Após 20 anos de atuação como Procurador do Ministério Público do Trabalho, o acionista majoritário do Grupo Ser Educacional, mantenedor da UNINASSAU e das Faculdades Maurício de Nassau e Joaquim Nabuco, Janguiê Diniz pediu, no dia de ontem, 21/08,em Brasília, exoneração do cargo.O LeiaJá teve acesso ao professor, que comentou a decisão e explicou os motivos que o levaram a deixar a carreira.
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Janguiê nunca escondeu sua paixão pelo Direito – tem graduação, mestrado, doutorado e várias pós-graduações na área. O professor iniciou sua carreira pública como juiz do trabalho togado no TRT da 6ª Região, mas, em 1993, depois de ser aprovado em concurso público nacional, tomou posse no cargo de Procurador.
No decorrer da carreira, foi promovido por merecimento pelo Procurador Geral da República ao cargo de Procurador Regional do Trabalho e ocupou de 1999 até 2003 a chefia da Procuradoria Regional do Trabalho em Pernambuco. Em 2003, 10 anos depois que assumiu a função, Janguiê e seu irmão, Jânyo Janguiê, fundaram a Faculdade Maurício de Nassau, mas ele nunca pode gerenciar devido ao cargo que ocupava.
Em duas décadas de prestação de serviços ao MPT, de acordo com certidão expedida pelo próprio órgão e que o Portal teve acesso, Janguiê nunca teve nenhuma falta.
Confiram abaixo a entrevista com o professor.
LeiaJá – Por que o senhor decidiu pedir exoneração do cargo de procurador?
Janguiê Diniz – Esta foi uma das decisões mais difíceis da minha vida. Estou abrindo mão de um sonho que conquistei com muito estudo e dedicação via concurso público, para me dedicar exclusivamente à educação. Desde que a Faculdade Maurício de Nassau foi criada em 2003, em virtude do cargo de Procurador que exercia, nunca pude gerenciar a faculdade. Embora protegido pela Constituição (arts. 128 parágrafo 5º, II, “c”) e pela Lei Complementar 75/93 (art. 237, III), sempre fui acionista majoritário. A presidência do Grupo Ser sempre foi exercida com muita competência pelo meu irmão Janyo Janguiê Bezerra Diniz.
LJ – Esta é uma decisão definitiva?
JD – Sim. O pedido de exoneração de qualquer cargo público é irrevogável. Sou grato ao Ministério Público por todos esses anos em que pude atuar como procurador e por todo o aprendizado adquirido. Muito me orgulha ter escrito parte da minha história como membro desta importante e respeitada instituição. Entretanto, quero agora concentrar todos os meus esforços à atividade educacional e ser gestor das empresas em que sou acionista, até porque considero a educação de cunho eminentemente social e uma das mais importantes atividades de um país.
LJ – Existe algum projeto em particular que o tenha feito tomar esta decisão?
JD - São vários projetos. Desde a fundação do Bureau Jurídico Curso para Concursos, eu já sabia que a educação era imprescindível para o desenvolvimento socioeconômico do País. Com a criação do Grupo Ser Educacional, cujo objetivo consiste em oferecer educação de qualidade e qualificar os estudantes brasileiros, nós temos participado deste processo. Após 10 anos, o Grupo tem 23 unidades nas regiões Norte e Nordeste, 90 mil alunos em 17 cidades de todos os estados do Nordeste e dois do Norte. Tem mais de 5.500 colaboradores, entre professores e colaboradores, e está há anos entre os cinco maiores pagadores de Imposto Sobre Serviço (ISS) em Recife.
LJ – Então, o senhor vai assumir a presidência do Grupo Ser Educacional?
JD – Sim. A vida é feita de escolhas. É preciso ter coragem para fazer escolhas, e algumas vezes as escolhas implicam em renúncias. A convite do conselho de administração do Grupo Ser Educacional, em breve assumirei a função de Presidente do Conselho de administração do grupo e também a de reitor do Centro Universitário Maurício de Nassau - UNINASSAU.
LJ – E o que o senhor pretende implementar no Grupo com sua gestão?
JD – Ir em busca de mais investimentos para implementar novos projetos, continuar expandindo e interiorizando para atingir um público que ainda não tem acesso ao ensino superior.
LJ – É possível adiantar algum dos projetos que tem em mente?
JD – Novos cursos serão criados,novas unidades e como as de Boa Viagem, Petrolina e Feira de Santana. Ingressar no segmento de ensino à distância (EAD), oferecer cursos técnicos através do PRONATEC, além de ampliar os projetos sociais realizados através do Instituto Ser Educacional e do Instituto Janguiê Diniz e continuar realizando pesquisas de opinião pública de interesse da sociedade através do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau.
LJ – O senhor acredita que a educação é capaz de mudar o Brasil?
JD – Sempre. A única forma de mobilidade social é através da educação. Tudo que consegui e construí até hoje foi através dos estudos, renunciando a noites de sono, mas sempre acreditando que podia aprender mais e mais para conquistar um futuro melhor. O investimento em educação no Brasil precisa ser ampliado e melhor gerenciado. Temos que criar um sistema rígido de controle dos investimentos para evitar desvios das verbas. As escolas de ensino básico e médio precisam ser em tempo integral, bem equipadas, com esportes, merendas, professores motivados, bem qualificados e bem remunerados. Mas, temos que lembrar que resolver os problemas da educação demanda tempo, países como a Coréia do Sul, os EUA e o Japão, hoje são potências porque enfrentaram o problema e investiram pesado em educação, elevando a qualidade de vida das pessoas.
LJ – O senhor pretende também entrar na política?
JD – Muito se fala sobre isto. Eu inclusive já recebi propostas de vários partidos para me candidatar a deputado federal e até a senador. Entretanto, recusei a todas. O meu projeto de futuro é me dedicar a atividade educacional. Quero fazer com que o Grupo Ser Educacional seja um dos maiores do Brasil para formar e qualificar o povo brasileiro. Buscarei ser um dos atores responsáveis por colaborar com a educação do País, e ajudar o Brasil a ser uma grande nação. Para mim está muito claro. Não é apenas participando de atividade política partidária que podemos colaborar na construção de um país melhor.