteira até superior a 40% ao ano, a Caixa passa por brusca desaceleração na concessão de empréstimos e financiamentos. Fechou 2015 com aumento de 11,9%, ritmo bem menor do que os 22,4% de 2014 e os 36,8% de 2013. Occhi antecipou que a expansão no segundo trimestre deve ficar entre 7% e 8%, quase o dobro da média verificada entre os concorrentes.

Com a recessão prolongada, a inadimplência aumentou, o que obrigou o banco a fazer provisões maiores para cobrir eventuais calotes. A exigência diminuiu o lucro do banco, que não contará com novas injeções de recursos do Tesouro e depende de lucros retidos para reforçar o capital.

A queda de 46% no lucro do primeiro trimestre foi impactada, principalmente, pela provisão de R$ 700 milhões para as eventuais perdas com a Sete Brasil, empresa criada para construir e fornecer sondas para exploração do pré-sal. A empresa entrou em recuperação judicial no fim de abril, após o fechamento do balanço do trimestre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O contingente de pessoas que atrasaram o pagamento de suas contas cresceu 3,21% em junho comparativamente ao mesmo mês do ano passado, apurou o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Os brasileiros na faixa dos 30 anos são os que mais devem. E as contas de telefone, TV por assinatura e internet foram as que tiveram a maior alta no período.

Ainda assim, na margem, a inadimplência total teve a menor expansão anual desde 2011, início da série histórica revisada da instituição. O número de negativados caiu para 59,1 milhões na passagem de maio para junho de um total de 59,25 milhões na pesquisa anterior.

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Este número atual de inadimplentes representa 39,76% da população com idade entre 18 e 95 anos. Para um balanço do semestre, mais de dois milhões de brasileiros passaram a fazer parte das listas de inadimplentes somente no ano de 2016, já que em dezembro de 2015 era contabilizado um total de 57,1 milhões de brasileiros com restrição do crédito.

O indicador não leva em consideração a região sudeste devido a entrada em vigor da Lei Estadual nº 15.659, conhecida como 'Lei do AR', que dificulta a negativação de inadimplentes em São Paulo. Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a desaceleração do indicador não pode ser interpretada como um sinal de que os consumidores com contas em atraso estão quitando suas dívidas, mas como um reflexo do crédito mais restrito.

"Os juros elevados, a inflação corroendo o poder de compra e a perda de dinamismo do mercado de trabalho tornam os bancos e os estabelecimentos comerciais mais rigorosos e criteriosos na política de concessão de financiamentos e empréstimos, o que implica em uma menor oferta de crédito na praça. Por sua vez, essa menor oferta de crédito funciona como um limitador do crescimento da inadimplência", explica o presidente.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, analisa que por ora, é precipitado atribuir os sinais de estabilidade da inadimplência ao desempenho da economia, já que a retomada da melhora do ambiente econômico, quando vier, exigirá tempo para traduzir-se em aumento do emprego e da renda. "O freio na trajetória da inadimplência sucede um período em que o número de devedores cresceu muito rapidamente em virtude da crise econômica", disse.

O balanço do semestre, ao apontar dois milhões de novos negativados apenas neste ano, é prova disso, explica Marcela. "Agora, porém, a dificuldade de equacionar o orçamento começa a deparar-se com o limite do estoque de crédito. Desse modo, o indicador mostra certa acomodação do número de inadimplentes. Ou seja, quem está com o nome sujo não consegue recuperar crédito, mas há também menos brasileiros se endividando", explica a economista.

Nordeste

Repetindo comportamento de meses anteriores, a região Nordeste segue liderando a variação do número de devedores: a alta em junho foi de 5,04% na base anual de comparação. Em seguida estão as regiões Norte (2,44%) e Sul (1,60%). Na outra ponta, a região Centro-Oeste mostrou a menor alta entre as regiões pesquisadas, com crescimento de 0,81% em relação ao ano passado.

Apesar do Nordeste ter apresentado o maior aumento de novos inadimplentes, é a região Norte que detém, proporcionalmente, a maior população de consumidores inadimplentes: são 5,32 milhões de pessoas com contas em atraso, o que representa 46,43% da população adulta desta região. O Centro-Oeste, com número absoluto de 4,73 milhões, apresenta a segunda maior proporção da população adulta em situação de inadimplência (41,93%). A região Nordeste registrou 16,31 milhões de negativados, 41,45% da população adulta. Por fim, o Sul, com um total de 8,20 milhões de consumidores negativados, apresentou a menor proporção, 37,17% da população adulta.

A inadimplência dos paulistanos chegou ao maior porcentual desde junho de 2012. Em maio, 18,8% das famílias da cidade de São Paulo afirmaram estar com as contas em atraso, o que representa uma alta de 0,5 ponto porcentual (p.p.) em relação a abril. Em comparação ao mesmo período do ano passado, o indicador apresentou alta de 3,3 p.p, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A pesquisa também mostrou que metade das famílias estão endividadas, apesar do "esforço dos paulistanos para reequilibrar o orçamento doméstico".

