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Ao menos sete pessoas morreram e 20 ficaram feridas em uma explosão de um ônibus em Cabul, Afeganistão, nesta terça-feira (7). Segundo anunciou a polícia afegã, a explosão ocorreu em decorrência de um atentado que posteriormente foi reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

"Uma explosão ocorreu a bordo de um ônibus que transportava civis no bairro de Dasht-e-Barchi. Sete de nossos compatriotas morreram como mártires e outros 20 ficaram feridos", disse um porta-voz da polícia, Khaled Zadran, na rede social X.

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A filial do EI no Afeganistão reivindicou a responsabilidade pelo ataque.

O bairro de Dasht-e-Barchi é povoado principalmente pela comunidade xiita Hazara, uma minoria que tem sido alvo recorrente de ataques do grupo jihadista sunita.

Em 28 de outubro, o EI reivindicou a responsabilidade por um ataque a bomba que matou quatro pessoas e feriu outras sete em um shopping center no mesmo bairro de Cabul no dia anterior.

As autoridades talibãs do Afeganistão afirmam controlar a segurança do país depois de recuperar o poder em 2021, mas nos últimos dois anos houve dezenas de ataques contra civis, a maioria deles reivindicada pela filial local do EI.

Ao menos seis civis morreram nesta segunda-feira (27) em um atentado suicida perto do ministério das Relações Exteriores em Cabul, capital do Afeganistão, o primeiro no país desde o início do Ramadã.

O criminoso foi alvo das forças afegãs, mas os explosivos que transportava "foram detonados e mataram seis civis. Outras ficaram feridas", tuitou o porta-voz do ministério do Interior, Abdul Nafy Takor.

A explosão aconteceu diante de um centro empresarial, perto da sede do ministério das Relações Exteriores.

A ONG italiana Emergency, que administra um hospital em Cabul, afirmou que recebeu dois corpos e 12 feridos, incluindo uma criança.

Até o momento nenhum grupo reivindicou o atentado.

A explosão desta segunda-feira é o segundo atentado perto do ministério das Relações Exteriores em Cabul em menos de três meses, e o primeiro desde o início do mês sagrado do Ramadã, na quinta-feira, no Afeganistão.

No dia 11 de janeiro, um atentado suicida diante da entrada do ministério das Relações Exteriores, reivindicado pelo grupo extremista EI-K, braço local do Estado Islâmico, deixou 10 mortos e 53 feridos, segundo a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Manua).

O Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) intensificou nos últimos meses os ataques contra estrangeiros, minorias religiosas e instituições do governo afegão.

O retorno do Talibã ao poder, em agosto 2021, provocou uma redução significativa da violência no Afeganistão, após duas décadas de guerra contra as forças da Otan e dos Estados Unidos.

Mas desde o ano passado, o EI-K se tornou o maior problema de segurança para o governo Talibã.

O EI e o regime Talibã compartilham uma ideologia islamita sunita radical, mas o primeiro luta pela criação de um califado mundial, enquanto o segundo deseja governar um Afeganistão independente.

Invasores armados realizaram um ataque sangrento contra um hotel frequentado por empresários e diplomatas chineses em Cabul, uma ação cuja autoria foi reivindicada pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e cujo número de vítimas é incerto.

"Até o momento, recebemos 21 vítimas: três já chegaram mortas", tuitou a ONG italiana Emergency, que administra um hospital em Cabul. A organização não informou se se tratavam de civis ou de responsáveis pelo ataque.

O EI informou que dois de seus membros haviam "atacado um grande hotel, onde detonaram dois artefatos explosivos escondidos em duas bolsas", um deles dirigido contra uma festa para convidados chineses, e o outro, na recepção do estabelecimento.

Um dos dois combatentes lançou granadas contra os oficiais talibãs que tentavam detê-los, e o outro começou a detonar os explosivos e atirar contra os clientes, segundo um comunicado do grupo.

- Nenhum estrangeiro morto -

O ataque ocorreu no bairro de Shahr-e-naw, uma das principais zonas comerciais da capital, e terminou com "a morte dos três agressores", informou o porta-voz talibã Zabihullah Mujahid.

O bairro abriga o Hotel Longan, frequentado por empresários chineses, cada vez mais numerosos no Afeganistão desde o retorno dos talibãs ao poder, em agosto de 2021.

"Todos os clientes do hotel foram resgatados, e não morreu nenhum estrangeiro. Apenas dois clientes estrangeiros ficaram feridos, ao se jogarem de um andar superior", disse no Twitter o porta-voz talibã.

Correspondentes da AFP ouviram explosões e tiros. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrava pessoas amontoadas nas janelas dos andares inferiores do prédio. Em outra gravação, chamas e colunas de fumaça podiam ser vistas, saindo de outra parte do imóvel.

Desde o seu retorno ao poder, os talibãs afirmam que aumentaram a segurança no país, apesar dos atentados ocorridos nos últimos meses. Vários deles foram reivindicados pelo braço local do EI.

- Fronteira sensível -

Pequim não reconheceu o governo talibã oficialmente, mas é um dos poucos países a manter presença diplomática no país. A China compartilha uma fronteira de 76 quilômetros com o Afeganistão e teme que o país possa se tornar uma base para separatistas da minoria uigur, originária da sensível região fronteiriça de Xinjiang.

Os talibãs prometeram a Pequim que o Afeganistão não irá se tornar uma base para ativistas uigures. Em troca, a China ofereceu apoio econômico para a reconstrução do país, afetado por 20 anos de guerra.

A principal preocupação de Pequim é manter um ambiente estável no país vizinho e garantir a segurança em suas fronteiras. Também deseja assegurar seus investimentos estratégicos no Paquistão, um vizinho comum.

Os talibãs também contam com a China para transformar uma das maiores reservas de cobre do mundo em uma área de mineração. A exploração ajudaria a ajustar os rumos de um país com falta de liquidez e castigado por sanções econômicas internacionais.

A China detém os direitos de importantes projetos no Afeganistão, como a mina de cobre de Mes Aynak, na província de Logar (leste). Porém, ainda não iniciou nenhum deles

Esta não é a primeira vez que estrangeiros são alvo no Afeganistão. Em 2 de dezembro, uma agente de segurança ficou ferida, após vários disparos contra a embaixada do Paquistão em Cabul. O EI, que assumiu a autoria do ataque, confirmou que mirava no "embaixador paquistanês e em seus guardas".

