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O Reino Unido apresentou nesta quarta-feira (19) as novas regras de imigração que passarão a valer em 2021 como parte do desligamento do país da União Europeia (UE), o chamado Brexit. Inspiradas no modelo adotado pela Austrália, as normas dão preferência a estrangeiros que falem inglês, tenham qualificação acadêmica e profissional e já chegam ao Reino Unido com uma oferta de trabalho.

Apresentado pela secretária do Interior, Priti Patel, o novo sistema imigratório britânico será baseados em pontuação, e o cidadão estrangeiro terá que conquistar um mínimo de 70 pontos para conseguir um visto de trabalho. Falar bem inglês vale 10 pontos, ter um oferta de trabalho, 20 pontos. Qualificações acadêmicas valem outros 20 pontos, assim como uma proposta de emprego com salário mínimo de 25 mil libras esterlinas anuais (cerca de R$ 141 mil).

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O visto de estudante também seguirá um sistema de pontuação, com a condição de que o candidato tenha recebido uma oferta de ensino de um estabelecimento britânico, fale inglês e possa se manter financeiramente. "Vamos pôr em prática um sistema que funcione no interesse de todo o Reino Unido e priorize as competências que uma pessoa tem para oferecer, e não de onde ela vem. Durante muito tempo, distorcido pelo direito de livre circulação europeu, o sistema de imigração não respondeu às necessidades do povo britânico", alegou o governo do premier Boris Johnson, no documento apresentado hoje.

As normas devem ser implementadas em 1 de janeiro de 2021, quando acabar o período de transição para o Brexit, e valerão para todos os estrangeiros, inclusive de países-membros da União Europeia. Até agora, os europeus tinham facilidades de locomoção dentro do bloco. A tentativa de Boris Johnson é reduzir o número de imigrantes que chegam ao Reino Unido para trabalhar em vagas que exigem pouca qualificação e têm baixos salários, apesar dessas áreas serem importantes para a manutenção da economia local.

As novas regras não afetarão os cidadãos europeus ou de outras nacionalidades que têm visto e trabalham no Reino Unido. A oposição britânica criticou o novo sistema. Segundo os opositores, enquanto o modelo australiano restringe a imigração, mas incentiva estrangeiros com capacitação estratégica para a economia do país, o britânico corre o risco de desencorajar os estrangeiros. Os liberais-democratas também acusaram o governo de Boris Johnson de xenofobia.

Da Ansa

A Irlanda comparece às urnas para eleições legislativas antecipadas no sábado (8), e o primeiro-ministro Leo Varadkar faz campanha, insistindo em que persistem os riscos do Brexit no vizinho Reino Unido.

Na pesquisa mais recente, o premiê está atrás dos nacionalistas do Sinn Fein, ex-braço político do IRA. Varadkar advertiu que o Brexit "ainda não terminou, esta é a apenas a primeira parte", ao convocar eleições em janeiro.

Na sexta-feira passada, com a saída britânica da União Europeia, a demarcação terrestre entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte se tornou a nova fronteira entre o Reino Unido e a UE.

O acordo de divórcio evitou o retorno de uma fronteira rígida que poderia ameaçar o acordo de paz da Sexta-Feira Santa. Em 1998, este pacto acabou com três décadas de um conflito violento que deixou 3.500 mortos na província britânica situada ao norte da ilha.

Nada mudará durante o período de transição, previsto para durar até dezembro. Bruxelas advertiu, no entanto, para um novo risco de ruptura brutal, se um acordo não for alcançado sobre a futura relação entre as duas partes.

E Varadkar concentrou a campanha em repetir que ele é o mais adequado para obter o acordo.

"As pessoas confiam em nosso governo sobre o Brexit, porque protegemos o país durante uma crise que nós não criamos", afirmou o vice-premier e chanceler, Simon Coveney, ao apresentar o programa eleitoral do partido de centro direita Fine Gael.

A aposta do partido pode resultar em fracasso, porém.

- Auge do Sinn Fein -

Diante da ameaça de um Brexit brutal sem acordo, que teria consequências dramáticas para a economia irlandesa, o partido de oposição, também centrista, Fianna Fail, decidiu apoiar o governo minoritário do Fine Gael de 2016 até 2019.

A aliança entre ambos foi prejudicada por vários escândalos que envolveram figuras importantes do partido de Varadkar, também afetado pelos problemas no sistema público de saúde e por uma crise cada vez maior da habitação.

"A ideia de que a Irlanda não pode mudar de governo por culpa do Brexit é cínica e desesperada", denunciou o líder do Fianna Fail, Micheal Martin. nCoveney afirmou, porém, que Martin "não é a pessoa para liderar a Irlanda na segunda metade do desafio do Brexit".

"Ele deseja que acreditem que qualquer um pode fazer isso, como se o Brexit fosse um processo automatizado", criticou. Enquanto os dois partidos se enfrentam, o esquerdista Sinn Fein parece avançar no momento de turbulência.

Uma pesquisa do instituto Ipsos MRBI, publicada na terça-feira pelo jornal "Irish Times", atribui 25% das intenções de voto ao ex-braço político do extinto Exército Republicano Irlandês (IRA), que deseja a união da província britânica da Irlanda do Norte com a República da Irlanda.

- Saúde e moradia -

De acordo com a pesquisa, o Sinn Fein aparece pela primeira vez à frente do Fianna Fail (23%) e do Fine Gael (20%). Se conquistar este resultado histórico, o partido liderado por Mary Lou McDonald não poderia governar sozinho, mas teria um papel-chave na formação de um Executivo de coalizão.

Como prova da mudança de tendência, McDonald foi finalmente convidada a participar de um debate eleitoral organizado pelo canal público RTE. Inicialmente, o encontro seria apenas entre Varadkar e Martin.

O eleitorado parece mais preocupado com questões de política nacional, como saúde e a falta de moradias acessíveis, as prioridades citadas pelos mais de mil votantes entrevistados em uma pesquisa recente, na qual o Brexit ficou em 12º lugar.

Os hospitais irlandeses estão saturados e a escassez de residências provocou a disparada dos preços, a níveis impossíveis para boa parte da classe média.

Na semana do Natal, o país registrava 9.731 pessoas sem casa, e o número de famílias sem residência aumentou 280% desde dezembro de 2014, segundo a organização Focus Ireland.

Após mais de três anos de discussões e negociações, os britânicos finalmente saíram da União Europeia na sexta-feira (31). Curiosamente, o Brexit significa poucas mudanças para brasileiros que vivem no Reino Unido, e preocupa mais quem tem passaporte europeu.

O Brexit afeta as relações entre Reino Unido e UE. Por isso, as mudanças também mexem com a vida dos cidadãos que tinham direito de morar no país graças à cidadania de algum país-membro do bloco europeu. É o caso de muitos brasileiros.

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Entre 2002 e 2017, ao menos 170 mil ganharam cidadania de países europeus e o direito à livre circulação no bloco, incluindo o Reino Unido. Agora, na condição de europeus, esses brasileiros ganharam de presente uma gincana burocrática: precisam fazer uma solicitação para permanecer no país durante o período de transição, que termina em 31 de dezembro.

Mesmo assim, após o dia 1.º de janeiro de 2021, as regras podem mudar. Até lá, algumas proteções estão em vigor. O programa chamado EU Settlement Scheme, fruto de um acordo entre o Reino Unido e a UE - que também incluiu Noruega, Islândia, Liechtenstein e Suíça -, pretende proteger os direitos dos cidadãos europeus e parentes que vivem no Reino Unido.

O consultor de imigração da Associação Brasileira no Reino Unido (Abras), Ricardo Zagotto, disse que, por enquanto, "o único efeito prático (da saída) é que os céticos tomaram consciência de que o Brexit é uma realidade e eles devem tomar providências".

Na Inglaterra há quase cinco anos, Sandra Santos e a família se mudaram em busca de melhores condições de vida, principalmente de segurança e de educação. Com cidadania portuguesa, acompanharam todo o processo do Brexit, da votação do referendo à aprovação final.

"Foi uma novela, mas agora todo mundo está bem tranquilo. Ninguém está com medo." A família já se cadastrou no sistema do EU Settlement Scheme. "É um procedimento simples, você faz tudo por celular", conta Sandra. "A única coisa que precisa é o passaporte europeu."

De acordo com dados da Embaixada Britânica em Brasília, até o final de dezembro, mais de 2,7 milhões de pessoas requisitaram acesso ao programa - dessas, 2,4 milhões concluíram o processo com sucesso. A maioria recebeu status que permite a permanência no Reino Unido.

Visto

Os brasileiros que planejavam se mudar para o Reino Unido usando passaporte europeu estão acelerando o processo para que ele esteja concluído até o fim do período de transição, que termina em dezembro.

"Eu comecei meu processo de cidadania portuguesa em 2015 e só consegui concluir no ano passado", conta Vinicius Rossi. "Então, recebi a notícia de que o Brexit ocorreria no dia 31 de outubro (prazo que depois foi estendido)."

