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O papa Francisco alertou nesta quinta-feira sobre o "efeito dominó" dos conflitos militares nas relações internacionais durante o encerramento de um congresso interreligioso no Cazaquistão, no qual líderes espirituais pediram "diálogo" aos líderes mundiais.

“A paz é urgente porque qualquer conflito militar ou foco de tensão e confronto hoje só pode ter um desastroso efeito dominó e comprometer seriamente o sistema de relações internacionais”, declarou o pontífice argentino no VII Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais em Nur-Sultan, a capital cazaque.

As 100 delegações de 50 países presentes na cúpula trienal, onde estiveram representantes do islã, do judaísmo e do budismo entre outras confissões, adotaram por maioria uma declaração que pede aos líderes mundiais "que abandonem toda a retórica agressiva e destrutiva que leva à desestabilização do mundo" .

"Estamos convencidos de que o desencadeamento de qualquer conflito militar, criando fontes de tensão e confronto, provoca reações em cadeia que alteram as relações internacionais", diz o documento de 35 pontos, que evita citar a Ucrânia.

A declaração, assinada entre outros pelo grande imã de Al Azhar, a principal instituição do islamismo sunita, também apoia "a proteção da dignidade e dos direitos das mulheres, a melhoria de seu status social como membros iguais da família e da sociedade".

Dos cerca de 80 representantes religiosos sentados em uma mesa redonda no Palácio da Independência de Nur-Sultan, apenas meia dúzia eram mulheres.

O papa também apelou para "proteger a dignidade" das mulheres e argumentou que "maiores papéis e responsabilidades devem ser confiados a elas".

“Quantas opções que levam à morte seriam evitadas, se as mulheres estivessem no centro das decisões! Vamos nos comprometer para que sejam mais respeitadas, reconhecidas e incluídas”, acrescentou.

Desde sua eleição em 2013, Francisco trabalhou duro para aumentar o número de mulheres em cargos de chefia na Cúria, o governo do Vaticano, mas até agora nenhuma assumiu um dicastério, o equivalente a um ministério.

Na manhã desta quinta-feira, o pontífice visitou a Catedral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Nur-Sultan, onde fez um discurso ao clero local, que o aplaudiu calorosamente.

Francisco deve chegar na quinta-feira por volta das 20h30 (15h30 no horário de Brasília) em Roma. Em seu voo de volta, ele dará a tradicional entrevista coletiva no avião papal.

O papa Francisco enviou uma mensagem de solidariedade à vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, alvo de um atentado frustrado na última quinta-feira (1º).

"Tendo recebido a preocupante notícia do atentado que vossa excelência sofreu na tarde de ontem, desejo expressar minha solidariedade e proximidade neste delicado momento. Rezo para que sempre prevaleçam na querida Argentina a harmonia social e o respeito aos valores democráticos, contra todo tipo de violência e agressão", diz um telegrama assinado pelo pontífice argentino.

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A tentativa de homicídio ocorreu enquanto Cristina, 69 anos, cumprimentava apoiadores na entrada de sua casa em Buenos Aires.

O brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, 35, chegou a apontar uma arma a poucos centímetros da cabeça da vice-presidente, mas a pistola falhou na hora do disparo.

"Esse fato é o que de mais grave aconteceu desde que recuperamos nossa democracia", disse o presidente Alberto Fernández em um discurso em rede nacional na noite passada. "Cristina está viva porque, por alguma razão ainda não confirmada tecnicamente, a arma, que tinha cinco balas, não disparou", acrescentou.

Vice-presidente desde dezembro de 2019, Cristina também já governou o país entre 2007 e 2015. Montiel, por sua vez, foi preso em flagrante e vive na Argentina desde 1993.

Ele já tinha passagem pela polícia em 2021 por porte de arma não convencional e, de acordo com o jornal Clarín, está registrado comercialmente como prestador de "serviço de transporte automotor urbano e suburbano de oferta livre", categoria correspondente a motoristas de aplicativos.

Da Ansa

O Vaticano esclareceu nesta terça-feira (30) a posição do papa Francico sobre a Ucrânia e denunciou uma "guerra bárbara desencadeada pela Rússia", após uma declaração sobre a filha de um ideólogo russo que irritou a diplomacia ucraniana.

"As palavras do Santo Padre sobre o dramático assunto devem ser lidas como uma voz levantada para defender a vida humana e os valores associados a ela, e não como uma posição política", disse a Santa Sé em comunicado.

Na quarta-feira (24), durante sua audiência geral semanal, Francisco se referiu à "pobre moça que detonou uma bomba sob o assento de um carro em Moscou", referindo-se à morte de Daria Dugina, jornalista e cientista política de 29 anos, filha do considerado ideólogo do presidente russo Vladimir Putin, Aleksandr Dugin.

Essa frase provocou uma reação inédita do embaixador da Ucrânia na Santa Fé, Andrii Yurach, que classificou o discurso do papa como "decepcionante" em um tuíte.

No dia seguinte, o núncio apostólico na Ucrânia foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores em Kiev.

"Quanto à guerra em larga escala na Ucrânia, desencadeada pela Federação Russa, as intervenções do Santo Padre são claras e sem equívocos ao condená-la como moralmente injusta, inaceitável, bárbara, sem sentido, repugnante e sacrílega", acrescenta o comunicado.

Francisco, que não deixou de condenar a guerra e nem de manter uma abertura diplomática com a Rússia, reiterou no final de julho seu "desejo" de viajar para a Ucrânia, sem especificar uma data.

O Brasil passou a ter oficialmente dois novos cardeais, um deles da Amazônia - o primeiro na história da Igreja Católica no País. Com a cerimônia do Consistório Ordinário Público, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, no último sábado (27), os brasileiros dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, e dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, passam a integrar o Colégio de Cardeais que tem entre suas atribuições a escolha do sucessor do Papa Francisco, caso este venha a morrer ou se aposentar.

Ao todo, Francisco nomeou 21 novos cardeais para o colégio, que passa a contar 227 membros, dos quais 132 são eleitores.

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O oitavo consistório do pontificado de Francisco acontece em um momento em que o próprio papa, aos 85 anos, admitiu a possibilidade de uma renúncia, após retornar de exaustiva agenda no Canadá, no fim de julho.

Amazônia Tensa

Crítico das políticas do atual governo para a Amazônia, o franciscano dom Leonardo Steiner, de 71 anos, natural de Forquilhinha (SC), tem contato intenso com a Região Amazônica desde 2005, quando foi nomeado bispo pelo então papa João Paulo II para a Prelazia de São Félix, no Mato Grosso. Após ser nomeado pelo papa Francisco como arcebispo da Arquidiocese de Manaus, em 27 de novembro de 2019, ele participou da articulação para realizar o Sínodo da Amazônia.

