A saída do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões, pegou muita gente de surpresa, ontem, inclusive colegas de equipe no Governo Paulo Câmara. Há quem desconfie de outras razões, mas pelo que ouvi do próprio Norões, numa visita ao seu gabinete na reta final da campanha, em outubro passado, não há um componente de natureza política.
Norões comunicou ao governador que precisa se dedicar ao seu escritório de advocacia, um dos mais estruturados e conceituados do Estado, que vem sendo tocado pela sua esposa desde que, convocado pelo ex-governador Eduardo Campos, com quem tem parentesco, assumiu a Procuradoria Geral do Estado. Nesta função, contrariou o ex-governador João Lyra Neto, hoje no PSDB, num episódio que não ficou esclarecido até hoje e acabou demitido.
Na conversa com este blogueiro, Norões revelou que já havia dado a sua cota de contribuição à vida pública e aos governos do PSB e que só havia trocado o seu escritório por um cargo na gestão de Eduardo para atender ao então amigo. Na verdade, o secretário é um advogado extremamente bem-sucedido no campo das finanças e estava perdendo clientes, ou seja, no prejuízo, por não poder atender tantas demandas.
“Quem sempre tocou o meu escritório fui eu”, chegou a afirmar, com um ar cansado da vida pública. Pode ser até que haja outra motivação mais séria, para ele encerrar a trajetória pública, mas pelo que senti e tendo em vista o teor da sua carta jogando a toalha, tudo leva a crer que sua arrumação de malas se deu mesmo por questões de ordem pessoal.
TRECHO DA CARTA– Do secretário Thiago Norões, em carta entregue, ontem, ao governador Paulo Câmara: “Encerro este ano um ciclo de dez anos de participação no Governo do Estado, período que me trouxe desafios, muitas alegrias e o sentimento do dever cumprido. A partir de janeiro de 2017, volto a me dedicar às atividades jurídicas, onde não deixarei de trabalhar em busca do desenvolvimento de nosso Estado, com o mesmo empenho e dedicação que busquei dar como Secretário de Estado”.
Uma grande perda – Vencida, ontem, por um câncer cerebral, a vereadora Socorro Soares, da bancada do PP em João Alfredo, que foi eleita numa UTI de um hospital do Recife, internada três dias antes da eleição, deixou a cidade consternada. Era querida, admirada pela dedicação aos mais pobres e humildes em seus mandatos (teve três) e transitava fácil em todas as correntes políticas. Personagem da minha série “Fenômenos eleitorais”, será velada, hoje, na Câmara, e enterrada às 15 horas no cemitério local.
Denúncia robusta- Na avaliação do deputado Jarbas Vasconcelos, o episódio envolvendo a saída de Geddel Vieira deve servir de lição para o Governo. "Não é que o Governo tenha que afastar seus membros ao sinal de qualquer denúncia, mas o que pesou contra Geddel, que já não tem um histórico bom, foi um fato gravíssimo. Uma denúncia robusta com começo, meio e fim. Sua saída deveria ter acontecido semana passada quando as informações sobre o episódio do edifício em Salvador foram reveladas. De forma que o Governo deve tomar como lição o que ocorreu", afirmou.
Gravação negada– O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero divulgou nota, ontem, na qual negou que o objetivo da audiência solicitada a Michel Temer tenha sido gravar a conversa com o presidente da República. No comunicado, ele atribuiu a disseminação dessa suspeita ao Palácio do Planalto. Em um pronunciamento na sede do Executivo federal, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, confirmou que Temer se reuniu com Calero para resolver o que o governo classificou de "impasse".
Academia Camilo Simões – Encontrado morto em seu apartamento no dia 16 de outubro passado, o jovem Camilo Simões, de apenas 31 anos, ex-secretário de Turismo do Recife, foi homenageado, ontem, mas longe da sua cidade natal. Em Fernando Noronha, num ato que contou com a presença do prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), e do administrador da ilha, Luis Eduardo Cunha, seu nome se perpetua na academia popular do arquipélago. Na homenagem, a mãe Marta Lima, publicitária conceituadíssima no mercado pernambucano, que estava presente, se emocionou bastante. Camilo era vocacionado para a vida pública.
CURTAS
NO AZUL– A arrecadação extra com a chamada "repatriação" permitiu às contas do governo voltar ao azul em outubro, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional. No mês passado, foi registrado um superávit primário de R$ 40,81 bilhões, recorde da série histórica, que tem início em 1997, para meses de outubro. Isso significa que a receita do governo com impostos e tributos superou as despesas naquele valor. A conta não inclui gastos com juros da dívida pública.
CONCURSO– O Conselheiro Substituto do TCE, Adriano Cisneiros, acatou Medida Cautelar suspendendo os efeitos da nomeação de 500 servidores aprovados no Concurso da Prefeitura de Floresta. A provocação foi do procurador geral do Ministério Público de Contas, Cristiano da Paixão Pimentel. A portaria 321/2016 já convocava 62 aprovados do concurso feito em 2015, com 424 vagas.
Perguntar não ofende: Lula assumiu a paternidade do triplex ontem em ato falho?