Pacientes esquizofrênicos enfim podem ser tratados. Isso porque, cientistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em São Paulo, estão investigando o uso de canabidiol contra a doença. A esquizofrenia é um mal que faz o ser humano se distanciar da realidade e há tempo não possui as causas conhecidas pelos estudiosos.
De acordo com informações da Agência Brasil, o canabidiol é considerada um canabinóide, uma vez que faz parte dos 80 componentes presentes na planta Cannabis sativa, conhecida popularmente como maconha. Porém, diferente do canabinóide Delta 9 – Tetrahidrocanabinol (THC), que é o responsável pelos efeitos típicos da planta – alucinógenos e estimulantes – o canabidiol não produz essas sensações.
##RECOMENDA##O professor titular de psiquiatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão da Universidade de São Paulo (USP), Antonio Zuardi, explica que o canabidiol foi utilizado em inúmeros estudos, com a participação de animais e humanos. O educador, que também é coordenador do grupo responsável pela pesquisa, iniciou o estudo da substância no ano de 1976, por meio de um doutorado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Desde então, essas pesquisas são feitas na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, onde estou desde 1982”, conta o professor, em depoimento à Agência Brasil.
Uma das vantagens da substância, segundo o pesquisador, é que em relação ao medicamento já existente, ela apresenta baixa propensão a produzir efeitos colaterais indesejáveis. A substância também tem a tendência de apresentar sinais de eficácia na redução de sintomas psicóticos, bem como a utilização do canabidiol é analisada em outros quadros, tais como transtornos de ansiedade, doença de Parkinson, sono, abstinência de drogas e como anti-inflamatório.
Apesar de todas essas informações positivas, Zuardi faz um alerta. “Eles podem produzir sintomas psicóticos em indivíduos saudáveis e agravar os sintomas da esquizofrenia”, diz, também de acordo com a agência. Contudo, o THC é observado como um componente psicotomimético, porque produz sintomas semelhantes aos analisados nas psicoses. De acordo com a agência, o pesquisador explica que “o THC em doses elevadas produz esses sintomas, mas o mesmo não ocorre com o canabidiol. Por isso, ele é considerado não psicotomimético”.
Ainda segundo a Agência Brasil, Zuardi explana que a combinação do canabidiol com o THC é liberada em vários países para a utilização em pacientes que sofre com esclerose múltipla, com a função de diminuir a espasticidade (distúrbio motor caracterizado pelo aumento do tônus muscular). Todavia, para outras indicações como a esquizofrenia, há a necessidade de mais estudos para o desenvolvimento de um medicamento, e esse estudo serve para que os efeitos sejam comprovados. Segundo a agência, o pesquisador completa dizendo que “embora animadoras, as evidências ainda são insuficientes para que o canabidiol possa ser utilizado na clínica. Para isso, serão necessários estudos com número muito maior de pacientes”.
Com informações da Agência Brasil