Dom Leonardo considerou sua nomeação "uma expressão de carinho, acolhida, proximidade e de cuidado do papa Francisco para com toda a Amazônia", disse. Ele lembrou que "a colaboração que posso dar ao Santo Padre é justamente fazer com que a Amazônia seja lembrada, pois em alguns momentos o papa sempre nos lembra que esta parte do Brasil está em seu coração".

Conforme o arcebispo, a situação da Amazônia é muito tensa. Ele lembrou as mortes do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, assassinados em maio deste ano por criminosos que agem no Amazonas, e disse que os mandantes não foram presos.

Citou ainda o assassinato da missionária americana Dorothy Stang em, em fevereiro de 2005, no Pará, em que houve dificuldade para a punição dos mandantes. "Corremos até um pouco de perigo, diante da violência que existe, da apreensão que nós vivemos, de esquecermos dos nossos povos como índole, como cultura."

Juventude

Nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio em 2010 pelo papa Bento XVI, dom Paulo Cezar da Costa assumiu a Arquidiocese de Brasília em outubro de 2020. Natural de Valença (RJ), atuou também na diocese de São Carlos, interior paulista. Com 55 anos, é considerado um cardeal jovem.

Dom Paulo Cezar disse que sua nomeação significa a confiança do papa, mas também a responsabilidade de levar adiante aquilo que Francisco quer para a Igreja. "Que seja uma Igreja próxima, evangelizadora e missionária. O sentimento é de gratidão por aquilo que Francisco está fazendo, seja pela Igreja do Brasil, da Amazônia, pela Igreja de Brasília, e ao mesmo tempo sentimento do amor misericordioso de Deus para comigo."

Ele lembrou que os tempos atuais são desafiadores e o papa espera muito da Igreja do Brasil. "A primeira grande visita que Francisco fez foi para o Brasil e de certa forma nosso país está no coração dele. Acho que o papa quis brindar a Igreja do Brasil, a Amazônia, o Centro-Oeste com dois servidores do povo de Deus. Sempre tive a consciência de que nosso ministério é ser servidor do povo de Deus. Que nossa Igreja possa ser um pouco mais bonita, mais evangelizadora, mais missionária."

Encontro dos cardeais

Nesta segunda e nesta terça-feira, haverá um encontro dos cardeais para refletir sobre a nova Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, que entrou em vigor em 5 de junho. A convocação para esse "pré-conclave" aumentou as especulações sobre uma possível renúncia de Francisco, que completa dez anos de papado em março de 2023 e está com a saúde debilitada. Francisco foi submetido a uma cirurgia do cólon em 2021 e tem mobilidade reduzida por causa de dores no joelho.

Dos novos nomeados, 16 têm direito a voto por terem menos de 80 anos. Além dos dois brasileiros, o papa argentino nomeou outros dois cardeais da América do Sul - Paraguai e Colômbia - e de outros países considerados mais periféricos, onde a Igreja vem crescendo, como Índia (dois), Nigéria, Timor Leste, Cingapura e Mongólia.

O número de cardeais eleitores variou ao longo da história. Em 1586, o Papa Sisto V fixou o número em 70. Em 1973, o Papa Paulo VI limitou o número a 120, o que foi mantido pelo Papa João Paulo II.

Purpurados brasileiros

Até a nomeação dos novos cardeais, o Brasil tinha cinco membros no colégio cardinalício. Os mais antigos, nomeados pelo papa Bento XVI são dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo (SP); dom Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida (SP); e dom Assis João Braz de Aviz, atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano.

Os outros dois foram nomeados pelo Papa Francisco: dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ); e dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador (BA) e Primaz do Brasil. Dom Geraldo Majella Agnelo, nomeado cardeal em 2001, renunciou em 2011 por motivo de idade.

Com as novas nomeações, o Brasil passa a contar 24 cardeais em sua história, sendo cinco mineiros, cinco catarinenses, quatro gaúchos, quatro paulistas, dois pernambucanos, um fluminense, um cearense, um alagoano e um potiguar.

Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, de Pernambuco, nomeado pelo papa Pio X em 1905, foi o primeiro sacerdote a ser elevado a cardeal na América Latina.

O papa Francisco olha para o futuro da Igreja com a posse, neste sábado (27), de 20 novos cardeais, incluindo dois brasileiros, em mais uma etapa na preparação de sua sucessão.

O pontífice de 85 anos, que enfrenta as dificuldades a idade e não descarta a possibilidade de renunciar por motivos de saúde, prepara os próximos anos com a "criação' de 20 novos cardeais, 16 deles com direito a voto no conclave para a eleição de seu sucessor.

A cerimônia acontecerá às 16h (11h de Brasília) com a presença de religiosos de todo o mundo, que foram convocados para uma reunião paralela e inédita de dois dias, na segunda-feira e terça-feira.

Esta é uma ocasião particular, oficialmente dedicada à reforma da Constituição Pontifícia, aprovada em março e em vigor desde 5 de junho, que para muitos é uma espécie de pré-conclave, durante o qual será feito um balanço da situação da Igreja após quase 10 anos de liderança do papa latino-americano.

A reunião provocou muitas especulações, em particular sobre o estado de saúde do papa, que passou por uma cirurgia no cólon em 2021 e sofre com dores no joelho direito que o impedem de caminhar e o obrigam a usar uma cadeira de rodas.

Com a posse dos novos cardeais, Francisco inclui na lista de possíveis sucessores religiosos sensíveis aos problemas sociais, procedentes de regiões distantes, onde a Igreja é minoritária ou está em crescimento.

Cardeais latino-americanos

A relação inclui nomes do Brasil, Paraguai, Índia, Singapura, Mongólia e Timor Leste.

Na lista de 16 cardeais com menos de 80 anos e, portanto, direito a voto em caso de conclave pela renúncia ou morte do papa, estão três latino-americanos: dois brasileiros - Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e primeiro cardeal da região amazônica, e Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília - e um paraguaio - Adalberto Martínez Flores, arcebispo de Assunção.

Um quarto, o colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal, tem mais de 80 anos e não poderá participar em uma eleição do futuro pontífice.

Os novos cardeais "representam a Igreja de hoje, com uma forte presença do hemisfério sul, onde vivem 80% dos católicos", destacou o vaticanista Bernard Lecomte.

Ao final de seu oitavo consistório, quase um para cada ano de papado, já que em março de 2023 completará 10 anos à frente da Igreja, Francisco será responsável pela designação de 83 cardeais do total atual de 132 eleitores, quase dois terços do grupo.

Um número determinante em caso de eleição do papa, que exige justamente maioria de dois terços.

Fiel a sua linha a favor de uma igreja mais social, menos europeia, próxima aos esquecidos, o papa argentino selecionou dois africanos e cinco asiáticos, incluindo dois indianos, confirmando o avanço do continente na Igreja.

Entre as nomeações mais notáveis está a do americano Robert McElroy, arcebispo de San Diego, na Califórnia, considerado um progressista por suas posições sobre os católicos homossexuais e o direito ao aborto.

Outra nomeação emblemática é a do missionário italiano Giorgio Marengo, que trabalha na Mongólia. Ele será o cardeal mais jovem do mundo, com apenas 48 anos.

Três futuros cardeais ocupam cargos na Cúria, o governo central da Igreja: o britânico Arthur Roche, o coreano Lazzaro You Heung-sik e o espanhol Fernando Vérgez Alzaga, presidente do governo do Estado da Cidade do Vaticano.

Inicialmente designado, o belga Lucas Van Looy, de 80 anos, arcebispo emérito de Ghent, pediu a dispensa do título devido às críticas de sua gestão ao escândalo de abusos sexuais por integrantes do clero.

A Europa continua sendo o continente com maior representação no Colégio Cardinalício com 40% dos representantes, à frente da América do Sul e da Ásia (16% cada), África (13%) e América do Norte (12%).

O papa Francisco pediu nesta sexta-feira (26) à Coreia do Norte que o convide para visitar o país, em uma entrevista a um canal de televisão sul-coreano na qual afirmou que não desperdiçará nenhuma oportunidade de trabalhar pela paz.

"Quando convidarem, e isso é o mesmo que dizer por favor me convidem, não direi não", declarou o papa Francisco à emissora estatal sul-coreana KBS.

"O objetivo nada mais é que a fraternidade", acrescentou o pontífice de 85 anos.

A possibilidade de uma visita papal à Coreia do Norte foi estudada em 2018, quando o então presidente sul-coreano, Moon Jae-in, estabeleceu contatos com o líder norte-coreano Kim Jong Un.

Moon, católico, afirmou durante um encontro de cúpula que Kim afirmou que o papa seria recebido em seu país "com entusiasmo".

Francisco disse na ocasião que gostaria de viajar à Coreia do Norte se recebesse um convite oficial. Mas os contatos entre Pyongyang e Seul foram interrompidos após o fracasso da segunda reunião entre Kim e o então presidente americano Donald Trump em fevereiro de 2019.

As relações entre as duas Coreias, separadas desde o fim da guerra 1950-1953, pioraram após a posse do novo presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, em maio.

Suk-yeol propôs um plano de ajuda econômica ao Norte em troca da desnuclearização do país, mas o regime comunista de Kim Jong Un rejeitou a ideia.

A Coreia do Norte acusou o Sul de ser responsável pelo surto de coronavírus que afetou o país em maio e ameaçou "apagar do mapa" as autoridades de Seul como forma de represália.

O Norte executou um número recorde de testes de armas em 2022, incluindo o lançamento de um míssil balístico intercontinental pela primeira vez desde 2017.

O papa já pediu em várias ocasiões que os coreanos "trabalhem pela paz".

"Vocês, o povo coreano, sofreram com a guerra", reiterou na entrevista exibida nesta sexta-feira.

A liberdade religiosa está contemplada na Constituição da Coreia do Norte, ma na prática qualquer atividade religiosa está proibida.

O regime de Pyongyang já permitiu vários projetos de ajuda de organizações católicas, mas não tem relações diretas com o Vaticano.

Quando o papa Francisco visitou a Coreia do Sul em 2014, ele celebrou uma missa especial consagrada à reunificação das duas Coreias.

O papa Francisco, que enfrenta as dificuldades a idade e não descarta a possibilidade de renunciar por motivos de saúde, prepara sua sucessão com a posse no sábado de 20 novos cardeais, 16 deles com direito a voto no conclave para a eleição de seu sucessor.

O pontífice de 85 anos convocou todos os cardeais do mundo para uma reunião inédita de dois dias, que acontecerá após a "criação", o termo religioso, dos 20 novos "príncipes da Igreja".

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A cerimônia de posse dos novos cardeais acontecerá no sábado a partir das 16H00 (11h00 de Brasília) durante uma cerimônia solene na basílica de São Pedro no Vaticano.

Dedicada à reforma da Constituição Pontifícia, aprovada em março e em vigor desde 5 de junho, a convocação de quase 300 cardeais é uma espécie de pré-conclave, durante o qual será feito um balanço da situação da Igreja após quase 10 anos de liderança do papa latino-americano.

A reunião provocou muitas especulações, em particular sobre o estado de saúde do papa, que passou por uma cirurgia no cólon em 2021 e sofre com dores no joelho direito que o impedem de caminhar e o obrigam a usar uma cadeira de rodas.

Francisco não descartou a possibilidade de renunciar diante das dificuldades de saúde, como admitiu no fim de julho aos jornalistas que acompanharam sua viagem ao Canadá.

"Mudar de papa não seria uma catástrofe", declarou, antes de explicar: "Não pensei nesta possibilidade, mas isto não quer dizer que depois de amanhã não vou pensar".

"A porta está aberta", acrescentou.

Com a posse dos novos cardeais, Francisco inclui na lista de possíveis sucessores religiosos procedentes das periferias do mundo, certamente mais abertos, menos acostumados às intrigas da Cúria Romana.

- Cardeais latino-americanos -

A relação inclui nomes do Brasil, Paraguai, Índia, Singapura, Mongólia e Timor Leste.

Na lista de 16 cardeais com menos de 80 anos e, portanto, direito a voto em caso de conclave pela renúncia ou morte do papa, estão três latino-americanos: dois brasileiros - Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, e Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília - e um paraguaio - Adalberto Martínez Flores, arcebispo de Assunção.

Um quarto, o colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal, tem mais de 80 anos e não poderá participar em uma eleição do futuro pontífice.

Ao final de seu oitavo consistório, quase um para cada ano de papado, já que em março de 2023 completará 10 anos à frente da Igreja, Francisco será responsável pela designação de 83 cardeais do total atual de 132 eleitores, quase dois terços do grupo.

Um número determinante em caso de eleição do papa, que exige justamente maioria de dois terços.

