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O engenheiro Zwi Skornicki, apontado na Operação Lava Jato como operador de propinas do esquema Petrobras, declarou ao juiz federal Sérgio Moro ter pago US$ 4,5 milhões ao casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, entre 2013 e 2014. Ele revelou a existência de uma "conta corrente" por meio da qual repassava valores ilícitos a ex-dirigentes da Petrobras e a credores do PT por indicação do então tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.

Em depoimento nessa quinta-feira (21), Skornicki afirmou que "acertou" os repasses diretamente com Vaccari - preso e já condenado na Lava Jato.

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Skornicki disse, porém, que "não sabia" que os valores depositados em conta secreta do casal de marqueteiros na Suíça era relativa a dívida de campanha da presidente afastada Dilma Rousseff, em 2010. Mônica Moura e João Santana declararam, também nesta quinta-feira a Moro, que receberam US$ 4,5 milhões relativos a dívida da campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010.

Skornicki assinou acordo de delação premiada, que ainda não foi homologado pelo juiz Moro. Ele foi ouvido como "colaborador", com o compromisso de dizer a verdade. Afirmou que pagou propinas em todos os contratos referentes às Plataformas P51 e P52 "com o conhecimento de que ia para agentes das Petrobras".

Contou que também "tratou diretamente" sobre valores ilícitos com Pedro Barusco e Renato Duque, respectivamente ex-gerente de Engenharia e ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera.

Barusco fez delação e está em liberdade. Duque continua preso. Segundo Zwi Skornick, foi dito a ele que 50% da propina sobre contratos da Petrobras "iam para o partido" - e relatou que "tratava da parte do partido com João Vaccari".

Segundo Zwi, foi o então tesoureiro do PT quem indicou o nome de Mônica Moura para que pagasse a ela parte da propina. Mônica indicou a ele a conta Shellbill para receber o dinheiro. Ele afirmou que os US$ 4,5 milhões que entregou aos marqueteiros de Lula e Dilma tiveram origem em "propina da Petrobras".

"Foi feita uma conta corrente do sr. Vaccari", declarou. "O Barusco quem me apresentou a ele. O Barusco disse que ele (Vaccari) faria a coordenação desses recebimentos." O engenheiro contou que manteve encontros pessoais com Vaccari, "algumas vezes em seu escritório ou no hotel onde ele (Vaccari) ficava".

"Essa conta corrente foi feita e sendo paga a pessoas que o sr. Vaccari ia indicando no exterior ou no Brasil", afirmou Zwi Skornicki. "Os pagamentos eram todos autorizados pelo sr. João Vaccari."

"Numa das visitas do sr. Vaccari no meu escritório ele disse que tinha que fazer uns pagamentos para o sr. João Santana e para Mônica Moura e que a Mônica iria me procurar. Ela esteve no meu escritório", disse.

O valor "combinado" e autorizado por Vaccari era de US$ 5 milhões. "Eu disse a ela (Mônica) que não tinha como pagar de uma vez porque o que tinha de saldo dos contratos da Petrobras não era suficiente. Ficou combinado (o pagamento) em 10 parcelas de 500 mil dólares. Foi uma conversa muito curta, ela chegou no meu escritório e disse 'vim aqui a mando do sr. Vaccari, gostaria de acertar com o sr. o pagamento'. Eu comentei que não poderia pagar de uma vez. Paguei só 9 de 500 mil até novembro de 2014. Mas ela (Mônica) nunca comentou porque tinha que receber os 5 milhões."

O engenheiro também revelou como a conta corrente era abastecida. "A conta corrente abrangia contratos da Petrobras e da Sete Brasil."

Defesas

O advogado Luiz Flávio Borges D’urso, que defende João Vaccari Neto, reagiu com veemência às acusações ao ex-tesoureiro do PT. "Isso (as afirmações de Zwi Skornicki, Mônica Moura e João Santana perante o juiz Sérgio Moro) é palavra ou de delator ou de alguém que já está negociando delação. Portanto, coloco no mesmo plano. Isso depende de provas, caso contrário não vai passar de mera informação trazida por delatores. E prova não será obtida porque isso não reflete a verdade", afirmou.

Ao ser interrogado pelo juiz Sérgio Moro nesta quinta-feira, 21, o marqueteiro João Santana, que atuou nas campanhas de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014) admitiu ter recebido por fora US$ 4,5 milhões de dívidas da campanha de 2010 de Dilma e afirmou ao juiz da Lava Jato que é necessário "rasgar o véu de hipocrisia" que envolve as doações eleitorais no Brasil.

"Você vive dentro de um ambiente de disputa, competição profissional. Se termina tendo que ceder, ou faz a campanha dessa forma ou não faz", afirmou o marqueteiro. Ele disse ainda que a situação não ocorre somente no Brasil, mas no mundo todo.

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"Os profissionais de eleições no mundo sempre sabem que existe caixa 2 que decorre de aposta no mercado futuro, de fazer amizades com governos. Eu não considero dessa forma 'dinheiro sujo', mas como dinheiro de negociação política", seguiu Santana ao ser questionado por Moro se não tinha conhecimento que se tratava de dinheiro de corrupção.

O marqueteiro foi ouvido na ação penal contra ele e outros sete acusados de receber propinas nos contratos da Petrobras com a empresa de Keppel Fels e também nos contratos da Sete Brasil com o estaleiro da Keppel que teriam somado US$ 216 milhões em propinas. Dessa quantia, US$ 4,5 milhões da cota que era destinada ao PT teriam sido repassadas ao casal de marqueteiros em 2013 na conta na Suíça da offshore Shellbill Finance, que não era declarada por eles às autoridades brasileiras.

Esse valor, segundo admitiu o casal ao juiz da Lava Jato, era decorrente de dívidas da campanha de 2010 de Dilma Rousseff, também feita pelos dois marqueteiros, e que teria deixado, segundo Santana, uma dívida de R$ 10 milhões. Ele explicou que foi o próprio tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que teria indicado o operador de propinas Zwi Skornicki para fazer o pagamento. "Se (o PT) não pagasse nós teríamos um grave problema de liquidez e eu não assumiria fazer a campanha", afirma Santana.

Defesa

A assessoria da presidente afastada Dilma Rousseff informou que não iria se posicionar sobre o caso neste momento.