"Eu pensei: preciso ir agora, senão não vou mais. Larguei tudo, emprego, devolvi apartamento", conta. Há seis meses no Reino Unido, Vinicius já está apto a se cadastrar no sistema EU Settlement Scheme e aguarda a chegada da noiva, que poderá permanecer no país com um visto familiar.

A advogada e diretora da Casa do Brasil em Londres, Vitória Nabas, afirma que muitos brasileiros ainda estão tentando chegar ao Reino Unido com passaporte europeu. Ela destaca que tudo ainda é muito incerto sobre o que vai ocorrer após o período de transição. "A legislação ainda não foi divulgada. Sabemos que deve ser feita com base em um sistema de pontos, como acontece na Austrália e no Canadá para alguns tipos de vistos. Mas ainda não sabemos como vai ser exatamente."

Na Inglaterra com cidadania portuguesa há dois anos, Samuel Couto é engenheiro de qualidade da companhia aérea British Airways. Ele diz que, até o momento, o Brexit só poderá influenciar seu trabalho na medida em que afetar a economia como um todo. "Tudo é muito imprevisível", diz.

A embaixada britânica em Brasília afirma que turismo e educação não devem ser afetados. "Não há mudanças previstas para entrada de turistas no país durante o período de implementação. Como antes, para viagens de turismo com duração de até 6 meses, será necessário apresentar um passaporte válido", afirmou o órgão em nota enviada ao Estado.

No entanto, quem vai ao Reino Unido para estudar precisa se planejar se pretende ficar após o prazo. A advogada Paula - que preferiu não ter o sobrenome publicado - pretende fazer um mestrado no país.

"Não seria interessante conseguir uma qualificação lá, principalmente em um tipo de direito diferenciado e, depois, precisar sair", diz. "Eu queria ter as portas abertas, caso decidisse ficar lá." Assim, Paula e o marido aceleraram o processo de mudança: ele, cidadão italiano, foi para o Reino Unido no dia 14 e ela seguirá em março. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fora da União Europeia (UE) pela primeira vez em quase 47 anos, o Reino Unido iniciou neste sábado uma "nova era" em que deverá superar as divisões e redefinir seu lugar no mundo, negociando a nova relação comercial com Bruxelas, mas também com Washington.

"A cortina se abre para um novo ato em nosso grande drama nacional", disse o primeiro-ministro Boris Johnson em uma mensagem à nação, quando o país deixou oficialmente o bloco europeu, para celebração de alguns e lágrimas de tristeza de outros.

"Despedida da UE" (The Times), "O dia em que dizemos adeus" (The Guardian) ou "O Reino Unido corta finalmente laços com a UE" (Financial Times): a imprensa recebeu o dia como uma nova página do futuro do país. "Agora a construir o Reino Unido que nos prometeram", pediu o jornal The Mirror.

Porém, graças a um período de transição que vai até o fim de dezembro, pouco ou nada mudou na realidade para a maioria.

Agora sozinhos, os britânicos devem "usar os novos poderes, a soberania recuperada, para conquistar as mudanças pelas quais as pessoas votaram", disse Johnson.

O resultado do referendo de 2016, quando 52% dos britânicos votaram a favor do Brexit, foi explicado por muitos como uma reação desesperada da parte do país - principalmente o norte da Inglaterra - esquecida por uma globalização que enriqueceu Londres e aumentou as desigualdades.

O conservador Johnson conseguiu acabar com anos de bloqueio político em eleições antecipadas em dezembro, nas quais seduziu várias circunscrições de trabalhadores que desejavam o Brexit. Com o resultado, ele prometeu reunificar o país e investir, em educação e saúde, para reduzir as desigualdades.

"Há muito em jogo" 

"O Brexit está longe de ter acabado. A batalha sobre a UE pode ter acabado, a batalha pelo Reino Unido está a ponto de começar", afirmou neste sábado o lobby pró-Brexit da indústria pesqueira, que espera recuperar a prosperidade com o gim das cotas e a presença de barcos europeus.

Na segunda-feira, Johnson fará um discurso para apresentar suas metas para os britânicos e o papel do Reino Unido no mundo.

No momento, porém, precisa lidar com o descontentamento de uma parte importante do país, a Escócia, uma nação semiautônoma de 5,4 milhões de pessoas em sua maioria contrárias ao Brexit que, em uma tentativa de retornar à UE, parece cada vez mais tentada por uma eventual independência.

Uma grande manifestação para pedir um segundo referendo de autodeterminação, após a vitória do não em uma consulta em 2014, estava prevista para este sábado em Edimburgo.

Entre as poucas mudanças visíveis de maneira imediata, a missão diplomática britânica em Bruxelas, até agora denominada "Representação do Reino Unido ante a UE", enviou um funcionário durante a manhã para mudar a placa de seu edifício, que agora diz "Missão do Reino Unido ante a União Europeia", o que significa que não é mais um país membro.

Também assumiu o posto o novo embaixador da UE em Londres, o português João Vale de Almeida, que afirmou no Twitter que deseja "trabalhar de maneira construtiva com as autoridades britânicas e povo britânico, estabelecendo as bases para uma sólida relação".

Nos próximos meses, Londres terá que negociar a futura relação com Bruxelas, ao mesmo tempo que tentará alcançar um ambicioso tratado de livre comércio com os Estados Unidos, sua principal aposta para substituir o sócio europeu.

"Há muitas coisas em jogo", declarou à AFP Jill Rutter, do centro de pesquisa 'UK in a Changing Europe'.

Johnson disse que não deseja ficar alinhado com as normas europeias, o que preocupa os ex-sócios.

"Não podemos permitir que se estabeleça uma concorrência nefasta entre nós", advertiu o presidente francês, Emmanuel Macron, em uma carta aos britânicos publicada no jornal The Times.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson afirmou em discurso que a saída do Reino Unido da Europa pode ser um "esplêndido sucesso". O vídeo foi publicado no Twitter oficial do premiê na noite desta sexta-feira, 31, uma hora antes da oficialização do Brexit.

No vídeo, Johnson afirma entender os diferentes sentimentos que os ingleses experimentam neste momento - destacando que há aqueles que encaram o Brexit como um 'momento de esperança' e outros que experienciam 'ansiedade e 'perda'.

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"Eu entendo todos esses sentimentos e nosso trabalho, enquanto governo - o meu trabalho - é unir este país agora e nos levar à frente", disse. E acrescentou: "a coisa mais importante para dizer hoje à noite é que este não é um final, mas um começo. Este é o momento em que amanhece e a cortina sobe em um novo ato no nosso grande drama nacional".

Confira a íntegra do discurso:

"Hoje estamos saindo da União Europeia.

Para muitas pessoas, este é um momento surpreendente de esperança, um momento que eles pensavam que nunca chegaria. E há muitos, é claro, que sentem uma sensação de ansiedade e perda.

E depois há um terceiro grupo - talvez o maior - que começou a se preocupar com o fato de que toda a disputa política nunca chegaria ao fim.

Entendo todos esses sentimentos e nosso trabalho como o governo - meu trabalho - é reunir este país agora e nos levar adiante.

A coisa mais importante a dizer hoje à noite é que isso não é um fim, mas um começo. É o momento em que o amanhecer se abre e a cortina sobe em um novo ato em nosso grande drama nacional.

E sim, trata-se em parte de usar esses novos poderes - essa soberania recapturada -para realizar as mudanças pelas quais as pessoas votaram. Seja controlando a imigração, ou criando franquias, ou liberando nossa indústria pesqueira, ou fazendo acordos de livre comércio. Ou simplesmente fazendo nossas leis e regras para o benefício das pessoas deste país.

E é claro que acho que é a coisa certa, saudável e democrática a se fazer. Porque, por todos os seus pontos fortes e por todas as suas qualidades admiráveis, a UE evoluiu mais de 50 anos em uma direção que não se adéqua mais a este país.

E esse é um julgamento que você, o povo, confirmou agora nas pesquisas. Não uma, mas duas.

E, no entanto, este momento é muito maior que isso. Não se trata apenas de uma liberação legal, é potencialmente um momento de verdadeira renovação e mudança nacional.

Este é o início de uma nova era na qual não aceitamos mais que suas chances de vida - as de sua família - dependam de em que parte do país você cresce.

Este é o momento em que realmente começamos a nos unir e subir de nível: derrotando o crime, transformando nosso NHS, e com melhor educação, com excelente tecnologia e com o maior renascimento de nossa infraestrutura desde os vitorianos, espalharemos esperança e oportunidade para todas as partes do Reino Unido

E se conseguirmos acertar, acredito que a cada mês que passa, cresceremos em confiança, não apenas em casa, mas no exterior. E em nossa diplomacia, nossa luta contra as mudanças climáticas, nossas campanhas por direitos humanos, educação feminina, redescobriremos os músculos que não usamos há décadas. O poder do pensamento e ação independentes

Não porque queremos prejudicar tudo o que nossos amigos da UE fizeram - é claro que não.

Queremos que este seja o começo de uma nova era de cooperação amigável entre a UE e uma enérgica Grã-Bretanha.

