Em vez de esperar as mulheres terminarem de se arrumar para entrar em cena, Luis Miranda é quem anda passando mais tempo no camarim antes de começar a gravar. "Fico uma hora e quarenta minutos no mínimo", confessa o ator que, a partir desta segunda-feira, 5, será visto na TV como o transexual Dorothy de Geração Brasil, nova novela das 7.
O personagem pertence ao núcleo principal. Na história, Dorothy é a madrinha de Pamela Parker (Cláudia Abreu), uma das mais importantes atrizes da indústria de entretenimento norte-americana, e mãe de Brian Benson (Lázaro Ramos), guru dos empresários de tecnologia no Vale do Silício, na Califórnia, onde a trama começa a se desenrolar.
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O ator explica que, apesar de Dorothy estar em um corpo claramente masculino, ela não será vista dessa maneira pelos outros personagens da novela de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, ambos autores de Cheias de Charme. "É uma mulher real, sem essa questão do travestismo. Ela busca uma identidade feminina, tem uma mente feminina. É mãe, mulher, socialite e milionária", detalha. Para ele, há uma diferença em relação a outras figuras do tipo já apresentadas na teledramaturgia. "Não tem o apelo da prostituição. Ela venceu na vida e tem como meta criar o filho e ser um espelho da Michelle Obama", defende Miranda.
A meta de fazer uma versão nacional da primeira dama dos Estados Unidos não é apenas no jeito de agir de Dorothy. "É uma mulher bem normal, sem nenhum exagero, maquiagem simples. A gente trabalhou a possibilidade de tirar os trejeitos de travesti, de exagero. É uma mulher elegantemente simples. Uso um pouco de salto alto e um pouco de baixo porque já tenho uma estatura legal. Ela tem vestido, tailleur e roupas finas buscando a simplicidade. Quando ela vem para o Brasil, usa modelos mais tropicais, como a Michelle quando veio."
O passado de Dorothy, que saiu do nordeste para viver nos EUA, também tem um fato ainda não retratado em novelas. "Ela teve um relacionamento com um transgênero feminino, com quem teve filho", revela o ator. Em seguida, a socialite se aproximou da família de Pamela Parker e ensinou português para atriz fictícia, com quem divide a maior parte das cenas. "Para minha alegria e tristeza da maquiadora, que precisa retocar a maquiagem de tanto que eu choro de rir", entrega Cláudia Abreu.
Luis Miranda diz que, na trama, Dorothy não é vítima de preconceito por ser transexual. "Acho que ela não sofre porque o dinheiro não deixa você sofrer preconceito. O dinheiro cala a boca de muita gente. Ela é rica, bem-sucedida e está sendo trabalhada para ser uma mulher bonita e atraente", analisa.
Diferentemente do Félix de Amor à Vida, personagem gay que conquistou o público da novela por ser cômico, o ator aposta que a socialite de Geração Brasil fugirá do estereótipo. "Ela vai para realismo. Não estou dizendo que não vai ser cômico, mas o foco dela não é isso. O foco dela é a mãe determinada a cuidar do filho. As pessoas vão vê-la como um homem transgênero, porém, para ela, pouco importa. Ela é rica, não está nem aí. Vão adorar porque ela é divertida, não quer ser brasileira, mas ao mesmo tempo é."
Mesmo com o beijo entre dois homens na teledramaturgia da Globo aprovado na novela de Walcyr Carrasco, Miranda acredita que Dorothy não vai inaugurar o beijo gay na faixa das 7. "Está liberado, mas não acho que ela vai beijar na novela das 7. Ela é uma mulher conservadora, é uma dama. Daqui a pouco vai ter beijo em todo lugar", avalia o ator, que continua a gravar seu papel em A Grande Família, cuja última temporada já está no ar.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.