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Cantor, compositor e poeta, Tibério Azul é uma das grandes revelações da música pernambucana nos últimos anos. Da safra das bandas contemporâneas Mombojó, Dessinée e Joseph Tourton, o músico vem se destacando tanto no cenário local quanto no nacional desde 2004, quando iniciou sua carreira musical com o grupo autoral Mula Manca e a Fabulosa Figura. Com duas bandas e o trabalho solo Bandarra no seu histórico de músico, Azul, que já cursou Publicidade e Jornalismo, começou a lidar com a arte desde pequeno.
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Ainda criança, ganhou concursos de poesia na escola e na época em que ainda não sabia as palavras, pedia para seu irmão mais velho ler as inúmeras obras que lhe encantava. Os livros, as prosas e os poemas sempre fizeram parte de sua vida. Segundo Tibério, ele tem dois livros escritos, apesar de não considerá-los prontos. “Pretendo escrever um livro completo e publicá-lo. Ainda não sei quando, mas um dia isso vai acontecer”, ressalta o músico ao falar da sua paixão pela literatura.
Com o tempo, seus anseios poéticos foram enveredando para o lado da música. “Com 15 anos, meu padrasto faleceu. Ele tocava violão em casa. Resolvi pegar e comecei a fazer um som e achei divertido. Por essa época, resolvi desviar meu lado artístico para a canção”, lembra Tibério. Em 2005, sua primeira banda, Mula Manca e a Fabulosa Figura - nome baseado no romance Dom Quixote, de Miguel de Cervantes -, lançou o primeiro disco intitulado O circo da Solidão. Em seguida, em 2007, o segundo álbum do grupo, Amor e Pastel, estreou na cena pernambucana com músicas que abordavam o cotidiano de um casal.
Em paralelo ao seu primeiro grupo musical, Tibério iniciou os trabalhos com a banda Seu Chico, que faz releituras de canções do mestre da música popular brasileira, Chico Buarque. “A Seu Chico é uma banda que surgiu a partir da Mula Manca e deu os seus passos próprios. Somos vários artistas pernambucanos com características próprias que nos juntamos para tocar e experimentar coisas no palco. É uma banda muito voltada para o show, pro improviso”, afirma Tibério. O músico compara essa forma orgânica do grupo com A Banda Mais Bonita da Cidade, de Curitiba, que também trabalha no mesmo esquema da Seu Chico.
Com o tempo, a Mula Manca se desfez e a Seu Chico lançou um disco e um DVD intitulados Tem Mais Samba, frutos de duas apresentações na Estrela da Lapa, no Rio de Janeiro, em março de 2009. O pianista Vitor Araújo e o violonista e compositor Vinicius Sarmento são alguns dos músicos que compõem a banda, que mistura o tempero de Pernambuco com o samba de Chico Buarque no repertório.
Em 2011, Tibério juntou sua angústia de criação com as composições que escrevia desde jovem e produziu seu primeiro disco solo, intitulado Bandarra. Segundo o cantor, ele sentiu um chamado natural para fazer seu trabalho autoral. “Um amigo me presenteou com um livro do Manoel de Barros. Comecei a ler e fiquei encantado. Três poetas me nortearam para a realização do Bandarra: Manoel de Barros, Cora Coralina e Fernando Pessoa. Eles são muito naturistas e comecei a entrar nisso. Na poesia de Manoel, encontrei ‘bandarra é cavalho velho, solto no pasto, às moscas’. Me deu um estalo e falei ‘é isso!’. Liberdade, pra mim, é isso”, diz Azul a respeito da criação do disco que teve como produtores os músicos China, Chiquinho (integrante da Mombojó) e Jr. Black.
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Atualmente, Tibério Azul está realizando shows do Bandarra e da Seu Chico simultaneamente e é cada vez mais reconhecido no cenário musical nacional. O cantor e compositor já participou de festivais renomados de Pernambuco, como o Rec-Beat, o Abril pro Rock e o Festival de Inverno de Garanhuns, todos em 2012, além de shows no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.
Para o cantor, ter se apresentado no Rec-Beat e no Abril pro Rock em 2012 foi uma grande quebra de paradigma: “No cenário musical de Pernambuco, há uma lenda de que o artista nunca é chamado para exibir seu show nos dois festivais no mesmo ano. Porém, comigo aconteceu de forma diferente. Costumo dizer que fui abençoado no Rec-Beat e batizado no Abril pro Rock pelo público pernambucano”, explica Tibério.
O Carnaval do Recife e a 18ª edição da Mostra Prata da Casa, realizada no Sesc Pompéia, em São Paulo, foram as apresentações mais recente do músico. Na última, Tibério está entre os nomes mais expressivos que se apresentaram na casa durante o ano de 2012. Yuri Queiroga (guitarra), Júnior Areia (baixo acústico) e Márcio Silva (bateria) são os músicos que o acompanham no trabalho musical Bandarra, que tem um pocket show marcado no Recife para este domingo (03), na livraria Saraiva, no RioMar Shopping. Além disso, o músico revela que possui canções prontas para o seu próximo disco, com produção prevista para maio deste ano.
A visibilidade que Tibério vem conseguindo já levanta a possibilidade de uma mudança para o Sudeste. Muitos músicos pernambucanos moram em São Paulo, a exemplo do cantor China e do Mombojó. "Eu penso em sair do Recife e ir morar ou em São Paulo ou no Rio de Janeiro, mas não agora. Provavelmente, isso vai ocorrer mais para frente. Não sei para onde irei, tenho amigos nos dois lugares, será uma tarefa difícil escolher o local", reflete Azul. Mas ele reforça que fez um caminho inverso ao habitual, em que é necessário primeiro dar certo fora para depois ser reconhecido em Pernambuco, ganhando antes os fãs locais para então chamar atenção do eixo Rio-São Paulo.
O disco Bandarra, de Tibério Azul, pode ser baixado na página oficial do cantor.