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Temas como oposição à criação de crianças por casais gays e fim da demarcação de terras indígenas também são desaprovados pelos brasileiros, mostra levantamento encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Raps, mas aborto é exceção: quase 42% querem veto total.

A pauta conservadora, quase toda identificada com o bolsonarismo - como a defesa das armas e a oposição às cotas raciais, à criação de crianças por casais gays e à demarcação das terras indígenas - é amplamente rejeitada pela população. É o que mostra pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade) por meio do Datafolha.

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A exceção é o aborto: 41,8% acreditam que a interrupção da gravidez deveria ser totalmente proibida, ao contrário do que já prevê a lei brasileira. Hoje, o aborto é permitido em casos de estupro, anencefalia e risco de vida para a mãe.

A propensão de apoio à agenda dos direitos civis, humanos e sociais mostrou, por exemplo, que 82,2% dos brasileiros concordam totalmente ou simplesmente concordam com a ideia de que o Congresso Nacional deveria ter a mesma quantidade de homens e mulheres. Apenas 7,9% da população discorda total ou parcialmente da ideia de representação paritária de gênero entre deputados e senadores.

Mas não foi só. A imensa maioria dos brasileiros afirmou haver racismo no País (83,4%) e somente 11,3% dos entrevistados negaram essa realidade. Outra maioria (64,7%) se formou para defender a ideia de que um casal homossexual (com dois homens ou com duas mulheres) pode criar filhos tão bem quanto um casal tradicional, formado por um homem e por uma mulher.

Entre diversos tópicos apenas uma das chamadas pautas conservadoras encontrou apoio majoritário: a proibição do aborto em qualquer situação tem o aval de quase 42% da população ante a rejeição de 36,2%. Além dessa, somente uma outra questão dividiu a população: os efeitos da reforma trabalhista feita no governo de Michel Temer (MDB). Ao todo, 39,7% dos entrevistados discordaram que as mudanças trouxeram mais empregos ante a concordância de 37,4%.

Cotas raciais

A pesquisa mostra ainda que 67,8% apoiam a adoção de cotas raciais nas universidades e no serviço público para a redução da desigualdade entre brancos e negros no Brasil, assim como 87,7% da população considera justo que uma pessoa muito pobre receba o Auxílio Brasil ou o Bolsa Família - esse número cresce para 92,1% quando se trata de ajudar quem está passando fome.

Outra pauta cara ao bolsonarismo rejeitada pela população é a ideia de que a sociedade brasileira seria mais segura se as pessoas andassem armadas para se proteger da violência. Apenas 18,2% da população apoia essa proposta ante 66,4% que a rejeitam. Ainda na área da Segurança Pública, 67,6% afirmaram que melhorar as condições das prisões brasileiras é fundamental para reduzir o poder das facções criminosas nos presídios (19,2% discordam).

Mais um tema bolsonarista rejeitado pela população está ligado às terras indígenas. Desde que assumiu, o presidente paralisou a demarcação de novas reservas. A pesquisa mostra que, ao todo, 82% da população concorda que os povos indígenas devem ter suas terras demarcadas.

O apoio à imprensa também é grande na população. A pesquisa registrou que 75,9% acreditam que a liberdade de imprensa contribui para uma sociedade democrática, justa e transparente. Mesmo com esse apoio, o Brasil registrou piora na situação de trabalho dos jornalistas. Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), entre janeiro de 2022 e abril de 2022, foram identificados 151 episódios de agressão física e verbal ou outras formas de cercear o trabalho jornalístico, como processos judiciais, assassinatos, assédio sexual e uso abusivo do poder estatal. Trata-se de um aumento de 26,9% considerando o mesmo período do ano passado.

No discurso desta terça-feira (22) o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo "pela liberdade religiosa" e pelo combate do que chamou de "cristofobia". Para especialistas ouvidos pelo Estadão, porém, a fala do mandatário foi na contramão do que seria um discurso pela liberdade religiosa. "Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia", afirmou o presidente. Ao fim do discurso, ainda disse que "o Brasil é um país cristão e conservador".

A cristofobia é entendida como a aversão ou perseguição às religiões cristãs. Segundo o advogado Eliennay Gomes Alves, que preside a comissão de Liberdade Religiosa da OAB no Ceará (OAB-CE), o presidente poderia ter feito um chamado ao combate à intolerância religiosa como um todo. O advogado avalia ainda que, ao dizer que o Brasil é cristão, Bolsonaro ignora o restante da nação. "O País é laico. As palavras dele (Bolsonaro) não condizem com a realidade da nossa nação, sobretudo porque sabemos que os casos de intolerância, em sua maioria, não se dão em face dos cristãos, mas sim com as religiões de matriz africana", afirmou.

