O líder da Igreja Católica no mundo, o papa Francisco, assistirá a uma apresentação da Orquestra Criança Cidadã no Vaticano. O grupo pernambucano irá tocar na Sala Clementina no dia 31 de outubro, a convite da Catholic Fraternity, Associação Privada de Direito Pontifício que irá promover sua 16ª Conferência Internacional entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro.
Essa é a primeira vez que um projeto sociomusical brasileiro se apresenta para um papa, oportunidade única e reservada a grupos tradicionais e de ponta, como a Filarmônica de Berlim e da Baviera. Segundo o cerimonial do Vaticano, o Papa recebe 5 mil pedidos de grupos para apresentações exclusivas.
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Os pernambucanos também irão fazer uma apresentação para o primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, no dia 4 de novembro. Em Roma, a apresentação contará com a presença de 500 pessoas, entre elas o governador do Estado João Lyra, o governador eleito Paulo Câmara, o vice, Raul Henry, além do presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Frederico Neves, do corregedor-geral de Justiça, Eduardo Paurá, e empresários japoneses e brasileiros parceiros da Criança Cidadã.
A oportunidade da sessão com o papa é resultado de uma conversa entre João Targino, coordenador do projeto, e Gilberto Barbosa, presidente da Fraternidade Católica Internacional, numa viagem ao Vaticano para a canonização de João Paulo II. "É uma oportunidade única para os garotos mostrarem seu valor artístico. Tenho certeza que o papa ficará encantado com o talento dos participantes desse projeto", afirmou João Targino, em entrevista ao Portal LeiaJá.
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Essa será a segunda viagem do projeto, que levará estudantes que têm mais de 8 anos no grupo para Itália e Portugal. No repertório para o pontífice, Bach, um dos preferidos de Francisco; o hino do Club Atlético San Lorenzo de Almagro, time do papa, e músicas de compositores brasileiros e pernambucanos como Ary Barroso, Pinxinguinha e Dominguinhos.
Em Lisboa, o gosto do primeiro-ministro também foi levado em consideração. Serão apresentadas canções do grupo Madredeus, um dos preferidos de Passos Coelho, e canções brasileiras. Os músicos se preparam há dois meses, mas ainda chegam canções de última hora para os jovens apresentarem na conferência acompanhando o coro da comunidade católica Canção Nova.
Segundo o maestro Nilson Galvão Jr, a apresentação entrará para a história. "Essa participação tem um valor inestimável. Acredito que só saberemos completamente a importância disso no futuro", comentou o músico, que participa do projeto desde 2013 e em janeiro tornou-se diretor musical.
Ao todo, 44 alunos e cinco profissionais farão parte da comitiva. Entre eles está Luan Sena, de apenas 11 anos (o mais novo a viajar com a orquestra) e que faz parte do projeto desde os 6 anos, tocando violino. "Estou gostando muito de participar dessa viagem. Conhecer outros países e outras culturas vai ser muito legal", comentou o garoto, que está na 6ª série e que sempre quis tocar violino. "Aqui nós trabalhamos no sentido da profissionalização, por isso somos rígidos com eles, buscando extrair o melhor", afirmou Nilson.
As apresentações também marcam a segunda viagem internacional de Thialyson Felipe com o grupo. No projeto há 7 anos, é um dos principais violinos da orquestra e de início não queria participar do projeto. "Queria ser jogador de futebol, mas minha mãe me enganou dizendo que só íamos acompanhar o teste do meu irmão e acabei fazendo a prova para entrar aqui. Fiquei em 2° lugar", contou o jovem de 17 anos.
Mesmo tendo experiência internacional com o grupo, se apresentando com a orquestra em 2013 na Alemanha, Thialyson afirma que toda viagem é motivo para sentir frio na barriga, principalmente ao tocar para uma figura como o Papa. "Para mim é um orgulho imenso. Eu nunca imaginei que iria viajar tanto com o grupo e conhecer tantos lugares", falou o estudante, que vai fazer vestibular para Música e quer entrar numa orquestra profissional.
Além da divulgação do trabalho e do talento dos jovens músicos da Orquestra Criança Cidadã, as viagens internacionais também podem significar a conquista de mais apoio para o aumento do projeto. "Além de uma experiência única para os meninos, espero que a visibilidade também traga mais patrocínio, para conseguirmos atender mais crianças", afirmou João Targino.
Hoje o grupo ensaia dentro do Quartel do Cabanga, mas recentemente fizeram um show beneficente para angariar fundos para a construção da própria sede. A maior dificuldade é o preço da obra, orçada em 30 milhões. Além disso, o projeto ganhou um novo núcleo, lançado em setembro na cidade de Ipojuca, com o apoio da prefeitura. A Orquestra atende gratuitamente 170 jovens, entre 4 e 21 anos, com diversas aulas envolvendo música. Além disso há apoio pedagógico, atendimento psicológico, médico e odontológico, aulas de inclusão digital, fornecimento de três refeições por dia e fardamento.