Em 5 de setembro, dois funcionários da embaixada russa em Cabul e quatro afegãos também morreram perto do prédio, em um atentado suicida também reivindicado pelo braço local do EI. Foi o primeiro ataque contra uma representação diplomática desde a volta dos extremistas ao poder.

Homens não identificados atacaram, nesta segunda-feira (12), um hotel frequentado por visitantes chineses na capital afegã, Cabul, em um assalto que deixou pelo menos três mortos e 18 feridos e várias explosões e disparos foram ouvidos.

"Até o momento, recebemos 21 vítimas: três já chegaram mortas", tuitou a Emergency, uma ONG italiana que opera um hospital em Cabul.

Um porta-voz da polícia de Cabul disse à imprensa que o ataque foi cometido por "elementos mal-intencionados".

“As forças de segurança chegaram à área”, declarou o porta-voz em um grupo de WhatsApp.

O ataque aconteceu no bairro de Shahr-e-naw, uma das principais áreas comerciais da capital. O bairro abriga o Hotel Longan de Cabul, frequentado por empresários chineses. Eles têm viajado cada vez mais ao Afeganistão desde a volta dos talibãs ao poder em agosto de 2021.

Correspondentes da AFP que estavam perto do local ouviram várias explosões e tiros. Alguns jornais locais relataram informações similares. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrava pessoas amontoadas nas janelas dos andares inferiores do prédio. Em outra gravação, chamas e colunas de fumaça podiam ser vistas, saindo de outra parte do imóvel.

Pequim não reconheceu o governo talibã oficialmente, mas é um dos poucos países a manter presença diplomática no país. A China compartilha uma fronteira de 76 quilômetros com o Afeganistão e teme que o país possa se tornar uma base para separatistas da minoria uigur, originária da sensível região fronteiriça de Xinjiang.

Os talibãs prometeram, no entanto, que o Afeganistão não seria usado como base para ativistas uigures. Em troca, a China ofereceu apoio econômico para a reconstrução do país.

- Atentados em série -

A principal preocupação de Pequim é manter um ambiente estável no Afeganistão, após duas décadas de guerra. A China busca garantir segurança em suas fronteiras e investimentos estratégicos no Paquistão, seu vizinho comum.

Os talibãs também contam com a China para transformar uma das maiores reservas de cobre do mundo em uma área de mineração. A exploração ajudaria a ajustar os rumos de um país com falta de liquidez e castigado por sanções econômicas internacionais.

A China detém os direitos de importantes projetos no Afeganistão, como a mina de cobre de Mes Aynak, na província de Logar (leste). Porém, ainda não iniciou nenhum deles.

Desde seu retorno ao poder, os talibãs afirmam que melhoraram a segurança no país, apesar do número de atentados cometidos nos últimos meses. Vários deles foram reivindicados pelo braço local do grupo extremista Estado Islâmico.

Não é a primeira vez que estrangeiros são alvo no país. Em 2 de dezembro, uma agente de segurança ficou ferida, após vários disparos contra a embaixada do Paquistão em Cabul. O EI, que assumiu a autoria do ataque, confirmou que mirava no "embaixador paquistanês e em seus guardas".

Em 5 de setembro, dois funcionários da embaixada russa em Cabul e quatro afegãos também morreram perto do prédio, em um atentado suicida também reivindicado pelo braço local do EI. Foi o primeiro ataque contra uma representação diplomática desde a volta dos extremistas ao poder.

O Talibã proibiu as mulheres afegãs de entrar em parques e jardins de Cabul, um dos últimos espaços de liberdade que tinham diante das severas restrições impostas pelo regime fundamentalista islâmico.

No início da semana, os talibãs pediram aos administradores dos parques e jardins que fechassem as portas às mulheres, como constataram os jornalistas da AFP na capital.

Até agora haviam sido estabelecidos horários e dias diferentes para que homens e mulheres não se encontrassem.

"Em muitos lugares, as regras foram violadas", declarou à AFP na quarta-feira Mohammad Akif Sadeq Mohajir, porta-voz do Ministério para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício.

"Havia mistura e o hijab (o véu que cobre a cabeça e o pescoço) não estava sendo respeitado. Por isso esta decisão foi tomada", acrescentou.

Sentada em um restaurante em Cabul com vista para um parque da cidade, Wahida observa seus filhos brincarem através do vidro, mas não pode se juntar a eles.

"Não há escola, não há trabalho, deveríamos pelo menos ter um lugar para nos divertirmos", comentou a mãe à AFP, chateada depois que teve a entrada no parque negada.

Desde seu retorno ao poder em agosto de 2021, após 20 anos de guerra e a retirada das tropas americanas, os talibãs adotaram uma interpretação fundamentalista do Islã.

As autoridades não param de cercear as liberdades das mulheres: são obrigadas a usar um véu integral, não podem frequentar o Ensino Médio e são proibidas de viajar sozinhas para fora de sua localidade.

Os parques eram um dos últimos espaços de liberdade.

"Precisamos de um lugar para nos divertir, nossa saúde mental está em jogo. Já estamos fartos de ficar em casa o dia todo, estamos cansados de tudo isso", se desespera Wahida, sem emprego, como o marido.

Na mesa ao lado, Raihana, de 21 anos, compartilha a mesma tristeza. "Estávamos muito empolgadas com a ideia de vir ao parque. Estamos cansadas de ficar em casa", conta a jovem tomando um sorvete com as irmãs.

Estudante de Direito Islâmico, Raihana está confusa com essa nova medida. "Obviamente o Islã permite que você saia e visite parques", diz.

- "Muçulmanos precisam se divertir" -

A vários quilômetros de distância, na parte alta de Cabul, a roda-gigante do parque mais importante do Afeganistão está parada. Também os balanços, vagões e outras atrações de lazer do complexo.

Apenas alguns homens caminham pelas ruas silenciosas do Parque Zazai, criado há mais de seis anos.

Antes das restrições do Talibã, podia receber até 15.000 visitantes por dia nos fins de semana.

O seu co-administrador não compreende esta decisão, que o condena a encerrar o negócio em que investiu 11 milhões de dólares e que emprega cerca de 250 pessoas.

"Sem mulheres, as crianças não virão sozinhas", diz Habib Jan Zazai.

"Gostaria que o Talibã apresentasse razões convincentes", lamenta.

"No Islã você pode ser feliz. O Islã não permite que as pessoas sejam presas em casa", diz este homem na casa dos trinta anos.

"Com essas decisões, vão desencorajar os investidores. E sem empresários que paguem impostos, como vão governar?", questiona.