Entre as famílias que declararam estar inadimplentes, 49,6% afirmaram ter débitos vencidos há mais de 90 dias; 23,3% têm compromissos atrasados entre 30 e 90 dias; e 24,7% estão com dívidas vencidas por até 30 dias.

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"A elevação na proporção de famílias com contas em atraso demonstra o quanto a crise econômica atual e o quadro de incerteza ainda vigente está afetando diretamente a capacidade das famílias paulistanas de manter as contas em dia", afirmam os analistas da FecomercioSP em nota à imprensa.

Segundo o levantamento, a inadimplência é maior nas famílias com menor renda. Entre as que ganham até dez salários mínimos, 22,5% estão com contas atrasadas - aumento de 3,9 p.p. na comparação com maio de 2015. Entre as que recebem mais de dez salários mínimos, 9,9% afirmaram ter dívidas vencidas em maio - elevação de 1,9 p.p. Em igual base comparativa.

O cartão de crédito continua sendo o principal meio de financiamento das famílias, utilizado por 73,2% dos devedores em maio. Em seguida constam financiamento de carro (15,7%), carnês (14,4%), financiamento imobiliário (13,5%), crédito pessoal (11,2%) e cheque especial (10,4%). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve aumento de 3,3 p.p. na proporção de famílias endividadas no cartão. Houve também, em um ano, crescimento de 4,6 p.p na proporção de endividados no cheque especial.

As duas modalidades de financiamento são as mais caras do mercado financeiro no Brasil o que é, para a federação, muito "preocupante". "As taxas de juros cobradas por essas modalidades giram em torno de 300% ao ano no caso do cheque especial e superam os 400% ao ano no rotativo do cartão de crédito", alertam os analistas.

Endividamento

A pesquisa também mostrou que metade das famílias paulistanas (50,1%) tinha dívidas no mês passado. Ainda que negativo, o retrato mostra uma melhora em relação a abril (50,2%) e em relação a maio do ano passado (55,1%). Em números absolutos, o total de famílias com algum tipo de dívida diminuiu de 1,962 milhão em abril para 1,925 milhão em maio. Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando o número era de 1,974 milhão, houve queda de 49 mil famílias.

Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, o resultado do mês passado mostra o esforço dos paulistanos para administrar melhor o orçamento. A missão é árdua, entretanto, em razão do "cenário atual de desemprego, inflação alta, juros elevados e dificuldade de acesso ao crédito", na avaliação dos analistas da federação.

Assim como no retrato da inadimplência, as famílias mais endividadas são as que têm menor remuneração. Entre quem tem renda inferior a dez salários mínimos, o porcentual de endividados caiu apenas 0,6 ponto porcentual (p.p.) em relação a abril, ficando em 53,8% em maio, acima do porcentual geral. Já entre quem recebe mais de dez salários, a parcela de endividados foi de 39,7%, retração de 2 p.p. ante abril.

O aumento do desemprego incrementa o número de brasileiros que abrem seu próprio negócio. Os microempreendedores individuais (MEIs) já alcançam a marca de 6 milhões de pessoas. No entanto, segundo a Receita Federal, seis em cada dez estão inadimplentes, com o recolhimento dos impostos em atraso há mais de 90 dias.

É o caso de Lucas Gonçalves de Melo, que vende quentinhas em casa, para empresas e para operários em canteiros de obra. No ano passado, ele formalizou a Cidade Santa Marmitex e chegou a fornecer até 500 quentinhas por dia. Mas teve de mudar de cidade e o volume de pedidos diminuiu. Agora, ele está montando uma cozinha nova nos fundos de casa com a ajuda da mãe e, enquanto reestrutura o negócio, deixou de pagar o boleto mensal do MEI. "Ser patrão de você mesmo te dá uma liberdade maior, mas também aumenta a responsabilidade."

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"Nossa missão é ajudar esse pequeno empresário a se regularizar para continuar trabalhando e tendo seus direitos garantidos", diz o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos. Segundo ele, agora, o foco do "maior programa de formalização do mundo", criado há quase sete anos, é diminuir o número de calotes, que subiu de 55,5% no fim de 2015 para 59,4% no início deste ano. Até maio, 405 mil pessoas se formalizaram como MEI.

Segundo pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), feita no Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), o empreendedorismo por necessidade subiu de 29% para 44% de 2014 para 2015. Já o número de brasileiros que abriram uma empresa por identificar uma oportunidade - e não por necessidade - caiu em relação aos últimos anos e voltou ao patamar de 2007.

Em 2015, a taxa de empreendedorismo no País foi de 39,4% - ou seja, quatro em cada dez brasileiros adultos estão envolvidos com a criação de uma empresa - o maior índice dos últimos 14 anos e quase o dobro do registrado em 2002, quando a taxa era de 20,9%. Segundo o Sebrae, a taxa de empreendedorismo brasileira é superior a dos EUA, México, Alemanha e de países como Rússia, Índia, China e África do Sul.

São microempreendedores individuais os empresários que trabalham sozinhos ou com, no máximo, um funcionário e cuja receita anual é de até R$ 60 mil por ano. O empreendedor tem acesso ao seguro-saúde do INSS e à aposentadoria. Com a formalização, a empresa amplia o mercado porque pode emitir nota fiscal, vender para órgãos públicos e usar máquinas de pagamento por débito e crédito, por exemplo.