Fiel a sua linha a favor de uma igreja mais social, menos europeia, próxima aos esquecidos, o papa argentino selecionou dois africanos e cinco asiáticos, incluindo dois indianos, confirmando o avanço do continente na Igreja.

Entre as nomeações mais notáveis está a do americano Robert McElroy, arcebispo de San Diego, na Califórnia, considerado um progressista por suas posições sobre os católicos homossexuais e o direito ao aborto.

Outra nomeação emblemática é a do missionário italiano Giorgio Marengo, que trabalha na Mongólia. Ele será o cardeal mais jovem do mundo, com apenas 48 anos.

Três futuros cardeais ocupam cargos na Cúria, o governo central da Igreja: o britânico Arthur Roche, o coreano Lazzaro You Heung-sik e o espanhol Fernando Vérgez Alzaga, presidente do governo do Estado da Cidade do Vaticano.

Inicialmente designado, o belga Lucas Van Looy, de 80 anos, arcebispo emérito de Ghent, pediu a dispensa do título devido às críticas de sua gestão ao escândalo de abusos sexuais por integrantes do clero.

De acordo com o rito, os futuros cardeais se ajoelharão diante do papa para receber o barrete vermelho cardinalício, uma cor que lembra o sangue que Cristo derramou na cruz.

Após a cerimônia acontecerá a tradicional "visita de cortesia" ao Vaticano, que permite a aproximação dos moradores de Roma para saudar pessoalmente os novos cardeais.

Maria Beltrão usou a sua conta do Instagram, nesta quarta-feira (24), para mostrar seu encontro com o Papa Francisco. Na rede social, a apresentadora do É de Casa postou uma série de fotos do momento em que conheceu o pontífice. A jornalista aparece entregando uma caixa de brigadeiros na companhia do marido, Luciano Saldanha, e da filha, Ana.

Em entrevista à revista Quem, Beltrão explicou um pouco de como chegou até Francisco. "Me chamaram para ir na Pipoca da Ivete esta semana, mas vou ter a oportunidade de conhecer o Papa Francisco. Era uma coisa que eu já tentava há muito tempo. Consegui com um padre muito amigo. Vou e volto, não vou faltar o É de Casa, não. Só não falei ‘topo’ para Veveta, porque não a trocaria por ninguém, só pelo Papa", disse.

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De acordo com a comunicadora, o desejo de estar com o religioso era antigo: "Isso é um projeto pessoal meu. Sou católica praticante e tenho muitas coisas a agradecer. Tinha o sonho de conhecer o Papa Francisco. Queria ter conhecido o Bento XVI também, mas não tive oportunidade. E tive uma bênção, tinha que ser no dia 24". Maria Beltrão também contou que não segurou as lágrimas. "Chorei por meia hora, [ao saber] que iria ter a oportunidade de cumprimentar o Papa. Achei que só iria vê-lo", afirmou.

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O papa Francisco pediu, nesta quarta-feira (24), ao mundo que "evite o risco de um desastre nuclear" na Ucrânia e reiterou que a "guerra é uma loucura" após seis meses do início da invasão russa a esse país.

"Renovo meu convite a implorar a paz do Senhor para o querido povo ucraniano, que há seis meses sofre o horror da guerra", disse Francisco durante a tradicional audiência geral das quartas-feiras no Vaticano.

Em sua mensagem, pediu "que sejam tomadas medidas concretas para acabar com a guerra e evitar o risco de um desastre nuclear em Zaporizhzhia", insistiu.

"Penso em tanta crueldade, em tantas pessoas inocentes que estão pagando pela loucura, pela loucura de todos os lados, porque a guerra é uma loucura", afirmou.

Vários países expressaram seus temores sobre a possibilidade de um desastre na maior usina nuclear da Europa, ocupada desde o início de março pelo exército russo e alvo de bombardeios recorrentes.

"Penso na pobre menina a quem explodiu uma bomba debaixo do banco de um carro em Moscou. Os inocentes pagam pela guerra, os inocentes!", lamentou o papa, referindo-se à morte de Daria Dugina, jornalista e cientista política de 29 anos, filha do considerado ideólogo do presidente russo Vladimir Putin, Aleksandr Dugin.

O papa também chamou a atenção para os dramas deixados pela guerra e mais uma vez condenou aqueles que vendem armas.

"Penso nas crianças. Tantos mortos e tantos refugiados. Tantos feridos. Tantas crianças ucranianas e russas ficaram órfãs. Os órfãos não têm nacionalidade: perderam um pai ou uma mãe", disse ele.

"Aqueles que lucram com a guerra (...) são criminosos que assassinam a humanidade", sublinhou o papa, que em várias ocasiões condenou a chamada "terceira guerra mundial em pedaços" ao se referir aos inúmeros conflitos e em particular à Síria e ao Iêmen.

O papa Francisco expressou sua "preocupação" neste domingo (21) com as crescentes tensões entre o governo da Nicarágua e a Igreja Católica, dois dias após a prisão do bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, crítico do presidente Daniel Ortega.

“Acompanho de perto com preocupação e dor a situação criada na Nicarágua, que envolve pessoas e instituições”, disse o pontífice após a oração do Angelus.

Francisco expressou sua "convicção e esperança de que, por meio de um diálogo aberto e sincero, ainda possam ser encontradas as bases para uma convivência respeitosa e pacífica".

Segundo um porta-voz do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, o bloco econômico "está acompanhando a situação de perto e com preocupação".

Ele reiterou a posição da UE ao declarar que "os nicaraguenses devem encontrar uma solução pacífica e diplomática para sua crise política, através do diálogo".

Rolando Álvarez, crítico do presidente nicaraguense Daniel Ortega, foi preso na sexta-feira e transferido para a residência de sua família em Manágua, onde permanece privado de liberdade, no mais recente episódio do confronto entre o governo e a Igreja Católica.

A Polícia especificou que tomou a decisão de transferir Álvarez porque ele persistiu em suas atividades "desestabilizadoras e provocativas".

Álvarez, 55 anos, estava sitiado na cúria de Matagalpa pela polícia desde 4 de agosto como parte de uma investigação por "organizar grupos violentos" e incitar "ódio" para "desestabilizar o Estado da Nicarágua".

O bispo denunciou o fechamento pelas autoridades de cinco emissoras católicas e exigiu que o governo de Daniel Ortega respeite a "liberdade" religiosa.

Um membro da Guarda Suíça desmaiou nesta quarta-feira (17) diante do olhar do papa Francisco durante a tradicional audiência geral na sala Paulo VI do Vaticano.

O guarda suíço caiu de repente, de bruços, com sua alabarda e capacete emplumado, observou um fotógrafo da AFP.

