Tópicos | Robôs

Com olhos grandes e expressivos, orelhas de duende e um adorável balbucio, Miroka e Miroki poderiam ser personagens de desenhos animados. Mas por trás de sua simpática aparência, estes robôs são repletos de sensores e engenharia, projetados para realizar pesadas tarefas de assistência a hospitais e hotéis.

"Por que viver com máquinas feias?", questiona Jerome Monceaux, diretor da "startup" parisiense Enchanted Tools, que esteve na apresentação de ambos os dispositivos na feira tecnológica CES em Las Vegas, nos Estados Unidos.

##RECOMENDA##

"Eu poderia tirar suas cabeças ou suas cores, mas não tenho certeza se você gostaria de compartilhar sua vida diária com eles", afirma.

Várias startups estão trabalhando em robôs que parecem familiares e ajudam os humanos, sem fazer com que se sintam desconfortáveis ou inseguros.

A Amazon está atualmente testando o Digit da Agility, um androide de duas pernas que não pareceria deslocado no universo "Star Wars", para transportar baldes de plástico em seus armazéns.

A francesa Enchanted Tools também optou por robôs que trabalham em equipe, projetados para auxiliar em tarefas repetitivas. A empresa espera produzir 100.000 robôs nos próximos 10 anos.

- Ocupar postos de trabalho -

Cada edição da Consumer Electronics Show (CES), o grande evento anual de alta tecnologia, traz seus robôs e androides de companhia, mas eles não ganharam muito espaço nos lares e nas empresas.

Ao mesmo tempo, "a escassez de mão de obra tem sido o problema número um desde a covid (pandemia) em diferentes setores. Hoje temos cerca de 18 milhões de vagas", disse Joe Lui, diretor de robótica da Accenture.

Embora algumas tarefas tenham se adaptado a braços mecânicos e carrinhos de mão autônomos, muitas outras exigem linguagem, mobilidade e compreensão do ambiente e, portanto, dos humanos. Ou humanoides equipados com inteligência artificial (IA), esclarece rapidamente Lui, que acredita que esta tecnologia pode trazer os robôs para a vida quotidiana.

"Os humanoides realmente serão como colegas de trabalho nos próximos anos e as interfaces de linguagem natural como o ChatGPT vão prevalecer", disse Chris Nielsen, da Levatas, uma empresa americana que integrou software de IA generativa no Spot, um robô quadrúpede da Boston Dynamics.

Graças à IA generativa, os robôs dependem menos de instruções prévias. Mas "não se preocupem, robôs como nós são projetados para ajudar os humanos a melhorar suas vidas", disse o robô Moxie à AFP.

Do tamanho de um ursinho de pelúcia e equipado com IA generativa, Moxie é capaz de interagir com crianças, contar histórias, dar aulas de matemática e executar passos de dança com os dois braços.

"Moxie não está aqui para substituir ninguém. Moxie é um mentor, um tutor e um amigo", disse Daniel Thorpe, da Empowered, empresa que criou o robô.

- "Causam medo" -

Humanoides bípedes, móveis e autônomos ainda têm um longo caminho a percorrer antes de saírem do laboratório.

Mas alguns de seus precursores conseguiram pelo menos sair da CES, como Moxie e Aura, um robô bastante antropomórfico (forma simular à humana) que entretém os clientes do The Sphere, novo espaço para shows em Las Vegas.

"Recebo muitas perguntas, como quantos anos vocês têm, qual o sentido da vida, quem vai ganhar o Super Bowl...", conta Aura aos curiosos espectadores, acrescentando piadas, risadas exageradas e movimentos nos olhos e ombros.

Para Monceaux, robôs muito antropomórficos "criam confusão entre nossa humanidade e sua natureza robótica, e causam medo".

Na CES, Adam, um robô barista de Richtech Robotics, serve café a visitantes encantados e faz piadas, graças a IA generativa. Mas para abastecer sua máquina com café e leite, ainda precisa dos humanos.

No dia 14 de novembro, ocorre a estreia da exibição gratuita “Convivendo com os Robôs” na Japan House, em São Paulo (SP). A mostra ficará em cartaz de terça a sexta-feira, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h.

O tema da exposição é “friendly robots” (em português, robôs amigáveis), com 11 robôs, divididos em quatro categorias: colegas de trabalho, companheiros, comunicativos e os que ajudam os humanos. O objetivo é tornar familiar a possível coexistência junto a eles. Também há uma linha do tempo sobre a história dos robôs no Japão e no mundo. 

##RECOMENDA##

São robôs que já existem e são usados na prática. Não são de ficção, com o objetivo de aumentar a eficiência ou como protótipos em desenvolvimento. O presente no Japão nos conta um pouco sobre o futuro em todo o mundo, por exemplo, a solidão no contexto do envelhecimento populacional. O Japão é um laboratório. Alguns desses robôs demonstram como é possível motivar e interagir. São robôs empáticos, que trazem apelos emocionais e expressões universais como o ato de bater palmas ou um olhar mais expressivo”, explica o curador e pesquisador de tecnologia e robótica, Zaven Paré.

As obras são projetadas com inteligência artificial e sensores que respondem às necessidades e expressões humanas de forma intuitiva. Hoje em dia, os robôs amigáveis estão em estabelecimentos comerciais, escolas, hospitais, casas de repouso e até no cotidiano doméstico, tornando-se assistentes pessoais ou até mesmo sendo considerados como membros de uma família.

Serviço - Exposição “Convivendo com os Robôs”

Data: 14 de novembro de 2023 a 31 de março de 2024

Horário: Terça a sexta-feira, das 10h às 18h; Sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h

Local: Japan House

Endereço: Avenida Paulista, número 52 - Bela Vista – São Paulo/SP

 

De que forma o uso de agentes autônomos computacionais ou bots no contexto da internet tem influenciado a execução de processos informacionais e a interação com os seres humanos? Este foi um dos questionamentos levantados – e confirmados – pela tese de doutorado “A Influência dos Bots em Processos Informacionais: limitações, benefícios e desdobramentos”, de Camila Oliveira de Almeida Lima.

O estudo foi defendido, em 2022, no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e teve orientação da professora Sandra de Albuquerque Siebra, do PPGCI e do Departamento de Ciência da Informação.

Um bot – forma reduzida da palavra robot – é um software que executa tarefas automatizadas, repetitivas e pré-definidas. Por ser automatizado, ele é capaz de executar uma infinidade de processos informacionais em uma velocidade superior à dos seres humanos e em áreas tão diversas como saúde, educação, comércio e jurídica.

##RECOMENDA##

“Uma das coisas que mais me chamou a atenção durante a pesquisa foi essa versatilidade dos bots em executar diferentes tipos de processos informacionais de forma autônoma, ou seja, sem intervenção humana na realização das atividades”, afirma Camila Lima. 

Processos informacionais para os quais é possível especificar uma lógica, por exemplo, são facilmente desempenhados por esses agentes, sem intervenção humana e com um bom nível de precisão, o que torna essas ferramentas atraentes para empresas e organizações. No entanto, conforme ressalta Camila, esses softwares ainda possuem limitações quando o processo informacional envolve cognição, empatia e criatividade, consideradas habilidades humanas.

Durante o estudo, Camila se deparou com três situações: uma na qual os processos eram realizados exclusivamente por seres humanos; outra, em que o trabalho era desenvolvido de forma híbrida, com validação humana; e uma terceira, na qual a ação era realizada pelos bots de forma incompleta ou com falhas de execução. Nesse caso, ao invés de apenas pontuar que não havia compreendido a mensagem recebida, o bot oferecia alternativas para tentar descobrir o que o usuário desejava para poder atender sua necessidade informacional. Tal cuidado foi visto como uma medida de segurança, uma vez que os agentes autônomos providos de mecanismos de aprendizagem mais complexos e evoluídos podem agir de forma imprevisível.

