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Cerca de 678.000 bebês nasceram na França em 2023, uma redução de 6,6% em relação ao ano anterior e o índice mais baixo desde 1946, quando o país passava por uma reconstrução pós-Segunda Guerra Mundial, segundo dados oficiais divulgados nesta terça-feira (16).

Os dados do Instituto Nacional de Estatística Insee mostram uma "forte queda" na taxa de fertilidade da segunda maior economia da União Europeia (UE), com uma média de 1,68 crianças por mulher, em comparação com a média de 1,79 em 2022.

Em 2021, a França foi o país mais fértil da UE, com uma média de 1,84 crianças por mulher, conforme a última comparação disponível do Eurostat, a agência de estatísticas europeia.

Já em 2023, houve uma diminuição no número de óbitos no país: 631.000 mortes foram registradas, uma redução de 6,5% em relação a 2022, ano marcado pela pandemia da covid-19 e episódios de calor intenso, de acordo com o Insee.

O crescimento natural da população foi ligeiramente positivo, embora seja o "mais baixo desde o final da Segunda Guerra Mundial", conforme destacado pelo balanço anual do instituto francês.

O saldo migratório, diferença entre as pessoas que se instalaram ou deixaram o país, também foi positivo e registrou +183.000 pessoas.

Em 1º de janeiro de 2024, a França tinha uma população de 68,4 milhões de habitantes (+0,3% em relação ao ano anterior).

A expectativa de vida de um recém nascido avançou para 85,7 anos para mulheres e 80 anos para homens, informou o Insee.

A população do Japão reduziu em todas as 47 províncias pela primeira vez, enquanto o número de residentes estrangeiros atingiu recorde de alta, chegando a quase 3 milhões de pessoas, segundo dados divulgados pelo governo japonês.

A população de cidadãos japoneses caiu cerca de 800 mil pessoas, ou 0,65%, em 2022 ante 2021, para 122,4 milhões de pessoas. A queda foi a 14ª consecutiva, segundo dados do Ministério de Assuntos Internos e Comunicações com base nos registros de residência de 1º de janeiro. Os residentes estrangeiros agora representam cerca de 2,4% da população do Japão, disse o ministério.

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Depois de atingir o pico em 2008, a população do Japão encolheu continuamente devido ao declínio da taxa de natalidade. O país registrou uma baixa recorde de 771.801 nascimentos em 2022.

O primeiro-ministro Fumio Kishida definiu o combate ao declínio da natalidade como um de seus principais objetivos políticos e prometeu garantir um financiamento anual de cerca de 3,5 trilhões de ienes (US$ 25,2 bilhões) nos próximos três anos para um novo pacote de cuidados infantis, que inclui nascimento e criação de crianças. Fonte: Associated Press.

A luta contra a queda da natalidade é uma prioridade para o Japão, mas as mulheres têm pouca voz nos debates oficiais, por isso usam as redes sociais para se manifestar.

O arquipélago registrou menos de 800 mil nascimentos no ano passado, o número mais baixo desde 1899, quando as estatísticas começaram a ser estabelecidas.

O primeiro-ministro, Fumio Kishida, alertou em janeiro contra essa tendência, que ameaça a capacidade do Japão de "funcionar como uma sociedade".

Entre os inúmeros artigos que abordaram o assunto, um que destacou que o Japão tinha a maior taxa de mulheres sem filhos com mais de 50 anos na OCDE gerou uma enxurrada de comentários online com a hashtag "sem filhos para sempre".

A princípio, Tomoko Okada ficou "envergonhada" por não ter filhos e não queria ler as críticas típicas, mas acabou descobrindo discussões mais empáticas. Em algumas delas, as mulheres explicam por que não puderam ou não quiseram ser mães.

"Antes, eu pensava que ter filhos era 'normal'", disse à AFP essa escritora de 47 anos.

- Modo de vida "aceitável" -

Tomoko se registrou, em vão, nos sites para encontrar um parceiro. E se sentiu culpada quando seu pai lhe pediu um neto.

Mas compartilhar sua experiência com outras mulheres a fez pensar que seu "modo de vida também é aceitável", diz ela.

Muitos países industrializados registraram quedas nas taxas de natalidade, mas a redução é mais expressiva no Japão, que tem a população mais velha do mundo depois de Mônaco.

O arquipélago também carece de mão de obra, um problema exacerbado pelas rígidas regras de imigração.