Mohammad Tamim, de 20 anos, professor de uma escola religiosa na cidade de Kandahar, reduto do Talibã, condena "essa má notícia" enquanto toma chá com amigos no parque.

"Todo ser humano precisa psicologicamente se divertir, estudar... Os muçulmanos precisam se divertir principalmente depois de 20 anos de guerra", defende.

O atentado suicida cometido na sexta-feira (30) em um centro de ensino para estudantes em Cabul causou pelo menos 53 mortos, incluindo 46 meninas e mulheres - de acordo com um novo balanço divulgado nesta segunda-feira (3) pela Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (MANUA).

"Cinquenta e três mortos, pelo menos 46 meninas e mulheres jovens. 110 feridos", tuitou a missão.

Na sexta-feira, um homem-bomba se fez explodir do lado de fora de uma sala de estudos segregada por gênero em um bairro de Cabul, onde vivem membros da marginalizada comunidade xiita hazara.

Centenas de estudantes faziam simulado para o vestibular, quando o agressor detonou o explosivo.

Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pela ação, mas a organização extremista Estado Islâmico (EI), que considera os xiitas como hereges, já cometeu vários ataques letais nesta área.

No domingo (2), mais de 100 estudantes afegãs protestaram na cidade de Herat (oeste do Afeganistão) em protesto contra este atentado suicida.

"A educação é nosso direito, o genocídio é um crime", entoaram as manifestantes de Herat, principalmente hazaras, alvo frequente de atentados.

Dezenove pessoas morreram em um atentado suicida nesta sexta-feira (30) em um centro de ensino de Cabul, em um bairro de forte presença da minoria hazara, cenário de alguns dos ataques mais violentos no Afeganistão nos últimos anos.

"Os estudantes estavam se preparando para uma prova quando um homem-bomba detonou sua carga explosiva no centro de ensino. Infelizmente, 19 pessoas morreram e 27 ficaram feridas", afirmou o porta-voz da polícia, Khalid Zadran.

O estabelecimento atacado prepara alunos, de 18 anos ou mais, para as provas de acesso às universidades.

Vídeos publicados nas redes sociais e fotografias da imprensa local mostram as vítimas sendo retiradas do local.

Muitas vítimas levadas para os hospitais eram mulheres, de acordo com um correspondente da AFP.

As forças de segurança foram enviadas ao local, enquanto as famílias seguiam para os hospitais em busca de informações sobre os parentes.

Em um hospital, os combatentes talibãs obrigaram os parentes a abandonar o local pelo temor de um novo ataque contra a multidão.

Listas com os nomes das vítimas fatais e dos feridos foram colocadas nas entradas dos centros médicos.

- "Alvos civis" -

"Não a encontramos aqui", disse, muito nervosa, uma mulher que procurava a irmã em um hospital. "Tem 19 anos. Estamos ligando, mas não responde", afirmou.

O porta-voz do ministério do Interior, Nafy Takor, afirmou que o ataque aconteceu no centro educacional Kaj e informou que as forças de segurança seguiram para o local.

"A natureza do ataque e informações sobre as vítimas serão divulgados mais tarde", disse. "Atacar alvos civis demonstra a crueldade desumana do inimigo e a falta de parâmetros morais", acrescentou.

O retorno dos talibãs ao poder no Afeganistão acabou com duas décadas de guerra no país e provocou uma redução considerável dos índices de violência, mas os desafios na área de segurança assombram o movimento islamita.

Os xiitas hazaras sofreram décadas de perseguição, também do Talibã, movimento acusado de atrocidades contra este grupo étnico durante seu primeiro período no poder (1996-2001).

Atualmente, os hazaras também são alvos frequentes dos ataques do principal inimigo do Talibã, o grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Os dois movimentos fundamentalistas consideram os hazaras hereges.

O bairro da zona oeste de Cabul já foi cenário de vários ataques, muitos contra crianças, mulheres e escolas.

Em abril, duas explosões em centros de ensino da região mataram seis pessoas e deixaram 20 feridas.

No ano passado, antes do retorno dos talibãs ao poder, ao menos 85 pessoas morreram, a maioria alunas, e quase 300 ficaram feridas nas explosões de três bombas perto de uma escola em Dasht-e-Barchi.

Nenhum grupo reivindicou o ataque, mas um ano antes o EI assumiu um atentado suicida contra um centro de ensino na mesma área que matou 24 pessoas.

Em maio de 2020, o grupo também assumiu a responsabilidade por um ataque armado contra a maternidade de um hospital do bairro, que matou 25 pessoas, incluindo mães que haviam acabado de ter seus filhos.

A educação é uma questão muito delicada no Afeganistão. O Talibã não permite a reabertura das escolas do Ensino Médio para meninas, enquanto o EI é contrário a qualquer tipo de ensino para mulheres.

Os talibãs dispersaram com tiros para o alto uma manifestação de mulheres diante da embaixada do Irã em Cabul em apoio às iranianas, com as quais afirmam compartilhar a mesma luta.

O Irã foi abalado nas últimas semanas por protestos após a morte da jovem Mahsa Amini, que havia sido detida em Teerã pela polícia da moral da República Islâmica.

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Com gritos de "mulher, vida, liberdade", 25 mulheres protestaram durante 15 minutos na rua diante da embaixada do Irã. Elas foram dispersadas pelos tiros para o alto dos combatentes talibãs mobilizados no local.

Os guardas também tentaram agredir as manifestantes, segundo os correspondentes da AFP.

As mulheres exibiam cartazes com frases como "Irã levantou, agora é a nossa vez" e "De Cabul ao Irã, diga não à ditadura"

Os talibãs rasgaram os cartazes diante das manifestantes.

As mulheres, algumas de óculos escuros e máscaras, recolheram os cartazes rasgados e formaram bolas de papel para jogar nos talibãs.

Os homens armados também ordenaram que os jornalistas apagassem as imagens dos protestos.

O Irã é cenário de protestos todas as noites desde 16 de setembro, data da morte de Mahsa Amini, de 22 anos, três dias depois de sua detenção pela polícia da moral por supostamente violar as regras severas impostas às mulheres sobre as vestimentas na República Islâmica, onde devem cobrir o cabelo em público.

"Estamos aqui para mostrar nosso apoio e nossa solidariedade a povo iraniano e às mulheres vítimas dos talibãs no Afeganistão", declarou uma das mulheres na manifestação de Cabul, que pediu anonimato.