“Os bots possuem uma programação inicial que é feita por humanos, e isso já pode influenciar o comportamento deles. Contudo, ao passo que o bot é disponibilizado em rede, ele assume sua personalidade de acordo com as interações e o contexto, podendo adotar padrões benéficos, melhorando a eficiência em determinados processos; como de forma maléfica, propagando desinformação ou violando princípios éticos e legais”, alerta Camila.

Arte: Asscom/UFPE

Com base nisso, a pesquisadora destaca a importância de serem consideradas as implicações éticas, morais e legais relacionadas ao uso dessas ferramentas na interação com a informação. “Houve casos nos quais os bots violaram essas restrições, levantando questões importantes sobre a necessidade de regulação e diretrizes para seu uso responsável”, afirma Camila Lima.

ANÁLISE

Para obter os resultados apresentados na tese, Camila Lima fez um mapeamento da literatura envolvendo o tema, a análise documental e a observação direta da utilização de alguns bots. Para essa observação, ela analisou nove casos distintos nos quais os bots foram protagonistas ativos a fim de verificar os processos informacionais executados, limitações, benefícios, desdobramentos e também a influência em temáticas da área de Ciência da Informação para entender se o comportamento das pessoas poderia ser afetado pela interação com esses agentes computacionais. Os critérios utilizados para a escolha foram abrangência, impacto social da ferramenta, casos reconhecidos pela sociedade e comunidade científica e, principalmente, a existência de informações suficientes para a investigação.

Os chatbots mapeados e listados na tese, assim como aqueles analisados especificamente por Camila, tinham finalidade benigna e influenciaram positivamente seus usuários, motivando-os, orientando-os, informando-os e, em alguns casos, favorecendo o aprendizado. Com relação aos socialbots, segundo tipo de mecanismo mais mencionado nas produções analisadas pela pesquisadora, verificou-se que o cenário mudou um pouco, uma vez que foram encontrados casos de sistemas que atuaram tanto de forma benigna como maligna. Chatbot é um tipo de bot que se concentra na comunicação, enquanto que o socialbot é um software que se comunica de forma autônoma nas redes sociais.

Entre os episódios analisados por Camila está o das eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos, quando o conteúdo propagado artificialmente pelos bots enfraqueceu o debate político, influenciando opiniões e revertendo votos em favor do candidato republicano Donald Trump – estima-se que 81,9% do conteúdo automatizado sobre as eleições indexado no Twitter envolvia alguma mensagem pró-Trump, o que sufocava as mensagens contrárias ao republicano ou a favor de sua oponente. O mesmo fenômeno foi observado nas eleições presidenciais de países como México, Rússia, Venezuela e Brasil.

Outro contexto apresentado por Camila foi o uso de bots na análise da qualidade da informação publicada na Wikipédia, enciclopédia on-line de licença livre escrita de maneira colaborativa. Os bots presentes nesse ambiente têm por finalidade atuar de forma autônoma na correção do conteúdo inserido por humanos ou por outras máquinas, estando em constante processo de aprendizado. Isso já levou a situações, conforme explica a pesquisadora, nas quais os softwares entraram em conflito entre si e com os internautas a fim de manter na plataforma as informações na forma como julgavam corretas.

CAMINHO SEM VOLTA

Além da necessidade de uma regulamentação envolvendo o uso de bots, o trabalho de Camila ressalta que é preciso que o profissional da informação considere a presença e atuação desses agentes autônomos em suas pesquisas e estudos – uma vez que a realidade atual é marcada pela interação cotidiana entre máquinas e pessoas. Traz ainda como reflexão a importância de que sejam delimitados os papéis e responsabilidades tanto dos atores humanos como dos não humanos.

“Para garantir uma relação saudável e equilibrada, é essencial que sejam estabelecidas regulamentações adequadas para o uso de bots, especialmente no que diz respeito à ética e à proteção dos Direitos Humanos. Os profissionais da informação e pesquisadores da área devem continuar acompanhando de perto esses avanços tecnológicos e compreender como os bots afetam os processos informacionais, a fim de garantir o desenvolvimento responsável e ético dessas tecnologias”, afirma Camila.

Imagem: Pixabay

Deixa ainda um aviso para aqueles que ainda não perceberam a crescente presença desses softwares em nosso dia a dia – tanto em quantidade como em relevância.

“A relação entre seres humanos e bots/chatbots continuará a se desenvolver e evoluir. Este é um caminho sem volta”, diz. “Não há mais como pensar que os bots e a inteligência artificial não farão mais parte do nosso cotidiano, pois já o fazem em vários aspectos, mesmo quando não percebemos. Certamente, todo mundo tem um celular ou utiliza redes sociais. Essas ferramentas, tão comuns de nosso dia a dia, têm uma inteligência artificial sofisticada que conhece cada usuário tão profundamente a ponto de sugerir conteúdos relevantes para cada um”, completa Camila Lima.

Camila finaliza: “É crucial que o fator humano, com suas características únicas, continue sendo valorizado e preservado, evitando que sejamos meramente direcionados por algoritmos; e preservando nossa capacidade de sermos críticos, emocionais e conscientes em nossas interações com a informação na era da inteligência artificial.”

NÚMERO CRESCENTE

De acordo com o Mapa do Ecossistema Brasileiro de Bots mais recente, publicado em agosto do ano passado, de 2020 a 2022, a quantidade de bots produzidos no Brasil triplicou, passando de 101 mil para 317 mil. O dado reforça a necessidade de atenção ao tema.

Mais informações

Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFPE

(81) 2126.7754

ppgci@ufpe.br

 

Por Anderson Lima, da assessoria da UFPE

A Defensoria Pública da União (DPU) enviou ofício, nesta quarta-feira, 16, ao INSS cobrando 'providências imediatas' em relação à limitação de novos requerimentos administrativos após indeferimentos automáticos, os chamados "robôs do INSS" - em caso de negativas automáticas, o interessado tem que esperar cerca de 30 dias para novo requerimento no INSS.

Em agosto de 2022, em reunião do Comitê Executivo do Pacto da Desjudicialização da Previdência Social, o INSS já havia atendido ao pedido da DPU para suprimir a trava para novo requerimento.

##RECOMENDA##

Decorrido um ano, a Defensoria se 'surpreendeu' com o retorno do obstáculo e enviou ofício ao INSS cobrando o cumprimento do acordo firmado.

A questão tem sido motivo de preocupação da Câmara de Coordenação e Revisão Previdenciária da DPU 'em razão dos efeitos negativos que essa trava de 30 dias tem causado' - principalmente para grupos mais vulneráveis, como indígenas, povos tradicionais e pessoas excluídas digitalmente.

"A Defensoria Pública da União, em razão de sua atuação voltada aos grupos mais vulneráveis, em especial indígenas, povos tradicionais e excluídos digitais, destaca especial preocupação com a 'trava' para novos requerimentos nos casos de BPC idoso e de salário-maternidade, em que um erro simples de preenchimento acarreta o indeferimento automático do benefício", alerta a Defensoria.

Judicialização. A DPU aponta ainda, em documento, que, com a inserção dos 'robôs do INSS', a análise de pedidos de benefícios feita pela inteligência artificial 'gerou uma quantidade significativa de indeferimentos desnecessários'.

"Essa situação potencialmente amplia o cenário de judicialização dos pedidos", adverte a Defensoria."O indeferimento recorrente praticado de forma equivocada pela inteligência artificial é preocupante e causa de judicialização, sobretudo porque o INSS não vem permitindo a reabertura de tarefa à necessária correção", assinala a DPU.