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Professor de Filosofia Política na FAAP e doutor em ciências da religião, Luiz Bueno segue o mesmo entendimento. "Uma vez que o presidente demarca um campo religioso no seu discurso, é como se ele excluísse os demais cidadãos que não estão incluídos naquela definição", afirma. Para Bueno, a fala de Bolsonaro foi um aceno à sua base eleitoral. "Tem muito mais um efeito retórico que prático", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta terça-feira (22), em discurso gravado e exibido na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, que a "paz não pode estar dissociada da segurança". O chefe do Executivo reafirmou o compromisso brasileiro com os ideias da ONU, em especial a preservação dos direitos humanos. "Como um membro fundador da ONU, o Brasil está comprometido com os princípios basilares da Carta das Nações Unidas: paz e segurança internacional, cooperação entre as nações, respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais de todos", afirmou.

Para Bolsonaro, a liberdade é o "maior bem da humanidade" e o terrorismo deve ser repudiado. "A cooperação entre os povos não pode estar dissociada da liberdade. O Brasil tem os princípios da paz, cooperação e prevalência dos direitos humanos inscritos em sua própria Constituição, e tradicionalmente contribui, na prática, para a consecução desses objetivos."

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Reforçando a pauta conservadora do seu governo, Bolsonaro afirmou, no final do pronunciamento, que "o Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base", além de fazer um apelo em defesa da religião cristã. "Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia", disse.

Oriente Médio

Bolsonaro afirmou que vê um momento propício a "abertura de novos horizontes, muito mais otimistas para o futuro do Oriente Médio". "Os acordos de paz entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, e entre Israel e o Bahrein, três países amigos do Brasil, com os quais ampliamos imensamente nossas relações durante o meu governo, constitui excelente notícia", declarou.

Como já fez antes, o mandatário elogiou o "Plano de Paz e Prosperidade" lançado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo Bolsonaro, o plano tem "uma visão promissora para, após mais de sete décadas de esforços, retomar o caminho da tão desejada solução do conflito israelense-palestino".

"A nova política do Brasil de aproximação simultânea a Israel e aos países árabes converge com essas iniciativas, que finalmente acendem uma luz de esperança para aquela região", acrescentou.

O presidente destacou ainda a atuação humanitária brasileira na Operação Acolhida, que recebe venezuelanos na fronteira com o Brasil em Roraima, e prestou solidariedade ao povo libanês. "Também quero reafirmar minha solidariedade e apoio ao povo do Líbano pelas recentes adversidades sofridas."

De passagem por Pernambuco nesta sexta-feira (13), a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou ao LeiaJá que a "ideologia de gênero" violenta as crianças comprovada por médicos. Após cumprir agenda em Jaboatão dos Guararapes, cidade da Região Metropolitana do Recife (RMR), Damares reforçou ser contra a pauta.

Contudo, não há na medicina ou no mundo acadêmico qualquer referência ou conceituação sobre o que seria ideologia de gênero. 

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"A ideologia de gênero é uma violência contra a criança. Isso já está comprovado, os médicos estão dizendo, não somos mais nós que falamos", argumentou, ao ser indagada se poderia adotar como ação do ministério a propagação de cartilhas que combatam a ideologia de gênero como, por exemplo, prometeu fazer a deputada de Pernambuco, Clarissa Tércio (PSC), que anunciou a compra de 10 mil livros "Macho Nasce Macho, Fêmea Nasce Fêmea – Desmascarando a Falácia da Ideologia de Gênero", do filósofo Isaac Silva, em reação aos livros da Marvel vendidos na Bienal do Livro no Rio de Janeiro na última semana.

Além disso, a ministra falou sobre a ampliação das pautas conservadoras no país, com o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e pontuou que conservadorismo "não é censura". 

"Tudo que é para proteger criança, mulher e idoso estamos defendendo. As pessoas acham que pauta conservadora é censura, mas não é. Pauta conservadora é dizer não a erotização das crianças, a ideologia de gênero, não à violência contra a mulher, dizer não ao mercado de corpo de mulheres. Isso é pauta conservadora. É proteção de família, de criança e de idosos", declarou. 

Na manhã desta sexta, Damares Alves esteve em Jaboatão dos Guararapes para firmar uma parceria com a prefeitura local. A cidade, de acordo com a ministra, será piloto do Nordeste na implantação dos programas “Qualifica”, para a capacitação de mulheres, e “Salve Uma Mulher”, voltado para profissionais da área da beleza. As iniciativas visam o combate à violência contra o gênero. 

A agenda dela no Estado segue até o fim da tarde. A auxiliar de Jair Bolsonaro visita também o Centro de Referência Clarice Lispector, no bairro de Santo Amaro, no Recife. Já às 14h, vai participar de um debate sobre boas práticas de prevenção à violência contra a mulher, no Recife Praia Hotel, no bairro do Pina, Zona Sul da capital pernambucana.

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