Diante do juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, a empresária Mônica Moura - mulher e sócia do publicitário João Santana, marqueteiro das campanhas de Lula e Dilma - confessou que US$ 4,5 milhões recebidos do operador de propinas Zwi Scornicki em conta no exterior eram referentes "a uma dívida de campanha que o PT ficou devendo prá gente na campanha de 2010".

Ela afirmou que o então tesoureiro do PT João Vaccari Neto orientou-a a procurar Zwi. "Primeira campanha da presidente Dilma. Ficou uma dívida de quase 10 milhões de reais que não foi paga, demorou, foi protelada, eu cobrei muito, tinha muitas dívidas de campanha, se tentou resolver de várias formas. Enfim, depois de muita luta tive uma conversa com o Vaccari que acertava os pagamentos de campanha. Ele mandou procurar um empresário. Assim eu cheguei no sr. Zwi. O Vaccari me deu o contato dele, fui a um escritório dele no Rio. Fui acertar com ele a forma de pagamento."

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O juiz Moro questionou a mulher de João Santana se "foi tratado de onde vinha o dinheiro".

"Não, não", ela respondeu.

A sra não perguntou a Vaccari ou a Zwi?, insistiu o juiz.

"Não, não. Estava recebendo pelo meu trabalho. Só perguntei ao Vaccari "como vai ser feito isso". Ele disse "olha, vai ter que parcelar, vai conversar com ele (Zwi) que já está tudo acertado."

Ela admitiu que não registrou o pagamento parcelado na Justiça Eleitoral. "Não, foi caixa 2 mesmo excelência. Não foi declarado."

O juiz perguntou à ré por que não confessou logo que foi presa em fevereiro e depôs na Polícia Federal. "Primeiro, porque eu passava por uma situação extrema. E o País estava vivendo um momento muito grave política e institucionalmente. As coisas acontecendo com a presidente Dilma, todo o processo, eu não quis atrapalhar esse processo, eu não quis incriminar, não queria contribuir com uma coisa para piorar. Acabei falando que (recebeu) de campanha no exterior. Eu queria apenas poupar (Dilma) de piorar a situação. Eu quis apenas não piorar a situação."

O juiz indagou a Mônica se ela não tinha receio de receber propinas do esquema Petrobras. "Nunca pensei nisso, nunca me passou pela cabeça. Eu estava recebendo remuneração pelo meu trabalho, usando uma conta não declarada no exterior. O receio que eu tinha, óbvio, é que estava usando uma conta não declarada no exterior. Sempre tive muito receio disso, mas, infelizmente, no meu trabalho, na minha atividade, isso acontece sempre. Faz parte dos trabalhos da campanha política. Sempre são pagamentos em caixa 2, uma prática que acontece."

Laudo da Polícia Federal indica que a empresa do casal (Pólis Propaganda) recebeu R$ 170 milhões do PT, entre 2006 e 2014. "São valores expressivos", ela reconheceu. "Fazer TV, campanha no Brasil, é muito caro. Isso (R$ 170 milhões) se refere a campanhas."

Moro perguntou o motivo de não ter incluído os US$ 4,5 milhões recebidos de Zwi Scornicki na contabilidade da agência Pólis Propaganda. "Os partidos não aceitam, sempre tentei para ficar mais tranquila, não tinha que correr riscos, fazer esse malabarismo de empresário doador de campanha, mas o partido não aceita porque tem o teto, vai extrapolar o teto limite que tem no Tribunal Superior Eleitoral. Os partidos não querem declarar o real valor que recebem das empresas. Em contrapartida nós profissionais ficamos no meio disso. Portanto, nunca era declarado todo o valor. Não era uma opção minha, era uma prática, não só do PT, em todos os partidos."

Moro questionou a mulher de João Santana se ela não considera "uma trapaça a banalização do caixa 2".

"Eu queria receber esses valores o mais rápido possível, mas o Vaccari já havia me informado que ia parcelar, não tinha como pagar de uma vez. Eu queria. O (Vaccari) disse que (Zwi) era um grande empresário, uma pessoa honesta, decente, que colaborava com o partido e que iria pagar essa dívida nossa. Mas eu nunca pensei em dinheiro sujo."

Enquanto avança nas investigações sobre os crimes praticados pela maior empreiteira do País, a Odebrecht, a força-tarefa da Lava Jato já prepara novas denúncias contra o marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia Mônica Moura, que atuaram nas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff (2010 e 2014) e Luiz Inácio Lula da Silva (2006).

Atualmente, o casal responde a duas ações penais na Operação Lava Jato, acusados de corrupção, organização criminosa e lavagem internacional de dinheiro envolvendo o esquema de corrupção na Sete Brasil, empresa de capital misto criada para produção de sondas do pré-sal, e os pagamentos recebidos por eles do "departamento de propina" da Odebrecht no Brasil e no exterior.

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Segundo a Procuradoria da República no Paraná, serão "em breve" apresentadas duas novas denúncias envolvendo a suposta evasão de divisas do casal, que só declarou possuir a conta na Suíça em nome da offshore Shellbill Finance, que recebeu quantias milionárias de um dos operadores de propina na Petrobrás após a Lava Jato; e a suposta lavagem de dinheiro por meio da "ocultação e dissimulação da origem ilícita dos recursos utilizados para a aquisição de imóvel em proveito do casal". As informações estão em documento encaminhado ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato no Paraná.

Um dos imóveis do casal, preso desde fevereiro, que está na mira dos investigadores é o apartamento 8W, na 19ª Avenida, em Nova York, que está registrado em nome de uma empresa aberta por eles, em 2009, em El Salvador.

Ao quebrar o sigilo dos e-mails de Mônica Moura, a PF destaca que o local era indicado por ela e sua filha em diversas mensagens como endereço para a entrega de compras feitas por elas na internet.

"Não há, no entanto, declaração ao Fisco do imóvel de Nova York, existindo dolosa intenção de ocultá-lo das autoridades brasileiras", diz a PF no relatório que analisou as mensagens de eletrônicas.