Segundo o documento, 'novo requerimento só pode ser apresentado após 30 dias do indeferimento automático do pedido de benefício'. Subscrevem o ofício as defensoras públicas federais Carolina Botelho, Patrícia Bettin e Luaní Melo e os defensores públicos federais Eraldo Silva Júnior e Gilmar Menezes da Silva.

A DPU concedeu prazo de 15 dias para que sejam fornecidas informações sobre medidas adotadas para remover a restrição de novo requerimento nos casos de indeferimento automático por inteligência artificial.

COM A PALAVRA, O INSS

A reportagem entrou em contato com o INSS e ainda aguardava uma resposta até a publicação deste texto. O espaço está aberto para manifestação.

O Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) lançou esta semana, em âmbito nacional, o Projeto Solária, que constrói robôs computacionais para realizar tarefas repetitivas e que não dependem da intervenção humana. A solução tecnológica foi construída pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR) e colocada à disposição dos demais TRTs, do CSJT e do Tribunal Superior do Trabalho. 

O Solária já está em funcionamento no TRT da 9ª Região desde o início de 2021 e tem como objetivo construir soluções automatizadas para o trabalho do dia a dia das unidades judiciárias de primeiro e segundo graus. 

##RECOMENDA##

Atividades repetitivas

O nome do projeto foi extraído de uma obra do escritor de ficção científica Isaac Asimov (1920-1992), em que o planeta Solaria se destinava à produção de robôs para atender aos humanos em suas necessidades. “No projeto, a ideia é semelhante: construir robôs que possam auxiliar em atividades repetitivas e que são comuns no trabalho judiciário”, afirma o juiz Bráulio Gusmão, secretário-geral do CSJT. As principais motivações são a redução do número de servidores no Judiciário e o considerável volume de atividades. 

Participação dos usuários

Até o momento foram desenvolvidos 18 Robôs Judiciários (RJs) para a execução de diversas tarefas. “O diferencial do projeto foi a intensa participação dos usuários, no caso, os servidores das unidades judiciárias de primeiro e segundo graus”, explica o secretário-geral. “Além de acompanhar e direcionar a produção dos robôs, os próprios servidores são responsáveis pela sua disseminação e por sua evolução”.

Economia de esforço

A eficiência dos robôs é medida por indicadores como o tempo que eles assumem das tarefas humanas e o que conseguem produzir. Desde o início do projeto, no TRT da 9ª Região (PR), já foram economizadas mais de 59 mil horas de esforço e, no mês passado, as tarefas repetitivas do robôs equivaleram às atividades de 24 servidores. 

Implantação

Nas próximas semanas, todos os TRTs e o TST começarão a colocar os dois primeiros robôs em operação. A previsão é que os demais estejam disponíveis tão logo sejam concluídas suas configurações.

*Da assessoria de imprensa

 

Pesadelo, ou realidade, a Inteligência Artificial (IA) avança a grandes passos, mas muitos assuntos se encontram ainda sem resposta, advertiu a ONU na abertura, nesta quinta-feira (6), de uma conferência de dois dias, da qual participam robôs humanoides.

Muitos participantes ficaram surpresos com o realismo dos robôs humanoides percorrendo os corredores dessa "cúpula mundial sobre IA a serviço do bem social", organizada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), uma agência da ONU.

##RECOMENDA##

No momento em que a pesquisa em IA, em particular a generativa, encontra-se em pleno auge, as Nações Unidas pedem que se crie regras e limites para que essas tecnologias beneficiem a humanidade sem colocá-la em perigo.

"Quando a IA generativa chegou ao mundo há alguns meses, nunca vimos algo assim. Até mesmo os maiores nomes da tecnologia consideraram a experiência impressionante", afirmou a secretária-geral da UIT, Doreen Bogdan-Martin, na cúpula, referindo-se à chegada do programa ChatGPT.

"A possibilidade de que essa forma de inteligência possa se tornar mais inteligente do que nós está se aproximando", disse ela, acrescentando que isso surpreendeu todo o mundo, incluindo os criadores dessas tecnologias.

Em reação, centenas de universitários, empresários e personalidades pediram uma moratória de seis meses para o desenvolvimento dos sistemas de IA mais poderosos, citando "maiores riscos para a humanidade".

Em Genebra, a ONU reuniu nesta semana mais de 3.000 especialistas, líderes e representantes de empresas para discutir a necessidade de elaborar regras que garantam que a IA seja usada para fins positivos para a humanidade, como a luta contra a fome, ou o desenvolvimento sustentável.

Sem isso, a IA pode nos fazer viver um verdadeiro pesadelo, segundo Bogdan-Martin, que descreve um mundo com milhões de empregos em perigo e um aumento da desinformação, "conflitos sociais, instabilidade geopolítica e disparidades econômicas de uma magnitude que nunca vimos antes".

"Muitas das perguntas que temos sobre a IA ainda não têm resposta. Devemos fazer uma pausa nas experiências mais poderosas? Controlaremos a IA mais do que ela pode nos controlar? E a IA ajudará a humanidade?", questionou.

Os robôs humanoides reunidos em Genebra não responderam a essas perguntas, mas talvez o façam na sexta-feira, em uma coletiva de imprensa inédita da qual nove deles participarão.

Humanoides ou não, os robôs invadiram a cúpula.

Cantores, assistentes em casas de repouso, artistas... às vezes é difícil identificá-los a poucos metros de distância.

Por trás de uma vitrine escura de uma pequena loja no centro de Tel Aviv, um robô se move entre as prateleiras pegando caixas de cápsulas de café e colocando-as em sacolas.

Com pequenos armazéns espalhados pelos centros das cidades, a empresa israelense 1MRobotics quer otimizar as compras online através de várias lojas totalmente automatizadas.

##RECOMENDA##

"Os clientes querem receber seus produtos o mais rápido possível", diz Eyal Yair, cofundador da companhia.

“Se antes você queria receber seu pedido em dois dias, depois em um dia e depois em duas horas, agora você quer em 10 minutos”, explicou.

Um cliente da empresa que queria cápsulas de café fez o pedido online e foi retirá-lo diretamente no armazém, através de uma vitrine. Não existe processo humano, tudo foi feito por máquinas.

Embora já existam robôs em alguns supermercados ao redor do mundo, o conceito de pequenos armazéns robóticos no centro da cidade é único, diz Yair.

Visto que as compras online aumentaram em 10 vezes durante a pandemia, muitas empresas ainda enfrentam problemas para responder a esta alta demanda. A solução pode vir destes "pequenos armazéns próximos aos clientes", que, no entanto, devem ser "automatizados", diz o empresário.

Estes robôs são montados no sul de Tel Aviv por um grupo de jovens, muitos dos quais passaram pelo exército antes de ingressar nestas unidades tecnológicas.

Graças à inteligência artificial, essas máquinas conseguem pegar e embalar frutas e verduras, inclusive produtos congelados, a partir de uma técnica que impede seu congelamento.

Para o empresário, a era dos supermercados está chegando ao fim.

"Uma vez que você tem um serviço em que pode solicitar 10 itens várias vezes ao dia e recebê-los em 10 minutos, não há motivo para fazer compras uma vez por semana para o resto da semana", completa.

A empresa de Yair planeja se estabelecer no Brasil, Alemanha e na África do Sul, onde estes robôs vão trabalhar em mercearias e lojas de telefonia.

"Com licença, passando", um simpático robô de quatro rodas afirma ao desviar de pedestres em uma calçada nos arredores de Tóquio, durante um teste.

No Japão, este pequeno robô iniciará em poucos meses uma vida "profissional" como entregador, um alívio para muitas empresas que sofrem com a falta de mão de obra.