Uma Grã-Bretanha que é simultaneamente uma grande potência europeia e verdadeiramente global em nosso alcance e ambições.

E quando olho para os ativos incríveis deste país, nossos cientistas, nossos engenheiros, nossas universidades líderes mundiais, nossas forças armadas, quando olho para o potencial deste país que está prestes a ser lançado, sei que podemos transformar essa oportunidade em um sucesso esplêndido.

E quaisquer que sejam os obstáculos na estrada à frente, sei que teremos sucesso.

Obedecemos ao povo, recuperamos as ferramentas do autogoverno.

Agora é a hora de usar essas ferramentas para liberar todo o potencial deste país brilhante e melhorar a vida de todos em todos os cantos do nosso Reino Unido. "

Despedida final

O Brexit acontecerá às 20h desta sexta-feira, 1.317 dias após a decisão dos britânicos de deixar a União Europeia. No entanto, o texto final do acordo prevê um período transitório até 31 de dezembro de 2020, durante o qual os britânicos seguirão aplicando e sendo beneficiados pelas normas europeias.

A transição busca evitar uma ruptura abrupta, especialmente para as empresas, e dar tempo para negociar a futura relação entre Londres e a UE.

Segundo o acordo, o período pode ser prorrogado até o fim de 2022 no máximo. Mas o Primeiro-ministro britânico Boris Johnson rejeita a possibilidade e incluiu no projeto de lei apresentado aos deputados um dispositivo que proíbe qualquer extensão da transição.

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O Reino Unido deixou oficialmente a União Europeia à meia noite pelo horário de Bruxelas, 23h no Reino Unido e 20h pelo horário de Brasília. Um relógio com contagem regressiva para o Brexit foi projetado na sede do governo britânico, em Londres. A saída do Reino Unido do bloco comum é resultado de um plebiscito realizado em junho de 2016 no qual a maioria da população decidiu pela separação.

"Quaisquer que sejam os solavancos na estrada à frente, eu sei que teremos sucesso", afirmou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em discurso veiculado às 19h00 (de Brasília). Mais cedo, cerca de 5 mil pessoas estavam reunidas em frente ao Parlamento britânico para celebrar o divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia. O foco agora serão as negociações comerciais entre Londres e Bruxelas, que deverão começar no início de março.

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Um dia antes de o Reino Unido deixar a União Europeia (UE), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, recebeu ontem o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que enfatizou os "enormes benefícios" para os dois países do acordo comercial pós-Brexit que eles estão prestes a negociar.

Três anos e meio após a decisão britânica de deixar a União Europeia, o Reino Unido experimenta uma situação econômica paradoxal: os investimentos caíram e o crescimento é lento, mas o desemprego está em um mínimo histórico. A aproximação com os EUA é uma aposta de Johnson para compensar as perdas do Brexit.

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É difícil saber quanto a saída da UE custou ao Reino Unido até agora, mas é certo que o crescimento da economia tem patinado: de 1,8%, em 2017, para 1,4%, em 2018, de acordo com o Escritório de Estatísticas Nacionais (NSO).

A reunião de Johnson e Pompeo, em Londres, durou meia hora. Ao sair, o chefe da diplomacia americana disse que tinha sido um encontro "fantástico".

"Estou otimista, porque havia coisas que o Reino Unido tinha de fazer como membro da UE e agora eles podem fazê-lo de maneira diferente", disse Pompeo.

"Tudo isso será visto no acordo de livre-comércio que queremos começar a negociar imediatamente. Quando você olha pelo espelho retrovisor, verá os enormes benefícios para nossas duas nações."

Depois que o Parlamento Europeu ratificou o acordo de saída, na quarta-feira, o Reino Unido deixará o bloco hoje à meia-noite (20 horas de Brasília), embora na prática quase nada mude durante o período de transição planejado até o final de dezembro.

Londres encerrará quase 47 anos de relacionamento com a UE, que, pela primeira vez em sua história, perderá um membro e conquistará um poderoso concorrente comercial e financeiro à sua porta.

Um dos principais argumentos dos defensores do Brexit tem sido - desde a campanha do referendo de 2016 em que ele foi decidido por 52% dos votos - recuperar o controle de sua política comercial para negociar livremente acordos com outros países.

É certo que a esmagadora vitória de Boris Johnson nas eleições legislativas de dezembro deu ânimo à economia. A primeira estimativa dos índices que medem o crescimento da atividade econômica indicou na semana passada uma recuperação em um nível que não era visto desde setembro de 2018, após cinco meses de queda.

Além disso, uma pesquisa publicada pelo principal sindicato patronal, o CBI, mostrou uma recuperação do otimismo entre os empresários. A confiança aumentou para 23% no período de três meses encerrado em janeiro, algo que não ocorria desde 2014, em comparação com 44% negativos da pesquisa anterior.

Prioridade

O presidente americano, Donald Trump, considera "uma prioridade absoluta" alcançar um ambicioso acordo de livre-comércio com o Reino Unido, e seu secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse que espera concluí-lo ainda neste ano.

Mas Washington e Londres terão percalços. A decisão britânica de permitir que a fabricante chinesa de telecomunicações Huawei participe, mesmo que limitadamente, de sua rede 5G é uma das principais.

Washington acusa a gigante tecnológica chinesa de ser espiã do governo de Pequim, o que a empresa nega. Com esse argumento e em um contexto de rivalidade comercial, ele pediu a seus aliados que excluíssem a Huawei do desenvolvimento da próxima geração de sua rede de internet móvel de alta velocidade.

"O Partido Comunista Chinês representa a principal ameaça do nosso tempo", afirmou Pompeo em Londres. Johnson havia defendido o direito dos britânicos de acessar a tecnologia de ponta da Huawei, e disse que isso não vai prejudicar a cooperação com os Estados Unidos.

Europa. Ao mesmo tempo em que costura acordos com Washington, Johnson deve negociar o futuro relacionamento com a UE após o Brexit. Até agora, seus 27 parceiros temem que o Reino Unido se torne um concorrente injusto, exigindo que respeitem um certo número de normas de direitos trabalhistas, ou ecológicas, para acessar o mercado europeu. Esse exercício será delicado.

Nas negociações com os EUA, Londres poderá ter de aceitar, por exemplo, produtos com padrões menos rígidos para a saúde, ou para o meio ambiente, em relação aos alimentos, do que os impostos pela UE.

Entre outras questões que complicam as relações anglo-americanas, estão o projeto britânico de taxar gigantes da internet, a recusa dos EUA em extraditar a mulher de um diplomata envolvido em um acidente de trânsito que matou um adolescente na Inglaterra, assim como a denúncia de um procurador de Nova York de que o príncipe Andrew, filho da rainha Elizabeth II, não estaria cooperando com uma investigação do FBI sobre o pedófilo Jeffrey Epstein, morto em agosto. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Boris Johnson apostou toda sua carreira na arriscada promessa de concretizar o Brexit. E venceu. Ao cumprir sua palavra e acabar com anos de crise, o homem que foi uma das figuras mais polarizantes do país sai legitimado.

Nesta sexta-feira (31) às 23h (locais, 20hde Brasília), o Reino Unido encerra 47 anos de um relacionamento complicado com a União Europeia (UE) e torna-se o primeiro país membro a abandonar o bloco.

Foi justamente com a promessa de cumprir, "custe o que custar", o resultado do referendo de junho de 2016 que aprovou o Brexit que este político, com o apelido de "BoJo", chegou ao poder em julho, o que tornou realidade o sonho de sua vida.

Pouco depois, contra os prognósticos, conseguiu nas eleições legislativas antecipadas de dezembro uma maioria esmagadora que os conservadores não registravam desde a década de 1980, o que deixou claro que seus compatriotas depositavam as esperanças nele.

Também ganhou o respeito dos colegas europeus, alguns deles muito céticos a princípio como o francês Emmanuel Macron, quando conseguiu renegociar em outubro um acordo de divórcio que parecia bloqueado, demonstrando determinação e seriedade.

Mas, embora seja um dos políticos mais populares do país, este homem de 55 anos com uma cabeleira loira revolta, desperta muitas críticas por uma retórica populista, que lhe valeu a comparação com Donald Trump, e uma falta de rigor que muitos denunciam como mentiras.

- Exercício incomum no Brexit -

No referendo de 2016, este grande fã de Winston Churchill - sobre quem escreveu uma biografia - surgiu como um dos principais defensores do Brexit, mas só após realizar um exercício incomum.

Colunista do jornal conservador The Daily Telegraph, havia preparado um artigo anunciando que apoiava a permanência no bloco e outro afirmando o contrário, o que deu a impressão de que sua decisão escondia um cálculo político.

"O único em que Boris Johnson acredita é Boris Johnson", disse à AFP o ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) Pascal Lamy, que conhece a família Johnson desde que Boris era um rapaz que estudava na Escola Europeia de Bruxelas, onde seu pai foi um eurodeputado

Alexander Boris de Pfeffel Johnson nasceu em 1964 em Nova York, no seio de uma família de políticos, jornalistas e celebridades.

