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No dia 1º de janeiro de 2023 a primeira governadora mulher de Pernambuco tomou posse no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual. Raquel Lyra, junto com sua vice-governadora, Priscila Krause, realizou grandes feitos, desde a vitória nas urnas, e a assinatura do livro que oficializa seu mandato como chefe executiva do estado pelos próximos quatro anos. O primeiro deles foi o de ter sido eleita a primeira governadora mulher na história do estado, entre um mar de 57 governadores do passado. Outro grande feito foi a ruptura de quatro mandatos do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que esteve à frente do estado desde Eduardo Campos, em 2011.

Mas, entre os grandes feitos estão misturados acertos e erros, atitudes polêmicas e conflitos, que configuram os 100 primeiros dias, segundo especialistas, como uma longa introdução de um livro que ainda está sendo escrito. A partir da análise de especialistas políticos, o LeiaJá traçou um parecer geral de como a “Era Lyra” está sendo vista na política local e nacional.

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Segundo a cientista política Priscila Lapa, ainda é considerado cedo demais para estabelecer uma agenda de governo propriamente dita, principalmente diante de tantas mudanças realizadas ainda nos primeiros dias de mandato. “Em geral, a gente não pode falar ainda de uma agenda de governo estabelecida. Os primeiros dias foram marcados muito mais por uma destituição do que já estava estabelecido, em termos de modelo de gestão no estado, do que propriamente a implantação de novas coisas”, pontua.

Uma das primeiras ações de Lyra após a posse foi a exoneração de cargos comissionados e gratificados no governo do estado. Isso causou uma grande movimentação dentro e fora do gabinete, e passou uma imagem de retomada da ordem da máquina pública. “Ela tentou dar uma reorganização na máquina administrativa do estado retirando pessoas que estavam à disposição em outros órgãos, fazendo todo um freio de arrumação que causou desgastes políticos, tanto que, aos pouquinhos ela foi cedendo e voltando atrás em algumas dessas decisões, cedendo novamente servidores, concedendo novamente as licenças que haviam sido suspensas. Então o que a gente pode falar é muito mais no sentido de reorganização da estrutura administrativa do que propriamente de ter conseguido emplacar grandes ações de governo”, observa Lapa.

Mas não só de cortes vive o atual governo de Pernambuco. Com a perda do prazo para revogar o reajuste da folha do gabinete, o salário de Lyra teve um aumento de 126%, assim como outros salários também subiram, causando um impacto de R$ 25 milhões no orçamento do estado para 2023. Indo além do recorte, o cientista político e professor universitário, Arthur Leandro, explicou ao LeiaJá que outros gastos foram reduzidos nos últimos meses, em comparação ao mesmo período do ano passado.

“O governo anunciou o plano de qualidade de gastos públicos, que anunciou já no no início do mês de março redução de R$ 225 milhões na despesa do estado quando comparado com o mesmo período de 2022. Então, a gente está falando aí dos meses de janeiro e fevereiro, esse plano fez essa redução basicamente a partir [da não renovação] dos contratos de aluguel, combustíveis e outros itens que estavam sendo anunciados”, comentou Leandro.

O docente ainda apresenta outros feitos do governo nestes primeiros meses, levando em consideração as promessas de campanha, como o encerramento dos lixões em Pernambuco, a ampliação de escolas em tempo integral no estado, a extensão do funcionamento das delegacias da mulher, agora com atendimento 24h por dia, sete dias por semana, inclusive nos fins de semana e feriados, e o início do programa Mães de Pernambuco, que prevê um auxílio de R$ 300 para as famílias que já são beneficiadas pelo programa Bolsa Família. Em relação à educação, o LeiaJá fez uma análise dos principais pontos de realizados pela governadora no setor no estado.

Espaços e acordos

No entanto, a imagem do governo ainda se encontra em processo de formação, com algumas tentativas, segundo o cientista, de buscar apoio de outros blocos partidários, para assim, conquistar espaços no legislativo, por exemplo. “Tem sido uma estratégia do governo, no sentido de construir uma maioria necessária na Assembleia Legislativa. E tanto é que o governo tem distribuído cargos e espaços a políticos dessas legendas. Importante destacar, por exemplo, a Secretária de Educação, Ivani de Dantas, era secretária de Anderson [Ferreira, ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes] pessoa ligada ao PL; o Guilherme Coelho (PSDB), que foi seu candidato ao senado, tá como assessor no gabinete, a CEASA está no controle de Bruno Rodrigues (PSDB); o Instituto de Terras de Pernambuco, Henrique Queiroz (PP), então o governo tem feito a distribuição de espaços de poder no sentido de tentar viabilizar politicamente o seu projeto”, pontuou Arthur Leandro.

