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Aos 4 anos de idade, a estudante Verena Paccola, do primeiro ano do curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (FMRP), já nutria um olhar questionador e curioso sobre o mundo. Um exemplo dessa característica é que ela levava um microscópio na escola no dia em que as crianças podiam levar brinquedos.

“Minha madrinha fazia pesquisa e ela tinha um microscópio velho e me deu, eu levava para a escola e colocava formigas e folhas de árvore para analisar. Isso marca muito a minha história, porque eu me considero cientista desde então. Para mim, ser pesquisador é quando você começa a buscar as respostas para as perguntas sobre o mundo”, conta.

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Verena, que tem apenas 22 anos, possui um histórico de excelência em diversas áreas, como em campeonatos de robótica, olimpíadas de neurociência e até de visita à Organização das Nações Unidas (ONU). Em dezembro de 2021, ela recebeu uma nova conquista: foi premiada pela descoberta de um asteroide classificado como importante no programa Caça Asteroides da Nasa e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

Primeiros passos

Tudo começou em 2020, quando a estudante se preparava para o vestibular e sonhava com a vaga no curso de Medicina da USP. “Eu precisava estudar algo além dos conteúdos do ensino médio e fiquei sabendo da oportunidade de caçar asteroide, me inscrevi e fiz o treinamento on-line para aprender a analisar uma sequência de imagens do Universo”, conta.

Ou seja, ela analisava visualmente fotos em busca de pontos em movimento, gerava um relatório e enviava para os organizadores do programa. Depois, o material é enviado para a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que confirma se é um asteroide – corpos rochosos de estrutura metálica, que orbitam o Sol – ou outro elemento do Universo.

“Eu descobri mais de 25 asteroides e pelo menos um deles é classificado como muito importante. Ele faz parte de um grupo que é chamado de fraco, se movimenta mais devagar e pode colidir com a Terra. Agora, a Nasa está colhendo mais dados e irá analisar a órbita do asteroide para verificar qual é a probabilidade de colisão com a Terra e quando isso ocorreria”, revela Verena. A estudante ainda poderá dar nome aos asteroides descobertos após a emissão da documentação.

Monitoramento de asteroides de grande dimensão prevê impactos globais

Em entrevista à Rádio USP, Roberto Costa, professor do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, explicou que objetos espaciais maiores de 1 quilômetro de diâmetro têm riscos de impacto global. “Sorte nossa que a Terra é um alvo pequeno e esses objetos na faixa do quilômetro de diâmetro adiante são conhecidos e monitorados”, esclarece.

A premiação aconteceu no dia 9 de dezembro de 2021, em Brasília, e contou com a participação de Patrick Miller, criador do programa Caça Asteroides; do ministro Marcos Pontes e membros do MCTI.

“Eu fui convidada para fazer um discurso como representante do Estado de São Paulo e recebi troféu, medalhas e certificados pela participação, por ser o primeiro lugar no Brasil e de honra ao mérito”, comemora.

Sonho que virou realidade

Nascida em Indaiatuba, interior de São Paulo, Verena sempre enxergou o corpo humano como um desafio. “Eu tive um padrasto que era médico e eu passava a noite lendo os livros de medicina dele. Ele era radiologista, me ensinava a ver chapas de radiografia e eu ficava fascinada”, relembra.

Na época, a estudante tinha 7 anos e brincava com tubos vazios de sangue, jaleco e se divertia com o sonho de se tornar médica. A vontade permaneceu ao passar dos anos e ganhou um novo capítulo: Verena cursou o ensino médio no Colégio Técnico de Campinas, da Unicamp, e se formou como técnica em Enfermagem.

Após se formar no ensino médio, ela desenvolveu uma pesquisa na área de Neurociência Computacional para pessoas com Transtorno do Espectro Autista, no Hospital Albert Einstein, por um ano. Também fez a inscrição e foi aceita na Universidade da Columbia Britânica no Canadá, em 2019. “Foi complicado por questões financeiras e pela diferença nas formações, pois é preciso fazer quatro anos de graduação e depois fazer pós-graduação em Medicina e eu queria ser médica”, explica.

Verena voltou para o Brasil no final de 2019 e decidiu que iria estudar novamente os conteúdos do ensino médio para cursar Medicina na USP em 2020.