Ele foi imediatamente auxiliado pelas pessoas ao seu redor, que o ajudaram a se levantar.

O episódio durou apenas cerca de vinte segundos.

Nas imagens, o papa Francisco, sentado em uma grande poltrona estofada em tecido branco, aparece observando, com olhar preocupado, o jovem guarda em seu colorido uniforme oficial recuperar a consciência.

Após cerca de dois minutos, o tempo que levou para recobrar a consciência, o guarda foi escoltado para fora da sala Paulo VI.

Questionado pela AFP sobre as causas do desmaio e o estado de saúde do guarda suíço, o porta-voz do Vaticano disse que "provavelmente foi uma queda da pressão arterial". "Ele está bem agora", acrescentou.

Para muitos observadores, o famoso uniforme da Guarda Suíça - com listras azuis, amarelas e vermelhas, uma gola plissada de tecido branco brilhante e um capacete de metal leve com penas de avestruz - pode não ser adequado para o calor do verão, apesar de o vasto salão do Vaticano ter ar condicionado.

Segundo o fotógrafo da AFP, o papa Francisco aproximou-se ao final da audiência para falar com um membro da Guarda Suíça, o que não costuma fazer.

A Guarda Suíça é um dos corpos militares que, apesar de sua aparência peculiar, leva muito a sério sua missão, pois se dedica exclusivamente a proteger o papa.

É o menor exército do mundo e também o mais antigo, com mais de 500 anos de história.

Foi criado em 1506 pelo papa Júlio II e ao longo de sua história teve seus altos e baixos e esteve à beira da dissolução em várias ocasiões.

No início de seu pontificado, em 2013, Francisco elogiou "o profissionalismo" da Guarda Suíça do Vaticano.

E, segundo rumores na imprensa, o papa argentino ainda ofereceu uma cadeira e algo para comer ao guarda suíço encarregado de sua proteção noturna em seu apartamento na residência Santa Marta, no Vaticano, onde vive, pois não quis se mudar para o luxuoso apartamento pontifício do palácio apostólico.

As rígidas regras do órgão histórico surpreenderam o papa latino-americano, que convidou o jovem capitão perplexo a descansar depois de descobrir que havia passado a noite inteira em pé.

Como o guarda recusou, argumentando que as regras o impediam, Francisco disse: "Eu sou o papa e peço-lhe que se sente", e depois ofereceu pão e presunto.

O papa Francisco pediu neste domingo (14), durante a oração do Angelus, ajuda internacional para combater a seca "mortal" que assola a Somália e a região do Chifre da África e que causou um milhão de deslocados, segundo a ONU.

O pontífice de 85 anos alertou para a situação de "grave crise humanitária" que existe na Somália, bem como em vários países vizinhos.

"Os habitantes da região, que vivem em condições precárias, estão agora em um momento mortal por causa da seca".

"Espero que a solidariedade internacional possa responder a esta emergência", pediu.

"Infelizmente, a guerra distrai a atenção e os recursos, mas esses são os objetivos que exigem o máximo envolvimento: o combate à fome, saúde, educação".

Mais de 755.000 pessoas foram deslocadas na Somália este ano devido à grave seca no Chifre da África, de acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados e o Conselho Norueguês de Refugiados (NRC).

Com isso, já são mais de um milhão de deslocados desde janeiro de 2021, quando começou a atual seca, a pior em 40 anos.

As últimas quatro temporadas de chuvas desde o fim de 2020 foram insuficientes e atualmente 7,1 milhões de somalis, quase metade da população, passam fome, incluindo 213.000 que enfrentam uma situação muito crítica, segundo a ONU.

A Somália, um país mergulhado na violência, mal tem recursos para lidar com essa situação.

Além disso, rebeldes fundamentalistas islâmicos limitam o acesso de ajuda humanitária a algumas áreas do país.

O Papa Francisco chegou nesta sexta-feira a Nunavut, no Ártico canadense, escala final de sua viagem para pedir perdão pelos abusos contra crianças indígenas ocorridos em internatos da Igreja Católica.

O pontífice, 85, viajou ao vasto território da capital de Nunavut, Iqaluit, que significa "lugar de muitos peixes". Ali, reuniu-se pela primeira vez com sobreviventes de internatos que abrigavam crianças indígenas retiradas de seus pais e obrigadas a abandonar seu idioma e cultura nativos.

Os moradores de Iqaluit, onde pequenas casas se alinham na costa rochosa do oceano, ouviram atentamente as palavras do Papa. "Ele tomou a iniciativa de vir a Nunavut e se desculpar, acho que isso é uma grande coisa", disse à AFP Evie Kunuk, 47, que vivie em Iqaluit, comunidade de pouco mais de 7 mil habitantes. "Esta visita é importante para Iqaluit, porque muitas pessoas daqui foram para os internatos."

"Esta visita está criando um rebuliço", comentou Steve Philippe, 52, morador de Quebec, que viajou até Iqaluit para ver o pontífice e estava entre a multidão que aguardava a sua aparição. A recepção foi "um pouco morna. Talvez as expectativas fossem muito altas, mas acredito que seja um passo na direção correta."

- 'Deveriam estar fazendo mais' -

Desde o fim do século XIX até a década de 1990, o governo do Canadá enviou de maneira forçada cerca de 150 mil crianças indígenas a internatos sob responsabilidade da Igreja Católica. Muitas sofreram abusos físicos e sexuais e acredita-se que milhares morreram de desnutrição, doenças, maus tratos e negligência.

Ao iniciar sua visita ao Canadá na última segunda-feira, o Papa pediu publicamente desculpas pelos abusos. Muitos sobreviventes disseram que esse pedido de perdão foi alentador, mas para outros foi apenas o começo de um processo de cura e reconciliação.

"Deveriam estar fazendo mais com orientação, centros de bem-estar, de recuperação", disse a moradora de Iqaluit, Israel Mablick, de 43 anos e sobrevivente de uma dessas escolas.

Outros afirmaram que o Papa não mencionou expressamente os abusos sexuais contra crianças das Primeiras Nações, inuits e métis e em Iqaluit vários advertiram o mesmo.

Francisco não "reconheceu o papel institucional da Igreja Católica Romana na proteção dos abusadores", disse Kilikvak Kabloona, diretora de uma organização inuit em Nunavut.

"Essa proteção permite que cresça a violência sexual e esperamos uma desculpa pelos abusos sexuais", disse.