##RECOMENDA##

Uma lei de trânsito que autoriza a circulação de robôs autônomos delivery entra em vigor no país em abril.

Seus criadores estão confiantes de que os robôs ajudarão no fornecimento de bens e serviços a idosos em áreas rurais pouco povoadas.

Entretanto, obstáculos como a segurança persistem e ainda é necessário muito trabalho antes que sejam espalhados, disse Hinashi Taniguchi, presidente da companhia de robótica ZMP.

"Eles são uma novidade na sociedade humana, por isso é natural que incomode", disse Taniguchi à AFP.

Os robôs serão monitorados por controle remoto e por pessoas que poderão intervir se necessário.

Taniguchi considerou importante que os robôs sejam "humildes e encantadores" para inspirar confiança.

A ZMP fez parceria com gigantes, como a Japan Post Holdings, para testar os robôs em Tóquio.

Fabricado pela empresa, o robô "DeliRo" possui aparência charmosa e grandes olhos expressivos, que podem lacrimejar se um pedestre bloquear seu caminho.

"Todas as crianças daqui sabem o nome dele", afirmou o presidente da ZMP.

- "Bebidas quentes?" -

A população japonesa é uma das mais velhas do mundo, com cerca de 30% das pessoas com mais de 65 anos. Muitos vivem em áreas rurais pouco habitadas e sem acesso fácil às necessidades diárias.

A escassez de mão de obra nas cidades e as novas regras que limitam a jornada de trabalho dos caminhoneiros dificultam o atendimento para demandas de entrega pelas empresas.

"A falta de trabalhadores no setor de transporte será um desafio no futuro", disse o engenheiro Dai Fujikawa, da gigante eletrônica Panasonic, que atualmente testa robôs delivery em Tóquio e na cidade vizinha, Fujisawa.

"Espero que nossos robôs sejam usados onde são necessários para aliviar a escassez de mão de obra", disse Fujikawa à AFP.

Robôs semelhantes são utilizados em países como o Reino Unido e a China. No Japão, entretanto, existem preocupações sobre as possibilidades de colisão e roubo.

As regulamentações estabelecem uma velocidade máxima de 6 km/h, então "as chances de ferimentos em uma colisão são relativamente baixas", disse Yutaka Uchimura, engenheiro de robótica do Instituto de Tecnologia Shibaura (ITS, na sigla em inglês).

Entretanto, se o robô "sair da calçada e colidir com um veículo devido a uma discrepância entre as informações de localização pré-instaladas e o ambiente real, isso pode ser muito preocupante", disse ele.

Fujikawa conta que uma pessoa monitora simultaneamente quatro robôs no centro de controle de Fujisawa, por meio de câmeras, e é alertada automaticamente quando o robô é parado por um obstáculo.

Uma pessoa deve intervir nestes casos e em áreas de alto risco, como em cruzamentos.

Até agora, os testes aconteceram na entrega de remédios e comida aos moradores de Fujisawa ou venda de lanches em Tóquio com frases como: "Outro dia frio, hein? Que tal algumas bebidas quentes?"

- Processo gradual -

"Me parece uma ótima ideia", disse Naoko Kamimura, após comprar pastilhas para tosse de um Hakobo, em Tóquio.

"Com os robôs, você pode fazer compras mais casualmente. Quando não há nada que você quer comprar, você pode sair sem se sentir culpado", disse ele.

Por conta da pressão para proteger o emprego humano, as autoridades descartam que as ruas japonesas estejam cheias de robôs.

"A disseminação dos robôs será um processo gradual", disse à AFP Hiroki Kanda, funcionário de promoção tecnológica do Ministério do Comércio.

Especialistas como Uchimura, da ITS, estão cientes das limitações da tecnologia.

"Mesmo a tarefa mais simples para um ser humano pode ser difícil para os robôs reproduzirem", comentou o engenheiro de robótica.

Ele acredita que usar os robôs em áreas pouco povoadas seria inicialmente mais seguro, embora as empresas acreditem que nas cidades eles serão mais viáveis comercialmente.

Taniguchi, presidente da ZMP, espera ver as máquinas por toda parte. "O Japão adora robôs", pontuou.

O Google está combinando olhos e braços de robôs garçons ao conhecimento e as habilidades de conversação de chatbots virtuais para ajudar funcionários a buscar refrigerantes e batatas fritas. Os garçons não estão prontos para a venda. Eles executam apenas algumas ações simples e a empresa ainda não os incorporou com o recurso de chamado “OK, Google” aos consumidores.  

Embora a empresa diga que está buscando o desenvolvimento responsável, a adoção pode acabar parando devido a preocupações de robôs se tornarem máquinas de vigilância ou serem equipados com tecnologia de bate-papo que pode dar respostas ofensivas. A Microsoft e a Amazon estão realizando pesquisas similares sobre robôs. “Vai demorar um pouco até que possamos realmente ter uma compreensão firme do impacto comercial direto”, disse Vincent Vanhoucke, diretor sênior de pesquisa de robótica do Google.  

##RECOMENDA##

Quando solicitado a ajudar a limpar uma sujeira de bebida, o robô reconhece que pegar uma esponja é uma resposta fácil e mais sensata do que pedir desculpas por criar a bagunça. Os robôs interpretam comandos falados naturalmente, avaliam possíveis ações em relação às suas capacidades e planejam etapas menores para atingir o pedido.  

Na franquia “O Exterminador do Futuro”, o mundo é dominado por robôs, controlados pela Skynet, inteligência artificial que se desenvolveu a ponto de criar consciência própria e não se rebelar contra os humanos. Recentemente, no presente real, a notícia de que um engenheiro de software da Google fora afastado por citar que um sistema de inteligência artificial da empresa teria criado “consciência e alma” gerou alarme e debates sobre os rumos da tecnologia. Seria uma ameaça, ou mais uma ferramenta de desenvolvimento para a humanidade?

Há muito se discute sobre a inteligência artificial, suas vantagens e ameaças. Por um lado, estudos apontam que mais de 50% dos postos de trabalho existentes hoje no Brasil serão assumidos por robôs em um futuro próximo. A informação traz dois alertas. O primeiro é que devemos, sim, tomar cuidado com os rumos da tecnologia, de forma que ela não tome, de fato, o lugar do humano. O segundo é que, cada vez mais, profissionais precisam se especializar, reciclar e reinventar suas carreiras para se manterem relevantes em um mercado cada vez mais competitivo. A ameaça também pode ser encarada como uma oportunidade. Novas profissões surgirão, com postos de trabalho que receberão os “órfãos” daquelas que sumirem.

 
O desenvolvimento da automação e das máquinas inteligentes vai impor a adaptação dos atuais empregados a essa nova realidade, mas também ampliará a demanda por postos de trabalho em tarefas que não podem ser realizadas por máquinas inteligentes, pois elas exigem habilidades como originalidade, criatividade, sensibilidade, inteligência social, inteligência emocional, valores, crenças e sonhos, impossíveis de serem automatizadas. Como outrora defendeu Theodor Heuss, “chegará o dia em que talvez as máquinas pensem, porém elas nunca terão sonhos”.
 
Também importa ressaltar que a tecnologia e a inteligência artificial serão de primacial importância para o futuro das empresas. A tecnologia, embora seja apenas um instrumento ou um aspecto da inovação, é um dos mais importantes, uma vez que as pessoas e as empresas, em virtude da Revolução Digital (ou Quarta Revolução Industrial) que estamos vivendo, têm necessariamente de migrar para o mundo digital e fazer uso de tecnologias como a inteligência artificial, sob pena de padecerem da chamada síndrome da Kodak – empresa das maiores de sua época que, por negar a inovação, quebrou. Essa já é uma realidade atual, que se intensifica a cada dia: quem não está no digital já morreu ou vai morrer em breve. Cabe saber utilizar as ferramentas adequadas da melhor forma possível.
 