- Normas muito rígidas -

Desde o retorno dos talibãs ao poder em agosto de 2021 foram registradas manifestações esporádicas de mulheres na capital afegã e em outras cidades do país, apesar da proibição, seja pela perda de emprego ou para exigir o direito ao trabalho.

Algumas foram foram reprimidas com violência e as ativistas que convocaram protestos foram detidas pelos talibãs.

Após 20 anos de guerra e da saída do exército americano do Afeganistão, o novo governo do país impôs regras muito rígidas para as mulheres, com a exigência do uso de véu integral em público, de preferência a burca.

Também decretaram a separação de homens e mulheres nos parques públicos de Cabul e proibiram a presença das mulheres nas escolas do Ensino Médio na maioria das províncias.

O temido ministério para a Propagação da Virtude e a Prevenção do Vício substituiu a pasta dos Assuntos da Mulher.

Em 10 de setembro, dezenas de jovens protestaram em Gardez, leste do país, quando constataram o fechamento de suas escolas, que haviam sido reabertas uma semana antes sob pressão das alunas e dos líderes das tribos.

Um relatório da ONU denunciou as "restrições severas" impostas aos direitos das mulheres, especialmente no que diz respeito ao Ensino Médio, e pediu aos talibãs a revogação "imediata" da medida.

A suspensão das restrições é uma condição essencial para o reconhecimento oficial do governo talibã, reitera a comunidade internacional.

Até o momento, nenhum país reconheceu o governo talibã.

Sete pessoas morreram após a explosão de um carro-bomba perto de uma mesquita em Cabul, capital do Afeganistão, frequentada por autoridades talibãs - anunciou o Ministério do Interior nesta sexta-feira (23).

A explosão aconteceu próximo da entrada da mesquita Wazir Akbar Khan, perto da antiga Zona Verde. Até os talibãs retomarem o poder no país em agosto do ano passado, esta área com várias embaixadas tinha segurança reforçada. Agora, o local é frequentado por comandantes e combatentes talibãs.

Ao menos sete pessoas morreram, e 41 ficaram feridas, informou o porta-voz do Ministério do Interior, Abdul Nafy Takor, à AFP.

"A explosão aconteceu quando os fiéis estavam a caminho de casa" depois da oração, relatou Takor, explicando que os explosivos foram colocados em um carro.

Imagens não verificadas publicadas nas redes sociais mostram um carro destruído, em chamas, em uma rua do lado de fora da mesquita. Nenhum grupo reivindicou o ataque até agora.

No Twitter, a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA) disse que o ataque é um "lembrete amargo da contínua insegurança e atividade terrorista em curso no Afeganistão".

Em 2020, uma bomba explodiu na mesma mesquita, matando seu imã.

Embora a violência tenha caído significativamente no Afeganistão desde o retorno dos talibãs ao poder, bombardeios são frequentes em Cabul e em outras cidades. Várias mesquitas e clérigos foram alvo desses ataques, alguns reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

No início deste mês, dois funcionários da Embaixada russa foram mortos em um atentado suicida do lado de fora desta missão diplomática. Foi o último ataque na capital afegã reivindicado pelo grupo.

Uma explosão destruiu uma mesquita lotada de fiéis na capital do Afeganistão, Cabul, e deixou pelo menos 21 mortos e 33 feridos, anunciou a polícia local.

"Ontem (quarta-feira) aconteceu uma explosão em uma mesquita, durante a oração da tarde. Vinte e um cidadãos foram martirizados e 33 ficaram feridos", afirmou o porta-voz da polícia de Cabul, Khalid Zadran, em um comunicado.

"Explosivos foram colocados dentro da mesquita", acrescentou o porta-voz.

Nenhum grupo reivindicou o ataque.

A ONG italiana Emergency, que administra um hospital em Cabul, informou na quarta-feira que atendeu 27 vítimas da explosão, com três mortos. Entre os pacientes estavam cinco crianças.

"A maioria dos pacientes que recebemos após a explosão na mesquita sofreu ferimentos por estilhaços e queimaduras", afirmou a Emergency em um e-mail.

Na semana passada, um homem-bomba detonou explosivos dentro de uma escola religiosa de Cabul, um ataque que matou o clérigo talibã Rahimullah Haqqani e seu irmão. A ação foi reivindicada pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Embora os índices de violência tenham registrado queda no Afeganistão desde a tomada do poder pelos talibãs, em agosto do ano passado, o país sofre com frequência ataques do EI, geralmente direcionados contra minorias como os xiitas, os sufis ou os sikhs.

Os talibãs afirmam que derrotaram este grupo extremista, mas analistas afirmam que o EI continua sendo um desafio de segurança para o movimento islamita.

Os dois grupos são islamitas sunitas radicais, mas o Talibã e o EI se tornaram grandes rivais, com divergências ideológicas e estratégicas.

O ataque aconteceu antes de uma importante reunião nesta quinta-feira com mais de 2.000 clérigos religiosos e líderes talibãs na cidade de Kandahar, berço do movimento talibã.

Um porta-voz talibã afirmou em um comunicado que "decisões importantes serão adotadas na conferência".

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Dezenas de mulheres e meninas se manifestaram, neste sábado, em Cabul, sob a palavra de ordem "abram as escolas" para protestar contra a decisão dos talibãs de fechar os institutos secundaristas horas depois de terem aberto esses colégios.

Em 23 de março, milhares de meninas chegaram alegres às escolas secundaristas no dia em que o Ministério da Educação estabeleceu para a retomada das aulas.

Porém, algumas horas depois, as autoridades anunciaram que reverteram a decisão, pela qual as jovens disseram se sentir traídas, o que gerou indignação dos governos estrangeiros.

"Abram as escolas!", gritaram as manifestantes, algumas delas portavam seus livros de aula.

Muitas levavam cartazes com a mensagem "A educação é nosso direito fundamental, não é um plano político", antes de se dispersarem após a chegada dos talibãs ao local.

Os talibãs não explicaram sua decisão, que se produziu após uma reunião de altos quadros na cidade de Kandahar, no sul do país, que é a capital de fato e o centro espiritual para esse grupo islâmico radical.

O plano de abrir as escolas para as mulheres foi produzido após meses de trabalho com governos estrangeiros para apoiar o pagamento dos professores.

As meninas e adolescentes afegãs estão sem acesso à educação há sete meses.

Desde seu retorno ao poder, em 15 de agosto, os talibãs reverteram décadas de avanços nos direitos das mulheres, que foram afastadas de muitos trabalhos no governo, impedidas de viajar sozinhas e obrigadas a seguir um código de vestimenta de acordo com uma interpretação rigorosa do Alcorão.

Um grupo de cerca de 100 mulheres com véu foi às ruas de Cabul, nesta quarta-feira (26), expressar seu apoio ao regime talibã e exigir a liberação dos ativos nacionais congelados por países ocidentais, em um momento de profunda crise humanitária no Afeganistão.

Neste protesto, organizado pelos talibãs, a maioria das manifestantes usava burca, um véu integral com uma rede na altura dos olhos, ou um niqab, que também cobre o rosto, mas permite ver os olhos, observou um jornalista da AFP no local.

Reunidas em frente à antiga embaixada dos Estados Unidos, levantaram cartazes em inglês, pashtun e dari, para afirmar seu "apoio ao emirado islâmico", nome dado pelos talibãs ao seu regime, e exigir "o desbloqueio do dinheiro congelado".

Desde que voltou ao poder em agosto passado, os talibãs dominaram um Afeganistão que enfrenta uma grave crise humanitária.

A ajuda internacional, que representava cerca de 80% do orçamento, foi subitamente interrompida, e os Estados Unidos congelaram US$ 9,5 bilhões em ativos do Banco Central do Afeganistão.

De acordo com a ONU, hoje, a fome ameaça 55% da população.

"Os Estados Unidos deveriam liberar imediatamente o dinheiro do Afeganistão", disse Basri Deedar, diretora de uma escola particular que liderava o manifesto.

"A comunidade internacional não deve usar os direitos das mulheres como desculpa para perseguir os afegãos", acrescentou.

Os talibãs usaram gás pimenta para dispersar um grupo de mulheres que protestava neste domingo (16), em Cabul, exigindo seu direito ao trabalho e à educação - disseram três manifestantes à AFP.

Desde que retomaram o poder no país à força, em meados de agosto passado, os talibãs impuseram, progressivamente, restrições aos afegãos - em particular às mulheres.

Cerca de 20 mulheres se reuniram na frente da Universidade de Cabul, gritando "Igualdade e justiça!". Nas mãos, levavam cartazes que diziam "Direitos das mulheres, direitos humanos".

Os combatentes talibãs chegaram ao local a bordo de vários veículos, usando o gás para dispersar o grupo, relataram as manifestantes.

O grupo islâmico proibiu as manifestações não autorizadas e, com frequência, dispersa à força os atos pelos direitos das mulheres.

As autoridades não permitiram que muitas mulheres voltassem ao trabalho no serviço público e, em alguns casos, as meninas são rejeitadas nas escolas. Também se proibiu a televisão de transmitir séries, por causa da participação de atrizes.

Entregue a um soldado estrangeiro, Sohail Ahmadi desapareceu em 19 de agosto, em meio ao caos da retirada de Cabul. Na semana passada, o bebê se reuniu com sua família, após cinco meses de separação.

Então com dois meses de idade, Sohail foi entregue pelo pai a um soldado, que olhava de cima uma multidão aterrorizada com a chegada dos talibãs ao poder, depois de tomarem a capital afegã.

Assim, pai e criança se separaram.

Apesar de suas intensas buscas, foi impossível para Mirza Ali Ahmadi recuperar seu bebê. Foi um taxista, Hamid Safi, que o encontrou, chorando e abandonado no chão do aeroporto.

"Procurei a família dele", conta o jovem, de 29 anos, que foi ao aeroporto deixar seu irmão, que seria retirado do país. "Então, liguei para minha mulher, que me disse para levar o bebê para casa".

O casal diz ter procurado, sem sucesso, os pais da criança. Deram-lhe o nome de Mohamad Abed e começaram a criá-lo.

"Se não tivéssemos encontrado sua família, teríamos protegido e criado ele como nosso próprio filho", explica Hamid Safi.

Durante três dias, o verdadeiro pai de Sohail procurou seu filho no aeroporto lotado. Desesperado, este ex-agente de segurança da embaixada dos Estados Unidos partiu com a esposa e quatro filhos para este país.

Em agosto, o aeroporto de Cabul foi tomado por afegãos ansiosos para deixar a cidade junto com as últimas tropas ocidentais, após 20 anos de guerra.

Vários afegãos temiam o retorno dos islamistas ao poder, lembrando-se do cruel regime dos anos 1990, ou temendo represálias contra colaboradores do governo anterior, ou das forças estrangeiras.

- 'Como sua mãe' -

Somente na semana passada a família de Sohail conseguiu encontrar o bebê em Cabul, com a ajuda das redes sociais e da polícia.

O menino foi entregue ao avô, uma separação dolorosa para o casal Safi e suas três filhas.

"Me sentia responsável por ele, como se fosse sua mãe", afirma Fatimah Safi, de 27 anos. "Ele tinha o hábito de acordar durante a noite (...) Agora, quando eu acordo, ele não está lá, e isso me faz chorar", desabafa.

"Sou mãe. Entendo que nem sempre estará conosco e que precisa dos pais", continua a mulher.

Seu marido admite que "foi muito difícil" devolver o bebê.

No domingo, o avô de Sohail, Mirza Mohamad Qasemi, convidou a família Safi para sua casa em Cabul para compartilhar alguns momentos com o menino.

"Cuidaram dele durante cinco meses e estavam muito apegados a ele", disse o avô à AFP, acrescentando que, de início, os Safi relutaram em devolver o bebê.

Qasemi, que também procurou seu neto, agora diz estar animado com a ideia de que Sohail possa se reunir com seus pais nos Estados Unidos. Eles entraram em contato com as autoridades americanas, mas o procedimento será longo.

"Foi difícil para minha filha. Ela chorava e não comia nada", relata o pai, enxugando as lágrimas, enquanto observa Sohail dormindo nos braços de Fatimah.

Até Sohail se reunir com seus pais, sua tia cuidará dele.

Ao telefone, o pai não escondeu a alegria: "Ficamos muito tristes nos últimos cinco meses (...) Mas quando encontramos nosso bebê. Estamos felizes, porque Deus nos devolveu nosso filho".

"O Daesh é o Talibã, mas ainda pior". Um dia após o atentado contra um hospital de Cabul reivindicado pelo Estado Islâmico, os moradores da capital do Afeganistão temem o novo inimigo, que utiliza os antigos métodos talibãs contra os atuais governantes do país.

"Os talibãs nos chamavam de infiéis. Agora são eles que morrem porque são considerados infiéis pelo EI", resume um comerciante no bairro do hospital militar atacado, ainda em estado de sítio.