“Tem uma frase que marca muito a minha vida: ‘Na vida não existem escolhas certas ou erradas. Existem escolhas. E o nosso papel é, depois de decidir, fazer desta escolha a melhor decisão que poderíamos ter tomado na vida’. Então se eu voltei do Canadá e se eu não fui direto para a faculdade após o ensino médio, fiz com que essas decisões fossem uma das melhores para mim”, conta.

Ao voltar para o Brasil, ela ganhou bolsa para um cursinho preparatório e estudou para o vestibular em meio à angústia da pandemia.

“Eu passei em Medicina na FMRP pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) em abril de 2021 e um dos melhores momentos foi contar para minha mãe e para a minha avó. Foi muito emocionante”, relembra.

Atualmente, Verena sonha em ser neurocientista e atuar na área da Neurocirurgia.

“O centro cirúrgico é a área que eu mais me apaixonei, até hoje. Tudo me guia para essa área, mas pode ser que eu mude no decorrer da graduação. Estou aberta a oportunidades”, finaliza.

Por Giovanna Grepi, para o Jornal da USP

A China anunciou nesta quinta-feira (18) que enviará uma sonda a um asteroide para coletar amostras e trazê-las à Terra, disputando com missões similares executadas pelas agências espaciais da Europa, dos Estados Unidos e do Japão.

A missão, que durará 10 anos, terá como destino o asteroide 2016 H03, minúsculo corpo celeste de 40 metros de diâmetro que está a uma distância média de 5,2 milhões de km da Terra, anunciou a agência espacial chinesa.

A sonda será encarregada de trazer amostras do asteroide, explicou à imprensa o diretor do Centro de Exploração e Engenharia Espacial, Liu Jizhong, sem especificar a data para o lançamento da missão.

O veículo se dividirá em dois após sua missão no asteroide: uma cápsula com as amostras voltará à Terra e outro módulo se dirigirá para o cometa 133P.

Há três meses a sonda japonesa Hayabusa2 fez um pouso sobre um asteroide.

Já a Nasa sobrevoou em 1 de janeiro com sua sonda New Horizons o objeto denominado Ultima Thule, situado a mais de 6,2 bilhões de km, muito além da órbita de Plutão.

Outra sonda da Nasa, a Osiris-Rex, foi posta em órbita em volta do asteroide Bennu, a cerca de 110 milhões de km da Terra.

A China atualmente gasta mais em seus programas espaciais civis e militares que a Rússia e o Japão, com orçamento calculado pela OCDE em 8,4 bilhões de dólares em 2017 - ou seja, o segundo maior orçamento do mundo, atrás dos Estados Unidos.

A NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) divulgou seu novo plano para proteger a Terra contra possíveis colisões com asteroides.

O novo sistema de defesa foi apelidado de Double Asteroid Redirection Test (DART) (em tradução livre, “Teste de Redirecionamento de Duplo Asteroide”) e consiste em uma grande espaçonave não tripulada que poderá ser lançada em direção ao asteroide a uma velocidade aproximada de 6 quilômetros por segundo, causando um impacto suficiente para mudar o asteroide de órbita.

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A NASA planeja fazer o primeiro teste em 2022 em um asteroide dublo conhecido como Dídimo. Esse asteroide flutua na órbita do Sol, e passa próximo à Terra a cada 770 dias. O Dídimo é composto por dois asteroides, um maior de 750 metros e outro menor de 170 metros. O plano é usar a DART para colidir com o Dídimo menor. A nave será enviada da terra em 2020.

Além da NASA, fazem parte deste programa a ESA (Agência Europeia Espacial), o Observatório de Nice na França e a Applied Physics Laboratory da Universidade americana Johns Hopkins. 

Será possível um dia desviar a trajetória de um asteroide em rota de colisão com a Terra? Estados Unidos e Europa preparam um experimento espacial para checar esta possibilidade, mas se deparam com recursos insuficientes.

Há anos, a Nasa e a Agência Espacial Europeia (ESA) elaboram uma missão conjunta batizada AIDA para verificar se é possível mudar o curso de um asteroide.

A agência espacial americana tem previsto provocar uma colisão entre um projétil lançado a partir da Terra e o satélite do asteroide Didymos, que em 2022 se encontrará a apenas 13 milhões de quilômetros do nosso planeta.