Se um sistema de inteligência artificial criar “consciência”, não acredito que chegará à profundidade complexa da mente humana e, portanto, não conseguirá nos dominar. É necessário, no entanto, atentar para os limites que essa tecnologia pode e deve exercer, para que não se torne prejudicial ao desenvolvimento da humanidade. Ou será que devemos temer a rebelião das máquinas como nos filmes “Eu, robô” e “O Exterminador do Futuro”?

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) expediu medida cautelar para evitar o telemarketing abusivo, aquelas ligações realizadas por robôs, conhecidas por robocalls.

O emprego de solução tecnológica para o disparo massivo de chamadas com duração de até 3 segundos é considerado, pela Anatel, como uso inadequado de serviços de telecomunicações.

##RECOMENDA##

De acordo com a medida, os usuários têm 15 dias, contados da publicação decisão, para adotar providências para a adequação de atividades e, assim, cessar a sobrecarga de chamadas aos consumidores sem efetiva comunicação.

Passado esse prazo, as operadoras serão obrigadas a bloquear as chamadas dos usuários que continuem gerando excesso de ligações. O bloqueio durará 15 dias ou até que o usuário firme compromisso formal com a Anatel de se abster da prática indevida e apresente as providências adotadas.

O bloqueio de chamadas originadas, no entanto, não deve prejudicar a manutenção de outros serviços de telecomunicações contratados pelo usuário.

As operadoras deverão enviar à Anatel, quinzenalmente, um relatório sobre os usuários que sofreram o bloqueio e os respectivos recursos de numeração utilizados, o volume de tráfego e as datas de bloqueio de chamadas.

Números irregulares

A Anatel determinou por meio da cautelar que, no prazo de 30 dias, as prestadoras de telefonia realizem o bloqueio de chamadas que utilizem números não atribuídos pela agência – numeração de linhas telefônicas irregulares – , sejam elas originadas na própria rede ou provenientes de outras prestadoras.

As operadoras e os usuários que não seguirem as determinações poderão ser multados em até R$ 50 milhões.

A medida cautelar da Anatel tem vigência de 3 meses.

Código de telemarketing

Outra medida para combater o telemarketing abusivo é a identificação das chamadas pelo prefixo 0303. O objetivo é dar a liberdade ao consumidor para que, ao receber uma ligação de telemarketing, possa identificar o chamador e, assim, exercer o seu direito de atender ou não aquela ligação. Até 8 de junho todas as empresas do setor deverão utilizar o código.

Já imaginou ser eternamente um robô e ainda ganhar a bagatela de 200 mil dólares? Isso pode ser real. Não que vão te transformar em um, mas o seu rosto pode ficar para sempre em diversas máquinas, de acordo com a proposta da Promobot, empresa de tecnologia norte-americana.

A proposta é a seguinte: ceder os direitos do uso do seu rosto eternamente para empresa. Em troca a pessoa pode levar 200 mil dólares. Segundo a empresa, a sua nova linha de robôs estará em ambientes (hotéis e shoppings) onde há a necessidade de ‘um rosto amigável'.

##RECOMENDA##

Em seu site, a empresa explica como vai funcionar o processo. Primeiro o rosto e o corpo da pessoa vão passar por um scanner 3D. Em seguida, mais de 100 horas de gravação com a voz do escolhido, claro, tudo com uma cessão dos direitos. A expectativa é de que a linha de robôs seja lançada em 2023.

Seul começou a testar pequenos robôs do tamanho de uma jarra como assistentes de professores na pré-escola, um projeto-piloto para ajudar a preparar a próxima geração para um futuro altamente tecnológico.

Com apenas 23 centímetros de altura, o "Alpha Mini" pode dançar, cantar, recitar histórias e até mesmo ensinar movimentos de kung fu enquanto as crianças imitam suas flexões e equilíbrios com apenas uma perna.

##RECOMENDA##

"Os robôs ajudam com a criatividade das crianças", afirmou a professora Byun Seo-yeon à AFP durante uma visita à escola Maru, da capital sul-coreana.

O aparelho pisca os olhos, cujas pupilas assumem a forma de corações durante a conversa. Com uma câmera no capacete, ele tira fotos e envia diretamente para visualização em um tablet.

"No futuro, saber como administrar a inteligência artificial e ferramentas relacionadas será muito importante", declarou à AFP Han Dong-seog, do departamento de cuidado infantil do governo de Seul.

Os robôs estão sendo testados em 300 unidades de pré-escola e centros infantis de Seul. O governo recomenda o programa para crianças de três a cinco anos.

"Acreditamos que ter esta experiência terá um efeito duradouro em sua juventude e como adultos", disse Han.

Singapura fez testes robôs de patrulha que lançam advertências a pessoas envolvidas em "comportamento social indesejável", aumentando o arsenal tecnológico de vigilância nesta cidade-Estado sob estreito controle.

Do grande número de câmeras CCTV (Circuito Fechado de Televisão) aos postes de luz equipados com tecnologia de reconhecimento facial atualmente em teste, Singapura viu uma explosão de ferramentas para vigiar seus habitantes.

##RECOMENDA##

Enquanto as autoridades defendem e promovem sua visão de uma "nação inteligente", hipereficiente e tecnológica, ativistas denunciam que a privacidade foi sacrificada e que as pessoas têm pouco controle do que é feito com seus dados.

Singapura é criticada por restringir as liberdades civis. E, embora sua população tenha se acostumado com estes rígidos controles, há uma preocupação crescente com a tecnologia invasiva.

Os dispositivos de vigilância mais recentes são os robôs com rodas e sete câmeras, que emitem avisos ao público e detectam "comportamento social indesejado". Entre eles, está fumar em áreas proibidas, estacionar bicicletas em lugar indevido, ou violar as regras de distanciamento em meio à pandemia da Covid-19.

Durante uma patrulha de teste, o robô "Xavier" ingressou em uma área residencial e parou em frente a um grupo de idosos que assistiam a uma partida de xadrez.

"Por favor, mantenha um metro de distância", "por favor, atenham-se a cinco pessoas por grupo", alertou uma voz robótica, enquanto uma câmera do dispositivo se concentrava nos presentes.

Durante um teste de três meses em setembro, dois robôs foram enviados para patrulhar essa zona residencial e um shopping.

Para Lee Yi Ting, um ativista dos direitos digitais, estes aparelhos são a forma mais recente de vigiar a população.

"Tudo contribui para a sensação de que as pessoas devem ter cuidado com o que dizem e fazem em Singapura, mais do que em outros países", disse ele à AFP.

Já o governo argumenta que os robôs são necessários para suprir a falta de trabalhadores diante do envelhecimento populacional. As autoridades afirmam que, na fase de testes, os robôs não poderão identificar, nem tomar medidas contra os infratores.

"A força de trabalho está diminuindo", alega Ong Ka Hing, da agência governamental que desenvolveu os robôs Xavier, acrescentando que estas máquinas podem ajudar a reduzir o número de policiais necessários para patrulhar as ruas.

Esta ilha de 5,5 milhões de habitantes tem 90.000 câmeras policiais e deve dobrar este número até 2030. Ao mesmo tempo, o governo pretende instalar em toda cidade a tecnologia de reconhecimento facial para distinguir rostos na multidão.

Este ano, surgiram sinais de rejeição pública quando as autoridades admitiram que a polícia teve acesso a informações sobre casos de Covid-19 coletadas por um sistema oficial. Diante disso, o governo aprovou leis, posteriormente, para limitar seu uso.

Especialistas em comércio acreditam que os robôs são essenciais para controlar a narrativa durante os debates políticos, em especial diante dos períodos eleitorais. No entanto, ainda não está claro até que ponto os bots automatizados controlados por inteligência artificial podem manipular a atividade de mídia social e que tipo de influência eles têm na opinião pública e nos resultados das eleições. Os robôs podem existir em todos os tipos de mídia social. Podem, por exemplo, estar ativos em várias formas de fóruns de discussão ou campos de comentários, como o Twitter. A ferramenta, que pode ser benéfica para políticos e seus engenheiros, entretanto, pode não ser necessariamente boa para a democracia. 

Apesar de estar em evidência pela última década, em várias democracias ao redor do mundo, o debate sobre a participação de contas inautênticas em manifestações de cunho político na internet ganhou maior destaque com a campanha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que, como neopopulista, desde 2018 utiliza das redes sociais como principal plataforma eleitoral. A publicidade pré-eleições foi controversa pela quantidade de robôs utilizados para reforçar o discurso do mandatário. Ainda no ano das eleições anteriores, os bots ajudaram o presidente a acumular 70 mil menções em hashtag crescente no Twitter, durante debate na Band, enquanto algumas dessas contas estavam sediadas no Nepal e Chipre. Na mesma época, a agência responsável pela campanha do adversário de Bolsonaro, Fernando Haddad (PT), também confirmou a utilização de disparos de mensagens no WhatsApp. 

##RECOMENDA##

De acordo com um estudo de 2020, com autoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP), robôs foram responsáveis por mais da metade das publicações favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro no Twitter. Por meio de ferramentas de ciência de dados, as professoras Rose Marie Santini, da UFRJ, e Isabela Kalil, da Fesp, demonstram que bots responderam por 55% dos 1,2 milhão de posts que usaram a expressão #BolsonaroDay para homenagear o presidente em 15 de março, dia de atos de rua pró-governo. 

Em episódios mais recentes, a plataforma BotSentinel registrou um aumento na utilização de contas sem autenticidade, que tentam amenizar os efeitos da crise na reputação do governo Bolsonaro. Segundo levantamento feito pelo Correio com base em números da plataforma, o número de postagens com hashtags de apoio a Bolsonaro deram um salto vertiginoso entre fevereiro e março. Se, há dois meses, a ferramenta mapeou pelo menos 13.206 posts produzidos por bots bolsonaristas, no mês passado foram contabilizados, no mínimo, 49.302. O crescimento foi de 273%. 

Para a pesquisadora especialista em questões eleitorais, Yasmin Curzi, essa estratégia representa uma forma de defender “plasticamente” determinadas pautas e de tentar dar legitimidade a discursos antidemocráticos, contando com o volume que essas contas não autênticas podem fazer na internet. 

“A utilização de robôs para alavancar determinados temas artificialmente é uma técnica bastante utilizada para, primeiro, chamar a atenção de outros usuários – pessoas que podem aderir à campanha propagada – de forma orgânica; e/ou continuar pautando plasticamente o debate sobre um tema, de forma a manter as atenções voltadas a ele”, comenta a cientista. 

A pauta pelo fim da urna eletrônica e a “volta” do voto auditável — que já existe — também teve apoio desse tipo de perfil. Além das manifestações pelo voto impresso no país, o presidente contou com a mobilização nas redes sociais de contas robôs, que fizeram postagens em prol de mudanças no formato das urnas. A hashtag #brasilpelovotoauditavel foi usada pelo menos 2.582 vezes no primeiro dia de mobilização, segundo a Bot Sentinel.   

Curzi, que é entrevistada pelo LeiaJá nesta reportagem, explica como mecanizar o debate político se tornou uma tendência e as formas pelas quais ele pode ferir a democracia. Confira: 

— Yasmin Curzi, pesquisadora do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da FGV Direito Rio 

LJ: A maior plataforma de campanha de Bolsonaro, desde o período eleitoral para 2018, é a internet. O uso diário de hashtags sobre 2022 (como a #Bolsonaro2022) e o uso de robôs podem configurar como campanha antecipada, já que há investimento nesse tipo de movimentação? 

YC: O TSE tem autorizado a menção à campanha, a veiculação da pretensão de eleição, dentre outras atividades nas redes sociais. O que não é permitido, e caracteriza campanha antecipada, é o pedido explícito de votos. Em relação à utilização de robôs e contas falsas para impulsionamento de campanhas, o TSE também declarou, em 2020, ter firmado parcerias com as principais redes sociais para que desativem contas inautênticas, seguindo suas próprias políticas para a moderação de conteúdo on-line.  

Qualquer candidato precisa declarar devidamente os custos de campanha ao TSE. Havendo constatação de que houve uso de investimentos financeiros para a disseminação de conteúdo malicioso, ou não havendo prestação devida, o TSE pode determinar a inelegibilidade daquela candidatura. O que é difícil de detectar, no entanto, são os atores "intermediários" deste tipo de atuação – que é o que vem sendo investigado no âmbito do inquérito das Fake News no Supremo Tribunal Federal e na CPMI das Fake News. 

LJ: Quais riscos à democracia e ao processo eleitoral de 2022 essas práticas podem representar? 

YC: O principal mal já está sendo feito, e não apenas por meio das redes sociais: aumentar a desconfiança da população em relação às urnas e às instituições públicas. É uma estratégia que tem como finalidade não apenas fazer pessoas aderirem à determinada candidatura, mas tem o condão de fazê-las questionar as instituições democráticas como um todo.  

LJ: Essa estratégia é mais comum entre candidatos populistas? 

YC: Candidatos neo-populistas de direita, usualmente tem como repertório: (1) a fala direta com "o povo", ou com a parcela do povo que o candidato quer manter a sua identificação, que representam sua base eleitoral fixa; (2) a idealização de que são "outsiders" do "sistema", que não fazem parte de articulações políticas e, por isso, não conseguem fazer seus trabalhos; (3) o questionamento do funcionamento das instituições públicas, porque são por elas "perseguidos"; (4) a criação de um inimigo para responsabilizar por ocasiões e gestões que deram errado. São narrativas que são fáceis de desenvolver na mentalidade de uma população majoritariamente conservadora que espera, muitas vezes, respostas fáceis de um líder que possa "colocar a casa em ordem".  

As redes sociais permitiram que líderes políticos pudessem ter contato direto com a população e com seus apoiadores e que pudessem disseminar, de muitas formas, essas narrativas. As redes passaram muitos anos tratando discursos nocivos desses líderes como "merecedores de notícia" (newsworthy) e, portanto, não os moderando – suspendendo, rotulando, ou removendo postagens que violam suas regras de comunidade. Esse tipo de postura vem sendo repensada, pelo menos desde 2018, e ainda mais, depois do episódio do Capitólio. Ainda há muitos problemas com a compreensão de contexto e muito refreamento sobre o que elas consideram conteúdo realmente nocivo, bem como uma investida legislativa para que elas parem de moderar conteúdos sem ordem judicial determinada (como vimos não apenas com a minuta de decreto da Secretaria de Cultura do governo federal, mas em diversos projetos de lei de deputados da base do governo). É imprescindível, no entanto, que elas continuem fazendo esse tipo de moderação para que o debate público siga de forma saudável nas redes e para a proteção de instituições da democracia.  

LJ: Esse tipo de conduta já foi observada em outras eleições? Como pode influenciar a opinião dos eleitores? 