Para Priscila Lapa, a questão é uma peça fundamental na montagem do quebra-cabeça do atual governo, tendo em vista as modificações estruturais que aconteceram desde o início da gestão. “Ela garante uma governabilidade, uma certa tranquilidade nessa relação com o legislativo, apesar que seu partido, o PSDB, tem uma bancada muito diminuta, a coligação que a levou ao poder, uma coligação muito diminuta, e o PSB, as forças de oposição, continuam sendo as bancadas mais numerosas. Mas isso não foi empecilho para que ela conseguisse intervir de alguma forma na composição dos colegiados dentro da Assembleia, das comissões temáticas principalmente que ela não tem enfrentado no seu projeto, por exemplo, da aprovação do seu projeto de reforma administrativa e do seu próprio projeto de remanejamento de recursos do orçamento, como ela conseguiu emplacar agora um crédito suplementar expressivo, para que consiga atender de forma emergencial algumas áreas do estado que são consideradas como prioritárias”, destacou a especialista.

Caminho trilhado

Compreendendo a incipiência do atual governo, mesmo com novidades e ações afirmativas já realizadas desde o início da gestão, Lapa acrescenta em seus comentários que ainda é cedo para afirmar o que realmente tem sido feito por Raquel Lyra. “Mas até o momento a gente vê ainda mais movimentações de bastidores do que propriamente entregas para a sociedade.”

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira que quaisquer atritos na relação com o presidente peruano, o esquerdista Pedro Castillo, estariam superados. A declaração foi feita pouco antes do encontro com o líder do país vizinho, em Porto Velho, e após o próprio Bolsonaro criticar a eleição do Peru, no ano passado.

Em julho de 2021, quando a eleição de Castillo era iminente, Bolsonaro afirmou em um evento evangélico: "perdemos o Peru". O presidente peruano é de esquerda na economia, mas conservador nos costumes, e considerado autoritário pela oposição do país vizinho.

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"Queremos América do Sul livre, liberdade de expressão, de imprensa. Logicamente que esse encontro tem a ver com isso, só podemos ter boa relação se democracia imperar", disse Bolsonaro antes do encontro. Questionado se a relação já estaria normalizada, o presidente respondeu "Tudo superado. Todos os países são importantes para nós aqui na América do Sul".

O chefe do Executivo ainda afirmou que não discute eleições de outros países, mesmo após se posicionar sobre diferentes pleitos pelo mundo. Ele chegou a apoiar abertamente a reeleição do ex-presidente americano Donald Trump, derrotado pelo eleito Joe Biden em 2020.

"Política cada um cuida do seu pedaço. Temos interesse e povo é responsável por suas escolhas. Não vou discutir se povo votou certo ou errado em qualquer lugar do mundo. Temos experiência de alguns países aqui na América do sul, parece que não deu certo. Parece que é sinal de alerta", disse o Bolsonaro.

Agenda

Bolsonaro estava reunido por volta das 13h com Castillo no Palácio Rio Madeira, sede do governo de Rondônia. "Vamos tratar de questões de defesa, crimes transnacionais, comércios, cooperações das mais variadas possíveis. O espírito de um bom relacionamento. Os dois países têm muito a ganhar com isso", declarou. "A expectativa é que seja um encontro bastante produtivo. O Brasil está bem no mundo todo".

De acordo com o chefe do Executivo, uma rodovia para dar acesso do Brasil ao Oceano Pacífico também estará em pauta do encontro.

Críticas ao PT

Para dar continuidade à estratégia de polarizar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em ano eleitoral, Jair Bolsonaro voltou a criticar as gestões petistas pelo financiamento de obras em Cuba e na Venezuela.

"Parabéns ao PT pelo metrô de Caracas e pelo porto de Mariel", ironizou o presidente em declaração à imprensa antes de se encontrar com Pedro Castillo.

Bolsonaro ainda voltou a dizer que não vai rever a reforma trabalhista aprovada em 2017 no Brasil. Ele já havia afirmado isso na quarta-feira, na cerimônia de abertura dos trabalhos do ano legislativo, no Congresso. O PT defende a anulação da reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer (MDB) caso Lula seja eleito presidente.

Em outro aceno à sua base eleitoral, o chefe o Executivo também defendeu a diminuição de multas no campo. "Por que o agronegócio gosta da gente? Com Ricardo Salles (ex-ministro do Meio Ambiente), diminuímos a multagem (sic) no campo. Não é mais política de Estado", declarou. Em seguida, Bolsonaro a realização de novos contratos de concessão de rodovias no País.

O porta-voz da Embaixada da China no Brasil, o ministro-conselheiro Qu Yuhui, disse na sexta-feira, 10, que a relação entre os dois países não será facilmente abalada por "um ou dois indivíduos irresponsáveis", se referindo ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao ministro da Educação, Abraham Weintraub. Ambos usaram as redes sociais para fazer críticas consideradas xenófobas e racistas pelo país asiático.