Acusações

Fruto da 26ª fase da Lava Jato, a Operação Xepa, objeto da primeira denúncia contra João Santana e Mônica Moura, a ação penal tem como foco os pagamentos para o marqueteiro do PT feitos pelo "setor profissional de propinas" da Odebrecht. Segundo o Ministério Público Federal, Odebrecht tinha conhecimento do setor e inclusive teria atuado para desmontá-lo e proteger os funcionários das investigações.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) manteve a prisão nesta quarta-feira, 1º, do marqueteiro João Santana, que atuou nas campanhas de Dilma Rousseff (2010/2014) e Luiz Inácio Lula da Silva (2006), e de sua mulher e sócia Mônica Regina Cunha Moura. O casal foi preso em 23 de fevereiro, durante a Operação Acarajé, 23ª fase da Lava Jato.

O decisão ratificou liminar em habeas corpus, no dia 8 de março, do desembargador federal João Pedro Gebran Neto, responsável pelos processos da Lava Jato no tribunal.

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A defesa argumentou que o perfil dos clientes é diferente dos demais acusados, pois "nunca foram operadores de propina, políticos ou funcionários públicos", que não resistiram à prisão, mesmo estando no exterior quando foi decretada, que o dolo não foi demonstrado e que ambos têm colaborado com as investigações.

Segundo Gebran, "as provas colhidas até o momento da decretação da prisão preventiva apontaram que João Santana e sua esposa, Monica Moura, seriam os controladores da conta mantida no Banco Heritage na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance S/A - empresa do Panamá. A conta teria recebido dinheiro da Odebrecht através de outras contas usadas para pagamento de propina, bem como diretamente de Zwi Skornicki", um dos acusados de intermediar os pagamentos de propina.

O desembargador ressaltou que Mônica, apesar de cuidar da parte administrativa e financeira dos negócios de João Santana, incluindo a conta da Shellbill, declarou que os valores eram pagamento pelas campanhas eleitorais na Venezuela e em Angola e que desconhecia que teriam sido efetuados pela Odebrecht e por Skornicki.

"As alegações da defesa não se mostram consistentes, sobretudo no tocante aos pagamentos feitos pelo Grupo Odebrecht. Quem atua em campanhas eleitorais para um ou outro partido político ou chapa recebe a devida e justa remuneração de forma legal, em suas contas correntes regulares. Não se utiliza de artifícios, como doações por terceiros, para possibilitar o pagamento por serviço prestado, tampouco em contas offshore não declaradas no exterior", afirmou Gebran.

Quanto à alegação da defesa de que os acusados estariam colaborando com a Justiça, Gebran apontou que Santana teria excluído arquivos de sua conta Dropbox - servidor digital para armazenamento e compartilhamento de arquivos - e alterado seu conteúdo, indicando destruição de provas.

Conforme o desembargador, o casal não conseguiu afastar os indícios de envolvimento no quadro de corrupção sistêmica e de tentativa de destruição de provas.

"Há indicativos de que a revogação da prisão, sobretudo pelas transferências bancárias realizadas já após a notoriedade da 'Operação Lava Jato', possibilite, ainda que de forma oculta, a rearticulação do esquema espúrio e a possibilidade de ocultação de provas de interesse da causa", concluiu o relator.

A presidente afastada da República, Dilma Rousseff, esclareceu nesta quinta-feira, 26, por meio de nota, que todos os pagamentos feitos ao publicitário João Santana na campanha de reeleição da presidente totalizaram R$ 70 milhões (R$ 50 milhões no primeiro turno e R$ 20 milhões no segundo turno). A presidente afirmou ainda que os referidos pagamentos foram regularmente contabilizados na prestação de contas aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

De acordo com a assessoria de Dilma, os valores destinados ao pagamento do publicitário, conforme indica a prestação de contas, demonstram por si só a falsidade de qualquer tentativa de que teria havido outro pagamento não contabilizado para a remuneração dos servidos prestados. "É curioso que pessoas que estiveram distantes da coordenação da campanha presidencial, de sua tesouraria, possam dar informações de como foram pagos e contabilizados os recursos arrecadados legalmente para a sua realização. Comentários feitos em conversas entre terceiros e que não apontam a origem das informações não têm nenhuma credibilidade", afirma.

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A nota diz ainda que as tentativas de envolver o nome da presidenta Dilma Rousseff em situações das quais ela nunca participou ou teve qualquer responsabilidade são escusas e direcionadas. E só se explicam em razão de interessem inconfessáveis.

O delegado da Polícia Federal, Igor Romário de Paula, um dos responsáveis pelas investigações da Lava Jato no Paraná, pediu na última sexta-feira, 29, ao juiz Sérgio Moro a transferência do casal de marqueteiros que atuou nas campanhas de Dilma Rousseff (2010 e 2014) e Lula (2006) João Santana e Mônica Moura, do ex-senador Gim Argello (PTB-DF) e do empresário do setor de transportes de Santo André, Ronan Maria Pinto, para o Complexo Médico Penal, em Curitiba.

No pedido, o delegado alega que a carceragem da PF na capital paranaense, onde se encontram os réus desde que foram presos nas últimas etapas da Lava Jato, se destina a "presos provisórios" e que a limitação de espaço "dificulta a movimentação de presos em flagrante e de eventuais operações policiais".

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Na solicitação, o delegado afirma ainda que permanecem na Custódia da PF "somente os réus colaboradores e aqueles que estão em processo de tomada de depoimentos".

O pedido aguarda análise de Moro que, na semana passada, aceitou as duas denúncias contra João Santana e Mônica Moura, acusados de receberem no Brasil e no exterior propina da Odebrecht relativa a contratos da Petrobras e da Sete Brasil e também do "setor de propinas" da empreiteira, que não tinha relação com a estatal petrolífera.

Já Ronan Maria Pinto é investigado por suspeita de ter recebido parte do empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões ao PT feito pelo banco Schahin em 2004 para evitar revelar detalhes sobre a morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.

O ex-senador Gim Argello, preso em abril, é investigado por suspeita de extorquir a UTC Engenharia e a OAS. Ele teria recebido ao menos R$ 5,3 milhões para evitar a convocação de empreiteiros investigados na Lava Jato para depor perante Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) no Congresso e no Senado em 2014. Tanto Ronan quanto Argello ainda estão sob investigação e deverão ser denunciados criminalmente pelo Ministério Público Federal.