Um de seus bisavós era turco e foi ministro do último Império Otomano.

E ele sempre se refere a ele quando é acusado de islamofobia. Como quando comparou as mulheres vestidas de burca a caixas dos correios, declarações que junto com outras lhe renderam também a acusação de misoginia, embora seus partidários as qualifiquem como simples brincadeiras.

- Trajetória clássica -

Seguindo a trajetória clássica das elites britânicas, estudou nas prestigiosas Eton e Oxford.

Em 1987 iniciou uma carreira de jornalista no 'The Times', que o demitiu um ano depois por inventar algumas declarações. Entre 1989 e 1994 foi correspondente do Telegraph em Bruxelas, onde escreveu artigos que ridicularizavam as regulações europeias.

"Não inventava as histórias, mas sempre caía no exagero", lembra Christian Spillmann, jornalista da AFP em Bruxelas nestes anos.

Eleito deputado em 2001, ele perdeu um cargo na cúpula conservadora três anos depois por mentir sobre um caso extraconjugal. Um dos vários escândalos pessoais de um político que não quer dizer quantos filhos tem... além dos quatro reconhecidos.

Divorciado duas vezes, agora mora em Downing Street com a namorada, Carrie Symonds, de 31 anos.

Ganhou status de estrela após ser eleito prefeito de Londres em 2008 e, embora lhe atribuam alguns projetos desastrosos, brilhou com os bem sucedidos Jogos Olímpicos de 2012.

Foi nomeado ministro das Relações Exteriores por Theresa May em julho de 2016. É acusado de ter cometido erros diplomáticos graves antes de pedir demissão dois anos depois por divergências sobre a estratégia do Brexit.

Mas demonstrou que a sua estratégia era a mais eficaz. Resta, no entanto, a tarefa de negociar a futura relação com a UE, que se anuncia complicada e voltará a testar sua capacidade de seduzir e convencer.

O Reino Unido se tornará, uma hora antes de meia-noite desta sexta-feira (31), o primeiro país a abandonar a União Europeia (UE). Um momento histórico durante muito tempo incerto e que, com festa para alguns e tristeza para outros, abre um futuro solitário para a nação.

Como se fosse uma metáfora do que para alguns foram quase 47 anos de preponderância europeia, o Brexit acontecerá no último segundo desta sexta-feira,na Europa continental, quando para os britânicos o relógio marcar 23h (20h de Brasília).

Um relógio projetado na famosa fachada de Downing Street, residência oficial de Boris Johnson, fará a contagem regressiva com um espetáculo de luzes.

"Isto não é um fim, e sim um começo", deve afirmar o primeiro-ministro em uma mensagem à nação durante a noite. Com um Brexit que durante muito tempo pareceu impossível, Johnson consegue uma enorme vitória pessoal.

"A cortina se levanta para um novo ato. É um momento de verdadeira renovação e mudança nacional", afirmará, de acordo com trechos antecipados do discurso, depois de presidir um conselho especial de ministros, fora de Londres, na cidade operária de Sunderland, na região norte da Inglaterra, de maioria pró-Brexit.

Sem as badaladas do Big Ben, em silêncio por uma grande restauração, alguns devem utilizar os próprios sinos em uma grande festa programada para acontecer diante do Parlamento de Westminster, que durante três anos foi cenário dos intensos debates sobre a questão mais importante e divisiva na história recente do país.

Não devem faltar as lágrimas dos detratores do Brexit, entre eles muito jovens que não votaram no referendo de 2016 e que agora veem seu futuro separado UE.

"Sei que estão preocupados, como muitos britânicos partidários da União Europeia", afirmou a centrista Luisa Porritt, eurodeputados britânico que agora perde sua cadeira, assim como outros 71 representantes do país. Ela distribuiu panfletos a seus eleitores no bairro londrino de Camden.

"É a data mais importante desde que Henrique VIII nos tirou da Igreja de Roma", celebrou o líder anti-UE Nigel Farage, um dos idealizadores, ao lado de Johnson, da vitória do Brexit na consulta de 2016, quando 52% dos britânicos votaram a favor da saída do bloco europeu.

De acordo com uma pesquisa publicada esta semana, apenas 30% dos pró-UE concluíram o "luto" psicológico da ruptura.

Para os eurocéticos, no entanto, o momento representa o retorno à plena soberania.

- 47 anos de relação complicada -

O Reino Unido entrou na Comunidade Econômica Europeia - antecessora da UE - em 1973, depois de sofrer dois vetos da França, em 1963 e 1967, preocupada com a possibilidade do país ser um "cavalo de Troia" dos Estados Unidos.

Mas a relação entre Londres e Bruxelas sempre foi complicada: os britânicos não adotaram a moeda única, nem a livre circulação de pessoas, pediram uma importante redução de sua participação no orçamento europeu e sempre foram contrários a uma integração política maior.

Apesar das dificuldades de relacionamento, o resultado do referendo surpreendeu muitos analistas. Alguns o explicaram como uma reação desesperada dos esquecidos pela globalização, que desta maneira desejavam ser ouvidos.

O Brexit estava previsto para 29 de março de 2019. Mas a disputa no Parlamento entre os defensores da saída e os críticos provocou mais de três anos de ásperos debates e paralisação política.

A ex-primeira-ministra Theresa May negociou um complexo acordo com Bruxelas e buscou uma aprovação impossível pelos deputados, antes de renunciar ao posto.

Então entrou em cena Johnson, carismático e polêmico, que cumpriu a promessa de concretizar o Brexit graças à esmagadora vitória que obteve nas eleições legislativas antecipadas de dezembro.

- País solitário -

A partir de sábado, embora pouco mude na realidade no período de transição previsto até dezembro, o Reino Unido cavalgará de modo solitário.

E o primeiro-ministro terá pela frente a difícil missão de negociar acordos comerciais com a UE e os Estados Unidos, sua grande aposta para substituir seu principal sócio comercial.

"Sou otimista porque havia coisas que o Reino Unido tinha que fazer como membro da UE e agora poderá fazê-las de forma diferente", afirmou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, na quinta-feira em Londres.

"Quando olharem no retrovisor, verão os enormes benefícios para nossas duas nações", completou.

Mas as negociações não serão fáceis: Washington pressionará por mais flexibilidade de Londres nas áreas de saúde e meio ambiente, enquanto Bruxelas - que teme uma concorrência desleal - pedirá respeito aos padrões trabalhistas e ecológicos.

"Vamos pedir aos britânicos que evitem o 'dumping' fiscal, social, as ajudas do Estado", declarou o negociador europeu Michel Barnier em uma entrevista na qual garantiu que os 27 países da UE "cultivam a unidade" e nenhum outro Estado fala sobre abandonar o bloco.

"O Brexit é um fracasso e uma lição para todos", considerou o presidente francês Emmanuel Macron, um dos líderes europeus com mais críticas a respeito dos britânicos.

Ele disse que esta sexta-feira é "um dia triste".

Especialmente na Escócia, nação semiautônoma britânica que votou contra o Brexit e onde, por decisão de seu Parlamento, a bandeira europeia permanecerá hasteada.

Desde o referendo sobre o Brexit em 2016 até a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) programada para esta sexta-feira (31), o Reino Unido viveu quase quatro anos de caminho tortuoso para o divórcio.

- Voto a favor do Brexit -

Em 23 de junho de 2016, em um referendo que terminou com 52% de votos a favor e 48% contra, os britânicos decidiram deixar a UE.

Este resultado levou o então primeiro-ministro conservador, David Cameron, a renunciar. Na disputa para substituí-lo, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, partidário do Brexit, retirou-se no último momento, e Theresa May, ministra do Interior de Cameron durante seis meses, tornou-se primeira-ministra em 11 de julho.

- Artigo 50 -

Em 29 de março de 2017, o governo britânico ativou com uma carta a Bruxelas o Artigo 50 do Tratado Europeu de Lisboa, que rege o mecanismo de retirada voluntária de um país-membro.

Iniciou-se, assim, o prazo de dois anos que devia resultar na saída britânica do bloco, inicialmente prevista para 29 de março de 2019.

May antecipou as eleições para 8 de junho em uma tentativa de fortalecer sua posição, mas perdeu a maioria absoluta e teve de negociar o apoio dos dez deputados do Partido Unionista Norte-Irlandês (DUP) para poder governar.

- Primeiro acordo de divórcio -

Após um ano e meio de árduas negociações, Londres e Bruxelas alcançaram um acordo de divórcio em 13 de novembro de 2018.

O acerto precisou superar uma ameaça de veto da Espanha, em razão das relações com Gibraltar. Foi finalmente assinado em 25 de novembro.

- Rejeição e adiamentos -

Em 15 de janeiro, o acordo foi rejeitado com 432 votos contra e 202 a favor no Parlamento britânico. No dia seguinte, o governo de May sobreviveu por uma maioria estreita a uma moção de censura lançada pela oposição trabalhista.

May obteve mais garantias da UE sobre a "salvaguarda irlandesa", mas os deputados de Westminster voltaram a rejeitar o texto em 12 de março.

O Conselho Europeu concordou em adiar o Brexit até 22 de maio, se o Reino Unido aprovasse o Tratado de Retirada, deixando até 12 de abril para apresentar uma proposta alternativa.

Em 29 de março, o acordo foi rejeitado pela terceira vez, por 344 votos contra 286. Em 11 de abril, obteve um segundo adiamento da UE até 31 de outubro.

May se vê obrigada a organizar as eleições europeias em 23 de maio. Ela anuncia que renunciará após a votação.

- Eleição de Boris Johnson -

Em 23 de julho, Boris Johnson, partidário de um Brexit com ou sem acordo em 31 de outubro, é eleito pelo Partido Conservador para suceder a May.

Em 3 de setembro, Johnson perde a maioria absoluta após deserções e expulsões de deputados de seu partido. Também é abandonado por vários membros de seu governo.

O Parlamento aprova uma lei que obriga o primeiro-ministro a pedir à UE uma adiamento do Brexit se não conseguir um acordo de retirada até 19 de outubro.

- Segundo acordo e terceiro adiamento -

Em 17 de outubro, antes da abertura de uma cúpula europeia, UE e Reino Unido anunciaram um novo acordo de divórcio.

Em 22 de outubro, o Parlamento britânico aprovou o princípio do novo acordo, mas votou contra seu exame acelerado, como Johnson queria, que, em reação, retirou o projeto.

Isso forçou o primeiro-ministro a solicitar, contra sua vontade, um adiamento adicional da União Europeia até 31 de janeiro de 2020.

Em 28 de outubro, a UE aprovou o terceiro adiamento e, um dia depois, ao final de um acalorado debate, os deputados britânicos aceitaram por maioria de dois terços o pedido de Johnson, previamente rejeitado, de convocar eleições legislativas antecipadas em 12 de dezembro.

- Eleições e fim do bloqueio -

O líder conservador venceu as eleições com uma esmagadora maioria de 365 deputados em uma câmara de 650.

Em 20 de dezembro, Johnson apresentou à nova Câmara dos Comuns o projeto de lei, aprovado em 9 de janeiro de 2020,

Ainda deve ser validado pela Câmara dos Lordes e depois promulgado pela rainha. Também deve ser ratificado pelo Parlamento Europeu em 29 de janeiro.

- O Brexit -

O divórcio acontecerá finalmente nesta sexta-feira às 23H00 (hora de Londres, 20H00 de Brasília). Terá início um período de transição até 31 de dezembro de 2020, que pode ser prolongado a pedido do Reino Unido por um ou dois anos.

Os países da União Europeia (UE) ratificaram nesta quinta-feira (30) por escrito o acordo do Brexit, completando assim o procedimento no bloco, na véspera da saída do Reino Unido.

"O acordo entrará em vigor no momento em que o Reino Unido sair da UE, em 31 de janeiro de 2020 às 23H00 GMT" (20H00 de Brasília), informa o Conselho da UE em um comunicado após a ratificação.

Os britânicos devem seguir respeitando as normas europeias até o fim do ano, um período de transição durante o qual Londres e Bruxelas deverão negociar sua futura relação comercial. O Brexit encerrará 47 anos de adesão britânica.

A comissária europeia para a Concorrência, a dinamarquesa Margrethe Vestager, afirmou nesta quinta-feira que sentirá falta do "senso de humor britânico, assim como de sua cultura".

Faltam apenas alguns dias para o divórcio. O Reino Unido inicia uma semana histórica para se tornar na sexta-feira o primeiro país a deixar a União Europeia, depois de três anos e meio de difícil separação.

Alguns farão festa, outros lamentarão, mas depois de três adiamentos, o Brexit, que dividiu as famílias britânicas e o Parlamento, ocorrerá na sexta-feira, 31 de janeiro de 2020 às 23h00 (20h00 de Brasília).

Entre o Reino Unido e os 27, tudo ainda precisa ser feito. A separação, sem grandes mudanças no futuro imediato, marcará o início das negociações para determinar os termos de seu relacionamento.

Apesar das tentativas dos eurocéticos mais fervorosos, o sino do Big Ben, que passa por obras, não tocará. Por outro lado, um relógio luminoso projetado em Downing Street lançará a contagem regressiva.

Uma moeda de 50 pence (60 centavos de euro que o Reino Unido sempre se recusou a adotar) marcando o evento entrará em circulação, totalizando dez milhões de cópias.

Fervoroso defensor do Brexit, o primeiro-ministro Boris Johnson, que se apresenta como um unificador desde sua vitória nas eleições legislativas, discursará ao país à noite.

"Sexta-feira marca um momento importante na história do nosso Reino Unido", disse ele em comunicado neste domingo. "Seja qual for o seu voto em 2016, é hora de olhar com confiança para o país pioneiro em que nos tornaremos na próxima década e curar as divisões do passado".

A tarefa não é fácil: as assembleias escocesa, galesa e norte-irlandesa rejeitaram sua lei sobre a saída da UE. Na Escócia, o Brexit reacendeu o desejo de um referendo sobre a independência.

Após chegar ao poder no final de julho, Boris Johnson teve sucesso onde fracassou sua antecessora Theresa May.

Depois de renegociar o texto com Bruxelas, incluindo uma nova solução para evitar o retorno de uma fronteira física entre as duas Irlanda, o ex-prefeito de Londres finalmente conseguiu aprovar a lei que implementará o Brexit.

E isso graças à grande maioria, sem precedentes para os conservadores desde Margaret Thatcher, que ele garantiu nas eleições de dezembro.

- Vai e volta para assinaturas -

O texto, que incluiu na lei britânica o acordo de 535 páginas alcançado em outubro, foi promulgado pela rainha Elizabeth II em 23 de janeiro, oito dias antes da data fatídica.

Resta ainda uma última formalidade antes do fim dos 47 anos de um casamento tumultuado: a ratificação pelo Parlamento Europeu na quarta-feira do Tratado do Brexit, que fez a viagem de ida e volta Bruxelas-Londres na sexta-feira para ser assinado.

Os diplomatas dos Estados membros da UE o aprovarão no dia seguinte, por escrito, o último passo do processo.

Mas a data de 31 de janeiro é sobretudo simbólica. O acordo de divórcio prevê um período de transição para uma saída tranquila, até 31 de dezembro. Durante esse período, o Reino Unido continuará a aplicar as regras da UE, mas não terá mais voz.

O período de transição tem como objetivo principal permitir que Londres e Bruxelas cheguem a um acordo sobre suas futuras relações, especialmente em questões comerciais, negociações que Boris Johnson deseja concluir em tempo recorde, excluindo qualquer extensão além do final do ano.

Os europeus consideram o calendário muito apertado e estão particularmente vigilantes a respeito dos direitos dos 3,6 milhões de cidadãos da UE que vivem do outro lado do Canal.

Boris Johnson anunciou claramente que deseja um acordo com a UE semelhante ao que existe com o Canadá, sem alinhamento com as regras da UE.

Ao mesmo tempo, o Reino Unido quer negociar seus próprios tratados de livre comércio com outros países, em particular com os Estados Unidos de Donald Trump.

No entanto, as discussões prometem ser difíceis, principalmente porque o Reino Unido decidiu manter seu futuro imposto digital, apesar das ameaças de represálias americanas.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, deve viajar a Londres em 29 de janeiro para se encontrar com Boris Johnson e "discutir como ampliar e aprofundar os laços comerciais" após o Brexit.

Em um tuíte incluindo as bandeiras europeia, britânica e um coração, o ex-presidente do Conselho Europeu Donald Tusk escreveu ao Reino Unido: "Nós, a União Europeia, ainda te amamos".

Os líderes das instituições europeias assinaram, nesta sexta-feira (24), o acordo do Brexit antes da ratificação por parte da Eurocâmara, a uma semana da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) após quase meio século de uma relação conflituosa.

"O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e eu acabamos de assinar o Acordo de Retirada do Reino Unido da UE, abrindo caminho para sua ratificação pela Eurocâmara", tuitou a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Nas imagens oficiais da cerimônia, ambos aparecem sérios, acompanhados em segundo plano pelo negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier. O texto agora deve viajar para Londres para sua assinatura pelo primeiro-ministro Boris Johnson.

O governo britânico explicou que Johnson assinará o acordo "durante a tarde", antes de retornar para Bruxelas. O documento original será mantido nos arquivos das instituições, juntamente com outros tratados internacionais. Uma cópia será enviada para Londres.

O Reino Unido deixará o bloco em 31 de janeiro, conforme decidido pelos britânicos em um referendo em 2016 e após mais de três anos de negociações e de duas eleições legislativas britânicas para tentar levar o acordo adiante.

Na quinta-feira, a rainha Elizabeth II deu seu consentimento real ao projeto de lei que regula os termos do Brexit, elaborado pelo governo Johnson, após sua aprovação pelo Parlamento britânico.

A bola está agora do lado europeu. A sessão plenária da Eurocâmara ratifica o acordo na quarta-feira. Este procedimento deve acontecer sem dificuldade, depois que a comissão parlamentar competente o aprovou na quinta-feira por 23 votos contra 3.