YC: A criação de contas inautênticas para a influência no debate público eleitoral pode ser detectada aqui no Brasil pelo menos desde 2010, em diversas pesquisas sobre o tema. O real impacto no eleitorado, no entanto, é difícil de ser mensurado. Pesquisadores ainda procuram entender se há, de fato, uma tendência radicalizadora nos algoritmos, se a recomendação de conteúdo pode fazer com que pessoas sejam mais influenciadas a aderirem determinadas pautas, ou se isso tudo não apenas faz parte do acirramento de uma sociedade já historicamente muito polarizada, em que a comunicação apenas foi descentralizada. Não há resposta para essa segunda pergunta, mas há para: que tipo de redes sociais queremos construir e como assegurar que a participação no debate on-line seja mais equitativa e plural, respeitando os princípios constitucionais e as instituições democráticas? É preciso, sobretudo, que as plataformas assumam compromissos de transparência decisiva e da organização de seus conteúdos, para informar pesquisas, políticas públicas e checagem de fatos. 

 

Em uma cafeteria de Tóquio, Michio Imai cumprimenta um cliente, mas não pessoalmente. Ele está a centenas de quilômetros dali, controlando um robô-garçom que é parte de um experimento sobre emprego inclusivo.

Os robôs da cafeteria Dawn são pensados para serem mais do que um aparelho. Eles oferecem oportunidade de trabalho a pessoas que não podem sair de casa.

##RECOMENDA##

"Olá, como está?", pergunta um robô, que parece um pinguim, em um bar, girando o "rosto" para os clientes.

Quem o controla é Imai, em sua casa em Hiroshima, a 800 km da capital japonesa. Ele é um dos quase 50 funcionários com deficiência física ou mental que trabalham no café Dawn como "pilotos", operando os robôs a partir da "tela".

A cafeteria abriu no distrito central de Nihonbashi em Tóquio em junho e oferece trabalho para pessoas de todo o Japão e do exterior, embora alguns funcionários trabalhem no próprio café.

A inauguração estava prevista para o ano passado, durante os Jogos Paralímpicos, mas foi adiada devido à pandemia (como aconteceu com os Jogos, que começam na terça-feira).

Quase 20 robôs em miniatura, de olhos amendoados, estão sentados às mesas e por outras partes do local, que não tem escadas e está adaptado para cadeiras de rodas.

Os robôs, chamados OriHime, usam câmeras, um microfone e um alto-falante incorporados para que os trabalhadores possam se comunicar com os clientes à distância.

"Pode anotar?", pergunta um consumidor, ao lado de um tablet que apresenta um menu de hambúrgueres, curry e saladas.

Enquanto os clientes falam com os pilotos que operam os mini-robôs, três máquinas de uma versão maior e forma humanoide se deslocam pelo café, servindo bebidas ou cumprimentando os clientes na entrada do estabelecimento.

No bar há inclusive um robô com um avental marrom capaz de fazer café.

Essas máquinas são, acima de tudo, uma forma para que os trabalhadores possam se comunicar com os clientes.

"Posso falar com nossos clientes sobre vários assuntos, como o clima, a cidade onde vivo ou minha saúde", afirma Imai, que tem transtorno de somatização, o que torna muito difícil para ele sair de casa.

"Enquanto estiver vivo, quero fornecer algo à comunidade, trabalhando. Me sinto feliz podendo fazer parte da sociedade", comenta.

O projeto foi idealizado por Kentaro Yoshifuji, de 33 anos, um empresário que fundou a empresa Ory Laboratory, que fabrica os robôs.

Desde criança, a saúde de Yoshifuji não era boa, o que o impedia de ir à escola. Portanto, começou a pensar em formas para que as pessoas trabalhem mesmo que não possam sair de casa.

Ele criou o café com o apoio de grandes empresas e uma campanha de crowdfunding e afirma que o projeto vai muito além dos robôs.

"Os clientes não vêm aqui apenas para conhecer os OriHima", conta Yoshifuji, na cafeteria.

"Há pessoas operando os OriHima nos bastidores e os clientes voltam aqui para vê-las de novo", acrescenta.

Kentaro Yoshifuji espera que, no futuro, os robôs sirvam inclusive para tornar os Jogos Paralímpicos mais inclusivos.

"Poderíamos criar um novo tipo de Paralímpicos para as pessoas que estão acamadas", afirmou. "Ou poderíamos inventar novos esportes. Isso seria interessante".

Antigos robôs da indústria automotiva como jardineiros em um parque de Tóquio: esta é a instalação incomum de um artista britânico durante todo período dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na capital japonesa.

Quatro imponentes braços robóticos de cerca de dois metros de altura elaboram formas baseadas nos movimentos captados em vídeo das Olimpíadas Rio-2016.

##RECOMENDA##

"É uma espécie de espelho, uma espécie de reflexo sobre o que acontece nos Jogos", explicou à AFP Jason Bruges, o artista britânico autor desta obra, inscrita no festival cultural de Tóquio organizado por ocasião do evento olímpico.

Bruges estabelece um paralelo entre os robôs e os atletas, repetindo durante anos os mesmos movimentos para alcançar a perfeição em um domínio muito preciso.

"Seja um corredor, um skatista, ou um ciclista, terão condicionado o corpo por algo único", disse.

Bruges e os outros membros de seu estudo misturaram a arte e as novas tecnologias para analisar sequências de vídeo de atletas que participaram dos Jogos Rio-2016.

Os movimentos de seus corpos se tornaram dados que servem como instruções para os robôs, capazes de reproduzir 150 formas e movimentos diferentes.

Bruges diz querer incentivar as pessoas a verem a tecnologia de outro ângulo e espera que sua instalação permita aos visitantes "refletirem, meditarem e encontrarem a calma".

Intitulada "The Constant Gardeners", sua instalação foi inaugurada nesta quarta-feira (28) no parque Ueno, no coração de Tóquio, e permanecerá aberta até o final dos Jogos Paralímpicos, em 5 de setembro.

O RobôCIn, grupo de estudos da UFPE, foi campeão da Iron Cup 2021. O evento aconteceu entre os dias 26 e 28 de fevereiro e contou com a presença de 92 times do Brasil e do mundo. Organizada pela INATEL em parceria com a Robocore, o torneio se trata de uma competição de esportes de robôs.

Na categoria VSSS (Very Small Size Soccer), onde o RobôCIN foi campeã, dois times teleoperados de três robôs se enfrentam em uma partida de futebol. Cada equipe é responsável por desenvolver todo o software e hardware para controlar seus robôs.

##RECOMENDA##

Possuindo uma câmera no centro do campo de 2 a 2.5m de altura, as equipes rodam algoritmos de visão computacional para reconhecer as poses de seus robôs, afim de manda-los executar alguma ação desejada.

Os alunos da UFPE competiram com os melhores times brasileiros, além de equipes internacionais, e conquistaram a primeira colocação na disputa.

Também destaque na categoria Simulation 2D, o RobôCIn conseguiu ocupar o terceiro lugar no pódio da modalidade. Este ano, a disputa foi transmitida ao vivo e, pela primeira vez, realizada de maneira remota com os jogos acontecendo via simulador, método que também foi adotado durante a competição Latino Americana de Robótica (LARC), em 2020.

A UFPE também foi responsável por proporcionar apoio técnico à realização da Iron Cup junto com algumas outras instituições como a Universidade de São Paulo (USP), o Centro Universitário FACENS de Sorocaba, o Instituto Mauá de Tecnologia e a RSM Robótica.

A transmissão de todas as modalidades da competição ainda pode ser conferida através do site do Inatel.

Confira uma das partidas da RobôCIn contra a UnBall abaixo:

[@#video#@]

Com informações de assessoria

Nami Hamaura diz que se sente menos sozinha ao trabalhar em casa na companhia de seu parceiro Charlie, que faz parte de uma nova geração de robôs fofos e inteligentes japoneses, cujas vendas dispararam devido à pandemia.