Na primeira denúncia contra João Santana e Mônica Moura, o casal e mais dez pessoas, entre elas o maior empreiteiro do País, Marcelo Bahia Odebrecht, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto são acusados de organização criminosa e lavagem de dinheiro no esquema de cartel e corrupção na Petrobras. A ação tem como foco os pagamentos para o marqueteiro do PT feitos pelo "setor profissional de propinas" da Odebrecht.

Segundo o Ministério Público Federal, Odebrecht tinha conhecimento do setor e inclusive teria atuado para desmontá-lo e proteger os funcionários das investigações.

Na denúncia, o Ministério Público Federal aponta os repasses do setor de propinas para o casal de marqueteiros, que teria recebido US$ 6,4 milhões no exterior de contas atribuídas à Odebrecht e R$ 23,5 milhões no Brasil.

Na segunda denúncia, a força-tarefa aponta propinas nos contratos da Petrobras com a empresa Keppel Fels e também nos contratos da Sete Brasil com o estaleiro da Keppel que teriam somado US$ 216 milhões em propinas. No caso da Petrobras, foram apontadas propinas de 1% para a Diretoria de Serviços da estatal que somaram R$ 30,4 milhões nos contratos de construção das plataformas P-51, P-52, P-56 e P-58, em 2003, 2004, 2007 e 2009, respectivamente. Apesar de serem firmados com a Diretoria de Exploração e Produção, segundo o MPF, os contratos envolveram pagamentos de propina à Diretoria de Serviços, pela qual passavam todos os contratos da estatal e que era cota do PT.

Deste porcentual da propina, metade ia para a "casa", referência ao então diretor Renato Duque e ao gerente Pedro Barusco, ambos presos e condenados na Lava Jato, e a outra metade para a o PT, via João Vaccari Neto. Nesta acusação, porém, o Ministério Público Federal afirma que parte da propina devida ao PT foi descontada por meio de pagamentos à conta Shellbil, mantida por João Santana e Mônica Moura na Suíça e que só veio a ser declarada após a Lava Jato.

O juiz federal Sérgio Moro aceitou nesta sexta-feira (29) denúncia contra o empresário Marcelo Odebrecht, o publicitário João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, e mais nove investigados na Operação Lava Jato. A denúncia foi formalizada nesta quinta-feira (28) pela força-tarefa de procuradores do Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba.

De acordo com o MPF, a Odebrecht criou um departamento estruturado de operações financeiras paralelas para fazer o pagamento de vantagens indevidas a servidores públicos em razão de contratos firmados pela empresa com o Poder Público. Conforme as investigações, o sofisticado esquema foi gerenciado por Marcelo Odebrecht, que está prezo há dez meses em Curitiba.

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Segundo a acusação, planilhas apreendidas pela Polícia Federal mostram que, entre outubro de 2014 e maio de 2015, quando a Lava Jato já havia sido deflagrada, a empreiteira pagou R$ 22,5 milhões a alguém com o codinome Feira. Para a investigação, o apelido era usado em referência a João Santana, que nasceu em Tucano, município baiano situado a 150 quilômetros de Feira de Santana.

Na decisão, Moro esclareceu que há provas das transferências bancárias, mediante documentos e por meio da delação premiada de Maria Lúcia Guimarães Tavares , ex-funcionária da Odebrecht.

"Em especial, tem-se o depoimento da acusada colaboradora Maria Lúcia, que descreveu o funcionamento do Setor de Operações Estruturadas, além de documentos que suportam as afirmações e, inclusive, por parte de alguns dos acusados, mesmo sem acordos de colaboração, a admissão da existência das transações, com apresentação de justificativas controvertidas", argumentou Moro.

O Ministério Público Federal classificou o marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, como peças de sustentação e conselheiros da alta cúpula do PT durante as campanhas eleitorais e fora delas. Os dois foram denunciados formalmente na quarta-feira, 28, junto com o empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht e executivos do grupo, além do operador de propinas Zwi Skornicki, que atuava em nome do estaleiro holandês Keppel Fels.

"A partir do estreito contato mantido com as principais lideranças do Partido dos Trabalhadores, Mônica Moura e João Santana passaram a exercer o papel de verdadeiros conselheiros da alta cúpula da agremiação", informa denúncia criminal entregue nesta quarta-feira à Justiça Federal.

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Santana e a mulher estão presos desde 23 de março, em Curitiba, quando foi deflagrada a Operação Acarajé. "Mesmo fora do período de campanha eleitoral, João Santana auxiliava a alta cúpula do Partido dos Trabalhadores na formação da plataforma política a ser seguida."

Segundo a acusação da força-tarefa da Lava Jato, a atuação do marqueteiro "englobava tanto o direcionamento da linha publicitária do Partido e de alguns candidatos quanto a intermediação de contatos com as grandes lideranças do Partido, como, por exemplo, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff".

A Lava Jato diz que o casal de marqueteiros passou a "desempenhar papel fundamental, desde 2002 até 2015" no contexto de manutenção do PT no poder.

A acusação listou ainda alguns e-mails trocados por Santana que "comprovariam" a atuação do marqueteiro "como verdadeiro conselheiro da política desenvolvida pelos membros do Partido dos Trabalhadores".

As duas denúncias apresentadas contra Santana partem da descoberta da Procuradoria do recebimento de US$ 7,5 milhões, entre 2012 e 2015, pelo casal em conta secreta mantida na Suíça. Parte vinda da Odebrecht e parte do operador de propinas da Keppel Fels.

"Ao mesmo tempo em que tinham pleno conhecimento do esquema de corrupção implementado na Petrobras e que eram beneficiados economicamente por recursos provenientes dos ilícitos cometidos em desfavor da estatal, Mônica Moura e João Santana, fazendo uso de seus conhecimentos no âmbito publicitário, trabalhavam estrategicamente a imagem e a atuação da agremiação partidária, agindo como verdadeiros conselheiros do Partido dos Trabalhadores, tanto para que se mantivesse a alta projeção nacional do partido quanto para que as gestões de seus membros eleitos fossem exercidas de forma midiaticamente conveniente ao Partido dos Trabalhadores."

