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O governo do Rio de Janeiro protocolou hoje (1º) no Supremo Tribunal Federal (STF) uma interpelação judicial contra o ministro da Justiça, Torquato Jardim. A medida foi tomada em reação às declarações de Torquato publicadas pela imprensa nos últimos dias. Em entrevistas a diferentes veículos, como o jornal O Globo e o portal UOL, o ministro disse que o comando de batalhões da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro seria definido por “acerto com deputado estadual e o crime organizado” e que “em algum lugar, voltamos a Tropa de Elite 1 e 2, onde alguma coisa está sendo autorizada informalmente", em referência ao filme de José Padilha.

Na interpelação judicial, o governo do Rio de Janeiro defende que Torquato Jardim precisa comprovar todos os fatos para não responder pelos crimes de calúnia, injúria e difamação e também por prevaricação. O governo pede ainda que o ministro seja obrigado a descrever os fatos ilícitos a que fez referência, liste os nomes dos agentes públicos que teriam praticados os crimes alegados e apresente documentos que atestem a veracidade das informações.

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O pedido cita ainda trechos de entrevistas publicadas nas quais Torquato Jardim disse a jornalistas que existem dados do serviço de inteligência subsidiando suas afirmações. "É dever funcional do interpelado – via resposta a esta interpelação - comprovar todos os fatos que afirmou conhecer a partir de documentos oficiais", registra o documento.

O governo do Rio de Janeiro argumenta que os fatos criminosos mencionados pelo ministro devem se tornar conhecidos pelo princípio da publicidade, da moralidade e da indisponibilidade do interesse público. Para o governo, a interpelação é um meio de esclarecer as acusações para, num segundo momento, poder adotar medidas cabíveis.

Nesta quarta-feira, Torquato comentou a repercussão de suas declarações e classificou como “normais” as reações contrárias. Em nota, o governo do Rio de Janeiro já havia rebatido as afirmações e disse que não negocia com criminosos.

Deputados federais e estaduais do Rio de Janeiro também criticaram o ministro. O presidente da Assembleia do Estado do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB-RJ), chegou a publicar um vídeo nas redes sociais caracterizando as afirmações de mentirosas. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também desaprovou as declarações de Torquato Jardim e considerou ser irresponsável uma manifestação desse tipo sem provas.

A Agência Brasil pediu ao Ministério da Justiça uma posição oficial sobre a interpelação judicial apresenta pelo governo do Rio de Janeiro, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Reunião

A interpelação judicial foi anunciada pelo secretário de estado de Segurança, Roberto Sá, após um reunião com o governador Luiz Fernando Pezão. Também participaram do encontro o secretário da Casa Civil e do Desenvolvimento Econômico, Christino Áureo da Silva; o vice-governador Francisco Dornelles; o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Wolney Dias; além de outros coronéis e comandantes da corporação.

Em pronunciamento, Roberto Sá manifestou solidariedade à PM e disse que a interpelação não traz prejuízos para a relação com o governo federal. "Não interfere em nosso trabalho com o governo federal. Pelo contrário, toda ajuda é bem vinda. E o trabalho no nível operacional está transcorrendo de uma maneira espetacular", disse.

Ele também defendeu o coronel Wolney Dias. "Conheço ele há 34 anos. É um profissional com a carreira ilibada, com mais de 10 comandos operacionais, comandos intermediários, corregedor por duas vezes e integrante de missão de paz da ONU [Organização das Nações Unidas] no exterior. Além disso, está totalmente alinhado com as minhas diretrizes e é uma pessoa que goza da minha confiança", afirmou.

Wolney Dias tomou posse na semana passada como comandante-geral da PM e sua nomeação também foi criticada por Torquato Jardim. O ministro disse achar curioso que Roberto Sá não tenha optado por oficiais da ativa e sim por um coronel que já estava aposentado. O secretário de segurança afirmou haver outros coronéis capacitados para a função, mas alegou que nesse momento era necessária a experiência de Wolney Dias.

Coronel morto

Roberto Sá criticou ainda outra declaração de Torquato Jardim em que ele insinuou que a morte do coronel Luiz Gustavo Teixeira , então comandante do 3º Batalhão de PM, teria sido uma certo de contas. O oficial morreu baleado na última quinta-feira (26) quando o carro onde estava foi cercado por bandidos que atiraram contra o veículo. "A linha de investigação da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, instituição que respeitamos muito pela qualidade de seu trabalho, aponta que ele foi baleado quando reagiu a um roubo. E ele não pode estar aqui para se defender".