"E nesta guerra, eles não têm nenhuma chance de ganhar", analisa.

Na rua do hospital, onde pelo menos 19 pessoas morreram na terça-feira, segundo um balanço que não é definitivo, um funcionário da limpeza joga água sobre as machas de sangue.

Um guarda talibã aponta com o fuzil para a cerca de arame farpado que ainda têm restos mortais.

"Nós falamos para que não deixassem que veículos circulassem por esta rua. O hospital já havia sido atacado, mas não nos escutaram", disse à AFP um médico que pediu anonimato.

O hospital foi alvo de um ataque em março de 2017, executado por criminosos com uniformes médicos. A ação também foi reivindicada pelo EI.

Durante seis horas eles massacraram as pessoas dentro do edifício. O balanço foi de dezenas de mortos, mas algumas fontes das forças de segurança citaram mais de 100 vítimas fatais.

- Ataque após o atentado -

Para o médico do hospital militar, "Daesh (o acrônimo árabe do EI) e o Talibã são as duas orelhas da mesma cabeça de burro".

"Não sei dizer a diferença, eles têm a mesma barba, a mesma roupa. Para mim, eles são religiosos que atacam os que são diferentes deles, aqueles que não foram educados na religião como eles".

Mas ao falar sobre os métodos, ele tem uma definição: "O Daesh é o Talibã, mas ainda pior. Seus ataques são ainda mais complicados e perigosos".

Desta vez, uma moto-bomba se aproximou da entrada principal do hospital e o piloto detonou a carga explosiva. Em seguida, homens armados abriram fogo e entraram no local.

Após 20 minutos, quando as forças especiais dos talibãs chegaram ao hospital, outro carro-bomba, com aspecto de táxi, apareceu no local, de acordo com testemunhas.

A tática de executar um segundo ataque aproveitando a confusão do primeiro, utilizada pelos talibãs quando eram insurgentes e não aceitavam o governo apoiado pelo Ocidente, virou o pesadelo dos habitantes de Cabul.

"Depois da primeira explosão, eu vi pessoas feridas, mas não podia socorrê-los porque sabia que aconteceria uma segunda explosão, e aconteceu", relata o médico.

- Talibãs inquietos -

Já presentes no resto da cidade, as patrulhas de talibãs armados até os dentes foram enviadas ao local do ataque. Param veículos, verificam documentos, inspecionam as malas.

Hazrat Noor, fazendeiro da região de Yauzyan (norte) que está há várias semanas no hospital de Cabul, afirmou que "não se sentia tão seguro há 40 anos".

"O Daesh não ousará voltar a atacar. Era sua última tentativa, os talibãs são fortes, têm o controle em todos os lados. O Daesh não é nada", afirma o idoso, com uma roupa tipicamente talibã.

Mas os talibãs exibiam uma inquietação um dia após o ataque. Os guardas solicitavam aos jornalistas que evitassem aglomeração "porque a área não estava limpa" e dirigiam olhares suspeitos a qualquer pessoa que se aproximasse do perímetro.

Responsável pela segurança na área, Mohamad Torbi, que estava no local no momento do atentado, afirmou que consegue reconhecer os membros do EI "porque têm sotaque e comportamento diferente".

"Mas ontem estavam com nossos uniformes", explica.

A companhia aérea Pakistan International Airlines (PIA) anunciou nesta quinta-feira (14) que suspendeu os voos de e para Cabul devido à atitude "pouco profissional" do Talibã, no poder no Afeganistão desde meados de agosto.

A companhia aérea retomou voos especiais para a capital afegã após a retirada dos soldados americanos do país, de onde mais de 100 mil pessoas queriam partir por medo dos fundamentalistas islâmicos.

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"Frequentemente, nossos voos enfrentaram atrasos injustificados devido à atitude pouco profissional das autoridades da aviação (civil) em Cabul", declarou à AFP o porta-voz da PIA, Abdullah Hafeez Khan.

Os voos serão suspensos até que a situação seja "favorável", acrescentou.

De acordo com uma fonte da PIA, o Talibã tem sido "desagradável" com o pessoal da companhia aérea paquistanesa e, uma vez, "abusou fisicamente" de um de seus membros.

A PIA é alvo de críticas por cobrar US $ 1.200 por um voo só de ida entre Islamabad e Cabul que dura 40 minutos, contra US $ 150 antes da chegada do Talibã.

Esses voos destinavam-se principalmente a organizações internacionais e humanitárias, mas os últimos ajudaram os afegãos a embarcar neles para escapar do novo regime e de uma situação econômica catastrófica.

Mas os voos eram irregulares e os passageiros afegãos tinham dificuldades em conseguir uma passagem.

O porta-voz da PIA afirma que estes voos "não eram muito lucrativos financeiramente", devido ao alto custo do seguro, e que a empresa os mantinha por "motivos humanitários".

O Talibã havia ameaçado bloquear metade dos voos da PIA se o preço das passagens não fosse reduzido.

O Paquistão foi o principal apoiador do primeiro regime talibã entre 1996 e 2001, e mais tarde os Estados Unidos o acusaram de apoiar a insurgência contra o governo afegão, apoiado pelo Ocidente.

Desde o retorno do Talibã ao poder, o primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, exortou a comunidade internacional a dialogar com os fundamentalistas e a apoiar financeiramente o país, cuja economia está à beira do colapso.

No momento, o Paquistão não reconheceu o novo regime talibã.

O fantasma dos atentados voltou a ganhar força em Cabul, nesta segunda-feira (11), com um alerta emitido para os hotéis da capital afegã, um dia depois do primeiro encontro entre representantes americanos e talibãs desde meados de agosto, durante o qual foram discutidas questões de segurança.

Americanos e britânicos alertaram seus cidadãos, nesta segunda, sobre o risco de atentados a grandes hotéis de Cabul, como o Serena, um estabelecimento de luxo localizado no centro da capital.

"Devido à ameaça à segurança, recomendamos que os cidadãos americanos evitem se hospedar [lá] e evitem a área", afirmou o Departamento de Estado americano em seu site, referindo-se ao hotel, atacado várias vezes nos últimos anos.

Em 20 de março de 2014, um comando armado talibã invadiu o estabelecimento e matou nove pessoas, incluindo um jornalista da AFP e sua família.

O hotel também foi atacado em janeiro de 2008 por um homem-bomba, quando o ministro norueguês das Relações Exteriores, Jonas Gahr Store, encontrava-se no local. Ele saiu ileso, enquanto seis pessoas morreram, entre elas o repórter Carsten Thomassen, do jornal norueguês "Dagbladet", e um cidadão americano.