Classificados como "verdadeiros pontos de sustentação" do PT e beneficiários da propina destinada ao partido, Santana e Mônica devem ir para o banco dos réus, assim que o juiz federal Sérgio Moro analisar a denúncia. "A partir do esquema de corrupção implementado pelo Partido dos Trabalhadores e do trabalho de marketing exercido por João Santana e Mônica Moura em favor do partido (tanto no período eleitoral quanto fora dele), os dois grupos lucravam ilicitamente, já que a manutenção do Partido dos Trabalhadores no poder permitia que os valores espúrios auferidos com a corrupção continuassem a abastecer os cofres da agremiação partidária e dos publicitários."

Os procuradores listaram na denúncia as principais campanhas realizadas pelo PT entre os anos de 2002 e 2014, o que teria aproximado o casal da alta cúpula do partido. Entre elas a de Delcídio Amaral (2002), Lula (2006); Marta Suplicy (2008), Gleisi Hoffmann (2008), Fernando Haddad (2012) e da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014).

Defesas

Procurados via assessoria de imprensa, "os advogados de defesa do João Santana e Mônica Moura informam que não farão nenhum comentário sobre as novas denúncias formuladas pelo Ministério Público Federal".

Procurada, a Odebrecht informou por meio de sua assessoria de imprensa que "a empresa não se manifestará sobre o tema".

O PT não vai comentar o caso. Em outra ocasião, o partido informou que todas as doações e valores recebidos são legais e estão declarados.

O empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso desde 19 de junho de 2015, também é alvo de uma das denúncias, a terceira contra ele, que já foi condenado em uma delas a 19 anos e quatro meses de prisão. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado a 15 anos de prisão na operação é outro alvo das duas denúncias. Também é alvo de uma das denúncias Maria Lúcia Tavares, secretária que atuava no "departamento da propina" da Odebrecht e fez delação premiada revelando como funcionava os repasses de propinas da maior empreiteira do País por meio de apelidos com referências a alimentos e até um software específico. é alvo de uma das denúncias.

Os procuradores da República em Curitiba, responsáveis pela investigação na primeira instância, concluíram nesta manhã as acusações que devem ser protocoladas à tarde na 13ª Vara Federal de Curitiba, do juiz Sérgio Moro. Uma das denúncias chegou a ser oferecida em março, mas como o juiz Sérgio Moro teve de remeter as investigações para o Supremo, a acusação não chegou a ser analisada. Agora, por decisão do STF, o caso voltou para a primeira instância e será avaliado por Moro.

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Até o momento ainda não há informações sobre as denúncias. São as primeiras acusações formais desde que a Lava Jato avançou sobre o "departamento de propinas" da Odebrecht e sobre o ex-senador Gim Argello (PTB), preso preventivamente sob suspeita de receber R$ 5,3 milhões para evitar a convocação de empreiteiros nas CPIs que investigaram a Petrobras no Senado e no Congresso em 2014.

Com as denúncias de hoje, chegam a 39 as acusações da Lava Jato contra investigados acusados de crimes como corrupção, lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa, tráfico de drogas, crimes contra o sistema financeiro, dentre outros. Das 39 acusações, o juiz Sérgio Moro já proferiu sentença em 18 ações penais, contabilizando 93 condenações cujas penas somadas chegam a 990 anos e sete meses de prisão.

Os investigadores apontaram o pagamento de R$ 6,4 bilhões em propinas, dos quais ao menos R$ 2,9 bilhões já foram recuperados por meio de acordos de colaboração premiada. Ao todo, segundo o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, já são 65 acordos de colaboração firmados no âmbito da operação, a maior do País.

A empresária Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, disse aos investigadores da Operação Lava Jato que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega intermediou o pagamento de caixa 2 para a campanha de Dilma Rousseff, então candidata à reeleição em 2014. As declarações foram dadas em acordo prévio para fechar acordo de delação premiada, segundo o jornal O Globo.

De acordo com a reportagem, Mônica afirmou que Mantega, em mais de uma ocasião, indicou executivos de empresas que deviam ser procurados para que ela recebesse valores não declarados nas contas oficiais do comitê de campanha do PT. Mantega reconhece que se encontrou com Mônica, mas nega a acusações.

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Segundo a mulher de João Santana, em 2014 o casal, sócio numa empresa de marketing político, recebeu R$ 10 milhões em dinheiro não informado à Justiça Eleitoral. Disse ainda que pagamentos por meio de caixa 2 aconteceram inda na primeira candidatura de Dilma, em 2010, na reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e nas campanhas municipais de Fernando Haddad (2012), Marta Suplicy (2008) e Gleisi Hoffmann (2008).

O coordenador jurídico da campanha de Dilma, Flávio Caetano, disse à reportagem que não houve caixa 2 e nega que Mantega tenha solicitado o dinheiro a empresários. Segundo ele, os pagamentos de mais de R$ 70 milhões feitos ao casal são "em decorrência dos serviços prestados à campanha".

Empréstimo

O lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador de propinas do PMDB na Petrobras, disse que em 2006 foi procurado pelo pecuarista José Carlos Bumlai, que lhe pediu ajuda para uma solução na estatal para quitar empréstimo supostamente fraudulento de R$ 12 milhões. Segundo Baiano, Bumlai - amigo do ex-presidente Lula - disse que estava sendo pressionado para quitar o empréstimo que tomara em 2004 para o PT no banco Schahin.

A defesa do publicitário João Santana recorreu nesta terça-feira (19) da decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), que rejeitou na semana passada o pedido para anular a sua prisão e para que seu caso fosse para a Corte.

Em seu despacho, Teori julgou que a reclamação apresentada em março pela defesa do marqueteiro havia perdido o objeto, uma vez que as investigações relativas a Santana e sua mulher, Mônica Moura, já haviam subido para o Supremo.

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A defesa, porém, sustenta que a questão principal é a revogação da prisão de Santana. O publicitário e a mulher tiveram a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro em fevereiro.

"Evidente, portanto, que a remessa dos autos originários a esta Corte, da forma como se verificou, não contempla, e muito menos esgota, as questões - muito mais graves, e de repercussões muito mais amplas - tratadas na presente Reclamação!", diz o recurso.

A chegada do caso ao STF ocorreu depois de Teori determinar que Moro deveria enviar ao Supremo todas as investigações da Operação Lava Jato que envolvessem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, indiretamente, a presidente Dilma Rousseff.