O governo de Kishida prometeu ajuda financeira para as famílias e outras medidas para incentivar a natalidade. Mas a realidade é que no Japão há apenas duas mulheres no governo e mais de 90% dos membros da Câmara Baixa de seu Parlamento são homens.

As vozes das mulheres têm pouco peso no debate institucional, por isso elas recorrem às redes sociais.

"Não acusem as mulheres pela baixa taxa de natalidade", tuitou Ayako, de 38 anos, sem filhos, que defende em fóruns online "diferentes opções" na vida. Para ela, a tradicional divisão de papéis no país é a principal causa do problema.

De acordo com um estudo do governo em 2021, as mulheres japonesas passam quatro vezes mais tempo com os filhos e tarefas domésticas do que os homens, embora os homens estejam cada vez mais em trabalho remoto.

- "Menosprezada" -

Ayako não hesita em se expressar na internet, mas quando aborda o assunto na vida real, sente-se "menosprezada".

"Tenho a impressão de que as mulheres são muito criticadas quando expressam suas opiniões", afirma esta mulher, que prefere não revelar seu verdadeiro nome.

Para Yuiko Fujita, professora de estudos de gênero na Universidade Meiji, as redes sociais são uma forma de as mulheres falarem sobre política e questões sociais sem medo, muitas vezes sob pseudônimos.

Várias "hashtags" sobre mães indignadas cuidando de seus filhos sozinhas ou outros tópicos se tornaram virais, mas tiveram pouca ressonância fora desse espaço, diz Fujita.

Segundo especialistas, são múltiplas as causas que levam à baixa taxa de natalidade no Japão, incluindo uma estrutura familiar rígida.

Apenas 2,4% dos nascimentos no país ocorrem fora do casamento, o menor índice nos países da OCDE.

Os analistas também apontam para as condições econômicas, já que o baixo crescimento do país desestimula os casais a terem filhos.

A baixa taxa de natalidade no Japão e o envelhecimento da população são um risco para o país – afirmou o primeiro-ministro, Fumio Kishida, nesta segunda-feira (23), prometendo criar uma agência estatal para ajudar a solucionar o problema.

A taxa de natalidade vem diminuindo em várias nações desenvolvidas. No caso do Japão, porém, a situação é ainda mais grave, ao se considerar que o país é o segundo com a maior proporção de pessoas com mais de 65 anos no mundo, depois de Mônaco, conforme dados do Banco Mundial.

"O número de nascimentos caiu para menos de 800 mil no ano passado, segundo estimativas", disse Kishida, no início de uma sessão parlamentar.

"O Japão está no limite de continuar funcionando como uma sociedade", afirmou o premiê, que prometeu "concentrar a atenção em políticas relativas às crianças e à infância como uma questão que não pode esperar e não pode ser adiada".

De acordo com o líder conservador, as políticas, que incluem a criação de uma Agência para a Infância e a Família em abril, serão direcionadas para dar suporte aos pais, visando a garantir a segurança da terceira maior economia do mundo. Ele também espera que o governo dobre os gastos em programas relacionados com a infância.

"Devemos construir uma economia social que priorize a infância para reverter a (baixa) taxa de natalidade", afirmou.

O Japão tem uma população de 125 milhões de pessoas e vem enfrentando problemas para administrar o crescente número de idosos no país.

A taxa de natalidade está se desacelerando em muitos países, devido a fatores como o alto custo de vida, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e a decisão das pessoas de terem filho mais tarde.

Segundo dados oficiais, no ano passado, a população da China diminuiu pela primeira vez em seis décadas.

O homem mais rico do mundo, Elon Musk, pai de 10 filhos, pediu nesta segunda-feira (29) que as pessoas tenham "mais bebês" e também uma exploração maior do petróleo e gás natural.

"Acreditem em mim, a crise dos bebês é um grande problema", disse o magnata de 51 anos à imprensa em Stavanger, no sudoeste da Noruega, onde participava de uma palestra sobre energia.

Questionado sobre os grandes desafios do mundo, o fundador da fabricante americana de carros elétricos Tesla citou a transição energética, mas logo em seguida falou da taxa de natalidade, 'uma de suas preocupações favoritas, talvez menos conhecida".

Nas sociedades ocidentais, como em países muito populosos como a China, a taxa de natalidade está em queda, devido em grande parte ao envelhecimento da população.

"É importante que as pessoas tenham bebês suficientes para perpetuar a civilização", disse.

"Dizem que a civilização pode desaparecer com um estrondo ou com um gemido. Se não tivermos filhos suficientes, morreremos com um gemido (usando) fraldas para adultos. Será deprimente", acrescentou.

