Tópicos | morte encefálica

Uma jovem foi passar o carnaval na casa do namorado, em Anápolis, Goiás, e sofreu um incidente que a levou à internação na Unidade de Terapia Intensiva por tempo indeterminado. Thais Medeiros, a jovem de 25 anos que foi internada após cheirar pimenta na casa do namorado desenvolveu um edema cerebral e tem risco de morte encefálica. As informações são do namorado Matheus Lopes de Oliveira, 27. 

 O incidente aconteceu no dia 17 de fevereiro. Thais foi passar o carnaval na casa do namorado em Anápolis, Goiás e estava com a família dele no momento do ocorrido. Desde então, Thais está inconsciente sob cuidados de profissionais. Ela foi levada a um hospital particular, e depois transferida para uma unidade acobertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ao ser socorrida, os médicos descobriram que ela estava com pneumonia, além de já apresentar um quadro de asma crônica.

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Do intervalo entre ela ter cheirado a pimenta até dar entrada no hospital, Thais desenvolveu um edema cerebral, após ter desmaiado no carro, a caminho do pronto socorro. “Eu gelei. Ver o desespero dela para respirar foi a coisa mais horrível que já presenciei. Ela chegou a urinar no banco do carro. Quando chegamos, levaram ela para a sala de atendimento e fizeram um trabalho de reanimação que durou cerca de 8 minutos. Tempo suficiente para causar um edema cerebral”, relatou Matheus ao portal de notícias UOL.

Segundo Matheus, o edema desinchou nos últimos dias, mas os médicos ainda estão avaliando com cautela se ela terá alguma sequela motora permanente. 

Thais trabalha como trancista, e possui um estúdio próprio em Goiânia. Ela tem duas filhas, de 5 e 7 anos de idade, que estão sob os cuidados da família atualmente.

 A Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), em parceria com o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), promove um curso gratuito de Capacitação no Diagnóstico de Morte Encefálica. Há 16 vagas ofertadas e podem  participar médicos com, no mínimo, um ano de experiência em cuidados de pacientes em coma. O curso será realizado nos dias 14 e 21 de outubro, das 14h às 18h, no auditório do Hospital da Restauração (HR), no Recife.

Os interessados devem realizar as inscrições gratuitamente pela internet. De acordo com a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes, “a morte encefálica significa a morte efetiva do paciente, ou seja, o cérebro perdeu a capacidade de comandar as funções do corpo, como consequência de uma lesão conhecida e comprovada. Precisarmos trabalhar constantemente com o público para tirar as dúvidas e desmistificar o assunto. Também é necessário ter mais médicos capacitados nas nossas emergências para fazer esse diagnóstico com segurança, tanto para ele quanto para o paciente, além de aptos a manter as funções vitais do possível doador durante o processo para que a possibilidade da doação seja uma realidade".

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Para comprovar o óbito, são necessários dois exames clínicos, com intervalo de 6 horas entre eles e feitos por médicos diferentes e não participantes de equipes captadoras ou transplantadoras de órgãos, e um exame gráfico que vai mostrar que o cérebro não tem mais função.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), o diagnóstico de morte encefálica é norteado por resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que foi modificada no final de 2017 e, entre as mudanças, passou a permitir que médicos de diversas especialidades, além de neurologistas, pudessem atestar o óbito. A resolução prevê, ainda, que os procedimentos para a determinação da morte encefálica devem ser iniciados em todos os pacientes que apresentem coma não perceptivo, ausência de reatividade supraespinhal e apneia persistente.

A SES-PE também informa que entre janeiro e agosto deste ano, 131 famílias de pacientes com morte encefálica foram entrevistadas por equipes das Organizações de Procura de Órgãos (OPO) ou das Comissões Intra Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). Dessas, 70 autorizaram a doação dos órgãos e tecidos de seu ente querido. As outras 58 não permitiram, ou seja, a negativa familiar neste ano está em 44%.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) apresentou critérios mais rígidos para definir a morte encefálica nesta terça-feira (12). As alterações nos procedimentos terão impacto no processo de doação e transplante de órgãos – que só poderá ser iniciado após o consentimento da família e da confirmação da morte cerebral do paciente depois da realização de vários exames.

De acordo com a nova resolução aprovada, outros profissionais (além do neurologista) como neurocirurgião ou médico de emergência poderão constatar se é o fim da atividade cerebral. Os critérios constam da nova resolução 2.173/17, que entrará em vigor dentro de seis meses substituindo a lei 9434/17, que rege atualmente o Sistema Nacional de Transplantes.

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Para constatar a morte cerebral, dois médicos diferentes devem realizar o exame clínico, teste de apneia (interrupção persistente da respiração) e exames complementares, como o eletroencefalograma e angiografia cerebral, entre outros.

Funcionários dos setores de emergência, UTI e enfermarias do Hospital Pelópidas Silveira, no Curado, receberam uma ação educativa promovida pela Central de Transplantes (CT-PE) e pela Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) na última quarta (24). Durante a manhã, os profissionais receberam panfletos acerca da importância do diagnóstico correto e da notificação da morte encefálica, além da conscientização a respeito da doação de órgãos. Cartazes da campanha foram espalhados pelos setores mais movimentados da unidade. 

“Nossos funcionários são bem preparados para incentivar as famílias dos pacientes a doarem os órgãos dos entes falecidos, caso seja viável, mas ainda assim organizamos uma palestra para tirar as dúvidas de enfermeiros e técnicos sobre morte encefálica”, conta Mayara Brenna de Oliveira, enfermeira chefe do CIHDOTT. Para ela, o debate funcionou como uma forma de reforçar a importância da campanha de doação de órgãos. “Quando o pessoal da Central de Transplantes distribuiu os panfletos e os cartazes pelo Hospital, muitos dos funcionários já estavam por dentro do assunto e perceberam a importância da doação de órgãos. Com certeza, isso vai influenciar na forma de se relacionar com os pacientes em casos difíceis”, pontua a enfermeira. 

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Nesta quinta (25), as ações da Semana Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos chegam até estudantes do curso de enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco.  Durante a palestra, haverá a oportunidade tirar dúvidas a respeito de formas de comunicar à família da morte encefálica do ente, além de aprenderem formas de incentivar a doação de órgãos.

“No HPS, o que acontece é que em muitos dos casos a família impede a doação de órgãos porque tem medo de que o ente falecido seja mutilado. Por não apresentar a vontade de doar órgãos em vida, a família do falecido também veta a doação de estruturas do organismo que poderiam ajudar quem está na fila de doação. Às vezes, a religião das famílias também influencia nessa decisão”, comenta a chefe do CIHDOTT. No Recife, pelo menos 24% das famílias não aceitam que os órgãos de seus pais, filhos, irmãos ou avós sejam repassados para quem aguarda um transplante. Em Pernambuco, há 1.298 pessoas na fila para receber um novo órgão. 

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