Espera-se também que seja solicitado ao papa que se ocupe do caso do sacerdote fugitivo francês Johannes Rivoire, de 93 anos, acusado de abusar de crianças inuits em Nunavut, antes de ir para a França.

Este ano, a polícia do Canadá emitiu uma nova ordem de prisão contra ele e uma delegação da comunidade inuit pediu a Francisco que intervenha. "O Papa é o líder da Igreja Católica e pode pedir que Rivoire responda às acusações", disse Kasbloona.

O líder espiritual de 1,3 bilhões de fiéis começou na segunda-feira sua viagem de seis dias no oeste do Canadá, locomovendo-se principalmente de cadeira de rodas, devido a problemas em seu joelho direito.

No começo desta sexta-feira, o Papa discursou na cidade de Quebec para uma delegação de povos indígenas, a quem disse que voltaria "para casa muito enriquecido". "Também me sinto parte de vossa família."

O papa Francisco pediu perdão, nesta segunda-feira (25), "pelo mal que tantos cristãos cometeram contra os povos indígenas" do Canadá, no primeiro dia de uma visita centrada em abordar décadas de abusos cometidos em instituições católicas.

O arrependimento do líder religioso foi recebido com aplausos por uma multidão de nativos de grupos como Primeiras Nações, Metis e Inuit, reunidos em Maskwacis, onde crianças indígenas foram retiradas de suas famílias e submetidas ao que é considerado um "genocídio cultural".

"Peço perdão pela maneira como muitos membros da Igreja e das comunidades religiosas cooperaram, também por meio da indiferença, com esses projetos de destruição cultural e assimilação forçada", declarou o pontífice argentino, de 85 anos, que leu sentado sua mensagem.

"As políticas de assimilação e desvinculação, que também incluíam o sistema de escolas residenciais, foram nefastas para os povos dessas terras", reconheceu.

A emoção dos presentes era palpável durante seu discurso em Maskwacis, província de Alberta, cerca de cem quilômetros ao sul de Edmonton, onde se encontra o antigo internato de Ermineskin, um dos maiores do Canadá, em atividade de 1895 a 1975.

Centenas de pessoas, muitas vestidas com trajes tradicionais, se juntaram ao primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e Mary Simon, a primeira governadora-geral indígena do país, no ato. As lideranças indígenas apresentaram e colocaram no papa um tradicional cocar de penas.

"O lugar onde nos encontramos ecoa um grito de dor, um clamor sufocado que me acompanhou durante esses meses", disse Francisco, mencionando os "abusos físicos, psicológicos e espirituais" sofridos pelas crianças.

Vários conselheiros estiveram no local para dar apoio emocional. Pouco antes, voluntários distribuíram pequenos sacos de papel para "recolher as lágrimas".

- Lágrimas de amor -

"As Primeiras Nações acreditam que se chorar, você chora amor, você guarda as lágrimas em um pedaço de papel e as coloca de volta nesta bolsa", explicou Andre Carrier, da Federação Manitoba Metis Federation, antes do discurso do papa.

Os voluntários recolherão as bolsas e depois as queimarão com uma oração especial "para devolver as lágrimas de amor ao Criador", disse.

Desde o final do século XIX até a década de 1990, o governo do Canadá enviou em torno de 150.000 crianças para 139 internatos dirigidos pela Igreja, as separando de suas famílias, língua e cultura. Muitos alunos sofreram abusos físicos e sexuais por diretores e professores.

Acredita-se que esse sistema de assimilação cultural causou a morte de ao menos 6.000 menores por doenças, desnutrição, negligência ou abusos.

Uma delegação de indígenas viajou para o Vaticano em abril e se reuniu com o papa, que se desculpou formalmente por esse passado.

Mas pedir perdão em solo canadense tem um significado enorme para os sobreviventes e suas famílias, para quem a terra de seus ancestrais é de particular importância.

O argentino visitará também a igreja do Sagrado Coração dos Primeiros Povos de Edmonton, onde pronunciará um segundo discurso para as comunidades indígenas.

Para choque do Canadá e reconhecimento de um passado sombrio, mais de 1.300 sepulturas sem identificação foram descobertas nos locais dos antigos internatos desde maio de 2021.

O governo canadense, que indenizou ex-alunos com milhões de dólares, desculpou-se oficialmente há 14 anos por ter criado essas escolas para "matar o indígena no coração da criança".

Depois do governo, a Igreja Anglicana também pediu desculpas. Já a Igreja Católica, encarregada de mais de 60% destas escolas, recusou-se a fazer o mesmo inicialmente.

- Viagem de cura -

O Canadá está lentamente abrindo os olhos para esse passado descrito como "genocídio cultural" por uma comissão nacional de inquérito.

Esperada por muito tempo, a visita papal, que se estenderá por seis dias, gera esperança entre alguns sobreviventes e suas famílias. Muitos também esperam gestos simbólicos, como a restituição de objetos de arte indígenas mantidos no Vaticano por décadas.

Na terça-feira, o papa celebrará uma missa no estádio Commonwealth de Edmonton onde cerca de 65.000 pessoas são esperadas, antes de seguir para o lago Sainte-Anne, local de uma importante peregrinação anual. Na quarta-feira, o pontífice visitará Quebec antes da última etapa da viagem, na sexta-feira em Iqaluit (Nunavut), cidade do norte canadense, no arquipélago ártico.

Enfraquecido por dores nos joelhos, o jesuíta argentino apareceu em uma cadeira de rodas durante sua chegada a Edmonton, no domingo. Sua agenda foi acomodada para evitar grandes viagens devido ao seu estado de saúde, segundo os organizadores.

O papa Francisco chegou ao Canadá neste domingo (24) para uma "peregrinação penitencial", durante a qual pedirá perdão aos sobreviventes indígenas de abusos cometidos em internatos administrados pela Igreja Católica.

O pontífice argentino, de 85 anos, aterrissou em Edmonton, no oeste do Canadá, iniciando a primeira das três etapas de sua viagem. Ao descer do avião, foi recebido pelo primeiro-ministro Justin Trudeau e pela pela inuit Mary Simon, representante da rainha Elizabeth II.

Depois, visitará Quebec e Iqlauit, a capital do território de Nunavut, cidade do norte do país, sobre o arquipélago ártico, antes de retornar ao Vaticano na sexta-feira.

Antes de sua partida em Roma, o papa enviou uma mensagem no Twitter para seus "queridos irmãos e irmãs no Canadá".

"Venho entre vocês para me encontrar com os povos indígenas. Espero que, com a graça de Deus, minha peregrinação penitencial possa contribuir para o caminho de reconciliação já iniciado. Por favor, acompanhem-me com a oração", escreveu.