"Sim, façam mais bebês", concluiu.

Divorciado três vezes, Musk é pai de 10 filhos, dos quais um morreu com 10 semanas de vida. Outra filha, uma menina transgênero, apresentou recentemente uma solicitação oficial para mudar de sobrenome e de gênero e cortar todos os vínculos com seu pai.

A imprensa dos Estados Unidos revelou recentemente que ele teve gêmeos em novembro com uma diretora da Neuralink, semanas antes do nascimento de Exa Dark Sideræl Musk, que teve com a cantora Grimes.

O magnata, que chegou em Stavanger em um jato privado, estimou que o planeta ainda precisa de fontes de energia fósseis.

"Acho que, de forma realista, precisamos usar petróleo e gás no curto prazo, porque senão a civilização desmoronaria", afirmou, "especialmente nesses dias com as sanções contra a Rússia".

"No momento seria justificável explorar mais" hidrocarbonetos na Noruega, estimou.

A taxa de natalidade da China caiu para um mínimo recorde em 2021, com analistas alertando para um envelhecimento mais rápido do que o esperado, de acordo com dados oficiais divulgados nesta segunda-feira (17).

A taxa de natalidade no país mais populoso do mundo caiu para 7,52 nascimentos por 1.000 pessoas, revelaram dados do National Statistics Office (ONE), abaixo dos 8,52 por 1.000 em 2020, e o menor desde o início dos registros comparativos em 1978.

É também o nível mais baixo desde a fundação da China comunista em 1949. Pequim está enfrentando uma possível crise demográfica em meio ao envelhecimento da população, desaceleração econômica e o menor crescimento populacional em décadas.

O governo afrouxou a política de um filho por família em 2016, permitindo que os casais tenham dois filhos, mas essa mudança não provocou um baby boom.

No ano passado, as autoridades estenderam a política para permitir que os casais tenham três filhos. Em 2021, o país registrou 10,62 milhões de nascimentos, segundo dados oficiais.

A taxa de crescimento natural da população caiu para 0,34 por 1.000 habitantes, ante o valor anterior de 1,45 por 1.000.

"O desafio demográfico é bem conhecido, mas a velocidade do envelhecimento da população é mais rápida do que o esperado", disse Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management.

A taxa de natalidade da China despencou no ano passado, atingindo seu nível mais baixo em mais de quatro décadas, apesar dos esforços do regime comunista para convencer as famílias a "crescerem".

Embora o governo tenha passado a autorizar, em 2016, que os chineses tenham dois filhos, e até três este ano, Pequim enfrenta o risco do envelhecimento de sua população e da diminuição no número de sua população economicamente ativa.

Em 2020, a taxa de natalidade caiu drasticamente, chegando a 8,52 nascimentos por cada 1.000 habitantes, segundo o anuário estatístico de 2021. Trata-se do valor mais baixo desde que o anuário foi publicado em 1978.

O número do ano passado seria o mais baixo desde a fundação do regime comunista em 1949, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas.

Comparativamente, em 2019, a taxa de natalidade foi de 10,41 nascimentos por 1.000 habitantes.

Os incentivos do governo parecem ter pouco efeito sobre as famílias, que enfrentam o aumento crescente do custo de vida, em particular, da educação e da moradia.

O número de casamentos também despencou no ano passado, atingindo seu piso em 17 anos, com apenas 8,14 milhões de casamentos.

O número de divórcios caiu, pela primeira vez em mais de 30 anos, após a imposição, no início de 2020, de um período de reflexão de um mês para casais que desejarem se separar. Ainda assim, foi maior do que o total de casamentos.

No ano passado, 4,34 milhões de casais se divorciaram, ou seja, mais da metade do número de casamentos.

As estatísticas chinesas podem levantar dúvidas. Segundo a agência Bloomberg, baseando-se nas diferenças entre os números anuais do Escritório Nacional de Estatísticas e nos resultados dos censos decenais, calculou, por exemplo, que o número de nascimentos registrou uma queda de 11,6 milhões entre 2000 e 2010.

No Brasil, a Covid-19 tem deixado rastros preocupantes nos índices demográficos. A pandemia alterou a qualidade de vida da quase totalidade da população, assim como aumentou taxas de mortalidade e diminuiu as de natalidade. São menos bebês nascendo. Aproximadamente 300 mil a menos só em 2020.

Segundo expectativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estavam previstos 2,9 milhões de nascimentos no ano passado, que chegou a pouco mais de 2,6 milhões. As projeções foram feitas por José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e pesquisador aposentado do IBGE, à correspondente da BBC News no Brasil.