"É um momento histórico, embora não seja agradável, ou bom para nós", disse o presidente do Comitê de Assuntos Constitucionais, Antonio Tajani, durante o debate na quinta-feira com os eurodeputados britânicos divididos entre a alegria e a tristeza.

O trabalhista Richard Corbett denunciou que "o Brexit não é mais a vontade do povo britânico", enquanto Rupert Lowe, do Partido do Brexit, instou a UE a "se comportar de maneira justa" com os britânicos ao negociar o relacionamento futuro.

O Reino Unido encerrará 47 anos de participação no bloco, protagonizando o primeiro divórcio de um país em mais de seis décadas de projeto europeu, enquanto deverá continuar a cumprir suas regras até o final do ano sem participar das decisões.

Durante esse período de transição, que busca evitar uma ruptura abrupta e que pode ser prorrogado, Londres e Bruxelas deverão chegar a um acordo sobre o futuro relacionamento, principalmente no aspecto comercial.

"As coisas mudarão inevitavelmente, mas nossa amizade permanecerá. Começamos um novo capítulo como parceiros e aliados", tuitou o chefe do Conselho, que expressou seu "desejo" de escrever com o Reino Unido "esta nova página".

A Comissão Europeia espera ter seu mandato de negociação em fevereiro, mas, considerando-se o tempo necessário para a ratificação de um acordo, Londres e Bruxelas terão oito meses - de março a outubro - para alcançá-lo.

"Uma missão impossível", avalia um diplomata europeu.

O dia 1º de julho será chave para a nova etapa do Brexit. UE e Reino Unido deverão, então, decidir se prolongam a transição - ou seja, as negociações comerciais - por um ou dois anos. O primeiro-ministro britânico já antecipou que rejeita essa opção.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciaram há poucos minutos que assinaram o Acordo de Retirada do Reino Unido da União Europeia, abrindo caminho para a ratificação do documento pelo Parlamento Europeu.

O ato ocorre dois dias após a Câmara dos Lordes ter aprovado o projeto de lei que descreve os termos da separação do bloco, concluindo a sua tramitação pelo Parlamento britânico. Ontem, o documento foi assinado pela Rainha Elizabeth II, uma formalidade que o converteu definitivamente em lei no Reino Unido.

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A expectativa é que o acordo do Brexit seja ratificado pelo Parlamento Europeu na próxima quarta-feira (29).

Boris Johnson se prepara para alcançar o que parecia impossível. Após anos de divisões, os deputados britânicos devem aprovar nesta quinta-feira (9) um acordo histórico para retirar o Reino Unido da União Europeia em 31 de janeiro.

Inicialmente negociado pela então primeira-ministra Theresa May e modificado por Johnson depois de chegar ao poder em julho, o texto foi várias vezes recusado pelo Parlamento. A rejeição forçou três adiamentos e causou uma profunda crise política.

Agora, com a esmagadora maioria que o primeiro-ministro conservador alcançou nas eleições legislativas de dezembro, o projeto que traduz o acordo de divórcio com Bruxelas na legislação britânica deve ser aprovado sem dificuldade.

Após três dias de exame legislativo desapaixonado, que contrastou com os acalorados debates que durante anos marcaram um processo caótico em uma câmara dividida entre apoiadores e críticos do Brexit, os deputados adotarão o texto em uma votação não menos histórica por ser absolutamente previsível.

O debate deve começar às 13h15 (10h15 de Brasília), mas a votação está marcada para várias horas depois.

Assim, em 31 de janeiro, três anos e meio após a consulta de 2016, na qual 52% dos britânicos votaram pelo Brexit, o Reino Unido encerrará 47 anos de um complicado relacionamento com a UE.

Pela primeira vez desde sua criação, o bloco perderá um país-membro e conquistará um poderoso concorrente comercial e financeiro à sua porta.

- Temor de desregulamentação -

Carismático e polêmico, Johnson, de 55 anos, que antes de primeiro-ministro foi chanceler e prefeito de Londres, acumulou derrotas políticas e judiciais nos primeiros meses de seu mandato, quando herdou o frágil governo minoritário de May.

Ainda assim, conseguiu negociar com a UE um acordo que os 27 afirmavam imutável. Mais tarde, impulsionado por eleitores cansados do bloqueio político, conseguiu os 365 deputados que, em uma câmara de 650, permitiram a aprovação do acordo.

Liderada por um Partido Trabalhista em busca de um novo líder depois de sofrer sua pior derrota eleitoral desde 1935, a oposição afirma que o acordo do Brexit será usado como "um aríete" para realizar uma maior desregulamentação.

Mas não conseguiu alterá-lo e, com os trabalhistas atolados em uma crise de identidade, não tentou com muita convicção nos últimos dias.

Após a aprovação desta quinta-feira, o texto passará na próxima semana para a Câmara dos Lordes, onde também não deverá encontrar contratempos.

O processo será concluído com a assinatura da rainha Elizabeth II, em 22, ou 23, de janeiro.

O acordo, que permite um divórcio tranquilo e uma transição até dezembro de 2020 para evitar rupturas abruptas e negociar o futuro relacionamento, também deve ser ratificado pelo Parlamento Europeu.

O texto inclui, entre outras questões, os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido, assim como os britânicos na UE; a conta - de cerca de 39 bilhões de libras - que Londres deve pagar para honrar seus compromissos financeiros com o bloco; e como manter aberta a fronteira terrestre na ilha da Irlanda.

Após o Brexit, Londres e Bruxelas embarcarão em uma segunda e mais complicada fase de negociação: a de seu futuro relacionamento.

Johnson prometeu concluí-lo antes do final do ano para não precisar prolongar o período de transição.

A nova presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deixou claro, porém, que o tempo é insuficiente para se chegar a um acordo completo de livre-comércio.

Depois de pavimentar o caminho para uma aprovação do acordo de Brexit negociado por Boris Johnson em dezembro, os deputados britânicos retomam, nesta terça-feira (7), os procedimentos para sua saída histórica da União Europeia (UE) no final do mês.

À frente de uma maioria parlamentar de 365 deputados, em uma câmara com 650 assentos, o primeiro-ministro conservador espera que seu projeto de lei, que traduz na legislação britânica o Tratado de Retirada negociado com Bruxelas, seja definitivamente aprovado pelos deputados nesta quinta (9).

Decidida por 52% dos votos em um referendo em 2016, a saída britânica do bloco europeu deveria ocorrer inicialmente em março de 2019, mas o bloqueio por um Parlamento fragmentado forçou três adiamentos - agora, até 31 de janeiro.

Graças a uma forte maioria conservadora, o Reino Unido encerrará em pouco mais de três semanas 47 anos de um relacionamento complicado com a UE, que, pela primeira vez em sua história, perderá um país-membro e ganhará um poderoso concorrente comercial e financeiro.

Para marcar o momento, um grupo de legisladores eurocéticos entrou com uma petição para que o Big Ben, o relógio mais famoso do mundo, desligado devido a uma grande restauração, toque excepcionalmente no final do mês.

De volta das férias de fim de ano, os deputados retomam o debate esta tarde. O calendário acelerado definido pelo governo prevê que o projeto seja adotado pela Câmara Baixa em três dias. Depois, segue para a Câmara Alta, a dos Lordes, que não deve causar problemas.

No ano passado, nessa mesma época, a então premiê Theresa May sofreu sua primeira grande derrota. O texto foi rejeitado por 432 votos a 202.

Com a esmagadora vitória eleitoral de Johnson em 12 de dezembro, os dias de caos político foram deixados para trás.

Como um sinal de que nada pode parar o Brexit, oito dias após as legislativas, os deputados deram sua primeira aprovação ao projeto, por 358 votos contra 234.

Liderada por um Partido Trabalhista em plena crise de identidade e em busca de um novo comando, após sofrer sua pior derrota eleitoral desde 1935, a oposição afirma que o acordo do Brexit será usado como "uma máquina de guerra" para conduzir uma maior desregulamentação.

Em uma demonstração de confiança, o governo Johnson anunciou em 11 de março a votação do novo orçamento para "tirar proveito das oportunidades decorrentes da realização do Brexit".

O acordo do Brexit inclui um período de transição até 31 de dezembro de 2020, no qual, na prática, as relações entre ambas as partes permanecerão inalteradas para evitar rupturas brutais até que uma nova parceria econômica possa ser estabelecida.

Londres e Bruxelas embarcarão imediatamente em uma segunda fase de negociação, a de seu futuro relacionamento, a qual Johnson prometeu encerrar antes do final deste ano.

A nova presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o negociador-chefe europeu, o francês Michel Barnier, viajarão para Londres na quarta-feira (8) para sua primeira reunião desde que a alemã assumiu o comando da instituição europeia em dezembro.

Von der Leyen "discutirá com o primeiro-ministro como tentar superar esses desafios e garantir que chegaremos a um acordo positivo até o final do ano", disse o porta-voz da Comissão, Eric Mamer.

