Uma parte significativa da atração que sentimos pelos jogos digitais é certamente acarretada pela música. Claro, se tratando se uma produção audiovisual, não há de ser completa sem a música que lhe dê ambiente. Quando falamos de jogo é essencial entender que precisamos da imersão do jogador.
Imersão é a característica do receptor, seja jogador (no caso de games), leitor (em caso de livro ou revista) ou espectador (em caso de cinema ou tv) de ter sua atenção absorvida pela mídia com a qual está lidando.Quanto mais imerso naquela mídia maior será o seu grau de atenção e mais intensamente ele usufruirá dela, seus impactos sensoriais serão maiores e sua experiência será mais intensa. Não queremos nunca um receptor disperso, pois ele sentirá pouco ou quase nada.
Então no que diz respeito à música aplicada aos games, vamos pensar nos seguintes casos:
1) Músicas clássicas de jogos clássicos
Na época da popularização dos jogos eletrônicos para o uso doméstico o Atari foi o console mais popular no Brasil, atingindo um público enorme no território nacional. Um dos jogos mais difundidos na época era o Pac-Man, que muito rotineiramente era o cartucho que acompanhava o console. Como esse jogo também era encontrado nos "fliperamas" seu sucesso foi enorme, e sua música tema colou na mente das pessoas devido às horas e horas de jogo.
Tetris é outro exemplo de jogo com música extremamente simples, construída com sintetizador extremamente limitado que se tornou popular pela grande difusão do jogo. Uma prova de como ele foi popular e como ele marcou a geração de jogadores é a quantidade de versões e remixagens que encontramos... como esse exemplo:
2) Jogos clássicos, músicas modernizadas
Esse é um dos estágios mais clássicos da franquia de jogos Castlevania: Clock Tower (afinal o que seria de um grande castelo sem uma torre de relógio?). Essa versão aí em cima é do jogo Castlevania III, do Nintendo 8 bits. Percebemos a música bem repetitiva de que dispunham na época.
Aqui já temos uma versão mais aprimorada... mais canais de áudio estavam disponíveis, pois o arquivo de som podia ser um tanto maior, já que se tratava de um console de 16 bits. Percebemos semelhanças claras na melodia entre as duas, mudando apenas o arranjo.
Já nesta versão do Playstation, o jogo chega à mídia ótica... onde o armazenamento dos dados se dá em um CD, o que possibilita que as músicas sejam produzidas no formato MP3. O resultado é que não há mais limites para o que se pode fazer com as músicas da trilha sonora dos jogos. Percebendo esse potencial, os produtores da série Castlevania incorporaram o espírito do jogo e suas trilhas passaram desde então (e nos consoles que se seguiram, Playstation 2 e 3) a ser orquestradas.
3) Jogos de música
E além de ser um instrumento de construção de cenário, alguns jogos tem a música como o próprio objeto e fator de desafio.
Guitar Hero foi um jogo que conquistou público rapidamente aliando um desafio de básica coordenação motora e ritmo (que alguns dizem vir inspirado nas máquinas de Pump) misturado com o apelo carismático de se sentir um astro da música, já que no jogo você pode escolher tocar músicas famosas (como nesse exemplo ali, em que o jogador está tocando a música tema de Cavaleiros do Zodíaco).
Do Guitar Hero houve a expansão para Band Hero em que o jogador pode escolher tocar outro instrumento que não a guitarra (nesse exemplo utilizando a bateria), além da opção de jogo multi-player em que jogadores diferentes usam instrumentos diferentes da banda, gerando uma interação totalmente diferente. Desnecessário dizer que a criação de acessórios para o jogo foi uma motivação a mais para a Activision (empresa desenvolvedora desse jogo)
E se você estiver se perguntando sobre aquela imagem lá em cima, ela é um print de tela do "Mario Paint Composer", um programa que te permite compor músicas via sintetizador que utiliza os elementos visuais do nosso querido clássico Super Mario Bros. Na brincadeira, na brincadeira, olha um exemplo do que um usuário conseguiu fazer com essa plataforma compondo a música "Get Lucky" do Daft Punk: