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Para os produtores, a queda no preço internacional de produtos agrícolas trouxe um risco financeiro. A conta para produzir simplesmente não fecha. Os custos subiram e a valorização do dólar não está sendo suficiente para equilibrar as receitas. No Norte Araguaia, em Mato Grosso, uma das novas fronteiras agrícolas do País, os armazéns estão abarrotados de milho. Amanhã, os produtores começam o plantio da soja sem saber se vão conseguir pagar o custo da safra que estão plantando. A maioria está à espera de alguma notícia de quebra de safra que possa alterar a trajetória dos preços.

O Norte Araguaia, região distante e de difícil acesso, recebeu dezenas de agricultores nos últimos três anos, que investiram pesado para abrir 430 mil hectares de plantação. Se em anos anteriores, até setembro, quase metade da produção de soja já estava vendida, neste ano sequer 10% foram comercializados.

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Por ser uma região nova no plantio, os custos de produção são maiores. Incluem o investimento inicial com máquinas e terras. A queda nos preços agrícolas é especialmente nociva para quem recorreu a financiamentos e tem parcelas do crédito vencendo nos próximos meses. Os grandes produtores, que normalmente usam recursos próprios, conseguem minimizar as perdas. Os pequenos, no entanto, não têm alternativas para contornar o baque de uma safra frustrada.

Segundo Paulo Borges, que tem uma fazenda na região, um produtor de soja pode ter até 20% de retorno no negócio em um período de dez anos, mesmo que tenha perdas em alguns anos. "Este é o negócio com a menor barreira de entrada que existe. Qualquer um pode comprar terras e começar a plantar", diz Borges. Qualquer um, porém, é modo de dizer. Para plantar em 500 hectares, considerado uma pequena propriedade no Mato Grosso, é preciso ter pelo menos R$ 2 milhões.

Com tanto dinheiro aplicado nos últimos anos, a expectativa para a nova safra não é das melhores e o clima entre os agricultores da região é de apreensão. Os produtores dos Estados Unidos começaram a colher seus grãos e devem registrar uma supersafra. Isso tem feito os preços na Bolsa de Chicago, que balizam toda a venda de soja no mundo, despencarem. A cotação do bushel (unidade de medida dos grãos no mercado americano) chegou nesta semana a US$ 10, o menor patamar dos últimos quatro anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os preços do café, da soja, dos bovinos e da carne já processada pressionaram a inflação do atacado em agosto, contribuindo para que o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) voltasse a registrar alta após uma sequência de três deflações. O índice subiu 0,06%, contra queda de 0,55% em julho, informou nesta sexta-feira, 05, a Fundação Getulio Vargas (FGV).

As principais acelerações ocorreram no estágio das matérias-primas brutas, que passou de -2,84% em julho para +0,08% em agosto. Os destaques foram a soja (-5,60% para 0,26%), o café (-0,62% para 12,04%) e os bovinos (-0,54% para 1,46%). O milho em grão segue ficando mais barato entre os produtores, mas em ritmo menor (-10,05% para -1,76%), também ajudando na aceleração.

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Por outro lado, ainda houve itens que perderam força, como foi o caso de trigo (-9,91% para -11,47%), aves (0,53% para -0,45%), leite in natura (0,90% para 0,52%) e pedra britada (0,46% para -0,80%).

Já entre os bens finais, ainda houve queda de 0,03% em agosto, mas menos intensa do que o recuo de 0,62% registrado um mês antes. O principal responsável por este movimento foi o subgrupo alimentos processados, cuja taxa passou de -0,31% para 1,23%. Segundo a FGV, a carne bovina teve forte aceleração, de 0,04% para 5,24% no período.

Nos bens intermediários, houve relativa estabilidade nos preços (0,10% para 0,08%). Ainda assim, houve recuo no subgrupo materiais e componentes para a manufatura, cuja taxa de variação passou de 0,02% para -0,28%. O IGP-DI é calculado a partir de preços coletados entre os dias 1º e 31 de agosto.

Os cultivos de soja, mandioca e arroz foram os destaques do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário no segundo trimestre de 2014 em relação a igual período do ano passado. A atividade ficou estável no período (0,0%), mas as três culturas registraram aumentos na quantidade produzida, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No caso da soja, houve expansão de 6,0% no volume de produção em relação ao segundo trimestre do ano passado. Também avançaram mandioca (10,4%) e arroz (4,4%). Por outro lado, tiveram reduções o milho (-4,4%) e café (-6,5%).

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"Além disso, tivemos queda de produtividade na maior parte dessas culturas", explicou Rebeca de La Rocque Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE.

"A soja, que é nossa maior cultura individual, cresceu mais de 20% no ano passado e com ganho de produtividade. Isso reflete positivamente no valor adicionado. Agora, além de crescer numa taxa bem menor, na verdade o aumento na área foi maior. Mas como houve estiagem no início do ano, isso prejudicou o grão da soja, então cresceu menos do que a área", detalhou.

No caso do café, o que prejudicou foi o preço do grão no mercado internacional, que desestimulou produtores a investir no cultivo. "Além disso, a parte da pecuária, silvicultura e extrativa vegetal tiveram crescimento fraco", acrescentou Rebeca.

Os alimentos no atacado registraram o quinto recuo consecutivo em julho, no âmbito do Índice de Preços ao Produtor (IPP). Os preços do setor ficaram 1,18% mais baratos em relação a junho, a redução mais intensa desde fevereiro de 2013 (-2,58%), informou há pouco o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o técnico Alexandre Brandão, gerente do IPP, a queda de preços da soja e do açúcar, bem como de seus derivados, empurraram o índice para baixo. "Isso vem muito em linha com a época de colheita da safra, tanto da soja quanto da cana-de-açúcar. No caso da soja, ainda tem a safra americana, com uma oferta grande, fazendo com que os preços estejam caindo", explicou.

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No ano, os produtos alimentícios na indústria de transformação já registram queda de 2,88%. Em 12 meses, a alta até julho é de 2,62%, a terceira menor taxa já registrada em toda a série, iniciada em janeiro de 2010.

Dois trabalhadores morreram soterrados por toneladas de soja após acidente em um silo de armazenagem no município de Assis Chateaubriand, no oeste do Paraná, na noite dessa sexta-feira (16). Alsides José da Silva, de 59 anos, e Raimundo Nonato dos Santos, de 43 anos, morreram asfixiados e foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) de Toledo. Os corpos foram liberados no início da madrugada deste sábado (17).

Segundo informações dos Bombeiros, as vítimas foram atingidas por 10 toneladas de soja da cerealista Siloti. Eles estariam acompanhando o fim do escoamento dos grãos que estavam sendo despejado por caminhões.

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A estimativa para a safra de soja em 2014 foi revisada para 86,769 milhões de toneladas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA) de março. Divulgado nesta quinta-feira (10). O dado representa queda de 1,9% em relação à projeção divulgada em fevereiro. Ainda assim, a safra de soja será recorde, superando a produção de 2013 em 6,2%.

"Com preços atraentes, a previsão é de aumento na produção nacional. Contudo o clima seco e as altas temperaturas prejudicaram as lavouras na Região Sudeste, no Paraná, no Mato Grosso e em Goiás", afirmou o IBGE, em nota. O rendimento médio também diminuiu 2,9%, passando para 2,897 toneladas por hectare.

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Quem é vegetariano ou vegano e não inclui carne animal na alimentação pode experimentar um hambúrguer vegetal. O sanduíche Ponte Nilo Coelho, do Kwai Burger, é feito com carne vegetal criado pela própria lanchonete e mais 12 ingredientes naturais, entre eles lentilha vermelha, soja, aveia, cenoura, chia e linhaça.

O sanduíche vem acompanhado de salada e de pão produzido sem leite e sem ovos. Aqueles que consumem alimentos de origem animal ainda tem a opção de acrescentar queijo mussarela no prato.

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Serviço

Kwai Burger (Rua do Futuro, 858 – Graças)

Segunda e terça-feira | 11h30 às 23h30

Quarta e quinta-feira | 11h30 0h

Sexta-feira | 11h30 à 01h

Sábado | 12h às 02h

Domingo | 16h à 0h

(81) 3049 3131

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) vai entrar com pedido para se tornar parte interessada no processo administrativo aberto pela empresa TCA Logística Transportes e Armazéns Gerais no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O processo refere-se ao contrato firmado entre América Latina Logística (ALL) e a Rumo Logística para o transporte de açúcar até o Porto de Santos.

A medida fortalece os argumentos de empresas e associações produtoras de soja que são contra a associação entre Rumo e ALL no inquérito que tramita no Cade. A Cosan, controladora da Rumo, formalizou proposta no dia 24 de fevereiro. Agora, aguarda aprovação dos acionistas da ALL, que devem se manifestar até o dia 7 de abril.

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Em janeiro, a Aprosoja havia se manifestado no processo aberto no Cade. Alegou que o contrato provoca efeitos anticoncorrenciais no mercado de serviços logísticos com excessivas vantagens para a Rumo, transtornos para produtores do agronegócio e a própria ALL. “O problema agora é outro”, disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o diretor executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa. “A preocupação da Aprosoja não é mais com o tamanho da via, mas com o impacto da fusão.”

De acordo com ele, o negócio, se fechado, provocará concentração no mercado. “Ao invés de mais opções, haverá uma empresa de agroindústria trabalhando também com logística”, afirmou Rosa.

Para a Aprosoja, a situação é mais grave ao comparar as necessidades de transporte ferroviário da soja e do açúcar. “A produção de açúcar está a cerca de 400 quilômetros do porto, enquanto a da soja está a mais de mil quilômetros. O grão é um cliente nato do modal ferroviário e estaria muito prejudicado com esta fusão”, disse. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) fez o pedido para entrar no processo do Cade como terceiro interessado no último dia 28. A Federação da Agricultura do Estado do Paraná também se juntou ao grupo.

Imposição

O advogado da TCA, José Del Chiaro, disse que a Rumo terá total domínio do mercado de açúcar e que será capaz de manipular o preço da commodity ao impor preços para o frete do produto. A TCA atua como operadora de terminal de açúcar da Copersucar, em São José do Rio Preto (SP).

Para os executivos da TCA, a futura duplicação da malha paulista, que foi aprovada recentemente, é incapaz de resolver os problemas provocados por um acordo entre as duas companhias. Primeiro porque a duplicação levará tempo para ser concluída. Outro fator é que não responde ao questionamento sobre a incapacidade da Rumo de receber a carga demandada no seu terminal do Porto de Santos.

A ferrovia tem, atualmente, capacidade para transportar quase 18 milhões de toneladas por ano, volume que vai dobrar com a duplicação. Mas, se levado em consideração o montante previsto no contrato assinado em 2009 entre ALL e Rumo, de 13 milhões de toneladas por ano, o açúcar vai demandar perto de 40% da via duplicada. De acordo com a TCA, a Rumo ocuparia 70% do mercado, se for levada em consideração apenas a commodity açúcar. A TCA pede urgência para o Cade analisar a questão sob o temor de perder mais uma safra de cana, que se inicia em abril.

Procuradas, a Rumo Logística e a ALL não comentaram o assunto. O mesmo ocorreu com Renuka do Brasil, que relatou ao Cade dificuldades no transporte pela ferrovia, além da Copersucar e Bioenergia do Brasil, que se posicionaram contra o acordo no processo movido pela TCA.

Pagamento

A Rumo Logística pagou parte do frete que estava devendo para a América Latina Logística (ALL) em uma ação para evitar o descredenciamento da companhia da situação de usuário dependente do transporte ferroviário junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), informaram três fontes a par do caso. O pagamento chega a quase R$ 16 milhões, valor aquém do cobrado pela concessionária de ferrovias, que já passa dos R$ 60 milhões.

A Rumo parou de pagar fretes e repassar valores dos investimentos previstos no contrato firmado entre as duas companhias desde que a disputa passou para a esfera judicial, no terceiro trimestre de 2013. A figura do usuário dependente assegura o transporte ferroviário do usuário que necessita do modal para a viabilidade de seu negócio. Sem o registro de usuário dependente, a empresa pode perder o privilégio da reserva de capacidade da ferrovia.

A disputa entre as duas companhias segue em meio às negociações para uma fusão. O contrato entre ALL e Rumo, firmado em 2009 para o transporte de açúcar até o Porto de Santos, está sendo questionado pela concessionária em um processo de arbitragem e por terceiros no Cade. Consultadas, tanto Rumo Logística quanto ALL afirmaram que não comentam a informação sobre o pagamento dos fretes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um esquema de adulteração de cargas de soja destinada à exportação pelo porto de Santos, que funcionava há meses no Estado de São Paulo, foi desmontado pela Polícia Civil, após a apreensão de três caminhões no porto de Santos e três em Salto Grande, no interior paulista. Os caminhões, que deveriam estar carregados com 200 toneladas de soja, estavam com apenas 20% da carga ocupada pelo grão, o volume restante era formado por milho e trigo de má qualidade.

Quatro pessoas foram presas e três empresários - donos de tradings, empresas compradoras e revendedores de grãos, em Santos, Ourinhos e Assis, tiveram a prisão pedida nesta sexta-feira (7), pelo delegado João Beffa, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Ourinhos (SP). Havia seis meses que ele investigava a atuação da quadrilha, que pode ter desviado milhares de toneladas de soja no período. "Esses dias, 13 caminhões tiveram de retornar do porto de Santos porque a carga não foi aceita", contou. "Infelizmente não apreenderam os carregamentos", lamentou.

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Na tarde de quinta-feira (6) Beffa decidiu dar o flagrante, em uma operação realizada num posto, na rodovia Raposo Tavares (SP-270), onde três caminhões aguardavam para seguir viagem a Santos. "Quando abrimos, constatamos que apenas 20% da carga, que ficava por cima, era soja. O restante, embaixo, era milho e trigo de má qualidade, sem preço de mercado", contou. "Mas sabemos que eles colocam outras coisas", completou.

Com motoristas e um batedor foram apreendidos uma arma, munições e R$ 49,5 mil em dinheiro, que seriam usados para corromper funcionários do porto, como o conferente, que recebia R$ 1.500,00 para liberar a carga. "Empresários, donos de empresas de grãos, caminhoneiros, funcionários do porto de Santos, todos eles recebiam vantagens econômicas", disse o delegado. Na sexta-feira, foi a vez de a polícia de Santos apreender outros três caminhões com carga semelhante.

De acordo com Beffa, o esquema não é restrito apenas ao interior de São Paulo. "Estamos recebendo ligações de diversos cantos do Brasil denunciando a adulteração. Uma das ligações informou até que soja queimada em um silo que pegou fogo está sendo usada no golpe", contou. Segundo o delegado, a adulteração ocorre há muito tempo. "Estamos investigando há seis meses, mas temos informações seguras que este crime com certeza ocorre há mais tempo", afirmou. O delegado disse que é possível que a adulteração também ocorra com outros produtos exportados pelo mesmo porto, mas não quis revelar quais.

Na passagem de dezembro para janeiro, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), desacelerou de 0,63% para 0,31%, com forte contribuição do grupo Matérias-Primas Brutas, que passou de alta de 1,25% para queda de 0,13 no período.

No estágio inicial da produção, os principais responsáveis pela desaceleração foram a soja em grão (de 2,20% para -5,38%), o leite in natura (de -2,87% para -6,84%) e o milho em grão (de 5,93% para 3,27%). Contudo, foi registrada aceleração em itens como minério de ferro (de 0,73% para 1,98%), mandioca (de -0,41% para 3,85%) e café em grão (de 7,45% para 10,94%).

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O índice referente a Bens Intermediários dentro do IPA apresentou aceleração, ao sair de 0,53% em dezembro para 0,80% em janeiro. O principal responsável pelo movimento foi o subgrupo materiais e componentes para a construção - a taxa de variação passou de -0,16% para 1,08%. Vale destacar que o índice de Bens Intermediários (ex), calculado após a exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, avançou 0,44% em janeiro, contra 0,17%, em dezembro.

O índice relativo aos Bens Finais também registrou aceleração, embora em menor intensidade, ao passar de 0,17% no último mês do ano para 0,19% em janeiro. Influenciou no resultado o comportamento do subgrupo alimentos in natura, com taxa de variação de -2,68% em janeiro, ante -3,84% em dezembro. O índice de Bens Finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis, teve avanço de 0,42%, ante 0,44% em dezembro.

Principais influências

De acordo com a FGV, entre as maiores influências de alta no IPA de janeiro estão minério de ferro (de 0,73% para 1,98%), o café em grão (de 7,45% para 10,94%), bovinos (de 1,77% para 2,02%), óleo combustível (de 0,28% para 8,96%) e óleo diesel (apesar de diminuir o ritmo de alta de 5,60% para 2,27%).

Já na lista de maiores influências negativas estão soja em grão (de 2,20% para -5,38%), leite in natura (de -2,87% para -6,84%), farelo de soja (de 3,28% para -5,11%), batata inglesa (de -5,83% para -16,44%) e tomate (de 3,16% para -14,34%).

Graves deficiências de infraestrutura e abundância de recursos naturais: a China se deparou no Brasil com a combinação que havia servido de base para a sua bem-sucedida inserção na África. Com sua exuberância de capital, experiência em logística e mão de obra treinada e barata, os chineses organizaram a produção e escoamento de minérios e alimentos na África na década passada de maneira a sustentar seu crescimento econômico, que já exauriu seus recursos naturais. Agora, estão tentando aplicar esse modelo no Brasil.

Em sua penosa curva de aprendizagem, "os chineses estão entendendo que aqui não é a África", observa Marcelo Duarte Monteiro, diretor executivo da Aprosoja, que reúne os produtores de soja e milho do Mato Grosso. Ele esteve quatro vezes na China e perdeu a conta de quantas delegações chinesas recebeu em Cuiabá.

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Inicialmente, eles chegaram com a mentalidade de comprar terras e plantar soja, de maneira a assegurar seu abastecimento. Visitaram o sul de Goiás e o Mato Grosso, mas resolveram fixar-se no Oeste da Bahia. O governo baiano abriu escritório em Pequim em 2011.

Recuo

A compra de cerca de 20 mil hectares pela Universo Verde, filial brasileira da Chongqing Grãos, suscitou advertência da Advocacia Geral da União, e uma portaria interministerial, em setembro de 2012, regulamentando a aquisição de terras por estrangeiros. Enquanto eram obrigados a recuar de seu plano de adquirir terras, os chineses perceberam que os produtores locais têm não só uma longa experiência com a adaptação da soja à região - muito diferente das altas latitudes chinesas, de onde o grão é originário -, mas também capacidade de atender um aumento de demanda.

Passaram então a firmar parcerias com agricultores da região de Barreiras, no Oeste da Bahia. Agora seu capital está sendo aplicado na compra de sementes, fertilizantes e implementos agrícolas, que entram como moeda na venda antecipada da produção. Depois de ouvir a Associação de Irrigantes e Produtores da Bahia (Aiba), a Universo Verde decidiu investir em uma planta de esmagamento de soja em Barreiras. A terraplanagem da área onde ela será erguida já está feita. Arredios, os chineses preferem não falar do assunto.

A China tem excedente de capacidade de esmagamento. Comercialmente, faz mais sentido importar a soja em grão do que em óleo ou farelo. O projeto da planta de esmagamento indica o interesse de fornecer parte desses derivados para os mercados do Brasil e de outros países. As americanas Bunge e Cargill já têm plantas de esmagamento na Bahia. A da Universo Verde criará mais concorrência para os produtores venderem sua soja, aumentará o valor agregado na economia local e gerará entre 500 e 800 empregos diretos, de acordo com Jairo Vaz, superintendente de Política de Agronegócios da Secretaria de Agricultura da Bahia. "Os chineses estão mapeando o Oeste da Bahia para instalar silos e armazéns para captação de grãos e suprimento da fábrica."

Logística

Hoje, a produção do Oeste da Bahia segue em caminhões para os portos de Santos e Paranaguá, o que encarece muito o seu custo. Mas a expectativa é que daqui a alguns anos ela possa seguir no sentido contrário, por meio das novas ferrovias que interligarão o oeste e o leste aos portos do norte e nordeste, mais próximos dos mercados dos EUA, da Europa e da China. A Universo Verde prevê a construção de um "porto seco", que receberá os caminhões com os grãos, o óleo e o farelo.

A curva de aprendizagem na logística tem sido acentuada. Os chineses chegaram com a experiência da África, onde suas construtoras firmam contratos com os governos, trazem navios com seus operários, constroem rodovias, ferrovias e portos, vinculam esses investimentos com o fornecimento de minério de ferro, petróleo e outros recursos naturais. E pronto. No Brasil, encontraram um ambiente bem mais complexo: grandes construtoras com vasta experiência internacional, mão de obra local, decisões políticas descentralizadas em Estados e municípios, licenças ambientais e agências reguladoras.

"É muito difícil no Brasil", suspira Li Tan, do grupo chinês Hopeful, que planeja investir R$ 400 milhões em um terminal no porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. "Muito longo, muito complicado para aprovar. É muito mais fácil fazer isso na China." O projeto começou em 2007. Está na fase da licença ambiental. Depois de muitas revisões no prazo, a empresa espera que esteja pronto em dois anos. "É bom proteger o meio ambiente", diz. "A situação do meio ambiente na China é horrível. Pensar no meio ambiente no início é muito bom. Vocês devem fazer isso. Mas a papelada é muito difícil. Toma muito tempo para concluir o processo."

Li, que está baseado no Estado americano de Iowa, diz que "os Estados Unidos também têm essas regulações, mas o processo está se acelerando e é bem regulado". Em contrapartida: "Às vezes o mercado brasileiro não é bem regulado, você não consegue acompanhá-lo. Você prepara um documento, e dizem: não é esse, é aquele outro. Você faz o outro e dizem que também não é esse, mas um outro. Algumas coisas não são claras."

O negócio do grupo é esmagar soja importada dos EUA, Brasil e Argentina. Do Brasil, importa hoje 1,5 milhão de toneladas por ano. Seu terminal terá capacidade de 8 milhões de toneladas por ano. "Os chineses buscam o Brasil não mais para abastecer a China, mas como mercado consumidor importante, e plataforma de exportação para a região", diz Sergio Amaral, ex-ministro do Desenvolvimento e presidente do Conselho Empresarial Brasil-China. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na passagem de setembro para outubro, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), desacelerou de 2,11% para 1,09%, com contribuição do índice de matérias-primas Brutas (de 4,21% para 1,95% no período). No estágio inicial da produção, foram apurados recuos nas variações de soja em grão (de 10,78% para 0,60%), aves (de 10,81% para 3,27%) e leite in natura (de 3,81% para 0,90%). Foram, contudo, registradas acelerações em minério de ferro (de 3,53% para 6,81%), bovinos (de 0,93% para 3,80%) e mandioca (de -3,43% para -0,11%).

O índice referente a Bens Intermediários dentro do IPA também desacelerou, ao sair de 2,20% em setembro para 0,70% em outubro. O principal responsável pelo movimento foi o subgrupo materiais e componentes para a manufatura - sua taxa passou de 3,06% para 1,04%. O índice de Bens Intermediários (ex), com exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, avançou 0,73% em outubro contra 2,40% em setembro.

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Nas três etapas de produção, o único índice que apresentou aceleração em outubro foi o relativo a Bens Finais (de 0,28% para 0,76%), puxado pelo subgrupo alimentos in natura, cuja taxa de variação passou de -5,61% para -2,58%. O índice Bens Finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis, passou de 1,08% para 1,22%.

Entre as maiores influências positivas no IPA de outubro estão minério de ferro (de 3,53% em setembro para 6,81%), bovinos (de 0,93% para 3,80%), carne bovina (de 1,72% para 4,27%), aves abatidas e frigorificadas (de 5,75% para 5,53%) e suínos (de 13,37% para 10,72%).

Já na lista de maiores influências negativas estão café em grão (de -4,84% para -8,86%), ovos (de 0,29% para -7,08%), milho em grão (de 1,31% para -2,53%), adubos e fertilizantes compostos (de 0,31% para -4,14%) e mamão (de 17,45% para -15,90%).

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para a composição do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), registrou taxa de variação de 0,14% em agosto, uma desaceleração na comparação a julho (0,30%). O índice Matérias-Primas Brutas colaborou para o resultado ao sair de uma variação de 0,54% para -0,74%, na mesma base de comparação.

Os principais responsáveis pela desaceleração do grupo foram os itens soja em grão (de 4,92% para -3,77%), milho em grão (de -2,96% para -6,93%) e bovinos (2,94% para 1,15%). Ainda dentro do grupo, registraram acelerações os itens minério de ferro (-4,32% para -2,35%), suínos (-1,51% para 5,06%) e laranja (-3,24% para 5,17%).

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O índice referente ao grupo Bens Intermediários também recuou (de 0,99% em julho para 0,80% em agosto), puxado pelo subgrupo materiais e componentes para a manufatura (de 1,34% para 0,80%). Também desacelerou o índice de Bens Intermediários (ex), que exclui o subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, de 1,09% para 0,80%.

Entre os três estágios do IPA, o único que apresentou aceleração foi o índice relativo a Bens Finais (de -0,58% para 0,21%), com contribuição de alimentos in natura, cuja taxa de variação passou de -6,64% para -1,75%. O índice Bens Finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis, subiu de 0,29% em julho para 0,57% em agosto.

Influências

A lista de maiores pressões negativas no IPA de agosto é composta por soja em grão (de 4,92% para -3,77%), milho em grão (de -2,96% para -6,93%), minério de ferro (de -4,32% para -2,35%), mandioca (de -1,52% para -5,51%) e batata-inglesa (de -4,87% para -5,66%).

Já entre as maiores influências positivas aparecem leite in natura (de 3,72% para 4,02%), aves (de 2,23% para 3,86%), carne bovina (de 1,85% para 2,37%), bovinos (de 2,94% para 1,15%) e querosene de aviação (de 3,52% para 7,52%).

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou nesta quinta-feira (8), os dados do 11º levantamento do período de 2012/2013 na safra de grãos. A produção bateu o recorde ao gerar 186,15 milhões de toneladas. O aumento foi de 12% em relação ao mesmo período do ano passado, quando chegou a 166,20 milhões de toneladas.

O aumento se deve, sobretudo, às culturas de soja e milho segunda safra, que apresentam crescimento nas áreas cultivadas de 10,7 e 17,6%, respectivamente. Quanto à produção, a soja teve aumento expressivo, com incremento de 22,7%, passando de 66,38 para 81,46 milhões de toneladas. Já o milho 2ª safra teve um crescimento de 15,4% e produção estimada em 45,14 milhões de toneladas.

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Trens carregados com soja viraram alvo de saqueadores em Santa Adélia, na região norte do Estado de São Paulo, a 371 km da capital. A linha integra o corredor de exportação da soja e escoa o grão produzido em Mato Grosso e outros Estados do centro-oeste para o Porto de Santos. Pelo menos vinte vagões foram atacados nos últimos seis meses, segundo a Polícia Civil. Numa operação, nesta quinta-feira, 2, os policiais deram buscas em mais de 50 casas e recuperaram 800 sacas de soja escondida, à espera de receptadores. Até a tarde desta sexta-feira, mais de 70 pessoas tinham sido indiciadas pelo furto da soja.

De acordo com o delegado do município, João Wagner Bertoncello, os trens passaram a ser atacados quando paravam em dois desvios para liberar a linha principal para a passagem de outras composições. Os criminosos rompiam o lacre dos vagões e faziam com que os grãos caíssem na linha. Quando a composição seguia, eles recolhiam a soja e a destinavam aos compradores. A empresa que administra a ferrovia reduziu o uso do desvio, mas os trens passaram a ser atacados mesmo em movimento, quando reduziam a velocidade para transpor a área urbana. "O maquinista muitas vezes não percebia e seguia com a soja derramando na linha", contou o policial civil José Eduardo Aguiar.

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A quantidade era tanta que, em alguns trechos, o grão chegava a cobrir os trilhos. Na cidade de 14.333 habitantes, recolher soja na ferrovia passou a ser uma atividade lucrativa. Alguns saqueadores "terceirizavam" o serviço, pagando para outras pessoas fazer a coleta. "Boa parte da população se envolveu nessa ação criminosa", disse Aguiar. Na busca, os policiais encontraram cômodos inteiros de algumas casas lotados com sacos de soja. Uma delas tinha 150 sacas ocupando o quarto e a sala. Foram apreendidas também ferramentas usadas para arrombar os vagões. O delegado informou que a maioria dos indiciados responderá por furto qualificado. "A investigação, agora, busca identificar e prender os grandes receptadores", disse.

Sorocaba

Saqueadores de trens de carga têm agido também em Sorocaba. Nos três primeiros meses deste ano, 840 toneladas de arroz, 500 de cimento e 50 de açúcar foram furtadas em 11 vagões atacados por grupos de até 200 pessoas. Os saques ocorreram no trecho em que a ferrovia atravessa o Jardim Nova Esperança, antiga favela da cidade. Nas últimas semanas, com o aumento da fiscalização, os saqueadores deixaram de agir.

A America Latina Logística (ALL) que administra 21,3 mil km de ferrovias em todo o País e detém a concessão da linha em Santa Adélia, informou que desde o início dos saques a segurança dos trens foi redobrada e as rondas tornaram-se intensivas, a fim de coibir e reunir evidências das ações dos vândalos. O material arrecadado na ação foi entregue à Polícia Civil. Na ação de quinta-feira, segundo a ALL, grande quantidade de carga foi recuperada, mas ainda não é possível precisar o volume, pois a ação continua. As cargas possuem seguro. Cerca de 80% dos furtos cometidos a trens no Estado, recentemente, ocorreram na região de Santa Adélia. Em Sorocaba, não houve mais casos e a operação está normalizada, segundo a empresa.

Os produtores gaúchos estão entusiasmados com a safra de soja deste ano. Com 90% do grão colhido e estocado, a produção atingiu 4,3 milhões de toneladas, 2,5 milhões de toneladas a mais do que a safra passada, quando a lavoura foi castigada pela estiagem. A informação é do agrônomo Áureo Mesquita de Almeida, coordenador da Câmara Setorial da Soja da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul (Seapa).

Em São Francisco de Assis, na região da Fronteira Oeste, a Cooperativa Agropecuária & Industrial (Cotrijui), teve de armazenar parte do produto em um ginásio municipal de esportes. A cooperativa tem capacidade de armazenagem que supera 997 mil toneladas. Almeida disse ainda que este ano os preços estão elevados e aumentando ainda mais o entusiasmo dos agricultores gaúchos, que poderão novamente se capitalizar. Nesta quinta-feira, segundo levantamento feito pela Emater-RS a saca da soja estava cotada em R$ 57,00.

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Conforme o setor de acompanhamento de safras da Emater a soja está com a colheita praticamente encerrada, com os produtores avançando sobre 90% da área estimada para este ano. As quantidades retiradas ultimamente têm surpreendido. Em situações não raras, ultrapassam os 3 mil kg/ha. Essa ocorrência poderá trazer alterações (positivas) na contagem final da safra, podendo a mesma ser superior ao que se vem estimando atualmente.