Em videoconferência com jornalistas brasileiros, o porta-voz afirmou que esse tipo de declaração não favorece o ambiente de negócios e de cooperação. "Não são favoráveis à manutenção de um bom ambiente de negociação e cooperação entre dois países. Por outro lado, as relações entre Brasil e China são muito maduras. Essa parceria é um trabalho de várias gerações, de muitos esforços de muitas pessoas dedicadas a essas causas, que não vai ser abalada ou danificada facilmente por um ou dois indivíduos irresponsáveis", disse.

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O ministro-conselheiro reforçou que a China segue sem compreender a razão dos comentários "lamentáveis e irresponsáveis". "Até hoje não conseguimos entender por que eles fizeram este tipo de declarações. Ou é pela ignorância, ou é por outras intenções que não sabemos quais são. Como figuras públicas, eles devem ter uma noção do peso da responsabilidade."

Weintraub usou as redes sociais no último dia 4 para fazer insinuações sobre supostos benefícios que a China teria com a crise do coronavírus. O ministro usou o jeito de falar do personagem Cebolinha, criado por Maurício de Sousa, que troca o "r" pelo "l". A intenção do ministro era ridicularizar o fato de alguns chineses, quando falam o português, também trocarem o som das letras.

No texto, Weintraub insinuou que a pandemia da covid-19 seria um plano infalível chinês para dominar o mundo. Depois da repercussão negativa, ele apagou a mensagem.

No fim de março, Bolsonaro conversou com presidente da China, Xi Jinping, após Eduardo ter culpado o país pela disseminação do coronavírus. "Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mais uma vez, uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor, tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução", escreveu o deputado ao compartilhar postagens acusando o governo chinês pela pandemia.

Segundo o Ministério da Economia, o fluxo de comércio (exportações e importações) do Brasil com a China é de cerca de US$ 100 bilhões. Os chineses respondem por 27,8% das exportações e 20% das importações - o primeiro país tanto nas vendas como nas compras. O superávit para o Brasil é de US$ 30 bilhões.

Um estremecimento nas relações com o país asiático alerta líderes do agronegócio brasileiro, que recentemente pediram cautela e pacificação na relação dos dois países diante das incertezas causadas pelo avanço da pandemia do coronavírus.

Na conversa com os jornalistas, o porta-voz chinês disse ainda que as declarações do filho do presidente e do ministro da Educação alimentam "um certo sentimento anti-China, racista ou xenófobo contra China".

Qu Yuhui afirmou que a parceria entre China e Brasil será importante não apenas para enfrentar o novo coronavírus, mas, sobretudo, para depois que a pandemia for superada. "A parceria continuará sendo importante para os dois lados", disse. "Nossas economias são muito complementares. Temos necessidades cotidianas e estratégicas para fomentar a nossa cooperação. Mas isso requer um cuidado, um carinho muito especial. Temos que colocar tijolos nessa parceria, em vez de tirar os alicerces desse edifício", disse.

Cooperação

Apesar do estremecimento diplomático, a China, segundo o porta-voz, seguirá cooperando com o Brasil no enfrentamento ao coronavírus, mantendo contato com o Itamaraty e o Ministério da Saúde. No último dia 7, o ministro Luiz Henrique Mandetta procurou a embaixada chinesa para pedir um esforço comum para a entrega de equipamentos médicos.

O jornal O Estado de S. Paulo procurou na sexta-feira Eduardo Bolsonaro e Weintraub, mas até a conclusão da edição do jornal eles não haviam se manifestado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou ontem (22) na convenção do Solidariedade em São Paulo que o assédio do PMDB a políticos que vinham negociando com seu partido, o DEM, "é um problema, mas será resolvido". Ele reiterou que a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), enviada à Câmara, seguirá o mesmo rito da primeira.

Anteontem, Maia cobrou mais respeito do Planalto e criticou as manobras do PMDB: "aliados não podem ficar levando facadas nas costas".

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Segundo o presidente da Câmara, ele e Temer ainda não conversaram sobre o que considerou um avanço do PMDB sobre deputados que o DEM vinha negociando. Recentemente, o partido de Temer conseguiu atrair o senador Fernando Bezerra Coelho (ex-PSB). E pelo menos outros seis deputados do partido, que estavam em negociação para migrar para o DEM, foram procurados pela cúpula peemedebista.

Ontem, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, chamou de "farsantes" os parlamentares do partido que estão migrando para o DEM e para o PMDB. "Parlamentares socialistas jamais cogitariam ir para o DEM ou para o PMDB, nas condições em se encontra, para apoiar o governo de um cidadão chamado Michel Temer", afirmou Siqueira.

Em tom de ironia, o presidente do PSB disse ser "natural" que as pessoas se aproximem de quem têm mais afinidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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