Um grande número de estrelas internacionais, mais de 700.000 espectadores em sete dias de festival: o Rock in Rio começa nesta sexta-feira (26) com atrações como Drake e Iron Maiden e atos sociais a favor da preservação da Amazônia.
Este megaevento musical, que reunirá um público especialmente jovem de todo o Brasil no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, ganha nova dimensão com o governo do presidente Jair Bolsonaro, um cético das mudanças climáticas, acusado de machismo, racismo e homofobia.
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Em sua oitava edição no Brasil - a vigésima se contados os eventos organizados em Portugal, Espanha e Estados Unidos -, o festival nascido em 1985 reafirma mais do que nunca o desejo de trabalhar por "um mundo melhor", seu slogan desde 2001.
"O tema da sustentabilidade dentro do Rock in Rio tem um olhar muito mais amplo que o meio ambiente. Tem a ver com o propósito do Rock in Rio, que é 'um mundo melhor', dar voz a uma juventude que queria voz há muito tempo", explica Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio e filha do fundador do festival, que acontece de 27 a 29 de setembro e de 3 a 6 de outubro.
Para que toda a juventude se sinta representada, a programação é mais eclética, com dias dedicados ao Hip Hop (Drake), ao Pop (Pink), ao Rock (Foo Fighters, Muse), e também ao heavy metal (Iron Maiden).
Para além das estrelas no cenário principal, outros shows oferecem duetos especialmente criados para a ocasião, como o do cantor britânico Seal com a brasileira Xênia França, ou a dupla franco-cubana Ibeyi com o rapper Emicida.
"Tocar no Rock in Rio é sempre bestial", afirma Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura e expoente do heavy metal nacional, que tocou em quase todas as edições desde 1991.
"Fui em 1985 para ver o Ozzy Osbourne naquele dia sensacional, 19 de janeiro, e agora a gente está revivendo um pouco esse dia com o Iron Maiden de volta, o Scorpions", desabafa em declarações à AFP.
Em 4 de outubro, o Sepultura vai apresentar uma música inédita do novo álbum que lançará em fevereiro.
- Guitarras autografadas para reflorestar a Amazônia -
No palco, Andreas Kisser usará uma guitarra com as cores do arco-íris, uma mensagem de tolerância à comunidade LGBT, que se sente maltratada por Bolsonaro.
"Tudo que remete ao respeito às diferenças é válido. As pessoas precisam entender outras formas de vida, de amor, de construir família. Outras formas de ser cidadão", diz.
Para ele, a intolerância voltou "porque temos um presidente que endossa esse tipo de discurso, que infelizmente mostra pouca educação, pouco respeito".
Sobre a Amazônia, tema dominante com o aumento das queimadas, o guitarrista lembra que o Sepultura denuncia o desmatamento desde os anos 1990, com os álbuns "Chaos AD" (1993) e "Roots" (1996).
"O Brasil sempre foi esse caos na questão ambiental (...) São tantas conquistas que a gente teve nesses últimos anos e que a gente está jogando no lixo, literalmente no lixo errado", conclui.
Durante o Rock in Rio, os organizadores garantem que as lixeiras estarão menos cheias de artigos não recicláveis, com "fortes restrições impostas aos fornecedores", explica Medina, que promete que "100% dos rejeitos serão reciclados ou reutilizados".
O espaço que abrigou os Jogos Olímpicos de 2016 vai virar um verdadeiro parque de diversões, com montanha russa e tirolesa, mas também contará com instalações para fomentar o desenvolvimento sustentável.
A principal delas, montada no velódromo olímpico e denominada "Nave: nosso futuro é agora", vai oferecer aos espectadores "uma experiência sensorial" com 5.000 metros quadrados de projeções que buscarão transmitir a mensagem de que "cada um pode transformar o futuro a partir de agora".
Várias guitarras autografadas e outros artigos de músicos que tocaram no festival serão leiloados para financiar um projeto de reflorestamento na Amazônia, que desde 2016 já resultou no replantio de três milhões de árvores.