O assunto também foi abordado pelo comandante-geral da PM. "Acho um absurdo se levantar uma suspeita de um coronel que dedicou a sua carreira a dedicar bons serviços ao Rio de Janeiro. Um absurdo se levantar qualquer insinuação. Era uma pessoa muito querida, um profissional exemplar, e sua família não merece que sua imagem seja arranhada". Wolney Dias também rebateu as acusações do ministro Torquato Jardim. "Eu não comando uma horda. Eu comando uma legião de heróis que sangram diariamente, tingem o solo do estado em defesa da sociedade e da população à qual jurou defender".

Vice-líder da oposição na Câmara Federal, o deputado federal Raul Jungmann (PPS) anunciou que a bancada vai apresentar à Procuradoria da Casa uma interpelação judicial contra o ministro da Educação, Cid Gomes (PROS), que afirmou existir “uns 400 ou 300 deputados achacadores no Congresso", com um desejo de ter um "Governo Federal fraco". O plenário já aprovou um requerimento do deputado federal Mendonça Filho (DEM) que convoca Cid Gomes a esclarecer a declaração.

“Manda a boa hermenêutica, que se analisem as palavras pelo sentido. E no texto que li com as palavras do ministro, ele diz que os achacadores querem que o governo esteja fraco. Achacar é chantagear, é extorquir. Isso está absolutamente claro e não podemos aceitar essa acusação irresponsável”, disparou Jungmann.

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Segundo Raul Jungmann, Cid precisa apresentar provas e apontar quem são os tais achacadores. O mesmo foi defendido por Mendonça, que disse ter ficado espantado ao ler as declarações do ministro, em pleno momento de crise política entre o Governo Federal e o Congresso.

“A obrigação do ministro é apontar quem são os achacadores, quem são aqueles que achacam o governo. Achacar é crime! Se ele tem conhecimento disso tem a obrigação de representar junto à Procuradoria-Geral da República, do contrário está prevaricando. Ele tem obrigação moral de dizer quem o achacou, de que forma, em qual circunstância”, argumentou o democrata.

Bruno Araújo pede a demissão do ministro

Reforçando os pedidos de Mendonça e Jungmann, o líder da oposição na Câmara, deputado Bruno Araújo (PSDB), cravou que a punição ideal para o ministro Cid Gomes seria a demissão. Para o tucano, "a convocação e a interpelação judicial são insuficientes".

“Se a presidente Dilma tiver noção da liturgia da relação entre os poderes, ela não estará aguardando o resultado dessa convocação unânime. Se ela tiver noção do momento de fragilidade política do seu governo, se tiver noção da gravidade econômica pela qual passa o País, se tiver respeito pela instituição parlamentar, ela demite hoje o ministro da Educação", frisou. "Se não o fizer, estará fazendo uma clara opção de dizer aos seus auxiliares que relação imagina ter com o Congresso, que tem dado demonstrações claras de divergências políticas”, acrescentou Bruno Araújo.

O pré-candidato ao Senado, ex-ministro Fernando Bezerra Coelho (FBC-PSB), afirmou, nesta quarta-feira (14), que a Frente Popular de Pernambuco interpelou no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal de Justiça de Pernambuco uma notificação contra as acusações feitas pelos principais adversários políticos para o próximo pleito - o pré-candidato ao governo de Pernambuco, senador Armando Monteiro (PTB), e o pré-candidato ao Senado, deputado federal João Paulo (PT) - de possíveis "compras" de apoio eleitoral. Armando e João Paulo apontaram que a Frente estaria fazendo uso da máquina pública para angariar adesões de prefeitos pernambucanos do PT e do PTB.

"Já notificamos e interpelamos eles pela justiça. É permitido que o governo faça parcerias, convênios e acordos segundo a lei. Não estamos usando nada disso para atrair os prefeitos. Foi feita interpelação no STF, já que Armando e João Paulo cumprem mandatos federais, e no Tribunal de Justiça do estado, para com os prefeitos", informou Bezerra Coelho durante entrevista em uma rádio local.

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Sobre as possíveis propostas, FBC negou todas. "Acho essa postura de uma forte contradição. Isso é um discurso velho, na campanha passada isso também foi utilizado", observou. 

 

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