Garrafas, caixas de papelão, sacos plásticos, embalagens de leite. Muitos desses objetos são corriqueiros e fazem parte do dia a dia de milhares de pessoas. Quando fazemos feira no supermercado, compramos um lanche rápido na rua, ou até mesmo quando precisamos armazenas utensílios temporariamente em um local. Muitos materiais são úteis no nosso cotidiano, mas os problemas surgem quando não precisamos mais de determinada embalagem pois sua utilidade já acabou. Onde vão parar os materiais que descartamos? O que é feito com todas as embalagens de produtos que usamos no dia a dia depois que eles acabam?
Segundo Daniel Saboya, diretor da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), órgão responsável pela coleta de resíduos e de materiais recicláveis na capital pernambucana, o desafio maior é atender às demandas da população no período de chuvas intensas na cidade. “Equipes de operações especiais e remoção de resíduos volumosos são acionadas de imediato no caso de possibilidades de arraste de materiais para rios, canais, galerias e que também possam vir a interditar vias, diz o diretor.
##RECOMENDA##Em entrevista ao LeiaJá, ele afirmou que algumas medidas são tomadas, uma delas é alertar a população de colocar os resíduos em frente às residências no turno e horário mais próximo da coleta pela equipe de garis e caminhões de coleta. “Pedimos sempre à população para estar atenta aos dias e turnos corriqueiros de coleta dos resíduos para que o material não fique muito tempo em frente às residências, pois se esses materiais ficarem muito tempo expostos podem gerar incômodos, dificultar a circulação, atrair vetores ou ainda serem arrastados no caso de chuvas torrenciais”, informou Saboya.
Dificuldades na hora da coleta
Ainda de acordo com Daniel Saboya, existem algumas situações menos favoráveis para a coleta no período de chuvas, que pode causar danos aos materiais recicláveis e aos dejetos não reutilizáveis, além de aumentar os riscos de infecções na população.
“A disposição dos resíduos em frente às residências e guardas temporários em sacos e recipientes inapropriados, que facilitam a dispersão de materiais; a disposição dos resíduos em locais e horários inadequados; o acúmulo de materiais nos canais, galerias e sistema de drenagem da cidade, provocado pelo descarte irregular de resíduos sólidos; o aumento do trânsito e a dificuldade de acesso em alguns locais pelo elevado índice de chuvas”, listou o diretor.
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Triagem em cooperativas
Uma das ações da autarquia é a manutenção de parcerias com organizações que trabalham com a separação e venda de materiais recicláveis (como os citados no início da matéria), para empresas que reutilizam em seus produtos. Uma dessas organizações é a Cooperativa Reciclando Vidas, localizada no bairro de São José, região central do Recife.
Funcionando há três anos, o espaço se dedica aos processos de triagem e compactação dos materiais. Segundo o presidente Esmeraldo Emilho, o trabalho é diário, mas faz a diferença. O caminhão da prefeitura chega carregado de material recolhido nos bairros da cidade, e que é distribuído nas mesas de triagem. Os trabalhadores, então, começam a abrir as sacolas e a separar os materiais por tipo: garrafa de óleo, garrafa PET, frascos de água sanitária, caixas de papelão, latas, entre outros.
Depois de encherem grandes sacos, trabalho que pode levar cerca de uma semana, os materiais, devidamente separados, são levados para uma prensa, onde são montados os fardos que são vendidos para empresas que trabalham com reutilização de materiais. A precificação é feita por quilo, e varia de material para material. Um fardo de garrafa PET, por exemplo, é cotado a R$ 3,10 por quilo, e o peso vendido pode chegar de 80 a 100 kg, por semana. O faturamento é dividido entre todos os cooperados, que atualmente são 16 pessoas, incluindo Seu Esmeraldo.
Funcionando desde 2021, a Reciclando Vidas apresenta bons números de triagem e venda de materiais. Em 2022 foram vendidos o total de 240 mil quilos de materiais para empresas. Este ano, até o mês de julho, já foram repassados 167 mil quilos, tendo uma média de 20 mil a 30 mil quilos por mês.
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Dificuldades na triagem
Durante o trabalho de triagem dos materiais, todos os trabalhadores utilizam equipamentos de proteção individual, sendo os principais deles luvas e máscaras. Muitas vezes um material é retirado de um saco com rejeito orgânico, fato que ocorre quando, em uma casa, existe apenas um recipiente para colocar todo o lixo doméstico. O que não é aproveitado, é encaminhado, como rejeito, para aterros sanitários.
Uma das dificuldades encontradas “o material que vem do caminhão, no tempo de inverno, ele não chega muito molhado porque molha mais a parte de cima, a o caminhão tem uma lona que protege. O que chega a molhar mais é papelão, mas o próprio espaço da cooperativa ajuda a proteger da chuva também (...) O que vem pra gente aqui, o material já é um material limpo, já dá pra ser usado”, explicou Seu Esmeraldo.
O presidente da cooperativa disse, no entanto, que o problema maior na triagem é a falta de conscientização da população na hora de separar os dejetos, seja em casa ou na rua, nos lixeiros de coleta seletiva, dos coloridos, que são comuns em vias públicas. “Tem alguns que vêm de praças, tem muita gente que usa certo, mas tem gente que usa de má fé, bota todo tipo de coisa no lixeiro”, disse o cooperado.
“Se a turma botasse a mente pra trabalhar, pensar, separar os materiais recicláveis do que é rejeito. Resto de comida, que não deve ser mandado para nenhuma cooperativa, coco, por exemplo. Se o pessoal de casa tivesse bom senso, dava para separar o rejeito dos materiais [recicláveis]: plástico, PET, lata. Só é pegar um balde em casa e fazer, mas tem muitas pessoas que não fazem assim, principalmente nos bairros”, compartilhou.
Dicas para fazer o descarte correto de lixo doméstico
- Dispor os resíduos nos horários mais próximos à coleta;
- Acondicionar preferencialmente em sacos de 100L ou recipientes convenientemente fechados, sem líquido e com vidros embalados corretamente em seu interior;
- Sob nenhuma hipótese, colocar os resíduos nas linhas d’água e próximos ao sistema de drenagem.
- Os principais resíduos recicláveis são papel, papelão, plásticos em geral, isopor, tetrapak, vidros, metais e eletrônicos. Eles devem estar acondicionados no mesmo saco ou recipiente e devem estar previamente limpos e secos. Em hipótese alguma podem estar misturados com resíduos orgânicos ou materiais não recicláveis como resíduos de alimentos, fraldas, resíduos de banheiros e outros.