No recurso, os advogados de Santana voltam a argumentar que as investigações que pesam contra o marqueteiro são sobre possíveis crimes eleitorais ligados à campanha de Dilma. Em seu despacho, Teori afirmou que, porém, que eles são investigados por participação no esquema de corrupção da Petrobras e não por suposta participação em crime eleitoral.

A Procuradoria da República denunciou o publicitário João Santana, marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2006). Sua mulher e sócia Monica Moura também foi denunciada pelos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato. A acusação atinge ainda o lobista Zwi Skornicki, apontado como operador de propina da Odebrecht no exterior.

Todos são acusados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. João Santana, Monica Moura e Zwi Skornicki foram alvo da Operação Acarajé, 23ª etapa da Lava Jato.

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Eles foram presos em fevereiro por ordem do juiz federal Sérgio Moro. Os dois são acusados pelo recebimento de US$ 7,5 milhões, entre 2012 e 2014, do esquema de corrupção descoberto pela Lava Jato na Petrobras. O dinheiro foi depositado em conta secreta que Santana e a mulher mantinha na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance.

Os valores foram pagos pela empreiteira Odebrecht. E pelo operador de propinas Zwi Skornicki.

Na semana passada, a Polícia Federal indiciou criminalmente João Santana, Monica Moura e Zwi Skornicki. A mulher e sócia do marqueteiro decidiu fazer delação premiada. Os termos da colaboração estão sendo definidos com os procuradores com a força-tarefa da Lava Jato.

Nesta segunda-feira, 28, o juiz federal Sérgio Moro enviou os autos da Acarajé e também da Operação Xepa - 26ª etapa da Lava Jato - para o Supremo Tribunal Federal (STF), por causa da apreensão da superplanilha da Odebrecht. No documento constam nomes de cerca de 300 políticos supostamente recebedores de valores da empreiteira.

A Polícia Federal apontou no relatório de indiciamento do marqueteiro do PT João Santana e de sua mulher, Mônica Moura, que o casal recebeu pelo menos R$ 21,5 milhões entre outubro de 2014 e maio de 2015 - período pós reeleição da presidente Dilma Rousseff - do "departamento de propina" da Odebrecht.

No documento encaminhado na noite desta terça-feira, 22, ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato em Curitiba, a PF listou todos os repasses lançados na planilha controlada pela ex-secretária da Odebrecht Maria Lucia Tavares, que fez acordo de delação premiada, em nome do codinome "Feira". O termo era usado, segundo ela confessou, para identificar João Santana e a mulher, que são da região de Feira de Santana, na Bahia.

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João Santana e a mulher estão presos em Curitiba desde 23 de fevereiro, desde que foram alvo da 23ª fase da Lava Jato - batizada de Operação Acarajé. Para o delegado Márcio Anselmo, que apresentou relatório de indiciamento do casal, a "inserção de codinomes é claro indicativo de trata-se de operação à margem da contabilidade da empresa, buscando 'mascarar' pagamentos não contabilizados de forma oficial". Há ainda o registro de senhas que eram usadas pelos entregadores do dinheiro.

Santana foi o marqueteiro da campanha de reeleição de Dilma Rousseff, em 2014, da campanha de 2010 e da campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Em depoimento à PF, Mônica Moura - que assumiu cuidar da parte financeira dos negócios - afirmou que os pagamentos da Odebrecht recebidos em conta secreta na Suíça, entre 2012 e 2013, num total de US$ 3 milhões foram por serviços prestados fora do Brasil.

O casal foi indiciado pela PF por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, acusada de desvios na Petrobras. O Ministério Público Federal denunciará formalmente Santana e a mulher ao juiz Sérgio Moro na próxima semana.

Defesa

A defesa do marqueteiro do PT diz que João Santana é inocente. O advogado Fábio Tofic sustenta que os recebimentos da Odebrecht alvo do inquérito foram por serviços fora do Brasil. Mônica Moura trocou seu advogado no mês passado e tenta um acordo de delação premiada com a Lava Jato.

A Polícia Federal indiciou criminalmente o casal de marqueteiros do PT, João Santana e Mônica Moura, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação na organização criminosa que desviada recursos da Petrobras. Os dois serão denunciados na próxima semana pela força-tarefa da Operação Lava Jato ao juiz federal Sérgio Moro.

Os dois são acusados pelo recebimento de US$ 7,5 milhões, entre 2012 e 2014, do esquema de corrupção descoberto pela Lava Jato na Petrobras. O dinheiro foi depositado em conta secreta que Santana e a mulher mantinha na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance. Os valores foram pagos pela empreiteira Odebrecht.

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Na terça-feira, 22, o presidente afastado do grupo Marcelo Bahia Odebrecht anunciou a intenção de fazer delação premiada - e pelo operador de propinas Zwi Skornicki.

Veja os indiciados pela PF na Operação Acarajé

João Cerqueira de Santana Filho (marqueteiro do PT) - lavagem de dinheiro, corrupção passiva e organização criminosa

Mônica Moura (marqueteiro do PT) - lavagem de dinheiro, corrupção passiva e organização criminosa

Zwi Skornicki (operador) - corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa

Bruno Skornicki (operador) - lavagem de dinheiro

Eloisa Skornicki (operador) - corrupção ativa e manutenção de conta não declarada

Pedro Barusco (Petrobras) - corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Renato Duque (Petrobras) - corrupção passiva

Armando Ramos Tripodi (Petrobras) - corrupção passiva

O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), pediu que o juiz Sérgio Moro apresente informações sobre a prisão do marqueteiro do PT João Santana. A defesa do publicitário entrou com pedido para que a Suprema Corte anule sua prisão.

Santana está preso desde 23 de fevereiro, quando foi deflagrada a 23ª fase da Operação Lava Jato, denominada Acarajé. A força-tarefa da Lava Jato investiga supostos pagamentos de US$ 3 milhões ao marqueteiro pela Odebrecht em paraísos fiscais para financiar campanhas eleitorais do PT.

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A defesa de Santana questiona a autoridade de Moro para conduzir as investigações. A alegação é de que "se trata de apurar a ocorrência de possíveis crimes eleitorais, que envolvem, ao que tudo indica, autoridades detentoras de prerrogativa de foro".

De acordo com os advogados do marqueteiro, as investigações sempre tiveram como objetivo as campanhas eleitorais do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. Por isso, deveriam ser examinadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não pela Justiça Federal do Paraná.