Com o mercado tranquilo quanto à oferta do produto, as cotações da saca de 60 kg oscilam dentro de patamares considerados normais para o cenário. Nesta semana a mesma teve redução de 0,97% em relação à semana anterior, ficando em R$ 53,97. Ainda segundo o coordenador da Câmara Setorial da Soja, metade da produção gaúcha deverá ser exportada nos próximos meses pelo porto de Rio Grande. O restante será esmagado para ser transformado em óleo comestível e biodiesel e o farelo será destinado a ração animal. O farelo de soja é um dos principais integrantes das rações para alimentação de suínos e aves.

A estimativa para a safra nacional de soja em 2013 foi revisada para baixo na passagem de fevereiro para março. A expectativa é de uma produção 2,8% menor do que a estimada anteriormente, mas ainda 23,2% superior à de 2013, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A safra do grão deve totalizar 80,927 milhões de toneladas. A estimativa de março foi reduzida no Sul e Centro-Oeste, porque o excesso de chuva prejudicou a colheita. No Nordeste, houve problemas causados pela estiagem prolongada.

"Mesmo concluindo a colheita, o preço está satisfatório, a R$ 52 a saca de 60 kg. Geralmente, quando você está no pico da colheita, o preço vai lá embaixo", lembrou Mauro Andreazzi, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE. O levantamento de março estima ainda uma área plantada de 27,6 milhões de hectares, 0,4% maior do que a informada no mês anterior. Mas o rendimento médio esperado, de 2.938 kg/há, foi 3,2% menor.

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O diretor da Torque Navegação Pedro Burin afirmou os prejuízos causados pela interdição da hidrovia Tietê Paraná serão bem maiores do que os R$ 12 milhões previstos inicialmente. A hidrovia foi interditada na última sexta-feira, quando um comboio da Mepla Navegação, carregado com 5,2 mil toneladas de soja, saiu da rota e bateu numa torre de linha de transmissão de energia instalada no rio Tietê, em Araçatuba (SP).

"Só nossa empresa deve ter um prejuízo bem maior que isso. Não sei dizer de quanto, mas sei que será bem maior que os R$ 12 milhões", afirmou Burin. "A interrupção prejudica toda uma cadeia logística, que depende do sequenciamento do transporte não só por hidrovia, mas também por ferrovia e rodovia", disse.

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Por isso, segundo Burin, a lista de prejuízos é extensa: paralisação da frota de embarcações e de terminais hidroviários e dos embarques e desembarques. Segundo ele, outro problema está nos atrasos em contratos assumidos com seus clientes, como a Cargill, Caramuru, Eldorado e outras empresas. "Vai haver aplicação de multas pelo não cumprimento desses contratos", disse.

Segundo Burin, a Torque transporta 2,3 milhões de toneladas de mercadorias por ano, o equivalente a R$ 1,2 bilhão. Com o acidente, a empresa está com nove comboios parados na hidrovia, cinco deles carregados com 30 mil toneladas de mercadorias - 24 mil de soja e 6 mil de madeira -, avaliadas em US$ 16 milhões. "O grande problema está na escala, se for um caminhão parado é uma coisa, mas um comboio com seis mil toneladas é outra completamente diferente. Cada comboio transporta o mesmo volume de 200 carretas carregadas de soja. Teríamos então mais de 1,4 mil carretas paradas", diz Carlos Farias, diretor da Cooperativa do Pólo Hidroviário de Araçatuba. Além da Torque, as empresas Louis Dreyfus Commoditie (DCL) e Mepla têm mais três comboios carregados de soja parado na hidrovia.

Com a paralisação, pelo menos 100 mil toneladas de soja deixarão de ser transportadas pela hidrovia até dia 3 de abril, quando ela deverá ser liberada pela Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), informou Casemiro Tércio de Carvalho, diretor do Departamento Hidroviário, órgão da Secretaria dos Transportes que administra a hidrovia em São Paulo. Mas, segundo Farias, o volume que deixará de ser transportado deverá ser maior que isso.

Um dos principais modais para o transporte da soja produzida no Centro-Oeste do País para o Porto de Santos (SP), a hidrovia foi responsável pelo transporte de seis milhões de toneladas de soja na safra passada. A expectativa para a safra atual é de sete milhões de toneladas.

O transporte de soja está parado na hidrovia Tietê-Paraná em razão da interdição de um trecho do rio Tietê, na altura de Araçatuba (SP), desde sexta-feira (22), quando uma embarcação da Mepla Comércio e Navegação Ltda, carregada com 5,2 mil toneladas de soja, saiu da rota e bateu numa torre de linha de transmissão de energia elétrica. A torre, de 20 metros de altura, instalada numa plataforma no leito do rio, a 350 metros de distância da rota de navegação, caiu e levou os cabos de alta voltagem (440 KV) para dentro da água. Outras cinco torres foram danificadas em terra firme, três delas se retorceram e vieram ao chão.

Desde então, 13 comboios, com 52 barcaças, estão parados ao longo do trecho, entre a hidrelétrica de Nova Avanhandava e o reservatório de Três Irmãos. Seis comboios com 36 mil toneladas de soja seguiam para o terminal de Pederneiras, de onde a carga seria embarcada via ferroviária para o Porto de Santos. Outras quatro barcaças carregadas com seis mil toneladas de madeira estão paradas no sentido inverso, com destino ao polo industrial de Três Lagoas (MS). A madeira seria usada na fabricação de celulose. Outros seis comboios, com 24 barcaças vazias, também aguardam para seguir viagem com destino a São Simão (GO), onde novos carregamentos de soja seriam realizados. As companhias de navegação calculam prejuízos de mais de R$ 12 milhões.

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As empresas mais prejudicadas, além da Mepla, são a Torque e a Louis Dreyfus Commoditie (DLC). O proprietário da Torque, Pedro Burin, não quis comentar o acidente ou falar dos prejuízos, mas funcionários das companhias disseram que cada barcaça transporta o equivalente a US$ 290 mil em soja e se essas barcaças deixarem de transportar soja por cinco dias, o prejuízo deve superar os US$ 6 milhões (R$ 12 milhões).

No entanto, para Casemiro Tércio Carvalho, diretor do Departamento Hidroviário, o prejuízo pode ser ainda maior, porque 100 mil toneladas deixarão de serem transportadas pela hidrovia até o dia 03 de abril, data em que a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep) pretende concluir os trabalhos de reparação das torres e liberar a hidrovia. "Este é o volume de soja que seria transportado pela hidrovia, mas por causa da interdição deverá agora ser transportada por rodovia", afirmou. Se isso se confirmar, os prejuízos podem até triplicar. "Ainda há outros fatores como o uso de modal mais caro, além dos custos com o tempo em que a soja deverá permanecer no porto e os atrasos nos contratos de entrega", completou.

De acordo com Carvalho, a Mepla acionou o seguro e deverá responder pelo ocorrido junto à Capitania dos Portos. Segundo ele, o acidente poderia ter sido evitado se a embarcação estivesse usando um radar. O condutor, ao ser ouvido pela Marinha, disse que o nevoeiro o atrapalhou e ele não viu as boias que delimitam a hidrovia, saindo 350 metros da rota e batendo contra a torre. O inquérito vai apurar se a causa foi erro humano ou se as condições do tempo influenciaram.

A Cteep divulgou nota dizendo que, apesar dos estragos - que causaram um prejuízo de R$ 25 milhões -, o acidente não causou falta de energia elétrica porque a transmissão foi desligada automaticamente pelo Operador do Sistema. Segundo a nota, a linha, de dois circuitos, conecta a usina de Ilha Solteira à subestação de Bauru (SP). Segundo a Cteep, a expectativa é de que o primeiro circuito esteja recuperado dia 1º de abril e o segundo, dia 6. Já a liberação da hidrovia deve ocorrer no dia 3, dependendo das condições climáticas e do grau de dificuldade para tração dos cabos.

A importadora chinesa Sunrise disse ontem que teria "enorme prejuízo" se não cancelasse a compra de 2 milhões de toneladas de soja do Brasil em razão de atrasos nos embarques e negou que a decisão seja uma estratégia para renegociar os preços do produto.

"Não adianta nada ter um preço bom se a soja não pode ser entregue. Se a situação do transporte melhorar, nós podemos reconsiderar e voltar a comprar", declarou ao Estado o gerente de grãos e óleos da empresa, Shao Guorui. Segundo ele, a Sunrise estuda a possibilidade de compensar o cancelamento dos contratos com a aquisição de soja na Argentina a partir de abril.

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Shao disse que a empresa deveria ter recebido seis navios em fevereiro e seis em março, mas a chegada dos carregamentos foi adiada para abril, por causa do apagão logístico que atinge os portos brasileiros.

Caminhões carregados de soja estão parados em filas intermináveis nas estradas de acesso ao porto de Santos, o principal canal de escoamento, responsável por um terço dos embarques. Sem a possibilidade de serem carregados, os navios não podem atracar nos terminais.

Diante dos atrasos, a Sunrise cancelou a carga de dez navios que já deveriam ter chegado e de outros 23 que deveriam atracar em portos chineses nos próximos meses. "Não há nem informação de quando os navios estarão prontos", observou.

Preços

Shao afirmou que o preço atual da soja na China é maior que o do produto comprado no Brasil, em razão de limitações na oferta. Mas, com os atrasos, os carregamentos só chegariam em abril ou maio, quando as cotações terão se reduzido em consequência da entrada de novas safras no mercado.

A diferença entre o preço atual e o de chegada do produto na China é a origem do "enorme prejuízo" previsto pela Sunrise. "O preço na China agora está alto, porque o suprimento é pequeno, mas em abril e maio, quando uma grande quantidade de soja entra no mercado chinês, o preço vai cair", justificou.

A empresa é uma das maiores importadoras de soja do país e compra cerca de 8 milhões de toneladas do produto por ano, das quais 3 milhões vêm do Brasil. O Brasil é o principal exportador de soja para a China, que é de longe o maior consumidor mundial do produto. No ano passado, os embarques para o país asiático representaram quase 70% dos US$ 17,5 bilhões de exportações nacionais do produto.

O ministro-chefe da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino, responsabilizou ontem o clima e a produtividade do campo pelo apagão que toma conta do porto de Santos. "Temos de fazer um trabalho científico para diminuir as dificuldades", disse ao ser questionado sobre o que pode ser feito no curto prazo para amenizar o gargalo logístico."O problema mais grave hoje é o aumento da produção como a quantidade de chuva que está caindo. Com essa chuva, não tem condições de movimentar granel."

O programa de concessão de ferrovias e rodovias e a Medida Provisória 595, que abre espaço para mais investimentos privados em portos, são respostas do governo para as dificuldades de escoamento da produção. São, porém, iniciativas lançadas na metade da administração da presidente Dilma Rousseff, que até o momento estão no papel. Para a atual safra, o governo mal tem respostas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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