"O objetivo é validar uma tecnologia para que se um dia um asteroide ameaçar entrar em colisão com a Terra, estejamos seguros de poder provocar uma explosão e mudar sua trajetória", declarou à AFP Ian Carnelli, chefe do projeto AIM (Asteroid Impact Mission) na ESA. Como parte da missão AIDA, os americanos preveem enviar ao espaço em 2020 um aparelho de 600 kg, batizado DART (Double Asteroid Redirection Test).

Dois anos depois, o DART deveria colidir, a uma velocidade de 6 km por segundo, com o satélite, que mede 160 metros de diâmetro. Os europeus, por sua vez, deveriam lançar a sonda AIM ao encontro do Didymos (de quase 800 metros de diâmetro) e seu satélite, a fim de estudar, em 2022, suas características e registrar imagens do impacto.

A missão AIM foi apresentada em dezembro no Conselho ministerial da ESA em Lucerna (Suíça), mas foi adiada por falta de recursos.

Não desistir

A ESA pedia 250 milhões de euros para a AIM. Recebeu o apoio de vários pequenos países europeus, principalmente de Luxemburgo, mas os grandes se mantiveram à margem. O diretor-geral da ESA, Jan Woerner, disse estar "decepcionado", porque está "convencido da necessidade do projeto".

"A missão não foi anulada", detalhou Woerner na semana passada. "Não renuncio, principalmente porque vários Estados-membros me pediram para não abandonar". "Estamos pensando em várias soluções, entre elas uma versão mais leve da AIM", reduzindo um pouco seu conteúdo científico, explicou.

"Desta forma, seria possível reduzir o orçamento para menos de 150 milhões de euros, sem incluir o lançamento", declarou à AFP Patrick Michel, astrofísico do Observatório da Costa Azul e responsável científico da AIM. Em sua versão completa, a AIM prevê uma câmera, um equipamento de rádio, um pequeno aterrissador, mini-satélites CubeSats e vários radares.

O tempo urge. "Ainda nos restam dois meses, mais ou menos, para progredir e encontrar dinheiro", afirma Carnelli. "Se a Europa não realiza a AIM, perderá toda a experiência adquirida com a sonda Rosetta sobre navegação perto de um pequeno corpo celeste", adverte Michel.

Ainda que a ESA jogue a toalha, a missão americana DART não será comprometida, porque a colisão poderá ser vista a partir da Terra. Seu orçamento é de cerca de 150 milhões de dólares. Atualmente, considera-se que mais de 1.700 asteroides são potencialmente perigosos porque suas trajetórias cruzam com a da Terra a uma distância inferior a 10 milhões de km. "É necessário vigiá-los", aponta Michel.

"Se um asteroide de 150 metros caísse sobre a Terra, isto representaria o equivalente a 10.000 bombas de Hiroshima em termos de energia liberada", explica.

Aluna do terceiro ano do ensino médio da Escola Técnica Estadual (ETE) João Barcelos Martins, unidade da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), em Campos dos Goytacazes, norte do estado, Mylena Peixoto viaja hoje (21) à noite para conhecer, a convite, a sede da agência espacial norte-americana, a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa, na sigla em inglês).

Mylena descobriu cinco asteroides orbitando entre Marte e Júpiter ao participar, no ano passado, do projeto Caça aos Asteroides, proposto pelo programa International Astronomical Search Collaboration (Iasc), dos Estados Unidos, coordenado pelo Clube de Astronomia de Campos. O programa Iasc reúne estudantes do mundo inteiro. Ao todo, foram formados 14 grupos internacionais, com recorde brasileiro. “Só em Campos, foram oito grupos”, informou Mylena à Agência Brasil. Ela tem 16 anos.

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A descoberta dos asteroides resultou no convite para visitar o Centro Espacial Lyndon Johnson, da Nasa, localizado em Houston, Texas, onde Mylena participará de atividades com astronautas, além do National Radio Astronomy Observatory (Nrao), centro de pesquisa e desenvolvimento federal situado no estado americano da Virginia e voltado ao estudo da radioastronomia. Ali, Mylena e os demais brasileiros que integram a comitiva farão um curso que, segundo ela, “é muito disputado até mesmo por pessoas formadas em astronomia”. Ela tem encontro agendado também com o fundador do projeto Caça aos Asteroides, em Washington, “com possibilidade de conhecer a Casa Branca”, comemorou.