Moro também decretou a prisão temporária de Mônica Moura, mulher e sócia de Santana na empresa Polis Propaganda e Marketing, que fez as campanhas de Dilma em 2010 e 2014.

O nome de Mônica apareceu para os investigadores durante busca e apreensão em endereço do lobista Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro de Cingapura que prestou serviços à Petrobras. O executivo seria o operador da propina paga pela empresa no país.

A Keppel Fels firmou contratos com a Petrobras entre 2003 e 2009 no valor de US$ 6 bilhões. Skornicki também foi preso preventivamente durante a Operação Acarajé.

O desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), negou nesta quinta-feira, 10, a liberdade para o marqueteiro do PT João Santana, preso com a mulher, Mônica Moura, desde o dia 23 de fevereiro, alvos da 23ª fase da Operação Lava Jato - batizada de Acarajés.

"Indefiro o pedido liminar, vez que presentes os pressupostos para decretação da medida", afirma Gebran, em decisão dada em habeas corpus apresentado pela defesa de Santana. A decisão é do dia 8 e anexada aos autos nesta quinta-feira, 10. "Presentes prova da materialidade e indícios suficientes de autoria e, ainda, havendo risco concreto à ordem pública, pela reiteração da conduta, e à instrução do processo, pela possível destruição de provas, cabível, por ora, a manutenção da prisão preventiva do paciente."

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O desembargador sustenta que "é inegável o quadro de corrupção sistêmica existente no seio da Petrobras". "O paciente (Santana) figura apenas como mais uma das pessoas envolvidas, supostamente por receber, através da conta na Suíça, dinheiro decorrente do esquema criminoso na Petrobras, inclusive para realizar campanhas eleitorais no Brasil."

"Ainda que não seja agente público ou executivo das empreiteiras envolvidas, há indícios suficientes de sua participação nos crimes cometidos sistematicamente por aqueles, em especial pelos diversos depósitos subreptícios realizados em sua conta, sobre os quais não logrou comprovar a origem lícita."

Santana e a mulher são suspeitos pelo recebimento de pelo menos US$ 7,5 milhões na conta secreta em nome da offshore Shellbill Finance, entre 2012 e 2014. Os pagamentos foram feitos pela Odebrecht, que teve seu presidente afastado condenado esta semana por liderança do cartel, e o operador de propinas Zwi Skornicki, que atuava em nome do estaleiro Keppel Fels e de outras cinco empresas investigadas pela corrupção na Petrobrás.

Nesta quinta-feira, 10, a Polícia Federal ouviu pela segunda vez, desde que foram presos, sobre as suspeitas. Eles permaneceram calados. Santana respondeu a uma única questão, sobre a suposta destruição de arquivos armazenados em nuvem na internet. Ele negou ter apagado a conta que mantinha no Dropox e atribuiu a ação a um funcionário da Polis Propaganda, empresa do marqueteiro.

O desembargador do TRF-4 destacou a atuação suspeita do marqueteiro do PT mesmo após deflagração das fases ostensivas iniciadas em março de 2014. "Ganha destaque o fato de depósitos terem sido efetivados inclusive no segundo semestre de 2014, já contemporaneamente à 'Operação Lava-Jato'. Vale destacar que sequer a instauração de várias ações penais, com diversas ordens de prisão, inibiu o paciente e os demais envolvidos, de onde é possível supor a impossibilidade de desagregação do grupo criminoso sem a segregação cautelar dos envolvidos."

O pedido foi apresentado pelo criminalista Fábio Tofic. O defensor requereu a liberdade imediata, por meio de medida liminar. Sustentou que o perfil de Santana "é diferente dos demais acusados", vem se comportando de forma a não deixar dúvidas de que não vai atrapalhar a investigação, que não encerrou sua conta de armazenamento de arquivos no Dropbox e que sempre se colocou à disposição do juízo. Diz ainda que o marqueteiro está "desligado de qualquer campanha eleitoral, no Brasil ou no exterior" e que "confessou a titularidade da conta estrangeira não declarada e os valores movimentados, admitindo inclusive sua relação com a Odebrecht".

O desembargador do TRF-4 informou que Santana "traz aos autos informação de que a conta (no Dropbox) teria sido excluída pelo administrador, porém não logrou comprovar que não é o administrador de sua própria conta. Limitou-se a afirmar que não é, mas não fez prova contundente".

"Acrescento que o fato do paciente autorizar as autoridades policiais para que tenham pleno acesso à sua conta Dropbox, como trouxe a defesa na petição do evento 2, não exclui o fato de que o conteúdo foi alterado, não se tendo notícias de que após a exclusão as informações que lá estavam poderiam ser recuperadas."

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato na 1ª instância, converteu as prisões temporárias do marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia Monica Moura em regime preventivo - sem prazo para terminar. Os dois haviam sido detidos temporariamente na Operação Acarajé, 23ª fase da Lava Jato.

"Embora as prisões cautelares decretadas no âmbito da Operação Lava Lato recebam pontualmente críticas, o fato é que, se a corrupção é sistêmica e profunda, impõe-se a prisão preventiva para debelá-la, sob pena de agravamento progressivo do quadro criminoso. Se os custos do enfrentamento hoje são grandes, certamente serão maiores no futuro. O país já paga, atualmente, um preço elevado, com várias autoridades públicos denunciadas ou investigadas em esquemas de corrupção, minando a confiança na regra da lei e na democracia", afirmou Moro no despacho.

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A Polícia Federal e a Procuradoria haviam pedido a conversão da prisão em preventiva sob alegação que os marqueteiros destruíram provas e foram informados com antecedência da Operação Acarajé. A defesa do publicitário e de sua mulher e sócia pediram a ‘imediata colocação em liberdade’ do casal. Segundo os advogados ‘as insinuações da Polícia Federal não escondem sua inconsistência, para dizer o mínimo, e não resistem a uma análise um pouco mais séria e criteriosa’.

A Polícia Federal (PF) no Paraná pediu nesta quinta-feira (3) ao juiz federal Sérgio Moro que a prisão temporária do publicitário João Santana, e da mulher dele Mônica Moura, seja convertida em prisão preventiva. Segundo a PF, a prisão preventiva é necessária para que a ordem pública seja mantida, evitando que “tais indivíduos voltem a delinquir”. A prisão temporária tem prazo de cinco dias, podendo ser prorrogada pelo mesmo período. A preventiva não tem prazo para terminar.

