Após a renúncia, nesta sexta-feira, da primeira-ministra britânica, Theresa May, que desistiu de apresentar novamente aos deputados o acordo de retirada da União Europeia que concluiu com Bruxelas, quais os possíveis cenários para o Brexit?
- Novo adiamento do Brexit -
O sucessor de Theresa May só será conhecido dentro de algumas semanas. Ele ou ela provavelmente desejará negociar novamente com a UE as condições da partida, uma vez que Theresa May não conseguiu endossar seu plano de retirada.
Bruxelas, contudo, já afirmou que o único acordo possível é o concluído com Theresa May.
Para uma eventual renegociação, o Reino Unido poderia pedir à UE um novo adiamento, especialmente porque nem os parlamentares britânicos nem os europeus querem uma saída sem acordo.
O Reino Unido obteve uma prorrogação até 31 de outubro para deixar a UE, enquanto o Brexit seria realizado em 29 de março.
- "No deal" -
Este cenário, temido pelos círculos econômicos, significaria uma saída sem transição.
As relações entre o Reino Unido e a UE seriam então regidas pelas regras da Organização Internacional do Comércio, com o país abandonando do dia para noite o mercado único e a união aduaneira.
O sucessor de Theresa May, que sem dúvida será um Brexiter, poderia se pronunciar em favor de um Brexit duro, permitindo que o país estabeleça seus próprios acordos comerciais, conforme destacado por seus apoiadores.
A UE e o Reino Unido intensificaram os preparativos para um eventual 'no deal' nos últimos meses, que parece cada vez mais possível, uma vez que o favorito à sucessão de May é o grande apóstolo de Brexit Boris Johnson, ex-ministro das Relações Exteriores.
- Cancelamento do Brexit -
Esse cenário não pode ser excluído em face do caos político no Reino Unido.
Segundo o Tribunal de Justiça Europeu, o Reino Unido pode decidir voltar atrás e não deixar a UE, sem a necessidade da autorização dos outros Estados-membros.
Mas essa guinada imprevista "não é possível politicamente" sem a organização de novas eleições ou um novo referendo, segundo um membro independente da Câmara dos Lordes, John Kerr.
Theresa May incluiu esta possibilidade em sua última versão do projeto de saída da UE, provocando a ira dos eurocéticos e precipitando sua queda.
E esta opção já foi rejeitada pelos deputados durante uma série de votações em março.