Daqui a cinco anos, Mylena poderá batizar os asteroides descobertos por seu grupo em Campos. Embora considere que os nomes devem ser dados em consenso pelos participantes do grupo, ela disse que, pelo menos, um deles já está definido. Um dos asteroides será chamado Rotary, em homenagem ao Rotary Club Internacional, que cedeu “dinheiro suficiente para quitar as passagens”. A estudante pretende homenagear também a família e o fundador do projeto. Provisoriamente, os asteroides observados por Mylena Peixoto receberam os nomes de P10odrM, P10ovCY, P10oCwi, P10oCAs e P10ouCr.

A comitiva brasileira é integrada por dez pessoas dos estados do Rio de Janeiro e do Mato Grosso. “A mais jovem, ainda em formação, sou eu”, disse Mylena. Ela vai acompanhada do seu professor, Marcelo Oliveira. A comitiva tem retorno ao Brasil programado para o próximo dia 30.

Projetos

Mylena lamentou que não tenha sido possível que todos os estudantes do grupo participassem da viagem. Contou que, além do Rotary e da própria Faetec, que doaram quantia em dinheiro, ela organizou um “livro de ouro” para captar donativos, vendeu rifas, abriu uma conta online para arrecadar recursos. “Fiz de tudo para poder viajar”, contou.

Mylena prestou vestibular em Ciências da Natureza, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF), neste segundo semestre, foi aprovada mas, como é menor e ainda não concluiu o ensino médio, não pôde entrar na faculdade e está brigando justiça para se matricular. Devido à greve, o ano letivo foi prorrogado até abril de 2017, o que constitui também empecilho para entrar  na universidade. Ela já pensa, entretanto, depois de formada, em fazer especialização em astronomia.

Atributos como dedicação, força de vontade, empenho e interesse foram, segundo disse a ela o professor Marcelo Oliveira, critérios determinantes para sua indicação para a viagem: “Me sinto lisonjeada. É um sonho, porque se não fosse os professores acreditarem mim e no meu potencial, provavelmente eu nunca teria uma oportunidade dessa. Talvez, no futuro, e não agora, tão jovem, com 16 anos”.

De acordo com a Faetec, Campos dos Goytacazes é, ao lado da cidade de Heidelberg, na Alemanha, um dos melhores pontos para a observação de asteroides em todo o planeta.

Cerca de 500 asteroides ameaçam potencialmente a Terra, um problema para o qual especialistas da Agência Espacial Europeia (ESA) encontraram soluções que parecem ter saído de um filme de ficção científica.

"Temos cerca de 500 objetos próximos à Terra (NEO, na sigla em inglês) identificados que poderiam, dentro de 100 anos, eventualmente tocar a terra, mas a probabilidade é muito baixa, em alguns casos de um em um milhão", explicou Detlef Koschny, chefe do setor de NEO na ESA.

"Seguimos seus caminhos, tentamos prever o que poderiam ser e se, eventualmente, representarão um risco", explicou Koschny a partir do centro operacional dos NEO na cidade italiana de Frascati, perto de Roma.

"Em caso de perigo real, temos duas soluções atualmente viáveis​", acrescentou o especialista. "O primeiro é o acidente de movimento cósmico", disse.

"Imagine um veículo, que é o asteroide, e um outro veículo, que é a nossa ferramenta, colidindo com ele e o deslocando de sua trajetória. Por conta da pressão, é possível desviá-lo gradualmente da Terra", afirmou.

"A segunda solução é destruir o asteroide com a ajuda de uma explosão nuclear", acrescenta Koschny.

A questão é: como mirar um objeto espacial viajando a 3600 km/h com um outro objeto lançado para interceptá-lo com a mesma velocidade?

"A partir de uma experiência americana chamada Deep Impact sabemos que é possível alcançar todos os objetos maiores que 100 metros de diâmetro. Nos encaminhamos provavelmente aos satélites autoguiados por uma câmera, porque não teríamos tempo para dirigi-los a partir da Terra", explica o cientista.

"É mais fácil quando é Bruce Willis quem faz isso", diz, brincando, Richard Tremayne-Smith, co-presidente da Conferência de Defesa Planetária (Planetary Defence Conference, PDC), realizada em Frascati. Uma alusão ao filme americano "Armageddon", em que o ator destrói um asteroide que ameaça a Terra.

"A defesa planetária era um hobby há dez anos. Hoje, tornou-se uma preocupação global", aponta William Ailor, segundo co-presidente do PDC.