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Alves explica que essa redução deve se aprofundar ainda mais neste ano, porque os adiamentos de gestações provavelmente continuaram ao longo do ano passado e do primeiro semestre deste.

"A pandemia provocou uma queda na natalidade no mundo inteiro", diz. "Quem pôde adiar a maternidade, no caso de casais jovens, adiou. (...) Mesmo que tivesse havido mais sexo (entre pessoas quarentenadas em casa), hoje em dia existe uma separação entre sexo e reprodução. Houve muito medo de a mulher grávida ficar doente, medo de o hospital estar sobrecarregado. Basta adiarem-se 20% dos nascimentos para haver um impacto grande na taxa de natalidade”, explicou o pesquisador ao jornal.

Esse impacto já foi sentido em 2020, de gestações possivelmente adiadas logo nos primeiros meses do ano. Enquanto houve em 2019, quase 2,8 milhões de bebês nascidos no país, no ano passado esse número caiu para pouco mais de 2,6 milhões, segundo o Portal da Transparência do Registro Civil. Considerando que a projeção do IBGE era de que o Brasil teria 2,9 milhões de bebês nascidos no Brasil em 2020, o país teve, na prática, 300 mil bebês a menos do que o esperado.

O aumento no número de divórcios (15% a mais apenas no segundo semestre de 2020, em relação ao mesmo período de 2019) e a queda no número de casamentos também contribuem para menos concepções de bebês.

Vale lembrar que esse fenômeno não é inédito: por exemplo, quando eclodiu a epidemia de síndrome congênita da zika em bebês, entre 2015 e 2016, também houve um recuo momentâneo na natalidade do Brasil, diante do medo das mulheres em engravidar. A expectativa, prossegue Diniz Alves, é de que, passado o coronavírus, a taxa de natalidade brasileira volte aos patamares anteriores à pandemia, na casa dos 2,8 milhões de bebês por ano.

Diniz Alves analisou o comportamento da população brasileira no último ano e meio e identificou fatos importantes - alguns deles inéditos em um país que cresce sem parar desde que foi colonizado pelos europeus, cinco séculos atrás. Confira as demais observações:

Crescimento da população bem menor do que o previsto

Antes de a pandemia eclodir, o IBGE havia projetado que o Brasil veria sua população aumentar em 1,574 milhão de pessoas no ano passado. No entanto, diante da baixa na taxa de natalidade, das mortes por covid-19 e da sobrecarga do sistema de saúde, o país terminou 2020 com 1,159 milhão de pessoas a mais, segundo o Portal da Transparência do Registro Civil.

"Portanto, a grosso modo, podemos dizer que o impacto da pandemia foi reduzir o crescimento populacional em 415 mil pessoas em 2020", explica Diniz Alves.

Isso deve se intensificar neste ano: com ainda mais mortes por covid-19 do que no ano passado e menos nascimentos, "o Brasil deve ter 1 milhão de pessoas a menos do que estava previsto nas projeções do IBGE para 2021", prossegue o demógrafo.

Brasileiros vivem quase dois anos a menos do que antes

Em entrevista à BBC News Brasil em abril, a demógrafa Márcia Castro, professora da Faculdade de Saúde Pública de Harvard (EUA), apontou que a pandemia fez o brasileiro perder quase dois anos de expectativa de vida em 2020.

Em média, bebês nascidos no Brasil em 2020 viverão 1,94 ano a menos do que se esperaria se não tivesse havido a pandemia. Ou seja, 74,8 anos em vez dos 76,7 anos de vida anteriormente projetados.

A queda interrompe pela primeira vez um ciclo de crescimento da expectativa de vida no país que havia se iniciado em 1945, quando nossa esperança de vida era de 45,5 anos em média.

Será que essa queda na expectativa vai ser revertida no pós-pandemia? José Eustáquio Diniz Alves explica que alguns demógrafos acreditam que sim; outros, como ele, são mais céticos.

Há um alto número de brasileiros infectados com o coronavírus - mais de 19 milhões de pessoas -, e uma parcela deles pode sofrer da chamada covid longa, que são as complicações de longo prazo na saúde provocadas pela covid-19.

Esse impacto da covid longa na mortalidade é que vai influenciar se os óbitos vão voltar aos patamares anteriores, pré-pandemia, ou continuar a sofrer as influências dela, opina Diniz Alves.

Um possível impacto sobre a transição demográfica

Mesmo antes da pandemia, a população brasileira já estava em transição demográfica e tornava-se cada vez mais envelhecida - ou seja, está diminuindo a proporção de crianças e jovens enquanto aumenta a proporção de adultos idosos.

As projeções indicam que, por volta de 2047, as curvas de natalidade e de óbitos vão se encontrar. É a partir daí que a população brasileira deve começar a encolher: vai nascer menos gente do que vai morrer anualmente.

A covid-19 antecipou momentaneamente esse fenômeno, explica Diniz Alves, embora a expectativa é de que esse impacto da pandemia seja temporário, mas tudo depende de como e quando o vírus será controlado.

"O efeito da pandemia é conjuntural, mas pode manter os óbitos elevados e a natalidade mais baixa, dependendo do pós-pandemia - se ela acabar de vez, é uma coisa. Se (a covid-19) virar algo endêmico, daí o efeito na população pode ser mais permanente", afirma o demógrafo.

RJ e RS: os Estados onde a população chegou a encolher

Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, os Estados com maior proporção de população mais velha, registraram mais mortes do que nascimentos entre janeiro e maio de 2021. Foi uma variação breve e temporária - decorrente do pico de mortes por covid-19 -, mas muito importante: trata-se da primeira vez que isso acontece na história do país.

"É uma grande e inédita novidade para a demografia brasileira, (...) que tem uma história de 521 anos de crescimento demográfico contínuo e ininterrupto", escreveu Diniz Alves em artigo.

Eis os dados: segundo o Portal da Transparência do Registro Civil, o Estado fluminense teve 79.038 nascimentos e 79.570 óbitos de 1° de janeiro a 29 de maio deste ano. Ou seja, houve uma redução vegetativa de 532 pessoas no período, explica o demógrafo. No Rio Grande do Sul, foram 53.832 nascimentos no período, e 54.218 óbitos. Na ponta do lápis, uma população com 386 pessoas a menos.

Levantamento realizado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) mostra que o último mês de janeiro teve a menor taxa de registro de nascimento desde 2002. No total, foram registrados 207.901 nascimentos, redução de 15,1% em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve 244.974 registros. A comparação é feita apenas em relação aos meses de janeiro, ainda não há números sobre o ano de 2021.

O número de registros de nascimento também é 15 pontos percentuais menor que a média histórica nacional do mês de janeiro. Entre os Estados, apenas Rondônia registrou alta, com um aumento de 3% nos nascimentos no período. No topo da lista com as maiores reduções estão Maranhão (-26%), Amazonas (-23,9%), Roraima (-23,1%), Piauí (-21,3%) e Mato Grosso (-20,8%).

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"A covid-19 afetou todos os aspectos vitais da população brasileira, sejam eles pessoais, econômicos ou da vida civil. No Registro Civil, que compreende os atos principais de cidadania, já eram nítidos os impactos nos óbitos e nos casamentos, mas agora, passados nove meses desde o mês de abril, verificou-se o primeiro impacto na natalidade da população brasileira. Na pandemia, os casais optaram por adiar o sonho de terem filhos, o que certamente impactará futuramente no desenvolvimento do País", explica o presidente da Arpen-Brasil, Gustavo Renato Fiscarelli.

A Arpen explica que o número de nascimentos registrados em 2021 ainda pode vir a aumentar, assim como a variação da média anual, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o nascimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência. Além disso, alguns Estados brasileiros expandiram o prazo legal para comunicação de registros em razão da situação de emergência causada pela covid-19. Os dados estão disponíveis no portal da transparência da associação.

Com o marido desempregado devido à pandemia, a última coisa que Juarsih queria era ter filho, mas ficou grávida no meio da crise de saúde, como muitas indonésias, e o país se prepara para um "baby boom".

A agência de planejamento familiar na Indonésia --o quarto país mais populoso do mundo-- espera 400.000 nascimentos adicionais devido às medidas de confinamento que restringiram o acesso aos métodos contraceptivos.

Juarsih, uma indonésia de 41 anos, deixou de usar seus contraceptivos quando os hospitais entraram em colapo pelos pacientes com coronavírus e quando as clínicas fecharam ou reduziram seus horários.

Mãe de dois adolescentes, agora tem medo de fazer um teste de gravidez em um hospital em Bandung, na ilha de Java.

"Me surpreendi muito quando me dei conta de que estava grávida", diz ela. "Comecei a me sentir feliz mais tarde, mas sempre há um sentimento de tristeza (...) porque chega em um momento difícil".