Nos hotéis mais caros de Cabul, costumam ficar tanto estrangeiros, de passagem pela cidade, quanto jornalistas, trabalhadores humanitários e talibãs com altos cargos no governo, que ali organizam suas reuniões de trabalho.

O Talibã voltou ao poder em 15 de agosto. Desde então, tem feito da segurança sua prioridade, após vinte anos de guerra no território. Enfrentam, porém, uma onda de sangrentos atentados, reivindicados pelo braço local do Estado Islâmico (IS), o grupo Estado Islâmico do Khorasan (EI-K).

Na sexta-feira (8), o EI-K assumiu a autoria de um ataque a uma mesquita xiita de Kunduz, no nordeste do país. Pelo menos 60 pessoas morreram nesta que foi a ofensiva mais letal no Afeganistão desde a saída dos militares americanos, em 30 de agosto passado.

O alerta sobre os hotéis da capital foi dado horas depois do primeiro encontro oficial, no Catar, entre funcionários de alto escalão dos governos americano e talibã desde a retirada dos EUA do país.

Segundo o Departamento de Estado, as conversas foram "francas e profissionais". Nelas, os americanos reiteraram que os talibãs serão julgados "por suas ações, não apenas por suas palavras".

O debate se concentrou nas "preocupações com segurança e terrorismo, trânsito seguro de americanos, de outros estrangeiros e dos nossos parceiros afegãos", disse o porta-voz do departamento, Ned Price.

Outros temas de interesse foram "os direitos humanos, incluindo a participação significativa de mulheres e meninas em todos os aspectos da sociedade afegã", acrescentou Price.

Em um comunicado sobre a reunião, os talibãs afirmaram que os Estados Unidos concordaram em enviar ajuda para o Afeganistão. Já Washington afirmou que esta questão não foi abordada e que qualquer ajuda será destinada para o povo afegão, e não para o governo talibã.

Pelo menos dois civis foram mortos e outros três feridos numa explosão em Cabul, no Afeganistão, neste domingo, 3, perto da mesquita de Id Gah, onde se celebrava uma cerimônia em memória à mãe de um líder do Taleban.

Até agora, nenhum grupo ou organização armada reivindicou a responsabilidade pelo ataque. A mesquita Eid Gah, localizada na capital do Afeganistão, fica a poucos metros do palácio presidencial e da sede do Ministério da Defesa.

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"Segundo as nossas informações, dois civis foram mortos e três feridos na explosão", disse à AFP o porta-voz do Ministério do Interior, Qari Sayed Khosti.

Alguns minutos antes, o porta-voz do governo, Zabihullah Mujahid, tuitou: "Uma explosão teve como alvo durante a tarde uma reunião de civis perto da entrada da mesquita Id Gah em Cabul e matou várias pessoas."

Ahmadullah, um comerciante cuja loja está perto da mesquita, disse à AFP que "ouviu o som de uma explosão seguida de tiros".

Após o ataque, a área em torno da mesquita foi isolada pelos taleban, com forte esquema de segurança.

Os taleban tinham anunciado numa declaração no dia anterior que a cerimônia seria realizada na mesquita no domingo à tarde.

O último ataque mortal em Cabul ocorreu em 26 de agosto, quando pelo menos 72 pessoas morreram e mais de 150 ficaram feridas numa explosão ao aeroporto de Cabul reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (IS).

Sob o nome Estado Islâmico da Província de Khorasan, IS-K reivindicou a responsabilidade por alguns dos ataques mais sangrentos dos últimos anos no Afeganistão.

Reunião taleban

No início da manhã, os taleban organizaram uma primeira reunião de quase 1.500 apoiadores para celebrar sua vitória, sete semanas depois de assumirem o controle do país, em 15 de agosto.

O comício ocorreu em Kohdaman, perto de Cabul.

No palco, Mawlawi Muslim Haqqani, vice-ministro dos assuntos religiosos, elogiou a vitória do movimento islâmico, que disse ter marcado a derrota dos "cristãos" e dos "ocidentais".

Apenas homens e rapazes participaram do evento, em cadeiras ou sentados no chão debaixo de lonas erguidas no meio de um terreno baldio.

Ao redor, dezenas de guardas armados ficaram de prontidão enquanto os combatentes taleban chegavam.

"A América derrotada. Impossível. Impossível. Mas é possível", disse uma das canções tocadas, apesar de a música ser teoricamente proibida pelo movimento islâmico.

O evento começou solenemente com uma procissão de homens armados que agitavam a bandeira branca taleban com a profissão de fé muçulmana inscrita em preto. Alguns carregavam um lançador de foguetes sobre os ombros.

Os civis participantes na reunião usavam vestuário tradicional ou pelo menos chapelaria. A maioria estava desarmada. Quando os organizadores chegaram, cantaram o tradicional "takbir", a fórmula religiosa "Allah Akbar" (Deus é o maior) repetida várias vezes. Alguns gritaram slogans pró-Taleban.

Outro orador, que disse chamar-se Rahmatullah, afirmou que após 20 anos de guerra no país, a vitória foi possível graças "às fileiras de jovens que se apresentaram como candidatos ao martírio".

'Os seus termos'

"As Nações Unidas são simplesmente o outro nome dos Estados Unidos e o seu objetivo é destruir países muçulmanos, se aceitarmos os seus termos, não faremos melhor do que o governo anterior", disse Mohamad Akram, chefe de um grupo de comando taleban.

Sete semanas após a tomada do poder pelos combatentes, o "Emirado Islâmico", o novo regime decretado pelo Taleban, tenta afirmar a sua legitimidade tanto aos olhos da população como a nível internacional.

Milhares de afegãos e parte da oposição fugiram do país por medo de represálias por parte do movimento fundamentalista.

No interior do país, a oposição civil tornou-se impossível. Desde 8 de setembro, os taleban reprimiram todas as manifestações e tomaram "medidas legais severas" contra qualquer pessoa que infringisse as suas regras.

Em setembro, taleban armados dispersaram manifestações em várias cidades, incluindo Cabul, Faizabad e Herat, onde duas pessoas foram mortas.

Na capital, milícias armadas dispersaram à força as poucas manifestações que reuniam um punhado de mulheres para exigir o direito à educação.

No início de agosto, os taleban formaram um governo chefiado por Mohamad Hasan Akhund, antigo associado próximo do fundador do movimento, Mullah Omar, que morreu em 2013. Todos os membros pertencem ao grupo fundamentalista e quase todos são pashtuns étnicos.

