Os estudantes do ensino médio que pretendem disputar uma vaga na Universidade de Pernambuco (UPE) realizaram, neste domingo (19) e nesta segunda-feira (20), a prova da terceira fase do Sistema Seriado de Avaliação (SSA 3). No primeiro dia do exame, foram cobrados dos alunos questões de língua portuguesa, matemática, filosofia, língua estrangeira (inglês ou espanhol), além de uma redação.
Como se trata de uma disicplina bastante decisiva em muitos vestibulares, é comum identificar estudantes que relatam tensão em relação à produção textual. Para ajudar os estudantes que querem sabe sobre a redação do SSA 3, o LeiaJá conversou com os professores Fernan Bérgamo e Diogo Xavier. Confira:
##RECOMENDA##
“Eu preciso elogiar a banca elaboradora da proposta de redação do SSA 3 porque o tema, atualíssimo, necessário, traz uma reflexão extremamente importante. Esse ano o tema foi ‘O Caminho Para Ampliar e Construir Conhecimento Se Faz Com Pesquisa Científica’. O curto texto de apoio tratou sobre a necessidade de buscar sempre conhecimento e os benefícios que a prática traz para o desenvolvimento da humanidade”, elogiou Fernanda Bérgamo.
“O tema do SSA 3 deste ano foi um dos mais bem elaborados no histórico da prova, pois tanto a frase proposta quanto o texto motivador são claros, concretos. O tema além de relevante e atual, tocou na ferida da desvalorização da ciência nos últimos anos e que se agravou na pandemia por uma onda de negacionismo. O estudante, inclusive, tinha a liberdade de abordar ou não, esse período pandêmico.”, comentou Diogo Xavier.
A professora chama atenção para duas diferenças básicas que precisavam ser observadas pelos estudantes: “Primeiro que, diferente do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o título da redação é obrigatório e, em segundo, o candidato não precisava terminar a redação com uma proposta de intervenção para o problema desenvolvido. Ele não estava proibido de colocar uma solução para finalizar o texto, mas ele poderia encerrar a redação apenas com um resumo do que ele desenvolveu”, explicou Fernanda.
No que se trata da apresentação do tema, Fernanda pontuou que a UPE é sempre muito econômica nos textos de apoio e que nessa edição não seria diferente. “Ela [UPE] trouxe uma rápida citação do recifense e grande educador Paulo Freire, dizendo: ‘Uma das condições necessárias a pensar certo é nós não estarmos demasiados certos de nossas certezas’. Eu achei uma forma sensível de prestigiar o educador, que completaria 100 anos neste ano. Além disso, havia um texto bem curto que falava sobre buscar incessantemente conhecimento, dizendo que o conhecimento nunca é demais, que ele é transformador, edificante”, comentou a professora.
“Havia uma passagem muito especial que deve ter ajudado o alunos pensar numa tese interessante, que dizia: ‘o conhecimento tira a venda dos nossos olhos e nos faz extenuar as coisas de uma forma diferente iluminando nossas mentes’ e essa parte ‘tira a venda dos nossos olhos’ deve ter feito muito estudante pensar sobre o negacionismo que é alimentado por inverdades que são propagadas nas redes sociais como os grupos de WhatsApp”, completou.
A professora também alerta para que os alunos não fujam do tema e que a penalidade para fuga pode prejudicar gravemente a nota: “o conhecimento foi o centro da discussão dos temas dos textos de apoio mas o estudante não poderia esquecer que o tema relacionava obrigatoriamente o caminho para ampliar e construir o conhecimento por meio da pesquisa científica e não falar dessa relação séria cometer um fuga parcial bastante grave que derrubaria a nota desse aluno”, disse.
“O curto texto de apoio finalizou com uma frase muito rica que dizia: ‘no caminho do conhecimento é necessário humildade, distanciamento da arrogância, considerando o rigor ético e a ciência’, então acho enriquecedor lembrar na redação que os cortes que a pesquisa tem sofrido no Brasil tem prejudicado demais a busca pelo conhecimento. Então os prejuízos decorrentes desse corte ao conhecimento poderia ser um raciocínio a ser desenvolvido pelo estudante”, completou.
Para Diogo Xavier, os pesquisadores que deixam o país por melhores condições também poderia ser um tema a ser trabalhado pelos estudantes. “Uma consequência dos cortes que também poderia ser abordada é a exportação de cérebros, já que o Brasil perde cientistas para países que investem mais nesse meio”, disse.
“O que eu vi com clareza é que o SSA 3 valorizou nessa temática a educação, mas especificamente a produção do conhecimento decorrente da pesquisa científica.”, finalizou Fernanda.