No avião, o papa insistiu aos jornalistas sobre o caráter penitencial de sua visita, dedicada principalmente às populações indígenas ameríndias que hoje representam 5% dos habitantes do Canadá e que se identificam em três grupos: Primeiras Nações, Métis e Inuit.

Estes últimos foram submetidos durante décadas a uma política de assimilação forçada, fundamentalmente através de um sistema de internatos para crianças, subsidiado pelo Estado, mas administrado principalmente pela Igreja.

Cerca de 150.000 crianças desses grupos foram matriculadas desde o final do século XIX até a década de 1990 em 139 escolas residenciais, onde passaram meses ou anos isoladas de suas famílias, idioma e cultura. Muitos deles foram abusados física e sexualmente por diretores e professores e até 6.000 morreram de doenças, desnutrição ou negligência.

O Canadá está lentamente abrindo os olhos para esse passado descrito como "genocídio cultural" por uma comissão nacional de investigação.

- "Tarde demais" -

"Esta visita histórica é uma parte importante da jornada de cura", mas "muito ainda precisa ser feito", disse George Arcand Jr., grande chefe da Confederação das Primeiras Nações do Tratado 6, na quinta-feira em Edmonton.

O pontífice argentino, que pretende reiterar as desculpas apresentadas em Roma às delegações canadenses que o visitaram em abril, também poderia fazer alguns gestos simbólicos, como a devolução de objetos de arte indígena preservados no Vaticano há décadas.

Na manhã deste domingo, a cidade de Edmonton se preparava para receber Francisco, que teve que usar uma plataforma elevatória para embarcar em seu avião em cadeira de rodas no sábado. Com mais de dez horas de voo, é a viagem mais longa realizada pelo papa desde 2019.

Com mais de dez horas de voo, trata-se da viagem mais longa realizada pelo papa desde 2019.

Após um dia de descanso no domingo, na segunda-feira (25) de manhã Francisco se reunirá pela primeira vez com membros dos povos indígenas em Maskwacis, província de Alberta, cerca de 100 quilômetros ao sul de Edmonton, onde são esperadas até 15 mil pessoas.

Alberta foi a província com o maior número de internatos.

"Eu gostaria que viesse muita gente" para "perceberem que nada é inventado", disse à AFP Charlotte Roan, de 44 años, habitante desta pobre comunidade.

Outras pessoas não veem essa visita com bons olhos. "Para mim é tarde demais porque muita gente já sofreu", lamenta Linda McGilvery, moradora da periferia de Saint-Paul aos 68 anos. Ela passou oito anos da sua infância em um internato.

"Perdi muito da minha cultura, da minha ascendência", lamenta outra mulher, da Nação Saddle Lake Cree, que não verá o papa.

Na tarde de segunda, o líder espiritual de 1,3 bilhão de católicos está programado para um segundo discurso na Igreja do Sagrado Coração dos Primeiros Povos em Edmonton.

Já na terça-feira (26), celebrará uma missa em um estádio de Edmonton com a expectativa de 65.000 pessoas. Logo após, seguirá ao lago Sainte-Anne, local de uma importante peregrinação anual, a qual se reunirá com ex-alunos da escola residencial, antes de seu retorno para Roma.

Depois de João Paulo II, o papa Francisco é o segundo a visitar o Canadá. No total, serão quatro discursos e quatro homilias, todas em espanhol.

O Papa Francisco partiu para o Canadá neste domingo (24)para uma visita de seis dias durante a qual se espera que ele peça desculpas aos sobreviventes indígenas de abusos em escolas residenciais administradas pela Igreja Católica.

O avião do Papa decolou de Roma pouco depois das 09h00 hora local (04h00 no horário de Brasília). Em uma cadeira de rodas, o pontífice argentino de 85 anos, que sofre com o joelho direito, teve que usar uma plataforma elevatória para embarcar, segundo um jornalista da AFP que o acompanha.

A "peregrinação penitencial", como o pontífice a descreveu, é vista como um passo importante para enfrentar o escândalo global de abuso sexual infantil por parte do clero e décadas de encobrimento.

Antes de sua partida, o papa enviou uma mensagem no Twitter em inglês e francês para seus "queridos irmãos e irmãs no Canadá".

“Venho entre vocês para me encontrar com os povos indígenas. Espero que, com a graça de Deus, minha peregrinação penitencial possa contribuir para o caminho de reconciliação já iniciado. Por favor, acompanhe-me com a oração”, escreveu.

Francisco começará sua 37ª viagem internacional desde que se tornou pontífice em Edmonton, na província ocidental de Alberta, antes de seguir para a cidade de Quebec e depois para Iqaluit, cidade mais ao norte do país.

O pontífice pretende reiterar as desculpas feitas às delegações canadenses que visitaram o Vaticano em abril. É importante para as comunidades indígenas que o pedido de perdão seja feito em solo canadense, pois a terra de seus ancestrais é de particular importância para eles.

A descoberta, desde o ano passado, de centenas de restos mortais de crianças indígenas em sepulturas sem identificação no local das escolas públicas administradas pela Igreja Católica forçou o Canadá a enfrentar sua política fracassada de assimilação forçada.

Da mesma forma, destacou o papel da igreja no que uma comissão nacional de verdade e reconciliação chamou de "genocídio cultural".

Cerca de 150.000 crianças das Primeiras Nações, Metis e Inuit foram matriculadas desde o final do século XIX até a década de 1990 em 139 escolas residenciais, onde passaram meses ou anos isoladas de suas famílias, idioma e cultura. Muitos deles foram abusados física e sexualmente por diretores e professores. Acredita-se que milhares morreram de doenças, desnutrição ou negligência.

Em maio de 2021, mais de 1.300 sepulturas não marcadas foram descobertas nos locais das antigas escolas.

Francisco começa sua peregrinação na segunda-feira com uma parada na cidade de Maskwacis, cerca de 100 quilômetros ao sul de Edmonton, que abriga uma das maiores escolas residenciais do Canadá.

Uma multidão esperada de cerca de 15.000 pessoas, incluindo ex-alunos de todo o país, assistirá ao seu discurso.

O papa Francisco lamentou as "guerras selvagens" que afetam vários países do mundo e reconheceu que seu pontificado está marcado desde o início, há quase 10 anos, por este drama social e humano.

"Não apenas existem guerras, mas são selvagens. Há guerras de destruição e guerra entre humanos. É que nós perdemos a consciência da guerra", afirmou Francisco em uma longa entrevista em espanhol, divulgada nesta terça-feira, para as jornalistas mexicanas María Antonieta Collins e Valentina Alazraki, do canal de streaming ViX.