Após um ano de 2019 marcado por tensões comerciais e disputas políticas temperadas pelo nacionalismo, 2020 já começa com a perspectiva de turbulências no cenário internacional, mas também com a expectativa por uma nova edição dos Jogos Olímpicos. Veja abaixo alguns fatos que devem ser assunto ao longo dos próximos meses.

Impeachment e eleições

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inicia 2020 acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso pela Câmara dos Representantes, dominada pelo Partido Democrata, e será julgado em breve pelo Senado, de maioria republicana.

Se for condenado, algo bastante improvável neste momento, Trump se tornará o primeiro chefe de Estado americano deposto por um processo de impeachment - Richard Nixon renunciou antes de ser cassado.

A expectativa é de que o julgamento aconteça ainda em janeiro, às vésperas das primárias democratas para a Presidência, que começam em 3 de fevereiro. Apesar de não ostentar altos índices de popularidade, Trump consolidou o apoio dos republicanos e deve entrar na corrida eleitoral como favorito, embora os perfis dos pré-candidatos de oposição sejam muito diferentes um do outro.

O moderado Joe Biden é o principal postulante a desafiar o presidente, mas os esquerdistas Bernie Sanders e Elizabeth Warren ameaçam o favoritismo do ex-vice de Obama.

Guerra comercial

Ainda em janeiro, Trump deve assinar a primeira fase do acordo comercial com a China, que provocou uma trégua na guerra tarifária entre as duas maiores economias do planeta.

Mas as tratativas prosseguirão na sequência para a fase dois, e os EUA ainda têm disputas abertas com a União Europeia e podem recorrer a sobretaxas alfandegárias contra países que aderirem ao 5G chinês.

Brexit

Após dois anos e meio de negociações e reviravoltas, a saída do Reino Unido da União Europeia finalmente parece ser irreversível. O Brexit está marcado para 31 de janeiro de 2020, quando iniciará um período de transição válido até o fim do ano. Enquanto isso, Londres e Bruxelas negociarão os termos de sua relação futura e um possível acordo comercial.

Olimpíadas

Quatro anos depois do Rio de Janeiro, é a vez de Tóquio sediar os Jogos Olímpicos de Verão, que acontecem de 24 de julho a 9 de agosto e reunirão cerca de 11 mil atletas. Uma das maiores potências esportivas do mundo, a Rússia, está banida das Olimpíadas por causa de um escândalo de doping patrocinado pelo Estado, e atletas do país só poderão competir sob bandeira neutra - e se provarem que estão "limpos". 

Foto 1: SCOTT EISEN/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP

Foto 2: NICHOLAS KAMM/AFP

Foto 3: BEN STANSALL/AFP/POOL

Foto 4: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br

Da Ansa

Protestos de todos os tipos e ondas de calor excepcionais, e também o Brexit ou o processo de impeachment contra Donald Trump fazem parte da longa lista de eventos que marcaram o mundo em 2019.

- Crises em série na América Latina -

Em janeiro, o opositor venezuelano Juan Guaidó se proclama presidente interino e exige a saída de Nicolás Maduro, cuja reeleição contesta em um país atolado em um colapso econômico e uma grave crise migratória. Guaidó é reconhecido por cerca de 50 países, incluindo os Estados Unidos. Apoiado pelo Exército, Maduro permanece em sua posição.

No Haiti, dezenas de pessoas morreram desde meados de setembro em protestos pela renúncia do presidente Jovenel Moïse motivados pela escassez de combustível.

Em outubro, o Equador fica paralisado quase duas semanas após o cancelamento dos subsídios aos combustíveis.

No Chile, o Parlamento decide, em meados de novembro, lançar um referendo para rever a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), após um mês de manifestações violentas contra as desigualdades socioeconômicas que deixaram mais de vinte mortos e mais de 2.000 feridos.

A Bolívia cancela em 24 de novembro a polêmica reeleição do presidente Evo Morales, após quatro semanas de protestos, que causaram várias dezenas de mortes. Abandonado pela Polícia e pelo Exército, o primeiro presidente indígena do país renuncia em 10 de novembro, a pedido das Forças Armadas, e decide se asilar no México, denunciando um golpe de Estado.

Na Colômbia, o presidente de direita Iván Duque também enfrenta um protesto incomum desde 21 de novembro, marcado por três greves nacionais e manifestações em massa.

- Revoltas árabes, distúrbios no Irã -

Em 22 de fevereiro, começam na Argélia manifestações maciças contra a candidatura ao quinto mandato de Abdelaziz Buteflika, bastante enfraquecido desde que sofreu um acidente vascular cerebral em 2013. Em 2 de abril, o presidente renuncia sob a pressão das ruas e do Exército. No entanto, os argelinos continuam manifestando-se maciçamente, determinados a se livrar de todo o "sistema" estabelecido desde a independência em 1962.

Em 11 de abril, no Sudão, Omar Al Bashir, no poder há 30 anos, é derrubado pelo Exército após quatro meses de um movimento popular desencadeado pela triplicação do preço do pão. Em agosto, o país é dotado de um Conselho de Transição.

No Iraque, um protesto social contra a corrupção, o desemprego e o declínio dos serviços públicos começa em 1º de outubro, antes de degenerar em uma grave crise política. No início de dezembro, mais de 420 pessoas morreram nos protestos e milhares ficaram feridas, a maioria manifestantes.

No Líbano, o anúncio, em 17 de outubro, de um imposto - posteriormente suspenso - em chamadas feitas através do serviço de mensagens do WhatsApp provoca uma forte reação popular e a demissão do primeiro-ministro, Saad Hariri. Os manifestantes continuam a exigir a saída de toda a classe política, considerada corrupta e incapaz de acabar com a estagnação econômica.

O Irã é palco de vários dias de agitação em meados de novembro, após o aumento no preço da gasolina. As autoridades relatam cinco mortes, mas de acordo com a Anistia Internacional, foram mais de 200.

- Morte de Al-Bagdadi -

Em 27 de outubro, Donald Trump anuncia a morte do líder do grupo do Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al Baghdadi, durante uma operação militar dos EUA no noroeste da Síria.

Al-Baghdadi, considerado responsável por vários abusos e atrocidades no Iraque e na Síria e ataques sangrentos, detonou os explosivos que levava consigo e morreu no vilarejo onde estava escondido.

No final de março, as forças árabe-curdas, auxiliadas pelos Estados Unidos, se apoderam de Baghuz, a última fortaleza síria do EI, selando o fim do califado. Mas ainda existem células adormecidas em toda a Síria.

- Boeing em crise -

Em meados de março, as aeronaves 737 MAX, da fabricante americana Boeing, ficam paradas em solo após dois acidentes envolvendo a Lion Air e a Ethiopian Airlines, com um total de 346 mortos.

O sistema automático para impedir que o avião caia é questionado.

A crise já custou cerca de US $ 10 bilhões à fabricante, que enfrenta processos das vítimas e investigações das autoridades americanas.

- Impasse político na Espanha e crise separatista -

A Espanha chega ao final do ano exausta politicamente após duas eleições gerais em abril e novembro, ambas vencidas pelo Partido Socialista que, no entanto, não atinge a maioria para formar um governo. Foram quatro eleições em quatro anos.

Entre as duas eleições, em 14 de outubro, o Supremo Tribunal espanhol condena nove líderes da independência catalã a sentenças que podem chegar a 13 anos de prisão por tentativa de secessão em 2017.

Esse veredicto desencadeia uma reação violenta dos cidadãos na Catalunha que se traduz em protestos maciços que se estendem por vários dias e frequentemente terminam em duros confrontos entre manifestantes e policiais.

- A saga do Brexit -

A saída do Reino Unido da União Europeia, decidida pelos britânicos em um referendo em 2016, inicialmente previsto para 29 de março de 2019, é adiada três vezes. No mais tardar, será em 31 de janeiro de 2020.

Os britânicos não chegam a um acordo sobre as condições do divórcio. Os deputados rejeitam primeiro um acordo alcançado com a UE pela primeira-ministra Theresa May e depois um segundo texto negociado por seu sucessor, Boris Johnson, que consegue aprovar a realização de eleições antecipadas para 12 de dezembro.

- Notre Dame em chamas -

Em 15 de abril, o telhado e a estrutura da Catedral de Notre Dame, em Paris, são devastados por um incêndio. Os bombeiros conseguem salvar o edifício gótico.

Uma corrente humana extrai quase todos as obras e relíquias.

O incêndio em um dos monumentos mais visitados da Europa causa uma comoção mundial, resultando em 922 milhões de euros em promessas de doações para sua reconstrução, que levará anos.

- Imagem de um buraco negro -

Em abril, uma equipe internacional de cientistas revela a primeira imagem de um buraco negro. Trata-se de um círculo escuro no meio de um halo flamejante, no centro da galáxia M87, a cerca de 50 milhões de anos-luz de distância da Terra.

- Escalada entre EUA e Irã -

Em maio, Teerã começa a se dissociar do acordo internacional de 2015 sobre seu programa nuclear, em resposta à retirada dos EUA do pacto, em 2018, e à restauração de sanções.

A tensão entre Washington e Teerã aumenta após sabotagem e ataques de navios no Golfo, atribuídos ao Irã, que nega.

Em 14 de setembro, os rebeldes huthis iemenitas, apoiados por Teerã, reivindicam ataques à infraestrutura de petróleo na Arábia Saudita.

Em 7 de novembro, o Irã retoma as atividades de enriquecimento de urânio em sua planta subterrânea de Fordo (180 km ao sul de Teerã).

- Manifestações em Hong Kong -

Desde junho, Hong Kong sofreu a crise mais séria desde a sua devolução para a China, em 1997, com manifestações quase diárias cada vez mais violentas contra a crescente interferência de Pequim e por reformas democráticas.

Em 24 de novembro, os candidatos pró-democráticos obtêm uma vitória esmagadora nas eleições locais.

- Recordes de calor -

Julho de 2019 é o mês mais quente da história recente, com registros de altas temperatura na Europa e no Polo Norte.

Em agosto, a Islândia se despede de sua primeira geleira extinta, enquanto outras 400 estão ameaçadas.

Em agosto e setembro, incêndios são registrados em regiões inteiras da Amazônia devido ao desmatamento, o que causa fortes críticas à política do presidente Jair Bolsonaro.

A Austrália enfrenta incêndios sem precedentes em novembro.

A jovem ativista ambiental sueca Greta Thunberg faz milhões se juntarem à sua iniciativa "Sextas-feiras pelo futuro" (Friday for the Future), na qual jovens estudantes fazem greve nesse dia da semana para protestar contra as mudanças climáticas.

- "Os Estados Unidos em primeiro lugar" -

No início de agosto, os Estados Unidos abandonam o tratado sobre armas nucleares de alcance intermediário (INF), concluído durante a Guerra Fria com Moscou.

O presidente Donald Trump anuncia que está se retirando do norte da Síria, formaliza a saída do acordo de Paris sobre o clima e inicia uma guerra comercial com seus parceiros, em particular a União Europeia e a China, cuja economia desacelera consideravelmente.

- Impeachment -

A oposição democrata nos Estados Unidos inicia em 24 de setembro um procedimento para o impeachment de Donald Trump, suspeito de abuso de poder por pedir à Ucrânia que investigue o democrata Joe Biden, um possível oponente nas eleições presidenciais de 2020.

Em audiências públicas, testemunhas, incluindo vários diplomatas, apresentam numerosos elementos de acusação contra o presidente.

Em 5 de dezembro, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, formaliza o pedido de redação das acusações para submeter Trump a um julgamento político, alegando que seu abuso de poder para seu próprio benefício político "não nos deixa outra opção a não ser agir".

Em um tuíte, a porta-voz de Trump, Stephanie Grisham, diz que "os democratas deveriam estar envergonhados" do processo de destituição contra um presidente que "não fez nada além de liderar nosso país".

"Esperamos um julgamento justo no Senado", concluiu a porta-voz. De fato, espera-se que maioria republicana no Senado barre o impeachment.

- Ofensiva turca na Síria -

Em 9 de outubro, a Turquia lança uma ofensiva contra a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), um aliado dos ocidentais na luta antijihadista, mas descrita como "terrorista" por Ancara devido a seus vínculos com o Partido da Trabalhadores do Curdistão (PKK).

A operação, iniciada após Donald Trump anunciar a retirada das tropas americanas do norte da Síria, provoca protestos internacionais.

Ancara, que deseja estabelecer uma "zona segura" no norte da Síria para instalar dois milhões de refugiados sírios na Turquia, encerra sua ofensiva em 23 de outubro, após dois acordos negociados em separado com os Estados Unidos e a Rússia.

- Crise social na França -

Desde 5 de dezembro, a França enfrenta um grande conflito social contra o projeto de reforma previdenciária, com uma enorme greve nos transportes públicos.

O governo quer fundir os 42 regimes de pensão existentes em um sistema “universal”, suprimindo os regimes especiais com o do metrô de Paris e da companhia ferroviária da SNCF.

A crise se soma ao movimento dos Coletes Amarelos, iniciado no final de 2018, que às vezes resulta em níveis significativos de violência.

Onze pessoas morreram desde o início dos protestos, enfraquecidas ao longo dos meses, e milhares foram feridas.

- Gigantes da internet sob pressão -

Nos Estados Unidos e na Europa, os gigantes da Internet Google, Apple, Facebook e Amazon, criticados por abusos em torno da proteção de dados pessoais ou por suspeitas de monopólio (mercado de publicidade, pesquisa on-line, comércio eletrônico), são alvo de investigações, ameaças de desmantelamento e multas (US$ 5 bilhões para o Facebook nos Estados Unidos).

As gigantes da web enfrentam a mídia pela distribuição do conteúdo da imprensa que recuperam, capturando a maior parte da receita de publicidade on-line.

Na França, o Google e o Facebook se recusam a pagar à imprensa "direitos relacionados", um mecanismo autorizado de compartilhamento de receita através da transposição de uma diretriz europeia adotada no final de março.

A rainha do Reino Unido, Elizabeth II, afirmou na manhã desta quinta-feira (19) (pelo horário de Brasília) que a prioridade do governo é a entrega do Brexit em janeiro do próximo ano. Ela também ressaltou a importância de se buscar um acordo comercial com a União Europeia, após a saída do Reino Unido do bloco.

Em discurso que marcou a abertura das atividades do Parlamento, eleito no último dia 12, a monarca sinalizou o compromisso do governo com programas sociais, com investimentos em saúde e infraestrutura, sem que isso signifique o abandono da responsabilidade fiscal. Foram prometidos mais aportes financeiros ao sistema público de saúde do Reino Unido, conhecido pela sigla NHS, que passa por uma deterioração nos últimos anos.

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A Rainha Elizabeth II ainda disse que seu governo deve se posicionar na luta contra a mudança climática.

Vitorioso após as eleições legislativas no Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson organiza nesta segunda-feira (16) sua equipe de governo com o objetivo de remover os obstáculos ao Brexit.

Com uma maioria jamais vista para os conservadores desde Margaret Thatcher, o líder Tory deve anunciar hoje a reorganização do seu governo, tendo como prioridade lançar o mais rápido possível as medidas para permitir a saída do Reino Unido da União Europeia em 31 de janeiro.

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Deve ainda se dirigir aos 109 parlamentares conservadores recém-eleitos entre os 365 assentos conquistados por seu partido na quinta-feira para exortá-los a trabalhar e alcançar o Brexit, pelo qual 52% dos britânicos votaram em junho de 2016.

"O primeiro-ministro deixou bem claro que (...) devemos responder à confiança do público e alcançar o Brexit", disse uma fonte do governo. "É por isso que a primeira lei que os deputados votarão será o acordo para retirar o Reino Unido da União Europeia", acrescentou.

O primeiro-ministro pretende apresentar aos deputados antes do Natal, talvez esta semana, o documento negociado minuciosamente com Bruxelas em meados de outubro, que deveria permitir um divórcio tranquilo após 47 anos de casamento.

- Discurso da rainha -

Antes de considerar o Brexit, a nova Câmara dos Comuns vai se reunir na terça-feira para eleger o "speaker" (presidente). Provavelmente irá reconduzir a trabalhista Lindsay Hoyle, eleita um mês antes das legislativas.

Ela terá a tarefa de liderar os debates, muitas vezes animados, sobre o Brexit, assim como o fez o truculento John Bercow. Cada um dos 650 parlamentares jurará lealdade à Coroa, um processo que deve levar vários dias.

Finalmente, Boris Johnson poderá detalhar seu programa legislativo na quinta-feira, durante o tradicional discurso lido pela rainha Elizabeth II, de 93 anos. Uma vez que o último discurso da monarca foi há dois meses e com o Natal se aproximando, a cerimônia deverá ser reduzida. Boris Johnson defenderá mais uma vez sua prioridade: concretizar o Brexit.

Também poderá anunciar medidas para melhorar o serviço nacional de saúde (NHS), como prometeu para romper com a imagem de austeridade colada ao seu partido. Este serviço gratuito, ao qual os britânicos são muito apegados, sofreu cortes drásticos sob os governos conservadores nos últimos 10 anos.

Segundo uma fonte em Downing Street, o governo planeja anunciar um aumento de 33,9 milhões de libras (40,6 milhões de euros) no orçamento do NHS.

O primeiro-ministro, por outro lado, descartou a possibilidade de oferecer à Escócia um segundo referendo sobre a independência da região, como exigido pela primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon, que obteve bons resultados nas legislativas com seu partido SNP.

A recusa de Boris Johnson não "encerra o caso", alertou Sturgeon no domingo na BBC, enfatizando que a Escócia, que votou 62% em 2016 para permanecer na União Europeia, "não pode ficar trancada no Reino Unido contra sua vontade".

Uma vez que o Brexit tenha sido alcançado politicamente em 31 de janeiro, Londres e Bruxelas iniciarão duras negociações para chegar a um acordo comercial definindo suas relações após o período de transição programado até o final de 2020.

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