O uso de contraceptivos "caiu drasticamente" desde o início da epidemia no arquipélago, em março, disse à AFP Hasto Wardoyo, chefe do serviço de planejamento familiar da Indonésia (BKKBN).

Os funcionários de saúde também temem o aumento dos abortos ou da mortalidade materna.

"Também estamos preocupados (com o risco) de desnutrição, já que nem todas as famílias podem se dar ao luxo de alimentar bem as crianças", disse.

- Campanha em massa -

Com o acesso aos hospitais cada vez mais difícil, as autoridades tiveram que buscar soluções para promover o controle da natalidade.

As equipes médicas recorreram às aldeias para alertar que este não é o momento adequado para trazer um bebê ao mundo.

"Podem fazer sexo. Podem se casar. Mas não fiquem grávidas", diziam os médicos em alto-falantes. "Papais, se controlem, nada de sexo sem contraceptivos".

A Indonésia implementou uma política de planejamento familiar na ditadura do general Suharto, há cerca de 50 anos, o que reduziu em grande quantidade a taxa de fertilidade.

Os preservativos continuam sendo pouco populares na Indonésia e 98% dos usuários de contraceptivos são mulheres, através de injeções hormonais ou pílulas anticoncepcionais.

Há ainda o agravante de muitos indonésios temerem ser infectados com COVID-19 ao irem ao hospital.

Segundo as estatísticas oficiais, há mais de 57.000 pessoas infectadas com o coronavírus e quase 3.000 mortes na Indonésia, embora os números sejam considerados muito subestimados devido a um número limitado de testes realizados.

A China registrou em 2019 a taxa de natalidade mais baixa desde que foi fundado o Partido Comunista no poder, em 1949, somando uma pressão a mais à desaceleração de uma economia que já sofre com o envelhecimento da sociedade e com a diminuição da força de trabalho.

Para evitar uma crise demográfica, o governo flexibilizou a chamada "política do filho único" em 2016, de modo a permitir que as pessoas pudessem ter dois filhos. A mudança não se traduziu, porém, em mais nascimentos.

Em 2019, a taxa de natalidade foi de 10,48 nascimentos a cada mil pessoas, conforme dados do Escritório Nacional de Estatísticas divulgados nesta sexta-feira (17). O número de nascimentos caiu pelo terceiro ano consecutivo.

No ano passado, nasceram 14,65 milhões de bebês, contra os 15,23 milhões que vieram ao mundo em 2018, e os 17,23 milhões de 2017.

No final do ano passado, a China contava com uma população de 1,4 bilhão de pessoas, ou seja, 4,67 milhões a mais do que em 2018. Ainda assim, a força de trabalho continuou caindo em 2019.

Segundo o NBS, havia 896,4 milhões de pessoas entre 16 e 59 anos - faixa da população economicamente ativa -, quase um milhão a menos do que em 2018 (que registrou 897,3 milhões).

Estes dados significam oito anos consecutivos de declínio e, para 2050, prevê uma queda de até 23% da força de trabalho.

Embora se possa eliminar o limite de número de filhos no gigante asiático, o aumento do custo de vida leva as pessoas a resistirem a um aumento do núcleo familiar.

No ano passado, a economia chinesa cresceu 6,1%, seu pior resultado desde 1990, afetada pela guerra comercial com os Estados Unidos e pela queda da demanda doméstica.

Entre 2015 e 2018, o número de inserções do dispositivo intrauterino (DIU) cresceu 860% em Pernambuco. O método contraceptivo, voltado para o público feminino, é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e seu uso é de longa duração.

Em 2015, 519 mulheres passaram a utilizar o DIU, quando apenas o procedimento de intervalo era ofertado. Já em 2018, o número subiu para 4.982, com a implantação do dispositivo no pós-parto, pós-abortamento e de intervalo. Entre 2015 e 2018, foram 7,5 mil mulheres beneficiadas com a estratégia. Em 2019, apenas no primeiro semestre, já são 2.223 utilizando o método contraceptivo.

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“Começamos a criar estratégias de estímulo à inserção do DIU de pós-parto e pós-abortamento com o surgimento de casos da síndrome congênita do zika, e também com a percepção que esse método contraceptivo vinha sendo subutilizado. O DIU é eficaz e prático, com poucos efeitos colaterais e que pode ser utilizado pela mulher que deseja evitar a gravidez em qualquer faixa etária. Buscamos ampliar o acesso ao procedimento, que dá uma estabilidade de 10 anos, e estimular os profissionais médicos a apresentarem essa opção de contracepção nos serviços municipais”, destaca a gerente de Atenção à Saúde da Mulher da SES-PE, Letícia Katz.

O dispositivo de longa duração, com duração média de 10 anos, não possui hormônio, é seguro e beneficia as mulheres que não desejam engravidar, pois o cobre liberado por ele interfere no número e no transporte de espermatozoides, além de dificultar a movimentação do óvulo pela trompa, impedindo a fecundação.

Com comprimento de 2 a 3 cm, o DIU é inserido no útero da mulher, e tem o potencial de eficácia de 99,3%. O dispositivo também pode ser utilizado por adolescentes e mulheres que não engravidaram.

Em Pernambuco, realizam o procedimento para inserção do Dispositivo Intrauterino os hospitais Agamenon Magalhães, Barão de Lucena, Jaboatão Prazeres, Clínicas, Cisam, Imip e o Hospital da Mulher do Recife, além de serviços municipais, como maternidades e policlínicas, que fazem o procedimento de forma ambulatorial. Desde 2016, cerca de 1 mil médicos foram capacitados pela SES-PE sobre DIU.

“É extremamente importante que os serviços de saúde municipais estejam alinhados com essa proposta e que façam investimentos em instrumentos e formação de pessoal para que a mulher que não deseja ter filhos, ou mais filhos, e aquelas em situações como as de pós-abortamento e pós-parto tenham o poder de escolha sobre sua vida reprodutiva e que encontrem profissionais e serviços prontos para atendê-las. A orientação da mulher se inicia nesses serviços e no momento do pré-natal”, acrescentou Katz.

Da assessoria

O papa Francisco lamentou neste sábado a baixa taxa de natalidade em uma União Europeia em que nascem poucas crianças e não consegue proporcionar referências religiosas a seus jovens.

"Frente à tradição, se preferiu a traição" aos ideais que contribuíram para o esplendor da Europa, insistiu Francisco, em uma nova mensagem dirigida à União Europeia (UE) ante participantes de um congresso sobre a contribuição cristã para o futuro do projeto europeu.

"À rejeição do que provinha dos pais, seguiu-se o tempo de uma dramática esterilidade. Não apenas porque na Europa se tem poucos filhos, e muitos são os que foram privados do direito de nascer, como também porque nos achamos incapazes de entregar aos jovens os instrumentos materiais e culturais para enfrentar o futuro", insistiu Francisco.

Ante vários dirigentes europeus, o Papa evocou a responsabilidade dos cristãos dentro de uma Europa que, devido a "um certo preconceito laicista", relegou a religião a "uma esfera puramente privada e sentimental".

Desde sua eleição em 2013, o argentino Jorge Bergoglio, o primeiro Papa não europeu, se mostra exigente em relação à União Europeia, que comparou a "uma avó cansada", durante um discurso no Parlamento Europeu de Estrasburgo, em 2014.

A China anunciou nesta quinta-feira (29) o fim da política do filho único e autorizará, a partir de agora, que todos os casais tenham dois filhos, segundo um comunicado do Partido Comunista divulgado pela agência oficial Xinhua.

A decisão histórica foi tomada dois anos depois que o governo autorizou que os casais, em que um dos cônjuges fosse filho único, tivesse um segundo filho. O objetivo é corrigir o desequilíbrio entre homens e mulheres e conter o envelhecimento da população.

As Filipinas já têm oficialmente cem milhões de habitantes com o nascimento na manhã deste domingo (27) de uma menina, um número simbólico e ao mesmo tempo preocupante para as autoridades desta nação pobre.

A menina, Jennalyn Sentino, é um dos cem bebês nascidos em hospitais públicos no arquipélago que receberam a designação de "bebê número 100 milhões". "Trata-se ao mesmo tempo de uma oportunidade e de um desafio", declarou à AFP Juan Antonio Perez, diretor-executivo da comissão oficial de população.

Enquanto uma população crescente significa uma maior força de trabalho, também significa que há mais pessoas necessitadas da ajuda do Estado em um país onde cerca de 25% vivem na pobreza. "Gostaríamos de diminuir o nível de fertilidade a dois filhos" por mulher, em vez da média de três atual, disse Perez.

Esses esforços se chocam frequentemente com a influência sobre 80% da população filipina da Igreja Católica, que reprova qualquer forma de controle sobre a natalidade.