No documento, a PF diz que na casa de Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht que foi presa durante operação policial, foi apreendida uma agenda onde “é possível encontrar referência ao contato Feira e, ao lado, o nome de Mônica Moura” e números de telefone vinculados a ela e a João Santana.

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A PF diz ainda que em um caderno de Maria Lúcia foi encontrado um novo bilhete de Mônica, onde juntamente com números de telefones, está a despedida “Obrigada e um beijo”, seguido do nome da esposa de João Santana. O bilhete e outro documento encontrados foram submetidos a uma perícia grafotécnica. 

“O laudo pericial foi definitivo ao indicar que o bilhete carinhoso, que indica os horários disponíveis para uma possível entrega de acarajés, partiu do punho da investigada Mônica Moura”, diz o documento. Para a PF, o bilhete mostra que, ao contrário do sustentado por Mônica Moura, ela “relacionava-se” com a  funcionária da Odebrecht. “Assim, parece não restar dúvidas que as referências ao termo Feira se referem ao casal João Santana e Mônica Moura”, completa o texto.

O documento aponta ainda que na análise preliminar do material apreendido foi encontrada uma planilha chamada “Lançamentos X Saldo (Paulistinha)”, que indica pagamentos para a sigla Feira. “Os pagamentos identificados para Feira iniciaram-se em 30/10/2014, perdurando até 22/05/2015 – ou seja, estenderam-se para período já posterior à deflagração da Operação Lava Jato. Os valores pagos somam impressionantes R$ 21.500.000,00, conforme planilha abaixo”, diz a PF. Segundo o texto, ao contrário do que disse o casal, há indícios de que receberam recursos da Odebrecht no Brasil.

Ao receber o documento, o juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo da Operação Lava Jato, deu um prazo para que o Ministério Público Federal e a defesa do casal se manifestem. O Ministério Público Federal (MPF) enviou uma manifestação sobre a representação da PF. No documento, protocolado hoje, o MPF reforça o pedido de prisão preventiva.

“Como bem salientado pela autoridade policial, mesmo que ainda em análise preliminar das provas colhidas, já foram constatados inúmeros repasses subreptícios a Mônica Moura e João Santana, caracterizando nitidamente o recebimento de valores oriundos de corrupção”, diz o MPF.

O MPF destaca ainda o fato de o repasse de R$ 21,5 milhões teriam sido feitos entre 30 de outubro de 2014 e 22 de maio de 2015, quando a Operação Lava Jato “já era de amplo conhecimento”.

“Ora, se nem a ampla divulgação da Operação Lava Jato e a realização de medida ostensiva especificamente no Grupo Odebrecht foi suficiente para frear o envolvimento do casal com a lavagem de ativos, revela-se evidente o risco concreto de que, se colocados em liberdade, Mônica Moura e João Santana novamente incorram em novos delitos”, diz o texto.

Destruição de provas

A polícia alerta para o perigo de destruição de provas. A Polícia Federal afirma que um relatório apontou que João Santana teria excluído uma conta em "serviço de armazenamento e compartilhamento de arquivos em nuvem" no dia em que a 23ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada, quando o publicitário e a esposa foram presos. Para a PF, foi uma "clara tentativa de eliminar eventuais elementos probatórios relevantes que ali pudessem ser encontrados". Segundo a PF, colocar o casal em liberdade poderia provocar a destruição de provas.

A Polícia Federal pediu nesta quinta-feira (3) ao juiz Sérgio Moro que decrete a prisão preventiva do publicitário João Santana e de sua mulher e sócia Monica Moura, ex-marqueteiros de Lula e Dilma nas campanhas de 2006, 2010 e 2014.

Alvo da Operação Acarajé, o casal foi preso na quarta-feira, dia 24 de fevereiro, por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Inicialmente, Moro impôs a Santana e a Monica regime temporário por cinco dias, prorrogado por mais cinco na sexta-feira (26). Ao pedir conversão para regime preventivo - sem prazo para terminar - a PF alegou "não restar dúvidas" que a sigla "Feira" é uma referência para o casal.

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Os investigadores citam um laudo grafotécnico apontando que bilhetes encontrados na residência de Maria Lúcia Tavares, secretária de executivos da Odebrecht, com o termo "Feira" e vários telefones do casal e menções a horários foram redigidos por Mônica Moura.

Maria Lúcia era a suposta controladora de repasses ilícitos da empreiteira para o casal de marqueteiros. A palavra "acarajé" era a senha para as transferências. "Há fortes indícios aqui de trinta e nove operações de pagamentos em espécie dos 'acarajés'! Ademais, a utilização de codinomes e entregas cifradas não deixam margem quanto à origem espúria dos valores aqui identificados", assinalam os delegados Márcio Adriano Anselmo e Renata Silva Rodrigues, que presidem o inquérito da operação.

A investigação aponta repasses no exterior de US$ 7,5 milhões da Odebrecht para o casal entre 2012 e 2014.

Os investigadores citam a nova planilha "Lançamentos X Saldo (Paulistinha)", encontrada com Maria Lucia, com referência a "Feira" e indicação de pagamentos de R$ 21,5 milhões sob títulos diversos como "café", "crise", "tênis" entre 30 de outubro de 2014 e primeiro de julho de 2015, quando a Lava Jato já avançava sobre a Odebrecht.

A PF alega que o casal recebeu dinheiro da empreiteira no exterior e que "não haveria qualquer sentido em receber da Odebrecht valores no Brasil por conta de um suposto pagamento não oficial concernente a serviços prestados à campanhas eleitorais de Angola e Venezuela".

O documento de 22 páginas ainda traz detalhes da quebra de sigilo do e-mail do casal, mostrando que João Santana deletou sua conta no aplicativo Dropbox de armazenamento de arquivos na nuvem no dia 22, quando houve a deflagração da 23ª fase da Lava Jato que tinha como alvo o marqueteiro e sua mulher.

Eles só não foram presos na mesma data porque estavam na República Dominicana. O casal voltou ao Brasil e se entregou aos investigadores no dia seguinte.

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