"Há alguns anos eu digo que estamos vivendo a Terceira Guerra Mundial em pequenos pedaços, em capítulos (...) Comecei o pontificado com a guerra na Síria, com uma praça lotada rezando para que acabasse", lembra o papa argentino, de 85 anos, ao fazer um balanço de seus anos no trono de Pedro desde sua eleição, em março de 2013.

Na entrevista, Francisco fala da guerra no Iêmen, da "carnificina social" em Ruanda, da "guerra que nos tocou de perto" como a da Ucrânia e também do sofrimento das mães dos 30.000 "garotos" que morreram no desembarque nas praias da Normandia, em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial.

"E a humanidade segue fabricando armas", destacou o primeiro papa latino-americano da história, apesar de o "uso e posse de armas nucleares ser imoral" para a Igreja.

"Não podemos brincar com a morte à mão", disse.

Com tom simples, Francisco também falou sobre os escândalos de abusos de menores de idade que abalaram a Igreja, aborto, migração, a reforma da cúria, seu estado de saúde e também sobre os boatos a respeito de sua possível renúncia por problemas de saúde.

"Se vejo que não posso (continuar) ou provoco dano ou sou um estorvo, espero a ajuda para tomar a decisão de me aposentar" e, quando esse dia chegar, ele disse que prefere ser considerado um "simples bispo emérito de Roma" e não "papa emérito", como explicou seu antecessor Bento XVI.

"Se sobreviver após a renúncia, gostaria de fazer algo do tipo: confessar e visitar os doentes", admitiu.

Ele contou que o "joelho dói um pouco", que se sente um pouco "diminuído" porque teve que usar cadeira de rodas e bengala, mas que com os tratamentos "consegue caminhar".

"Não tenho intenção nenhuma de renunciar. No momento, não", concluiu.

O cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e um "grande amigo" do papa, que lhe inspirou a escolha do nome Francisco, faleceu nesta segunda-feira (4) aos 87 anos, anunciou a Arquidiocese de São Paulo.

"Comunico, com grande pesar, o falecimento do Eminentíssimo Cardeal Cláudio Hummes, (...) no dia de hoje, após prolongada enfermidade, que suportou com paciência e fé em Deus", anunciou em comunicado o arcebispo Odilo Scherer.

O velório acontecerá na Catedral Metropolitana de São Paulo, em horário a ser divulgado.

Em março de 2013, logo após sua eleição, o papa explicou durante um encontro com jornalistas como o cardeal Hummes o inspirou a escolher o nome Francisco.

O brasileiro era então apontado como um dos favoritos para suceder Bento XVI.

"Durante a eleição, eu estava ao lado do arcebispo de São Paulo Cláudio Hummes, um grande amigo (...) Quando as coisas ficaram perigosas, ele me confortou. Quando os votos alcançaram dois terços, ele me abraçou, me beijou e disse: 'E não te esqueças dos pobres!'", revelou o papa.

"Imediatamente, em relação aos pobres, pensei em Francisco de Assis, nas guerras (...) o homem da pobreza, o homem da paz".

Nascido em Salvador do Sul, uma pequena cidade no sul do Brasil, o cardeal Hummes foi ordenado padre em 1958, depois bispo em 1975.

Cardeal desde 2001, foi prefeito da Congregação para o Clero no Vaticano, com Bento XVI.

Em setembro de 2019, o Cardeal Hummes desempenhou um papel de liderança durante o Sínodo sobre a Amazônia, do qual foi relator.

Este sínodo ocorreu em um momento particularmente tenso no Brasil, com muitas críticas da comunidade internacional ao governo do presidente Jair Bolsonaro, diante do ressurgimento dos incêndios florestais na Amazônia.

O papa Francisco desmentiu os rumores sobre a possibilidade de renunciar ao cargo devido aos problemas de saúde e afirmou que em breve poderia visitar a Ucrânia e a Rússia, em uma entrevista divulgada nesta segunda-feira (4).

"Nunca passou pela minha cabeça. No momento não, no momento não. Realmente!", declarou o pontífice a respeito da renúncia durante uma entrevista concedida à agência de notícias Reuters no sábado em sua residência no Vaticano.

Nas últimas semanas, as fortes dores no joelho direito obrigaram o papa a adiar uma viagem ao continente africano, prevista para o início de julho, o que aumentou as especulações sobre uma possível renúncia, como fez seu antecessor Bento XVI em 2013, alegando falta de forças para desempenhar a função.

Francisco reiterou que renunciaria se a saúde o impedisse um dia de liderar a Igreja.

Questionado exatamente sobre isto, o pontífice respondeu: "Não sabemos. Deus vai dizer".

O pontífice argentino explicou que sofreu uma "pequena fratura" no joelho, que foi tratada com laser e terapia magnética.

O chefe da Igreja Católica também negou os boatos de que um câncer foi diagnosticado durante a operação para remover parte do cólon em julho de 2021 e denunciou o que chamou de "fofocas".

O papa disse ainda que é "possível" que viaje à Ucrânia "após o retorno do Canadá", previsto para o fim de julho.

"Eu gostaria de ir para a Rússia primeiro para tentar ajudar de uma forma ou outra, mas gostaria de ir às duas capitais, ou seja Kiev e Moscou".

O arcebispo de Recife e Olinda, Dom Fernando Antônio Saburido, fez aniversário de 75 anos nesta sexta-feira (10) e anunciou que vai deixar o posto de representante metropolitano da Igreja Católica. Ele explicou que a decisão foi baseada no preceito de idade máxima para o cargo, como determina pelo Direito Canônico.

No anúncio feito pelo religioso, ele informou que sua renúncia foi apresentada ao Papa Francisco em uma carta enviada ao Vaticano. “Conforme prescreve o código de direito canônico, o bispo que completa essa idade precisa renuncia ao cargo que ele vinha exercendo na diocese. Diante disso, eu devo hoje cumprir aquilo que o Direito Canônico determina", esclareceu.

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Uma missa de ação de graças pelo aniversário será celebrada às 19h30, na Catedral do Santíssimo Salvador, no Alto da Sé, em Olinda.

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Natural do Cabo de Santo Agostinho, Dom Fernando foi empossado arcebispo de Recife e Olinda em agosto de 2009, após uma vida dedicada ao catolicismo. Ele ainda não tem previsão para deixar o cargo, pois aguarda o aceite do Papa Francisco e a posse do seu sucessor, quando passa a se tornar arcebispo emérito.

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