O governo enfrenta o desafio da gestão civil num país economicamente empobrecido e ameaçado por uma grave crise humanitária.

Nenhum país reconheceu ainda o novo regime do Afeganistão, embora Paquistão, China e Catar tenham dado sinais de abertura.

A Secretária de Estado Adjunta dos EUA Wendy Sherman viajará para o Paquistão na quinta e sexta-feira para discutir, entre outras coisas, como o novo regime taleban pode ser pressionado a respeitar os direitos fundamentais. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Combatentes talibãs interromperam com tiros para o alto nesta quinta-feira (30) em Cabul uma manifestação de seis afegãs que reivindicavam o direito à educação.

Às 8h locais (0h30 de Brasília), três mulheres jovens, de véu e máscara, exibiram uma faixa com a frase (em inglês e dari) "Não politizem a educação!", diante do centro de ensino médio para meninas Rabia Balkhi, na zona leste de Cabul.

"Não quebrem nossas canetas, não queimem nossos livros, não fechem nossas escolas", completava a faixa, ao lado de uma foto de meninas com véu durante uma aula.

Quando outras três manifestantes se uniram às primeiras, uma delas com o cartaz "A educação é a identidade humana", vários talibãs armados chegaram ao local.

Os combatentes obrigaram as manifestantes a recuar para a porta de entrada do centro de ensino. Um deles derrubou o cartaz, enquanto outros avançavam contra os jornalistas estrangeiros para tentar impedir que registrassem imagens do protesto.

Um talibã disparou uma rajada curta de tiros para o alto com sua metralhadora.

As manifestantes se refugiaram dentro da escola e os talibãs perseguiram os cinegrafistas e fotógrafos, tentando retirar suas câmeras. Um combatente deu uma cabeçada em um cinegrafista estrangeiro.

Eles responderam às ordens de um jovem desarmado, mas que estava com um walkie-talkie. Ele se apresentou como Mawlawi Nasratullah, comandante das forças especiais talibãs para Cabul e sua região.

Ele pediu a seus homens que reunissem 10 jornalistas, todos da imprensa internacional, e fez um discurso.

"Respeito os jornalistas, mas esta manifestação não foi autorizada", disse. "As autoridades do Emirado (Islâmico) do Afeganistão não haviam sido informadas. Por isso não há nenhum jornalista afegão aqui".

"Se tivessem pedido autorização para a manifestação, elas teriam recebido", declarou.

"Respeito os direitos das mulheres", acrescentou, cercado por homens armados. "Vocês tentaram cobrir uma manifestação ilegal. Recordo a vocês que nos países modernos, França ou Estados Unidos, a polícia agride os manifestantes", completou.

A manifestação foi convocada na internet por um grupo chamado "Movimento Espontâneo de Mulheres Ativistas no Afeganistão".

No início de setembro, combatentes talibãs armados dispersaram manifestações em várias cidades, como Cabul, Faizabad e Herat, onde duas pessoas foram mortas.

O Talibã, no poder desde meados de agosto, proibiram todas as manifestações no país desde 8 de setembro e até o momento não autorizaram o retorno das mulheres ao ensino médio.

Quando o Talibã tomou Cabul em meados de agosto, Bahar e os outros músicos do Instituto Nacional de Música do Afeganistão (ANIM) enfrentaram um duro dilema: ficar e correr o risco de sofrer represálias ou sair e abandonar seus instrumentos.

"Todos fugimos. Ficamos a salvo, deixando os instrumentos no instituto", lembra esta violinista entrevistada pela AFP.

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O medo foi grande para Bahar, de 18 anos, que se sentiu duplamente atacada. Em seu primeiro governo, entre 1996 e 2001, os fundamentalistas islâmicos proibiram a música e as mulheres não tinham acesso à educação.

"Senti como se perdesse um membro da família", destaca Bahar, referindo-se ao seu violino. Especialmente porque esta jovem chegou ao ANIM diretamente do orfanato onde foi criada. Seu instrumento de cordas era seu "melhor amigo", afirma.

"Quando entrei (no instituto), meu estresse diminuiu, porque a música é alimento para a alma e eu comprovei que isso é verdade", suspira, pedindo para não usar seu nome verdadeiro por segurança.

Desde que soube que os talibãs ocuparam o instituto e usam suas salas como dormitórios, Bahar afirma ter "a impressão de não viver mais".

"Fisicamente estou com vida, mas os talibãs me roubaram a alma", diz entre soluços.

Instrumentos intactos

O Talibã ainda não anunciou sua política oficial sobre a música desde que retomou o poder, mas prometeu governar o país de acordo com sua interpretação rigorosa da Sharia (lei islâmica).

"A música é proibida pelo Islã", disse seu porta-voz Zabihullah Mudjahid no final de agosto, em declarações ao jornal americano The New York Times. "Esperamos poder persuadir as pessoas a não fazerem certas coisas, em vez de ter que pressioná-las".

Em uma visita da AFP ao ANIM, um centro misto - algo que os islâmicos também proíbem -, as conversas entre os jovens combatentes talibãs substituem as melodias de antes. Guardas armados balançam seus fuzis Kalashnikov no sereno pátio do local, à sombra de árvores cujos troncos estão pintados com claves de sol.

Um talibã mostra à AFP uma sala cheia de instrumentos intactos abandonados, enquanto os rumores afirmavam que eles foram destruídos. Os líderes do movimento ordenaram que fossem preservados, afirma.

No entanto, Awa, um guitarrista de 28 anos, se preocupa. Ele, que tinha instrumentos espalhados por todo o seu quarto em sua casa em Cabul, decidiu destruir quase todos os rastros de sua carreira musical, com exceção de sua guitarra favorita, contou à AFP.

Herança musical 

No final de agosto, um cantor de folk foi assassinado a tiros no sul do país. Os boatos mais sombrios abalam, dia após dia, a moral dos artistas afegãos.

Ao silenciar os músicos e privar as crianças de poderem tocar um instrumento, o Talibã "abre o caminho para o desaparecimento da rica herança musical afegã", afirma Ahmad Sarmast, fundador do ANIM, atualmente refugiado na Austrália.

No entanto, quer conservar a esperança de que os talibãs mudaram. Inclusive, escreveu aos líderes do movimento islâmico, defendendo o acesso à música, principalmente para as crianças. "Espero que nos permitam continuar com o nosso trabalho, para o bem do povo afegão", estima.

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