Foi autorizado, na terça-feira (8), o início da construção do 1° Centro de Parto Normal (CNP), que funcionará na Policlínica Arnaldo Marques no Ibura, Zona Sul do Recife. O objetivo é oferecer o planejamento da gravidez e melhoria na atenção prestada na hora do nascimento, reduzindo a mortalidade infantil. A conclusão da obra está prevista para novembro de 2014.

O Centro de Parto Normal terá cinco quartos PPP (pré-parto, parto e pós-parto) com banheiros privativos, sendo um deles com banheira para possibilitar a realização de partos na água. O centro também contará com uma área de conforto para gestantes, posto de enfermagem e sala de assistência ao recém-nascido. Também será permitida a presença de um acompanhante de livre escolha durante o parto.

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A Policlínica Arnaldo Marques também inaugurou a requalificação da Farmácia da Família, com a reestruturação física, além da melhoria nas instalações através da climatização, aquisição de novos equipamentos e materiais. A Prefeitura do Recife (PCR) investiu R$ 268,9 mil na requalificação, já as obras do CNP vão custar R$ 1 milhão dos cofres públicos.  

Com informações da assessoria

 

O governo da China passou a permitir formalmente, a partir deste sábado, (28) que casais chineses tenham um segundo filho se um dos pais for filho único, na primeira flexibilização de uma restritiva política de controle da natalidade que vigora há mais de três décadas.

A decisão, anunciada pela liderança do Partido Comunista em novembro, foi oficialmente sancionada pelo comitê permanente do Congresso chinês, segundo a agência estatal de notícias Xinhua.

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Implementada por volta de 1980, a política que tinha como objetivo conter o crescimento da população chinesa obrigou a maioria dos casais a ter apenas um filho, mas permitia uma segunda criança se nenhum dos pais tivesse irmãos ou se o primogênito nascido em áreas rurais fosse do sexo feminino.

Demógrafos e formuladores de política calculam que a flexibilização irá beneficiar até 20 milhões de chineses, a maioria com residência em áreas urbanas, e resultar no nascimento anual de mais 1 milhão a 2 milhões de bebês nos primeiros anos, além dos 16 milhões que já nascem anualmente na China. Segundo eles, no entanto, a medida é tão limitada que não há expectativa que os nascimentos extras gerem pressão sobre serviços como saúde pública e educação.

A China alega que sua política restritiva contribuiu para o controle do crescimento populacional e para fortalecer a economia, mas críticos afirmam que a medida é uma violação dos direitos humanos. O gigante asiático é o país mais populoso do mundo, com 1,35 bilhão de pessoas. Fonte: Associated Press.

A controversa lei de controle de natalidade que entrou em vigor nas Filipinas nesta quinta-feira, enfrentou anos de oposição da Igreja Católica e representa um avanço histórico que foi celebrado por muitas mulheres.

A nova lei exige que os centros sanitários governamentais distribuam gratuitamente preservativos e pílulas anticoncepcionais, uma medida que beneficiará dezenas de milhares de habitantes pobres que, de outra maneira, nunca teriam acesso a isso.

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O ensino de educação sexual nos colégios também é uma exigência da lei, assim como os funcionários da área de saúde pública que terão que receber formação em planejamento familiar.

O governo ainda trabalha para detalhar as medidas, incluindo como alocar fundos para diferenciar as regiões e qual idade é possível iniciar a educação sexual.

Partidários da nova lei afirmam que estas medidas ajudarão a frear a explosão demográfica das Filipinas, além de contribuir para diminuir a pobreza e reduzir o número de mães que morrem ao dar a luz.

A Igreja católica, por sua vez, que conta com uma população de 80% de fieis dos 100 milhões de habitantes no país, pressionou e intimidou durante mais de uma década os políticos para que vetassem a legislação sobre o controle de natalidade no Parlamento.

Grupos católicos questionam a constitucionalidade da lei. A Igreja não permite o uso artificial de contraceptivos.

O governo também terá de realizar consultas com vários setores, incluindo grupos religiosos e médicos nacionais e internacionais, afirmou Hazel Chua, representante da unidade de planejamento familiar do Departamento de Saúde.

"Há muitas brechas e será preciso incluir muitas diretrizes", disse à AFP.

Sob a nova lei, os centros de saúde poderão garantir o fornecimento de anticoncepcionais à população, diferentemente do passado, quando dirigentes podiam ser intimidados pela Igreja para não oferecer serviços de controle de natalidade, comentou Chua.

Uma das providências da lei que estabelece o cuidado médico pós-aborto ainda está sob avaliação, pois o aborto permanece ilegal nas Filipinas, destacou Chua.

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