Para ter acesso aos benefícios previdenciários e estar regularizado, o MEI deve pagar, até o dia 20 de cada mês, o boleto mensal que varia entre R$ 45 e R$ 50, dependendo da atividade exercida. O valor corresponde a 5% do salário mínimo, destinado à Previdência Social, e R$ 1 ou R$ 5 referentes ao ICMS ou ISS. Ele também deve enviar todos os anos a declaração anual de rendimentos - o prazo se encerra no dia 31 de maio.

De acordo com as novas regras, os pequenos empresários que estiverem com contribuições mensais de 2014, 2015 e 2016 consecutivas em atraso e que não fizeram a declaração anual desses anos terão os registros cancelados no segundo semestre deste ano.

Demissões

Ao contrário das grandes empresas, o ritmo de demissões nos pequenos negócios desacelerou em abril na comparação com o mês anterior. Foram fechadas 10,5 mil vagas, quatro vezes menos do que os 46,9 mil registrados no mês de março. Na comparação com as empresas de médio e grande porte, a diferença é de mais de cinco vezes. Nas empresas maiores, a geração de empregos, em abril, ficou negativa em 54,6 mil, segundo o Sebrae. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A inadimplência dos brasileiros com o condomínio cresceu 26,6% no primeiro trimestre de 2016 se comparada com o mesmo período de 2015. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (17), em uma pesquisa inédita desenvolvida pela Serasa Experian, que constatou também um aumento de 23,1% na inadimplência nesse setor em 2015 ante 2014, que havia registrado queda de 9,8% em relação a 2013.

Economistas da Serasa Experian, em nota distribuída à imprensa, avaliam que esses resultados negativos em 2015 e no início de 2016 são decorrentes do cenário econômico bastante adverso, com crescimento de inflação, juros e desemprego, o que tem dificultado a quitação das dívidas do consumidor.

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O número de empresas negativadas no Brasil cresceu 11,08% em março, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Indicador de Inadimplência de Pessoas Jurídicas do SPC Brasil. O resultado foi impulsionado principalmente pela expansão de 16,64% na taxa de inadimplência da região Nordeste. Os números não consideram o Sudeste, em função de lei estadual que vigora em São Paulo e dificulta a negativação de pessoas físicas e jurídicas no estado.

De acordo com o SPC Brasil, merece destaque no Nordeste o aumento da inadimplência no setor de Serviços, que engloba os bancos e financeiras. Nesse caso, a taxa chegou a 21,21%, acima das marcas registradas na Indústria (20,78%) e no Comércio (20,45%). Na Agricultura a expansão foi de 48,99% na mesma base comparativa, de acordo com levantamento elaborado pelo SPC Brasil em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

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O setor de Serviços, em geral, apresentou resultado negativo em todo o País durante o mês passado. O Indicador de Inadimplência de Pessoas Jurídicas para o setor de Serviços ficou em 16,75% no Centro-Oeste, 14,41% na região Norte e 13,39% no Sul.

Na sequência, em todas as regiões analisadas, aparece o setor de Comércio entre aqueles com maior taxa de inadimplência. "O agravamento da crise fez cair o consumo das famílias, consequentemente afetando o faturamento das empresas e sua capacidade de honrar os compromissos, especialmente com os bancos - principal fonte de empréstimos para as pessoas jurídicas", destacou em nota o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.

Quando considerado o total de dívidas em atraso, englobando os segmentos de Serviços, Indústria, Comércio, Agricultura e Outros setores, o Nordeste volta a se destacar negativamente, com uma expansão de 19,88% na comparação entre março de 2016 e o mesmo mês do ano anterior. Nacionalmente, o número de dívidas cresceu 12,98%.

A inadimplência do consumidor brasileiro recuou 1,8% (com ajuste sazonal) em março ante o mesmo mês de 2015, segundo pesquisa da Boa Vista SCPC. Variação negativa também ocorreu na comparação com fevereiro, quando a inadimplência diminuiu 8,4%, com ajuste sazonal. No acumulado em 12 meses, porém, a alta é de 3%, e o acumulado do primeiro trimestre teve elevação de 5,8% frente aos três primeiros meses de 2015.

"Após três anos de estabilidade, a inadimplência dos consumidores finalmente dá sinais nítidos de que sua taxa deverá elevar-se ao longo de 2016", explicam os analistas da Boa Vista SCPC, em nota. Entre os fatores influenciadores para o movimento estão aumento da desocupação no mercado de trabalho, a queda dos rendimentos, a elevação dos juros e a inflação elevada.

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Na divisão por regiões, em março ante março de 2015, o Centro-Oeste apresentou a maior elevação (1%), seguido pelo Sudeste (0,5%). As demais regiões apresentaram quedas, sendo a mais acentuada na região Sul (-9,0%), seguida pelo Nordeste e Norte, que apresentaram variações de -5,1% e -3% respectivamente.

O indicador de registro de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas informados à Boa Vista pelas empresas credoras.

O efeito dominó do aumento do desemprego e da inflação apareceu no calote do pagamento de serviços básicos, como as contas de luz, água e de serviços de comunicação. A costureira Angela Rosa Alcon Velasques, de 56 anos, natural de La Paz, na Bolívia, e que há dez anos vive no Brasil, por exemplo, deixou de pagar a conta de luz porque perdeu o emprego. "Estou devendo seis meses de luz, mais de R$ 1,6 mil", contou Angela, que tem quatro filhos. "Devo também o telefone fixo, que foi cortado."

Angela usava uma máquina de costura elétrica para trabalhar em casa e ficou inadimplente na conta de energia e no telefone porque perdeu o trabalho. "Costurava para um patrão brasileiro. Ele me demitiu, não tenho mais costura."

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A saída encontrada por Angela foi deixar o imóvel alugado. Agora ela tenta uma renegociação da pendência com a Eletropaulo. "Mudei para um barraco", disse a costureira, que gastava R$ 1,1 mil de aluguel. Pela nova moradia, não vai pagar nada. Enquanto a situação não melhorar, a costureira planeja fazer bicos e usar as poucas reservas que tem para viver.

A auxiliar administrativa Adriana Carla Mendonça, de 40 anos, casada e com cinco filhos, é outra consumidora que ficou inadimplente nos serviços básicos. No seu caso o motivo do calote não foi desemprego, mas o aperto no orçamento em razão do aumento da inflação.

"Tenho três contas de luz atrasadas que somam um pouco mais de R$ 1 mil", disse. Com uma renda familiar de cerca de R$ 4 mil, Adriana chegou a ter a luz cortada por falta de pagamento. Segundo ela, o valor da conta deu um salto. "Eu pagava R$ 150 e subiu para R$ 500." No ano passado, a energia elétrica aumentou cerca 50%. Adriana pagou a taxa de R$ 45 para religar a luz e agora tenta um parcelamento em seis vezes da dívida pendente com a concessionária de energia. "Não sei se vou conseguir pagar, mas sem luz não dá para ficar."

Tanto Angela quanto Adriana engrossam as estatísticas do calote das contas básicas que desde o ano passado não para de crescer. Em janeiro deste ano, o grande destaque dos índices de inadimplência apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) foram justamente as contas de serviços básicos que são prestados.

"Não é só banco e loja que estão deixando de ter o seu dinheiro de volta", afirmou a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Em janeiro, o número de contas inadimplentes de água e luz aumentou 17,01% na região Sul e 13,03% no Centro-Oeste em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto a inadimplência média (que inclui também pendências com comércio, bancos e serviços de comunicação) cresceu cerca de 6% no mesmo período.

Já nas regiões Norte e Nordeste, os maiores avanços do calote em janeiro na comparação anual foram registrados em serviços de comunicação. No Norte, foi de 9,89%, ante uma inadimplência média de 6,53% no período, e, no Nordeste, de 12,39%, enquanto o calote médio da região aumentou 8,43%. A região Sudeste está fora das estatísticas de inadimplência por causa das mudanças na lei de negativação vigente no Estado de São Paulo, o que pode distorcer a base de comparação.

"A inadimplência tem se colocado na vida dos brasileiros de forma tão abrangente que até as contas mais essenciais estão deixando de ser pagas", observou Marcela. Ela ponderou, no entanto, que as pendências com bancos respondem pela maior parte das dívidas em atraso, entre 30% e 40%, dependendo da região. Mas o avanço do calote em contas básicas é, na opinião da economista, um sinal de alerta sobre a extensão e a gravidade da crise.

Sem revelar os números, Luis Carlos Bento, presidente da Intervalor, empresa de cobrança que tem boa parte da carteira nos segmento de telefonia e TV por assinatura, confirmou que houve aumento expressivo na inadimplência. Segundo ele, o principal motivo alegado pelo consumidor é o desemprego. "A grande preocupação das empresas é não perder o cliente que ficou inadimplente, por isso elas estão mais flexíveis na renegociação", disse. "Essa crise está na população, as outras estavam no mercado financeiro." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A inadimplência no crédito imobiliário aumentou no ano passado, refletindo o cenário atual de juros altos e aumento do desemprego, mas ainda não é um ponto de atenção no setor, de acordo com Gilberto Duarte, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e diretor de crédito imobiliário do Santander. O indicador, considerando atrasos acima de 90 dias, passou de 1,4% em 2014 para 1,9% no ano passado, considerando garantia hipotecária e alienação fiduciária.

Se considerada, conforme dados da Abecip e do Banco Central, apenas a alienação fiduciária, a inadimplência do crédito imobiliário aumentou de 1,4% no ano de 2014 para 1,6% até setembro de 2015. "A inadimplência ainda não é preocupante, mas os bancos estão trabalhando em novas soluções. No cenário atual serão ampliadas as carências e também o prazo do pagamento do crédito. O mercado está trabalhando. Está muito claro que o consumidor quer pagar e ficar com a casa dele, que é seu principal bem", avaliou o presidente da Abecip, em coletiva de imprensa, nesta terça-feira, 26.

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De acordo com ele, a tendência é que ocorram, e isso já é uma realidade, mais negociações entre bancos e consumidores. Já do lado das incorporadoras, segundo Duarte, os casos de inadimplência foram pontuais e o patamar dos calotes está "normal". "Em 2015, tivemos mais situações de incorporadoras pedirem mais prazo e renegociarem condição, mas essas empresas continuaram pagando. Isso não constitui inadimplência, mas ajuste de fluxo de caixa", esclareceu o presidente da Abecip.

Juros

Os bancos não fizeram novos movimentos de aumento de juros no crédito imobiliário, mas as taxas podem subir ao longo de 2016 em meio à pressão na curva da Selic, de acordo com Duarte. Apesar disso, o especialista acredita que os bancos não tendem a ser ainda mais rigorosos neste segmento do que foram em 2015, quando elevaram os juros e restringiram as condições de liberação de recursos para a compra da casa própria.

"Os parâmetros adotados em 2015 parecem ser bastante sólidos e já criam conforto necessário para que o mercado aconteça, mas depende do comportamento da taxa de juros no curto prazo e da curva de juros que está pressionada. Isso pode começar a se traduzir em aumento de preços", avaliou Duarte.

Sobre medidas para estimular mais o mercado de crédito imobiliário, que em 2015 reduziu pelo segundo ano consecutivo o volume de empréstimos, o presidente da Abecip citou a criação de um grupo para estudar caminhos para desburocratizar o uso dos recursos do FGTS. Segundo ele, essa iniciativa foi iniciada no final do ano passado e ainda não tem medidas práticas definidas.

Questionado sobre o uso dos recursos do FGTS para outros segmentos fora o crédito imobiliário, como, por exemplo, o consignado (com desconto em folha de pagamento), Duarte disse que "manter a missão constitucional do fundo preservada faz mais sentido e é mais sadio". "O FGTS tem uma série de desafios como fundo, mas tem uma missão constitucional bastante clara e tem o investimento que tem sido feito em moradias populares", avaliou ele.

A região Nordeste foi a que teve a maior variação no número de inadimplentes em 2015, informou o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Na comparação com o ano anterior, o volume avançou 7,62%.

Em seguida aparecem a região Centro-Oeste (6,24%), Sul (5,10%) e Norte (3,92%). Os dados da região Sudeste estão suspensos desde a entrada em vigor da chamada Lei do AR, que modificou o sistema de negativação de inadimplentes em São Paulo. Também por causa da nova legislação os números absolutos não estão sendo divulgados.

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As dívidas bancárias são as que lideram em todas as regiões. No Sul, elas representam 43,95%; no Nordeste, 41,58%; no Centro-Oeste, 40,75%; e no Norte, com 33,02%.

De acordo com o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, o aumento do volume de inadimplentes reflete as dificuldades do cenário macroeconômico brasileiro no ano passado. "A alta dos preços aliada ao aumento do desemprego afetou a renda das famílias, que sentem dificuldades para pagar as dívidas pendentes", escreveu, em nota.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) julgou improcedente o recurso interposto contra a Lei 15.659/2015 que obriga os birôs de crédito, como Serasa Experian e Boa Vista SPC, a informar o devedor inadimplente por meio de aviso de recebimento (AR) antes de incluí-lo nas chamadas listas negras. A decisão recebeu 13 votos contra 11.

O recurso (embargos declaratórios) foi interposto pela Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), entidade que representa os interesses dos birôs de crédito, e teve apoio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A lei é de autoria do ex-deputado estadual e atual presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão, e entrou em vigor em janeiro último, após a Assembleia Legislativa derrubar o veto do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Desde março, porém, uma liminar suspendeu a aplicação da lei. Em setembro, a liminar foi derrubada, a regra voltou a valer e as listas negras deixaram de ser atualizadas.

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Os órgãos que lutam por direitos dos consumidores alegam que a negativação gera constrangimentos para os consumidores e, por isso, eles precisam ser informados antecipadamente. Já os bancos, birôs de crédito e empresas defendem que a restrição às listas de nome sujo pode não só restringir mais a oferta de crédito, já impactada pelo ambiente econômico, mas também aumentar o custo para tomadores, uma vez que a base de negativados é uma das estatísticas consideradas na análise de crédito.

Atualmente, proteger os consumidores das listas negras é o objetivo central de 11 matérias que tramitam no Congresso. Dois desses projetos, um de 2007 e outro de 2009, citam a necessidade da implantação do AR em todo o Brasil. Antes, era necessária apenas uma carta simples. Ainda cabe recurso da Facesp sobre a decisão do TJ-SP.

Até esta sexta-feira (4), o Instituto Nacional de Mediação e Arbitragem (Inama) no Recife promove um serviço cujo objetivo é orientar pais e donos de escolas que passam por problemas de inadimplência. A ideia central da ação é evitar uma corrida ao Judiciário, além de prejuízos aos alunos, focando na negociação das dívidas.

O atendimento ocorre das 9h às 11h, bem como das 15h às 17h, através do telefone (81) 3036-2505. Integrantes do Inama ficarão em contato com os interessados para tirar as dúvidas sobre o processo de mediação.

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Recentemente, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) divulgou que, apenas neste ano, a inadimplência no pagamento de mensalidades em instituições de ensino superior e colégios chegou a quase 20%. O percentual foi bem superior ao ano passado, quando o índice de dívidas foi de somente 8%.

 

A expectativa de piora na economia provocou uma corrida das empresas de capital aberto, que construíram um colchão bilionário para se protegerem de uma possível alta nos calotes. O movimento não é só de bancos, mas também de empresas de varejo e de telecomunicações. As companhias estão se protegendo da possibilidade de que mais clientes percam o emprego e, por isso, tenham dificuldade em honrar compromissos nos próximos meses.

No terceiro trimestre, a inadimplência das pessoas físicas subiu em um ritmo que surpreendeu até bancos, como o Itaú. E o pico está longe de ser alcançado. A expectativa é que alguma melhora no índice só apareça em 2017.

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O sinal amarelo nos calotes fez os grandes bancos elevarem em R$ 16 bilhões o saldo de provisões para devedores duvidosos em apenas um trimestre. As reservas de Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander superaram a marca de R$ 112,5 bilhões.

Entre os bancos médios, os números também mostram o medo da inadimplência. Para o Daycoval, o índice vai subir por causa do cenário "absolutamente desafiador". O reforço nas provisões, segundo o professor de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), Marcos Piellusch, é importante e esperado para as empresas neste ano.

Com inflação e desemprego em alta, o atraso das pessoas físicas vai aumentar por causa de maiores gastos recorrentes com luz, água, telefone, plano de saúde e mensalidades escolares.

Além dos bancos. As companhias de varejo também têm visto subir a inadimplência em seus produtos financeiros. O Magazine Luiza, que tem a maior parte de suas operações de crédito numa joint venture com o Itaú, teve de aumentar as provisões apesar de ter reduzido a carteira de crédito ao consumidor em 35,5%. Na Renner, as provisões agora equivalem a 18,8% da careteira total de credito, contra 14% do mesmo período de 2014.

No setor de Educação, além do cenário macroeconômico, houve o impacto das mudanças no Fies, programa de financiamento à educação superior do governo federal. Kroton, Ser Educacional e Anima estão entre as que reforçaram as provisões para calotes.

Outro segmento que não passou ileso foi o de telecomunicações. A Telefônica Vivo passou a ser mais rigorosa na gestão de inadimplência e cobrança. Com isso, as previsões subiram 27,5% de julho a setembro, em relação ao mesmo período de 2014, para R$ 349,4 milhões. "Estamos aplicando políticas rígidas para que a inadimplência não cresça", justificou o presidente da Telefônica Vivo, Amos Genish, em teleconferência.

As despesas com provisões foram o destaque da alta dos gastos operacionais da Oi no trimestre, ao subirem 29,5% em 12 meses, para R$ 181 milhões. A empresa fechou o período de julho a setembro com prejuízo superior a R$ 1 bilhão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O risco de os consumidores que buscam crédito se tornarem inadimplentes recuou 0,3% entre o 2º e o 3º trimestres de 2015, de acordo com dados da Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). No período analisado, o indicador foi de 97,5 pontos para 97,2 pontos. Esse é o mesmo patamar registrado no 3º trimestre de 2014.

No indicador, a Boa Vista avalia qual a probabilidade de os consumidores se tornarem inadimplentes, considerando uma amostra dos que buscaram crédito nos últimos 12 meses e a taxa de inadimplência.

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A empresa aponta que o indicador pode ser utilizado como antecedente da inadimplência dos consumidores brasileiros medida pelo Banco Central. "IRC começou a sugerir que a taxa de inadimplência do Banco Central em 2015 ficará um pouco acima da registrada em 2014, mas deve voltar a cair logo em seguida", informa a instituição.

A inadimplência das empresas subiu 7,3% no terceiro trimestre de 2015, ante igual período do ano passado, de acordo com pesquisa da Boa Vista SCPC. Em relação aos três meses imediatamente anteriores, o avanço foi de 2,5%, na série com ajuste sazonal.

Na variação acumulada de quatro trimestres até setembro, a alta é de 8,1% contra os quatro trimestres antecedentes. Na comparação com o acumulado até junho, houve desaceleração de 0,2 ponto porcentual.

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Segundo análise dos economistas da Boa Vista, apesar da desaceleração na análise de longo prazo, a inadimplência das empresas permanece em patamar elevado. Isso ocorre por causa de um cenário de forte incerteza econômica e retração da atividade, além da desaceleração do crédito e dos níveis elevados de inflação e juros.

"Dada a atual conjuntura macroeconômica, espera-se que em 2015 o fluxo de empresas inadimplentes mantenha esta tendência de alta e encerre o ano próximo ao presente nível, em 8%", diz a empresa em relatório.

Os grandes bancos podem ver seus resultados encolherem dois dígitos no ano que vem e a rentabilidade ser pressionada para baixo, impactados pelo aumento da inadimplência e também maior peso tributário, como reflexo do ajuste fiscal. O cenário revela um ambiente operacional mais desafiador, na opinião de analistas que aproveitam o final do ano para atualizar suas expectativas para o setor bancário, com a inserção de outro ano de recessão no País em seus modelos.

No cenário mais pessimista, estimado pelo Bank of America Merril Lynch (BofA) - que deu início ao movimento de revisões no final do mês passado - o lucro dos bancos deve cair 18% no próximo ano contra expectativa anterior de alta de 10%. O Credit Suisse, que publicou suas novas projeções, espera queda combinada de 10%, enquanto o UBS e o Deutsche Bank trabalham com desaceleração dos resultados, mas ainda com alta de ao menos um dígito em relação a 2015.

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Enquanto de um lado as margens financeiras ainda devem continuar a impulsionar os números do próximo exercício, do outro, a pressão por conta do aumento dos calotes deve elevar as provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs. Para Marcelo Telles, Lucas Lopes, Alonso García e Victor Schabbel, do Credit Suisse, o mercado superestima o crescimento das margens financeiras (NII, na sigla em inglês) e subestima o aumento das provisões em 2016.

"O mercado está falhando em explicar a rápida deterioração dos fundamentos do setor, com todos os bancos, sem exceção, entregando retornos (ROE, na sigla em inglês) abaixo do seu custo de capital nos próximos dois anos, em meio à queda dos empréstimos em termos reais e aumento muito maior do custo de risco", destacam eles, em relatório ao clientes.

Embora os grandes bancos tenham feito um exercício de desalavancagem de seus balanços, priorizando áreas de menor risco como crédito imobiliário e consignado (com desconto em folha), esse esforço não será suficiente diante do maior alcance do crédito entre a população que o verificado no passado, e a magnitude da extensão da desaceleração econômica, na opinião dos analistas do Credit. Um executivo do setor admite que esse trabalho ainda estava em curso, e a combinação de taxas crescentes de desemprego no Brasil e aumento da contribuição sobre lucro líquido (CSLL) de 15% para 20% deve penalizar o segmento.

"Na visão mais otimista, devemos ter lucro flat em 2016, e boa parte da queda está relacionada à maior carga tributária", avalia ele, explicando que o ganho não recorrente em créditos tributários (que crescem na mesma proporção que a CSLL foi aumentada e funcionam como moeda de troca para o tributo) virá este ano, mas o imposto maior será sentido nos números do ano que vem.

Apesar disso, a qualidade dos ativos continua a ser a principal preocupação para o setor bancário, dado o aumento das incertezas macroeconômicas e do desemprego no Brasil, segundo Philip Finch, Frederic De Mariz e Mariana Taddeo, do UBS. Eles ressaltam, em relatório, que o risco de calote cresce em duas áreas potenciais: pequenas e médias empresas (principalmente na cadeia de suprimentos para o setor de petróleo e gás) e consignado, mas que o alto índice de cobertura dos bancos de 190% deve amortecer os efeitos.

O crédito deve seguir com ritmo lento de expansão no próximo ano, bem abaixo da inflação, de acordo com analistas. Para Credit Suisse, no caso dos melhores bancos listados, o crescimento pode chegar a no máximo 3% em 2016, piso de vários guidances (projeções) para este ano. Esperam ainda menor reprecificação de crédito no próximo exercício, com impacto mais visível do tímido avanço dos empréstimos.

Como consequência de um ambiente operacional mais desafiador, analistas projetam uma nova rodada de queda nos retornos dos grandes bancos que, desde o aumento dos juros, mantiveram-se próximo ou acima dos 20%. Tito Labarta, do Deutsche, espera que a rentabilidade de Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander seja gradualmente menor, de 17% este ano para 16% em 2016 e 15% em 2017. No entanto, segundo ele, Bradesco e Itaú devem continuar a entregar rentabilidade próxima ou acima dos 20% pelo menos em 2015.

O Deutsche Bank, na contramão das outras casas, elevou a recomendação para as ações do Bradesco de manutenção para compra diante de potencial limitado de queda para os papéis do banco. Já o Credit Suisse fez um rebaixamento generalizado. A indicação para Itaú, BB, Bradesco e Santander passou de neutra para underperform (desempenho abaixo do mercado) sob a justificativa de fracos resultados daqui para frente.

Antes do Credit, o BofA já havia rebaixado o Bradesco de "compra" para "neutra". Os preço-alvos dos grandes bancos também não passaram ilesos. Como a temporada é de atualizações das projeções, novos rebaixamentos revisões para baixo nas previsões de resultados para 2016 ainda podem ocorrer.

O número de consumidores brasileiros com contas atrasadas registrou um crescimento de 5,45% em setembro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. De acordo com o indicador de inadimplência do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), até o fim do mês passado, havia um total de 57 milhões de pessoas com o nome registrado em cadastro de devedores, o equivalente a 38,9% da população adulta do País.

Entre janeiro e setembro, o número de CPFs negativados cresceu em aproximadamente 2,4 milhões. Em setembro, também cresceu a quantidade de dívidas não pagas: 6,63%, comparado com o mesmo mês de 2014. Na avaliação do SPC Brasil, os dados refletem a perda de dinamismo da economia brasileira e a deterioração do mercado de trabalho.

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"Fatores econômicos como a inflação elevada, alto custo das taxas de juros e o aumento do desemprego têm afetado a capacidade de pagamento dos consumidores", avalia o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.

O estudo traz também a expectativa para o Dia das Crianças. Na média, as pessoas disseram que vão gastar, em média, R$ 159 reais com a data comemorativa, o que representa uma queda de 43% em relação a 2014. "O Dia das Crianças em 2015 certamente vai ser bem mais fraco do que a gente viu no ano passado", disse a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

No levantamento de setores com as maiores taxas de atraso, as altas mais expressivas estão nas pendências de serviços básicos, como contas de luz e água (12,55%). Em seguida, aparecem as dívidas bancárias (10,32%), que correspondem a quase a metade das dívidas do País.

Com relação à divisão por regiões, o Nordeste foi o que mais avançou nas dívidas em atraso, com 7,85%, quando a média nacional foi de 5,45%. O estudo pondera que o Sudeste mantém a maior participação do País nas dívidas em atraso, com 40,31% do total.

De acordo com a economista do SPC, está difícil traçar perspectivas de melhora, porque as variáveis políticas têm tido forte impacto na economia e não há certeza sobre como a situação vai se desenrolar. "A luz no fim do túnel não está no início de 2016. Está do meio para o fim do ano que vem", avalia.

O estudo registra ainda que a inadimplência de consumidores com idade entre 65 e 84 anos cresceu 10,92% no mês. Por outro lado, entre os mais jovens, entre 18 e 24 anos, o número de endividados caiu 8,95%.

Vendas a prazo

O SPC Brasil levantou ainda a variação nas consultas feitas por lojistas ao banco de devedores no momento das vendas a prazo. No mês de setembro, houve queda de 6,87% nessas buscas, o que reflete a retração no nível de atividade no varejo.

De acordo com a entidade, o brasileiro está reticente com relação ao consumo. "O principal fator responsável pela retração das vendas nos últimos meses é a falta de confiança do consumidor, que tem evitado tomar crédito para não comprometer ainda mais o orçamento familiar", avalia.

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, foi mais um porta-voz da instituição a fazer nesta quinta-feira (1°) uma forte defesa do programa de swaps cambiais que a instituição tem feito para tentar conter a volatilidade do dólar. Ele foi questionado a respeito da efetividade da atuação do BC por meio dessa ferramenta, considerando que houve aumento do endividamento das empresas no exterior no primeiro semestre, conforme informou o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado hoje.

"O programa de swap é extremamente importante, porque oferta hedge cambial para a economia como um todo. Tem atingido empresas e investidores internacionais", disse. "O programa visa a proporcionar hedge para a economia em momentos de volatilidade, estresse, ajuste. O programa tem funcionado bem", defendeu.

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O diretor disse ainda que os swaps têm permitido reduzir o risco de descasamento de ativos tanto de empresas brasileiras quanto de investidores no Brasil. "O programa é bem-sucedido e oportuno e tem como lastro as reservas internacionais. Então, dá credibilidade às reservas", mencionou.

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, salientou que os índices de inadimplência poderão sofrer "alguma pressão" no segundo semestre, a depender das condições econômicas, conforme sugerem os dados antecedentes sobre esse tema. Mesmo assim, de acordo com ele, o nível de calote deverá se situar em patamares historicamente confortáveis.

A manutenção da inadimplência atual em níveis razoáveis e índices baixos estão associados a algumas razões, conforme o diretor. Um deles é que os bancos vinham optando por conceder créditos mais seguros, como nos segmentos imobiliário e consignado. Assim, o volume de provisões está acima do total de inadimplência. Outra razão é que há um movimento de renegociações e de cessão para fora do sistema financeiro para créditos inadimplentes. Na sua avaliação, "o colchão é capaz de suportar aumento da inadimplência".

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Meirelles acrescentou que foi constatado um aumento do porcentual de endividamento de pessoa jurídica (PJ) no mercado externo no primeiro semestre deste ano, mas não em função de novas operações, e sim por causa da alta do dólar. O diretor enfatizou também que, geralmente, são grandes empresas que tomam recursos no exterior e que muitas vezes há uma proteção natural proveniente do próprio negócio principal da companhia. "Da dívida em moeda estrangeira, há um hedge natural ou financeiro", afirmou durante entrevista coletiva à imprensa para detalhar o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta quinta-feira, 01.

Poupança

O diretor de Fiscalização afirmou também haver evidências de que boa parte dos saques de poupança registrados desde o início do ano é proveniente de um grupo considerado como "novos investidores", que tinham escolhido a caderneta no passado como uma forma de aplicação em um momento de maior rentabilidade desta aplicação. Esse é um dos componentes que fazem parte do Índice de Liquidez Estrutural (ILE), que passou a ser publicado hoje no REF.

"Os saques recentes da poupança não mudam sua perspectiva de que se trata de um funding bastante estável", afirmou o diretor. "O depósito de poupança é estável tradicionalmente. Mesmo quando há migração, o depósito de poupança - mais a rentabilidade - tem estabilidade grande historicamente, mesmo em momentos de alta de juros. É muito estável", argumentou.

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