A PDC é coisa séria e envolve especialistas da Nasa, da ESA e de outras instituições, mas também há lugar para jogos de RPG.

"O jogo consiste em simular uma crise [provocada] por uma possível queda de um asteroide na Terra, com três pessoas desempenhando o papel de autoridades políticas, seus conselheiros científicos, representantes das populações ameaçadas e a imprensa", explicou Debbie Lewis, especialista em gestão de catástrofes.

"Precisamos de acordos de comando, controle, coordenação e comunicação em nível internacional", insistiu a especialista. É que os danos causados pela queda de um asteroide podem ser gigantescos em função do tamanho.

Segundo vários especialistas, 75% das diferentes formas de vida na Terra, inclusive os dinossauros, desapareceram por causa da queda de um enorme asteroide há 65 milhões de anos.

"Devemos estar preparados, o despertador já tocou, mas teimamos em desligá-lo", afirmou Lewis.

Como evitar uma colisão entre a Terra e um asteróide? Os cientistas de Europa, Rússia e Estados Unidos buscam a melhor maneira de desviar qualquer corpo celeste que possa ameaçar nosso planeta, como o que aniquilou os dinossauros.

"Ninguém busca detonar um asteróide. Isto não é Hollywood, e este remédio pode ser pior que o próprio mal, ao multiplicar os riscos" com a fragmentação do objeto, explicou em uma entrevista à AFP o cientista francês Erwan Kervendal, responsável por este dossiê no Astrium, que forma parte do EADS, o primeiro grupo europeu de aeronáutica e defesa.

Enquanto esperam que um asteróide de 45 metros de diâmetro e 135 mil toneladas de peso passe muito perto da Terra nesta sexta-feira - sem riscos de colisão com o planeta, já que passará a quase 30.000 km de distância -, os cientistas examinam três opções para desviar um objeto que possa ameaçar o planeta, segundo Kervendal.

Os europeus trabalham sobre uma opção que consiste em "atacar o objeto celeste a uma grande velocidade, cerca de 30 mil km/h, perto de seu centro de gravidade, sob um ângulo particular para fazê-lo desviar", explicou Kervendal, que dirige o projeto "de impactador cinético" no Astrium.

Os cientistas americanos trabalham, por sua vez, sobre a atração que pode ser exercida por um veículo espacial colocado por muito tempo perto do asteróide, e que funcionaria como "trator de gravidade", segundo o especialista do Astrium.

Os russos estudam uma terceira opção, que consiste em um desvio da trajetória por efeito do sopro vinculado a uma explosão perto do asteróide.

Os cientistas e industriais se reunirão em março em Bruxelas para discutir estas opções, anunciou o especialista.

Nesta reunião será feito "o primeiro balanço anual do programa da União Europeia NEO-Shield (Escudo contra os objetos próximos da Terra), ou geocruzeiros", lançado com uma duração de três anos no início de 2012", indicou Kervendal.

"Cada um trabalha sobre um eixo, mas vamos juntar nossos conhecimentos e nossos dados matemáticos", afirmou o cientista francês, ressaltando que não se trata de uma concorrência entre as equipes, mas de uma colaboração.

Depois que o conceito "mais eficaz e realizável industrialmente" for escolhido, em meados de 2015, serão necessários ainda muitos anos para encontrar uma solução operacional, admitiu.

"Se a UE aceitar a proposta, um demonstrador será lançado até 2020 para validar a opção escolhida e mostrar que consegue alcançar um objeto, provavelmente para além de 36.000 km de altitude, onde giram os satélites de comunicações", explicou.

"Em função do interesse de nossos dirigentes, e uma vez demonstrado que funciona, passaremos para a etapa de financiamento do desenvolvimento da tecnologia operacional", acrescentou o responsável da Astrium, que considerou prematuro fornecer mais detalhes sobre o estudo e os prazos.

O asteróide "2012 DA 14", que passará perto da Terra nesta sexta-feira, produziria, se colidisse com nosso planeta, danos comparáveis ao que destruiu a selva siberiana, em um raio de 20 km, em 1908 em Toungouska por uma onda de choque equivalente a centenas de vezes a bomba de Hiroshima.

O meteorito que se chocou contra a península de Yucatán há 66 milhões de anos - e que seria responsável pela extinção dos dinossauros - media 10 km de diâmetro.

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