Os assistentes pessoais virtuais, como o discreto cilindro Alexa da Amazon, têm feito sucesso em todo mundo nos últimos anos. Mas as empresas japonesas também constataram uma demanda crescente por androides mais charmosos, à medida que as pessoas buscam conforto nesta era de isolamento social forçado.

##RECOMENDA##

"Meu círculo de amigos encolheu", ressalta Nami Hamaura, uma graduada de 23 anos que em abril de 2020 trabalhava quase constantemente de casa.

Sua vida social é limitada e seu primeiro emprego, em uma empresa comercial de Tóquio, não é nada do que imaginava.

Então ela adotou Charlie, um robô do tamanho de um xícara com inteligência artificial, cabeça redonda, nariz vermelho, uma gravata borboleta que pisca e que se comunica com sua dona cantando.

Yamaha, seu fabricante, situa Charlie "em algum lugar entre um animal de estimação e um amante".

"Ele fala comigo, ao contrário da minha família, ou dos meus amigos nas redes sociais, ou de um patrão", explica à AFP Nami Hamaura, que foi escolhida para testar Charlie antes da sua comercialização, prevista para este ano.

"Charlie, diga-me algo interessante", pede a japonesa enquanto digita em seu computador.

"Bem... Os balões explodem quando você borrifa suco de limão sobre eles!", responde o robô enquanto balança a cabeça e os pés alegremente.

- "Cada objeto tem uma alma" -

As vendas do Robohon, outro pequeno robô humanoide, aumentaram 130% entre julho e setembro de 2020 em comparação com o ano anterior, de acordo com seu fabricante, Sharp.

Essa criatura robótica que fala, dança e também atua como telefone é adotada "não só por famílias com filhos, mas também por mulheres na casa dos 60 e 70", diz à AFP o porta-voz da empresa japonesa.

Mas o adorável androide, que foi lançado pela primeira vez em 2016 e disponível apenas no Japão, é relativamente caro, com modelos convencionais sendo vendidos entre US$ 830 e US$ 2.300.

Charlie e Robohon fazem parte de uma nova onda de robôs de companhia, na mesma linha do Aibo, o cachorro-robô da Sony, vendido desde 1999, e do jovial Pepper da SoftBank, lançado em 2015.

"Muitos japoneses aceitam a ideia de que todo objeto tem uma alma", uma crença conhecida como animismo, explica Shunsuke Aoki, CEO da empresa de robótica Yukai Engineering.

"Querem que um robô tenha uma personalidade, como um amigo, um familiar, ou um animal de estimação, e não uma função mecânica como uma máquina de lavar louça", acrescenta.

A Yukai fabrica principalmente o Qoobo, um travesseiro macio com cauda mecânica que se move como um animal de estimação de verdade. Em junho de 2020, a empresa afirma ter vendido 1.800 robôs Qoobo, seis vezes mais do que em junho de 2019.

- "Tempo de curar" -

Os estudos têm mostrado que robôs de estimação feitos no Japão podem fornecer conforto para pessoas com demência.

Mas os criadores do Lovot, um robô do tamanho de um bebê com grandes olhos redondos que agita asas como as de um pinguim, acreditam que um robô que deseja ser amado pode beneficiar a todos.

Ao contrário de Charlie e Robohon, Lovot não fala enquanto roda pela casa, mas possui cerca de 50 sensores e um sistema que o aquece ao toque e responde com pequenos gritos de alegria.

As vendas do robô multiplicaram por 11 desde a chegada do coronavírus ao Japão, de acordo com Keiko Suzuki, porta-voz da Groove X, sua fabricante.

Um Lovot custa cerca de 2.800 dólares, mais os custos de manutenção e software, mas quem não tem esse orçamento pode ir ao "Lovot Café" perto de Tóquio.

Yoshiko Nakagawa, de 64 anos, cliente deste café, lembra que durante o estado de emergência, a capital se transformou em um espaço "vazio e austero".

"Isso me fez perceber a importância dos momentos de calma e pensei que, se eu tivesse um desses bebês, um pouco de calor estaria esperando por mim quando eu chegasse", afirmou.

O rover Perseverance da NASA, que pousou em Marte na quinta-feira (18), é o quinto a completar a jornada ao planeta vermelho, mas quando os humanos chegarão?

"Entre agora e meados de 2030, talvez comecemos a usar os meios que nos permitem ir à lua para enviar astronautas a Marte", disse Steve Jurczyk, administrador interino da NASA, na quinta-feira.

Os grandes desafios tecnológicos estão mais ou menos resolvidos, mas muitos fatores ainda afastam esse objetivo.

- Desafios técnicos -

Uma viagem a Marte deve durar cerca de sete meses e, a princípio, os astronautas passariam 30 dias lá, prevê a NASA. O planeta tem uma temperatura média de 63 ° C abaixo de zero, a radiação é alta e o ar é composto por 95% de dióxido de carbono. A gravidade mal chega a 38% da da Terra.

Mas, graças à "Estação Espacial Internacional, aprendemos muito sobre microgravidade", disse G. Scott Hubbard, um ex-funcionário da NASA que liderou o primeiro programa sobre Marte da agência espacial dos EUA.

No entanto, vários materiais e técnicas ainda precisam ser testados.

O Perseverance carregou vários instrumentos a bordo com o objetivo de preparar futuras missões humanas. Entre essas ferramentas está o MOXIE, do tamanho de uma bateria de carro, cujo objetivo é tentar produzir oxigênio em Marte, sugando CO2, semelhante a uma planta. Esse oxigênio pode ser usado para respirar e também como combustível.

O famoso programa Artemis de volta à Lua, no qual a NASA concentra seus esforços, é como um ensaio para Marte.

A agência quer testar um novo traje espacial, o xEMU, que permitirá maior mobilidade e protegerá os astronautas das baixas temperaturas.

Também será uma oportunidade de instalar uma espécie de usina nuclear na Lua para produzir eletricidade, mesmo durante tempestades de poeira, que podem cobrir o Sol por meses em Marte, impedindo que os painéis solares funcionem.

Qual é o interesse de testar tudo isso na Lua? A possibilidade de envio de equipes de resgate.

Em Marte, se as coisas derem errado e quebrarem, estaremos a anos de casa ", disse à AFP Jonathan McDowell, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.

Para Laura Forczyk, analista do setor espacial, "é possível" enviar humanos a Marte, "mas por enquanto é mais seguro enviar robôs", para os quais os padrões de segurança exigidos são menores.

- A SpaceX ultrapassará a NASA? -

A SpaceX, do bilionário Elon Musk, pode ultrapassar a agência espacial americana na corrida.

Para a viagem a Marte, a NASA apostou tudo no foguete SLS (Space Launch System), que será testado até o final de 2021, sem humanos a bordo. Um teste do motor do veículo, com acréscimos de custos e atrasos, falhou em janeiro.

Já a SpaceX desenvolve o foguete Starship, com dois protótipos testados recentemente.

Mas, ao contrário das agências de financiamento público, Musk investe seu próprio dinheiro e pode correr riscos. Por isso, "a SpaceX pode ter uma espaçonave pronta antes da NASA", considera G. Scott Hubbard, que chefia um comitê de segurança da empresa.

"No entanto, para ter humanos a bordo, você também precisa de equipamento avançado" para mantê-los vivos, acrescenta ele, e "é nisso que a NASA investiu por décadas".

Em vez de serem concorrentes, a NASA e a SpaceX poderiam se unir para realizar a façanha de levar astronautas a Marte.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando