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Mesmo internado desde a sexta-feira (19), vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o cantor carioca Arlindo Cruz tem sido vítima de intolerância religiosa e notícias falsas. Ele, que sempre admitiu pertencer à religião do candomblé, também tem sido alvo de críticas de alguns usuários nas redes sociais, que muitas vezes julgam que seu estado de saúde se deve ao cantor ter escolhido seguir esse caminho sem procurar Deus. 

 

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Arlindo, que já começa a reagir aos tratamentos e já tem sedação reduzida, chegou a ter notícias falsas divulgadas na internet sobre sua morte consumada. 

"Nessas horas é que a gente vê quem tem todo o poder! Arlindo Cruz é macumbeiro e o Zeca Pagodinho também. Mas na hora do aperto, eles não batem tambor, mas sim, pedem uma corrente de oração. No fundo, no fundo, eles sabem que a única fonte é o nosso Deus.", escreveu um internauta.

“Espero que ele saia dessa, e se converta à Verdade da Palavra de DEUS,para assim ter a vida eterna nos céus e não em outro canto!! Espero q ele tenha outra chance de fôlego de vida, para se arrepender das mentiras da macumba e umbanda, espiritismo em geral em que vivia, chances que teve antes do AVC e as desperdiçou, e se converta agora ao Senhor Jesus Cristo!", disse outra usuária.

Em outro comentário, o seguidor expressa nitidamente a violência contra o candomblé: “Cadê os demônios disfarçados de orixás que não lhe protegem?”.

O assunto também divide opiniões e gera debates na internet. "Aí eu pergunto aos cristãos: vocês não adoecem? não morrem? não pegam nem gripe? agora da doença do preconceito eu sei que vocês sofrem e esta é mil vezes pior do que as doenças que acometem o povo de terreiro, muito chocante os comentário sobre a doença dele.", disparou um internauta criticando os comentários de preconceito.

"Povo ignorante da peste! Bando de hipócritas! Haja inferno para comportar essa corja de falsos cristãos! Que ele tenha a sua saúde reestabelecida o mais breve possível! Força e fé!", disse outra seguidora.

Em nota de repúdio e defesa aos comentários, a Comunidade de Matriz Africana do Baixo Sul da Bahia, Caxuté, divulgo um texto nesta última segunda-feira (20), definindo as críticas ao candomblé como violenta. "Quando Arlindo Cruz é atacado por ser de afro-religioso todos nós somos atacados!", diz a nota.

"Ao longo da vida tenho visto ações de violência contra pessoas de Candomblé que, quando adoecem, certos cristãos tendem a afirmar que o sacerdote enfermo está sofrendo pelo mal que fazem. Fico a pensar que evangélico ou cristão, como sejam chamados não adocem e nem morrem. Estariam as doenças e a morte reservada somente para o povo de Candomblé?", diz a nota em um trecho.

"Colocar minha cultura como civilizada e 'evoluída' e dizer que a cultura do outro é primitiva é ridículo. Fé não se impõe, a fé é um ato cultural que é aprendido e cada povo e sociedade busca manifestá-la de suas variadas formas.!", diz a nota em outro trecho.

A legislação brasileira proíbe qualquer tipo de intolerância religiosa, sendo a prática religiosa geralmente livre no país. No Brasil, a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei nº 9.459, de 15 de maio de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões.

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As propagandas espalhadas por vias movimentadas do Recife e nos jornais chamam atenção. “Trago seu grande amor em 130 dias”. Outros comerciais são “menos otimistas” e apenas apresentam o serviço: “jogam-se tarô, cartas e búzios”. Independente da propaganda, os serviços místicos ou religiosos são comuns e há anos mechem com a fé e a crença da sociedade. Se são verdadeiros ou se não há nada de verídico sobre eles, não consigo responder. Porém, é fato que muita gente ganha dinheiro com esse trabalho e cada vez mais tem a aceitação de novos clientes. E, justamente por alguns desses cartazes, que o LeiaJá foi conhecer a história de Sarah de Iemanjá.

Boa Viagem, Zona Sul do Recife. É na área nobre que funciona uma das “unidades” de trabalho da Sarah de Iemanjá. Antes de chegar ao local, nossa reportagem imaginou a personagem como uma senhora velha, de cabelos brancos. Contrariando todos, Sarah é uma jovem de 30 anos, pele levemente bronzeada, cabelos loiros, lisos e compridos, e com uma vaidade à tona: maquiada, cheia de joias, batom de forte cor vermelha, vestido branco, com as pernas a mostra e um corpo esbelto. “Não gosto de mostrar meu rosto porque as pessoas têm a imagem da Sarah velha, uma idosa cheia de rugas. Por eu ser nova, se colocasse meu rosto nas propagandas, talvez não passasse tanta credibilidade”, conta a jovem, que é descendente de ciganos.

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Natural de Salvador, na Bahia, desde os 7 anos ela mora em Pernambuco. Nessa idade, a cartomante conta que recebeu a irradiação de Iemanjá, se consagrando como filha do orixá. Ainda criança, ela começou a atender o povo, assim como sua mãe, que já desempenhava o trabalho. Porém, foi aos 18 anos que Sarah ganhou destaque como cartomante e cigana, viajando todo o Brasil realizando o trabalho. Atualmente, ela concentrou seus serviços em Pernambuco, com atendimentos no bairro do Janga, na cidade de Paulista, Região Metropolitana, e na própria unidade de Boa Viagem. “Tirei meu diploma com 18 anos. Não é algo exigido pelo Ministério do Trabalho, mas, é um documento de certificação dado por federações religiosas”, frisa a jovem.

No apartamento em Boa Viagem, assim como na unidade do Janga, para se consultar com a filha de Iemanjá é preciso agendar. Os atendimentos não têm tempos determinados, uma vez que variam de cliente para cliente, conforme o problema e o “corpos carregados”. Porém, os preços são muito bem definidos. O jogo de búzios, em que o orixá – intermediado pela Sarah – confirma fatos para os clientes, mas sem descrever nomes e números, custa R$ 90. Já as cartas ciganas, que segundo a cartomante desvenda coisas do passado e fala do presente, têm um valor de R$ 120 por consulta. O tarô, classificado como cartas mais complexas, trabalha o mapa astral da pessoa. Quem precisa desse serviço tem que desembolsar um valor de R$ 150. “Meu preço é mais caro porque meu serviço é de qualidade. Aqui, o cliente só paga pela consulta. O trabalho feito para organizar a vida das pessoas, após as consultas, é de graça”, comenta Sarah. Assim como num comércio - apesar da Sarah não descrever seu trabalho dessa forma -, até com cartão de crédito os clientes podem pagar pelas consultas. Curiosamente, os adesivos das bandeiras dos cartões ficam próximas a imagem de uma santa.

De acordo com a religiosa, os valores cobrados nas consultas servem para a manutenção de seus estabelecimentos e de sua vida familiar. A jovem já trabalhou em outras áreas, porém, é no “mundo das adivinhações” que quer continuar. Casada com um advogado e mãe de um garoto de oito anos, Sarah de Iemanjá é ciente da desconfiança e preconceito de muitas pessoas, entretanto, seu trabalho continua firme e forte e com perfis de clientes bem definidos. “Atendo, por dia, em torno de nove clientes. Meu público é formado por homens e mulheres de 40 a 50 anos. Geralmente eles me procuram para tirar dúvidas do que já sabem. Outros querem trabalhos sobre relacionamentos amorosos, mas, também temos um bom número do mundo dos negócios”, explica. Segundo ela, juízes, empresários, políticos, jogadores de futebol e até médicos estão entre seus clientes.

Clientes convictos, desesperados e os esperançosos

“O agir a tempo salva muitas vidas”. O depoimento é de uma cliente antiga da Sarah de Iemanjá, que conversou com a nossa reportagem enquanto a cartomante realizava um atendimento. A mulher de 58 anos e que se diz secretária, contou que há dois anos procurou os serviços para saber se um tio que estava com uma doença terminal iria sobreviver. De acordo com a cliente, Sarah confirmou que o homem não morreria. “Meu tio era uma caveira ambulante. Hoje, ele está vivo e muito bem. Desde então nunca deixei de procurar a Sarah. Nem sei dizer quanto paguei até aqui. Mas, você renovar sua espiritualidade não tem preço”, disse a cliente.

Indicada por uma amiga, Suely Maria da Silva, 53, que cuida de crianças em uma escola privada, foi pela primeira vez receber a consulta da Sarah. Ela intercedeu pela filha, que há anos sobre com depressão. “Me informaram que a Sarah é uma pessoa boa. Eu pago o que for para ver a minha filha bem. Espero que Deus faça que ela fique bem”, falou Suely. Logo depois do atendimento dela, uma amiga, que não quis ser identificada, aprovou o serviço místico. “Achei ótimo. Vi coisas que fiquei muito surpresa. A Sarah só me fez confirmar o que já sei”, contou, afirmando que pagou R$ 100 pelo serviço e que vai voltar várias vezes.

Teologia – Para o teólogo Carlos Moreira, que há 30 anos trabalha na área, religião e negócios sempre “andaram juntos”. “Lhe dar com o sagrado, seja de qualquer origem, sempre foi um bom negócios”, explica. Segundo eles, a busca pelo futuro e o místico fascinam as pessoas, fato que eleva a procura dos clientes.

Moreira, como teólogo e religioso, não é a favor dessas cobranças. “Não sou favorável. Eu acho que religião não deve se misturar com negócios”, opinou o teólogo.

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